quinta-feira, janeiro 31, 2008

AH, OS PALADINOS...


Tem muita coisa no Brasil que é irritante. Uma delas é a profusão de auto-denomidados paladinos. Gente que se arvora o direito de gritar aos quatro cantos que é mais honesta que todo mundo e que, tirando ele e seu pequeno grupo de amigos, ninguém mais presta. O Jornalismo (ou seria pseudo) tem muitos deles. Mas a praga infesta a música, o teatro, o cinema, as letras, a política (embora nessa área eu tenda a achar que quase ninguém presta mesmo).
Óbvio que nesse País carente de vergonha na cara, tem muita, mas muita pilantragem em todos os setores acima citados. Mas não se deve jogar no ventilador, muito menos agredir por atacado, na base da leviandade. Pior que tudo isso é o pré-julgamento por associação, típico de situações e países autoritários. E não há nada mais irritante do que pessoas que fazem de seu manual de vida a velha máxima do junte-se aos bons que serás um deles.

ALARDE AMAZÔNICO

Nosso presidente profere mais uma de suas pérolas. Agora diz que se faz muito alarde com a situação da Amazônia. Ora, presidente, quem fez alarde quando divulgou ao mundo que o Brasil cuidava bem da Floresta, que o desmatamento estava diminuindo, que a cana e o gado não invadiriam o mato? Agora faz alarde quem, com base na ciência, grita socorro em nome da Amazônia? Ou está certa a ministra Marina Silva, de cuja história de vida sou fã, ao dizer que quando o desmatamento cai é mérito do Governo e quando o desmatamento cresce a culpa é das commodities? O que parece fato é que não apenas este, mas todos as administrações federais deram as costas para os problemas da Amazônia, sua importância para o clima brasileiro e mundial, e agora que a terra está grilada, invadida e sitiada por bandidos não sabem o que fazer com o tesouro que herdaram. Mais um capítulo da tragédia da incompetência brasileira.

PERGUNTINHAS

A precitipação é um dos maiores pecados na análise de qualquer tema, principalmente o futebol. E olha que tem precipitado à beça. Mas algumas perguntas ficam no ar após quatro ou cinco rodadas de torneios estaduais pelo Brasil. Permito-me deixar aqui algumas delas para apreciação dos amigos, com algumas pitadas de precipitada ironia.

1 - Não era impossível para o Fluminense jogar com Dodô, Leandro e Washington?
2 - Já não se via o dedo de Wanderley Luxemburgo mudando o Palmeiras?
3 - Muricy diz que os árbitros estão com medo. Seria das suas reclamações?
4 - Por que sempre alguém tem problema com Leão?
5 - Por que sempre o Fábio Costa tem problema com alguém?
6 - Nao fazem muito barulho pelo tal do Alemão do Santos?
7 - A direção atual do Corinthians tem medo da torcida ou imigrou da torcida?
8 - O Nilmar voltará a jogar pelos menos uns 6 meses sem contusão?
9 - Quem libera os estádios no Campeonato Paulista? Estádios?
10-Sumiram as piadinhas com a prancheta do Joel Santana?

