segunda-feira, julho 15, 2013

Ouro de tolo


O doping no esporte é uma sacanagem tão grande quanto vender um jogo, um resultado, um torneio. Porque é o desrespeito supremo ao adversário, ao seu companheiro de equipe, ao torcedor, aos juízes, a todo mundo.

Não discuto as razões que levam alguém a fazer uso do doping, nem quero ser juiz da vida de ninguém para condenar eternamente. Errar é da natureza humana. O que discuto é o fato de o doping ser a negação do princípio do esporte, de aceitar que alguém pode ser melhor que você, que tenha trabalhado mais, tenha mais talento. É tentar brincar de Deus dentro de uma praça esportiva, querendo usar do meio ilícito para superar limites que existem exatamente para nos dizer dia após dia que temos limitações - o que é maravilhoso.
Para quem foi atleta honesto um dia, para quem trabalha com esporte, para quem tem apreço pela competição sadia o doping é uma traição. Principalmente quando é ocultado por muito tempo, quando produz um ídolo, um vencedor em escala olímpica e mundial. Quando descobrimos que esse atleta, cuja história parecia ser inspiradora, de superação através de treino, esforço, dedicação para buscar e superar seus limites com base na ciência honesta, enganou a todos e a ele mesmo, o sentimento é de traição.

Mas o doping está aí, é uma das muitas pragas do mundo moderno. Ele infesta a cabeça de um esportista que sabe que hoje o atleta é uma celebridade milionária, que gera negócios de valores astronômicos e que, se for vencedor em escala planetária, terá uma conta bancária recheada de casas decimais.

Há também o doping diário de algumas academias que não honram o termo ginástica e vendem apenas vaidade e futilidade. Cujo objetivo é produzir aberrações com peitoral de halterofilista e pernas de fundistas quenianos apenas para exercer o narcisismo. Saúde? Desempenho? Objetivos? Que nada. O que vale é a medalha de ouro da maromba ou o pódio da bunda turbinada para ganhar o apelido de mulher-alguma fruta e gozar da alegria de ser uma celebridade de quinta categoria.
O doping é tão nocivo quanto a corrupção, a sonegação, até porque está cercado por atos criminosos, contrabando, subterfúgios.

Mas o pior aspecto do doping deve ser a consciência de quem ganha algo usando dessa artimanha. Duvido que um ser humano dotado de um mínimo de lógica durma feliz, mesmo cercado de medalhas e dinheiro, sabendo que na verdade o que ele ganhou é produto de uma farsa. Ele deve deitar cercado da dúvida interior, pegar no sono se perguntando se ele conseguiria sem aquela injeção de mentira, aquele comprimido de enganação.

 

Um comentário:

Daniel Mendes - BH disse...

Leia isso daqui, é bem interessante:http://www.economist.com/news/science-and-technology/21581978-sportsmen-who-take-drugs-may-be-prisoners-different-game-athletes-dilemma Para mim a questão é bem simples; ou o comitê olímpico admite que não consegue controlar, ou ele faz testes semanalmente com punhos de ferro. Não dá para ficar no meio termo, é uma discussão tão polêmica quanto a legalização da maconha, e deve ser feita sem saudosismo e com mente aberta. Será que o exame anti-doping não traz mais benefícios do que malefícios?? O ser humano, é tbm um animal ganancioso