terça-feira, janeiro 29, 2008

RIO-MINAS


A bola rola pelo Brasil afora, pelo menos onde a chuva permite. Dois estaduais com muita história e tradição e sete times na Série A do Brasileiro mexem com a paixão de milhões. Acho que no Rio meteram os pés pelas mãos. O Campeonato Carioca tem a melhor fórmula entre os estaduais, o povão já conhece, curte, as disputas das Taças Guanabara e Rio são empolgantes. Agora, para quê colocar 16 times? Alguns são praticamente amadores, autênticos catados, juntados em cima da hora. Isso tudo só tira o mérito do torneio mais charmoso do futebol brasileiro, como afirma, coberto de razão, o amigo Mário Jorge Guimarães.
Neste início em que ainda não tivemos clássicos, Flamengo e Botafogo chamam mais a atenção. Pelo menos enquanto o Fluminense não se acerta. Na teoria, sobra para o Vasco o ponto de interrogação, com um elenco mais fraco que o dos rivais.
O Flamengo manteve uma boa base e deve ser reforçado em breve pelas entradas de Diego Tardelli e Kléberson. Mas, por enquanto, ambos terão de suar muito para entrar no time. Gosto muito da solução rubro-negra para as laterais, com os ótimos Léo Moura e Juan sendo atacantes de fato, respaldados pelo exército eficiente de volantes no meio-campo. Um bom time, que, se tirver os pés no chão e não se deixar levar pelo entusiasmo inconsequente de alguns, tem tudo para fazer um bom estadual e uma boa Libertadores.
O Botafogo é um time muito bem armado, que continua fazendo da troca de passes em velocidade sua principal arma. Perdeu um pouco de qualidade técnica em relação a 2007 mas ficou mais competitivo, o que é até melhor em se tratando do futebol da atualidade. O desafio virá nos momentos decisivos, nos jogos importantes, para saber se o time que é bom do pé ainda está ruim de cabeça.
O Fluminense gerou muita expectativa pelas boas contratações. Acredito que vale a pena testar o trio Dodô, Washington e Leandro Amaral, mas é preciso muito sacrifício do resto do time, em especial do meio-campo. Tempo para isso o Renato Gaúcho tem de sobra.
O Vasco está pagando o preço da administração, digamos, antiquada, a que vem sendo submetido. Aposta nos garotos, que sempre soube revelar, e no comando de Edmundo dentro de campo e de Romário, fora. Acho pouco para um time do tamanho do Vasco. Mas sendo o Vasco, nunca é demais esperar, porque há história, tradição em revelar jogadores e a mística da instituição.
Em Minas a disputa, teoricamente, se reduz a Galo, Raposa e o abusado Ipatinga. O Cruzeiro tem um time que agrada. É rápido, insinuante, embora ainda seja inconsistente. O Galo não se reforou como deveria, embora tenha alguns talentos importantes. O Ipatinga vive o ano do primeiro grande desafio, que é montar um elenco capaz de suportar o duro desafio da Série A. Some-se a esses fatores o fato de o Galo festejar seu centenário e teremos um Mineirão cheio de atrações. Para o Cruzeiro há, ainda, a Libertadores. A primeira fase contra o Cerro Porteño é um bom desafio. O adversário não é uma baba, como costumam ser os inimigos brasileiros na primeira fase da competição. Sou mais Cruzeiro nesta quarta-feiras, mas a torcida precisa empurrar o time, lotar o Mineirão, e dar suporte a um elenco jovem e promissor.

segunda-feira, janeiro 28, 2008


A POLÊMICA E OS FANÁTICOS


Polêmica pura o clássico entre São Paulo e Corinthians. Já expus minha opinião sobre os lances controversos no Arena SporTV e no Bom Dia São Paulo de hoje. Repito brevemente aqui. Acho que o gol do Adriano foi legal e que foi pênalti do Chicão no Dagoberto. E também, pelos lances que pude ver, que Richarlyson e Joílson poderiam ter sido expulsos se houvessem sido aplicados cartões amarelos em lances de falta (Richarlyson) e de mão na bola (Joílson) que culminariam em dupla advertência e consequente expulsão.
O lado bom da polêmica é que acende debates interessantes, com bons argumentos e respeito de ambas as partes. O lado ruim é que desperta a ira dos fanáticos, dos cegos pela paixão, daqueles que acreditam que o mundo é um complô e que tudo é feito para prejudicar seu time.
O juiz do clássico eu acho fraco. Desde que foi levado à categoria de pseudo-celebridade depois de expulsar um jogador que deu um carrinho num Santos x São Paulo na Vila Belmiro com alguns minutos de jogo, praticamente só se fala nele por causa de polêmica. Considero Sálvio Spinola um juiz indeciso, confuso e que perde muito tempo conversando com os jogadores.
Daí a dizer que agiu de má-fé é uma outra história. Os lances que geraram polêmica no clássico estão longe da unanimidade. Comentaristas de arbitragem não chegam a um consenso, para se ter uma idéia. Então, o erro deve ser tratado como tal, um erro. Isso porque eu acho que ele errei, mas tem gente que acha que não e, quem sou eu pra achar que eu alugei a verdade?
Hoje conversei com muitos corintianos e são-paulinos. Ouvi são-paulinos dizerem que anulariam o gol do Adriano e que não foi pênalti no Dagoberto. Também ouvi corintianos dizerem que o gol foi legal e que houve o pênalti. São torcedores apaixonados por seus times, mas que conseguem ver o futebol sem a mirada quase cega do fanatismo.

OS TÉCNICOS E O VT AMIGO

Muito perigosa a postura adotada por uma parcela dos treinadores brasileiros. Hoje todo time tem uma tv no vestiário mostrando todos os lances do jogo. No intervalo ou após o jogo, treinadores e dirigentes olham tudo nos video-tapes e deitam reclamação. Alguns pressionam os câmeras e os repórteres querendo saber se o lance foi legal ou não para poderem, aí sim, pressionar os árbitros. O juiz apita o jogo que rola dentro de campo, não o jogo que a TV mostra, com dezenas de câmeras e repetições. A reclamação faz parte do processo, mas fica muito fácil jogar o erro na cara do juiz depois de ver e rever os lances em câmera lenta. O recurso eletrônico ainda não entrou em campo.

RESPOSTA A UM ANÔNIMO

Alguns insistem em postar como anônimos, mas tudo bem, lá vai a resposta ao anônimo que postou hoje:

Lamentável é achar lamentável uma opinião só porque você não concorda. Isso porque a maioria da opinião está de acordo com o que você pensa e afirma que o seu time saiu prejudicado pelos equívocos que eu vi na arbitragem. E os que não viram equívoco algum? Quem é imparcial, só quem pensa como você? Ou quem é parcial, você que só vê o seu lado da opinião? Reflita e transforme seu fanatismo apenas em uma saudável paixão.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

VALDÍVIA

O tema é polêmico e, por isso, bom. Antes de mais nada, acho que o Valdívia, do Palmeiras, tem tudo para ser um grande craque. É inteligente, diferenciado, técnico e habilidoso. Pensa antes dos outros. Boa parte dos jogadores e técnicos de futebol com quem converso pensa o mesmo, o que mostra que ele chama atenção dos profissionais de sua área.
Valdívia ainda não se adaptou totalmente ao futebol brasileiro. Não tem a malícia natural do brasileiro, a manha, a catimba. Jogou no Chile, na Suíça e na Espanha, onde as coisas são muito diferentes. Tive a oportunidade de entrevistá-lo para a revista Placar e a impressão foi muito boa. Pareceu ser calmo, na dele, longe de ser metido ou mascarado.
Mas Valdívia já ganhou um selo no Brasil. Já foi marcado como jogador cai-cai, provocador etc. Por juízes, adversários e uma parcela da imprensa, com a qual não concordo. Trabalhei em Marília x Palmeiras. Valdívia foi duramente marcado. Uma única vez com deslealdade, no lance da expulsão do atleta do MAC. Embora eu entenda que na jogada em que é atingido no nariz pelo Vinícius o jogador do Marília devesse ser advertido com cartão amarelo.
Valdívia levou cartão amarelo num lance bobo. Muito porque já está marcado e também porque ainda não tem a malícia brasileira em todos os momentos. Naquele, ficou chamando a atenção do árbitro para a presença dos jogadores do Marília perto da bandeira de escanteio e acabou chamando a atenção para ele mesmo. Disse na transmissão que ele estava "pedindo" para tomar o cartão por causa disso. Contestável o cartão, claro. Mas também evitável se Valdívia fizesse o que fez logo depois, segurasse a bola com a rara habilidade que possui e, aí sim, gastasse o tempo com a bola em jogo.
O problema maior enfrentado por Valdívia agora é essa marcação injusta, essa pecha. Mania típica de brasileiro. Aquela coisa do fulana de tal é vagabunda, fulano é maconheiro, jogador tal é chinelinho, aquele outro é cai-cai. Poucas vezes essas acusações têm fundamento. Pior para ele por ser estrangeiro. O argentino Tevez sofreu com isso. Até mesmo alguns jogadores brasileiros se ofendem quando se elogia um estrangeiro.
Acho que o Valdívia é uma das raras fontes de espetáculo do futebol brasileiro atualmente. Seus dribles são quase sempre em direção ao gol e para retenção de bola no momento exato. Ele provoca os adversários? Nem tanto quanto um Marcelinho Carioca, um Leandro, um Beijoca. E isso faz parte do jogo, provocar e ser provocado, driblar e ser driblado. Esperto é quem escapa da provocação e quem não cai no drible e recupera a bola. Fácil escrever, mas já ouvi isso de grandes craques e apenas reproduzo.
Com Wanderley Luxemburgo Valdívia tende a desenvolver seu potencial e a entender melhor o que é o futebol jogado no Brasil, suas manhas, suas malícias. Discordo de quem não o considera importante para o Palmeiras. Acho que ele deve ser ainda mais importante e se firmar como ídolo conforme for se adaptando ao estilo de trabalho de Luxa.

BATE-BOLA

Infelizmente, alguns amigos que por aqui passam postam como anônimos. Essa resposta é para um deles, já que envolve o tema do post acima. É melhor para que todos possam ver.

Prezado anônimo, pode se identificar que o blog é democrático. Antes de mais nada, opinião cada um tem a sua e pode manifestá-la à vontade. Sobre suas opiniões, me permita rebatê-las. Vc só lembra do que discorda e que entende ser contra o seu time. Não comento contra nem a favor de time algum, apenas comento. Vc concorda ou não, mas não há intenção alguma de favorecer ou prejudicar. Por exemplo, vc não lembra que eu disse em dois lances de falta em cima do Valdívia que ambos eram para cartão. E que o jogador do Marília apelou e foi bem expulso. Só lembra do que vc acha que eu disse contra o seu time. Sua interpretação sobre o cartão é equivocada. Quando digo que pede pra tomar cartão, é porque o Valdívia está reclamando, retardando o reinício do jogo e os jogadores do Marília estão provocando essa situação. Faltou malícia a ele no lance. Não sigo ondas e talvez seja um dos comentaristas que mais elogiam o Valdívia. Portanto, não preciso em retratar. E volte sempre quando quiser opinar e, por favor, se identifique, fica mais claro pra conversar.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

CALMA, CORINTIANO


Claro que a derrota para o São Caetano deixou o sofrido torcedor corintiano encharcado de dúvidas quanto às reais possibilidades do time. Mas é cedo para cornetagens e a capacidade de Mano Menezes merece muito crédito. Dois jogos são nada em termos de um trabalho que se pretende de um ano. Mas há algumas coisas desse novo Corinthians que tendem a durar pouco.
A primeira delas é a presença de Marcel no time. Não se trata de um grande jogador, longe disso. Marcel aceita fácil a marcação, é disperso taticamente e em breve deve dar adeus ao time titular. Perdigão é outro cuja tendência é esquentar o banco de reservas. Ele tem muita utilidade no dia a dia do grupo, mas o Corinthians terá em Fabinho um volante muito mais produtivo.
Eduardo Ratinho, informou o sempre bem informado Carlos Cereto, deve ser negociado com o Toulouse, da França. Esse garoto apareceu bem em 2005, mas sempre achei que era vítima de um certo exagero, bem característico do torcedore corintiano em relação aos garotos revelados pelo clube. Falavam maravilhas dele, mas dessas maravilhas eu quase nada vi. Parece já entrar cansado em campo. Evidentemente, precisa trabalhar a questão física. Contra o São Caetano a idéia de Mano Menezes era que ele fosse um terceiro zagueiro pela direita quando o time era atacado e saísse para o ataque quando a equipe recuperasse a bola. Nada disso aconteceu e o time só foi dar uma encaixada no segundo tempo, quando Ratinho saiu.
Por fim, Acosta deixou o campo vaiado. Jogou mal, mas tem condições de brilhar. Só acho que ele renderia mais se atuasse no meio-campo e não no ataque, chegando com a bola dominada e de frente para o gol adversário.

O IMPÉRIO TRICOLOR

Fase é fase, não se discute. O São Paulo, vi pelos melhores momentos, não brilhou contra o esforçado Rio Preto. Mas foi salvo pelo gol de Souza, justamente Souza que, parece, não deve ficar no time. Quando a coisa é bem feita, a sorte tende a ajudar nesses tempos de domínio do Império Tricolor. Adriano não marcou, mas a cada rodada tira melhor proveito da temporada que vai fazer no Spa do Morumbi. Agora, só não entendo porque a torcida do São Paulo pega tanto no pé do Richarlyson. Sem ele o time fica pior, perde velocidade e consistência.

VERDE E BRANCO

Santos e Palmeiras definitivamente mudaram de posição nesta temporada em termos de conceito. O Verdão ficou mais forte e o Peixe, enfraqueceu. Mas há muito tempo que só dá empate quando se enfrentam. O deste domingo evidenciou a mudança de posições. Antes era o Santos quem jogava melhor e tomava a iniciativa. Agora é o Palmeiras. No fim, tudo igual.
O time de Luxemburgo deve ficar mais forte com a entrada de Diego Souza e, provavelmente, a saída do time de Makelelê. Pega o Marília quarta-feira, em Marília, jogo duro. O Santos precisa de mais gente para dar opção ao técncico Leão, mas só com Kléber e Rodrigo Souto de volta já fica bem melhor.

VASCO E INTER

O vascaíno deve estar assustado. Esse time é muito fraco. Edmundo talvez não seja suficiente para melhorar as coisas. O estadual deve servir para mostrar a quem manda na Colina que essa aposta é muito arriscada para um time tão grande quanto o Vasco.
Já no Sul, o Inter, time que considero o melhor do País hoje, pau a pau com o São Paulo, suou para empatar com o Santa Maria. Mas o horizonte colorado parece bem mais convidativo que o cruzmaltino.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

EU VI O GUGA

Um dos momentos mais fascinantes para qualquer fã do esporte ou de outra atividade de grande empatia popular, como música ou cinema, é quando algúem conta que viu um ídolo jogar, tocar, atuar. Tipo aquele amigo que você tem, que todo mundo tem, que conta, com os olhos cheios d´água, que viu o Pelé jogar.
Pois eu vou contar um dia pros meus filhos que eu vi o Guga jogar. Mais que isso, eu vi o Guga nascer como jogador de nível internacional. Corria o ano de 1996, o Brasil enfrantaria o Chile pela Zona Americana da Copa Davis, em Santiago, e eu estava acompanhando a delegação brasileira. O time, à época capitaneado por Paulo Cleto, tinha Jaime Oncins, Meligeni, Roberto Jábali, Guga e o então juvenil Marcos Daniel. Guga estreou nas duplas, com Jaime Oncins, e ajudou o Brasil a conquistar um ponto fundamental para a vitória sobre os chilenos, que tinham o talentoso e irascível Marcelo Ríos que, assim como Guga, foi número 1 do mundo.
Pude conviver alguns dias com aquele manezinho da ilha de Floripa, que já mostrava algumas características que o transfomariam em ídolo. Sempre simpático, sorridente, algo desligado, mas alto astral acima de tudo. Tomávamos o café da manhã juntos (o que come a criança é um absurdo) e sempre conversávamos sobre música, futebol (ele só falava no Jacaré, seu ídolo no Avaí). Guga animava o grupo com imitações hilárias das dançarinas do É o Tchan!, que estava na moda naqueles tempos.
A partir daquele confronto o tenista Gustavo Kuerten desabrochou, passou a colecionar resultados cada vez melhores e, poucos mais de um ano depois, conquistaria seu primeiro título em Roland Garros. O resto da história o mundo já sabe.
Nos últimos anos, por causa do problema físico (uma limitação de movimento na região do quadril é uma sentença de aposentadoria precoce para qualquer tenista), Guga deixou de ser o tenista fenomenal cujo pico da carreira ocorreu entre 2000 e 2001. Seu golpe de esquerda, ou revés, era invejado por todos os tenistas do circuito e imitado até por ídolos do passado, ainda que a título de brincadeira. Lembro-me que quando ele perdeu a final de Miami para Pete Sampras, em 2000, num jogo em que foi literalmente assaltado. Escrevi uma coluna no site SportsJá!, onde trabalhava, na qual cravava que ele seria o melhor do mundo. Sem qualquer exercício de futurismo, estava claro para quem via o jogo com um mínimo de atenção.
Em seu auge, Guga foi um tenista revolucionário, mudou a cara do tênis. Ganhou um Masters derrotando Pete Sampras e Andre Agassi. Ficou 43 semanas na liderança do ranking mundial, marca que o deixa à frente de tenistas como Boris Becker, Mats Wilander e Ilie Nastase. É o latino-americano que mais tempo ocupou essa posição, entre os dois únicos que alcançaram a glória. Nem o mítimo argentino Guillermo Villas conseguiu liderar o ranking.
E Guga merece ainda mais respeito e veneração porque obteve tudo isso praticando um esporte no qual o Brasil tem pouca tradição e um histórico de péssimas administrações e nenhum projeto de massificação. É, com todas as letras, um fenômeno. Está à altura de gênios como Piquet, Senna, Scheidt, Adhemar Ferreira da Silva e sua solitária parceira de feitos extraordinários nas quadras, Maria Esther Bueno.
Faz tempo que não o vejo, mas me lembro de um encontro quando ele já era o GUGA campeão de Roland Garros e estava anunciando um contrato de patrocínio. Fiquei pensando: será que esse cara, agora no topo do mundo, vai lembrar daqueles dias em Santiago? Eu, um simples jornalista, ele um tenista a mais no mundo. Enquanto pensava nisso e folheava o material de divulgação do novo contrato, sinto um tapinha nas costas. "E aí, Mauricião, tudo bem, cara? Quanto tempo!" Era o Guga de 96, pelo menos em essência e espírito. Por que nas quadras já era tudo isso e muito mais.
Valeu, Guga!!! O tênis brasileiro nunca fez por merecê-lo.

terça-feira, janeiro 15, 2008


FIM DAS FÉRIAS COM MUITAS

ORAÇÕES EM FAVOR DE NENÊ

A famosa frase tudo que é bom dura pouco deve ter sido criada ao final das férias de alguém. Sol, calor, piscina, família, amigos. Mas, como diz a frase, já era e agora é recalibrar as forças para mais um ano de trabalho, que também é muito bom. Principalmente porque no final tem férias de novo. Que beleza! É o que diria meu grande parceiro Milton Leite.
Já de cara uma notícia triste, a do problema de saúde do pivô brasileiro Nenê. Recebi por e-mail um comunicado da assessoria de Nenê confirmando que ele foi operado para a retirada de um tumor na noite de 14 de janeiro. Fico torcendo e rezando muito para que tudo corra bem para esse excelente jogador e que, principalmente, ele tenha saúde e siga sua vida. Se puder continuar no esporte, melhor ainda. E tomara que possa.

A BOLA VOLTA A ROLAR

Tenho visto pouca coisa da Copa São Paulo de juniores e agora entro na fase de pesquisa de informações sobre os campeonatos estaduais, Copa do Brasil e Libertadores. Então darei alguns pitacos sobre o que anda acontecendo.

* PATO - Eu tive a sorte de poder ver o Alexandre Pato treinando e jogando durante uns 20 dias na campanha do Inter no Mundial do Japão. É fenômeno e não duvidem disso. Há uma coisa que é fato no mundo do futebol. Quando os próprios jogadores, colegas de time, falam muito de um jogador e ficam comentando as coisas que ele faz nos treinamentos, é bom ficar ligado porque vem coisa boa. E os colegas de Inter não paravam de falar do Pato e de comentar o que ele fazia nos treinamento. E algumas coisas que eu vi o garoto fazer nos treinos e nos jogos no Japão realmente mostram que pintou mais um extra-classe. Pena que tenha ficado tão pouco tempo no Inter e no Brasil, mas essa é a regra desse jogo atualmente.

* PAULISTÃO - Eu sou do interior de São Paulo e talvez, por isso, eu veja o Paulistão com outros olhos, uma mirada de nostalgia, de minha introdução ao mundo do futebol. O campeonato, como qualquer outro, é importante dentro da sua realidade. Só não gosto do sistema de disputa e acho o número de participantes exagerado. Com 12 times e um outro formato, seria muito mais interessante. Mas que promete, não há dúvidas. São Paulo e Palmeiras, na teoria, saem na frente. O São Paulo por permanecer muito forte, e o Palmeiras por estar se reforçando muito bem. Santos e Corinthians ainda deixam perguntas para seus torcedores. Que ninguém se esqueça da Portuguesa, porque tem bom time e pode, sim, surpreender. Da turma do Interior, depois de ver o que rolou de mudança, contratações, me parece, sem a bola rolar, que Guaratinguetá, Noroeste, Barueri, Bragantino e Marília estão fortes. Ponte Preta e Guarani voltarão a fazer o famoso Derby, mas precisam melhorar muito em relação a 2007.

* CARIOCÃO - O estadual do Rio, pelo menos para mim, é o mais bem resolvido do País. A fórmula de disputa é interessante, o carioca adora seu torneio e as Taças Guanabara e Rio incendeiam a Cidade Maravilhosa e o estado fluminense, mantendo viva a chama saudável da rivalidade. A maior expectativa fica por conta do Fluminense, que vem forte. O Flamengo também está interessante, e o Botafogo, se controlar o estado emocional das pessoas que formam o clube como um todo, também é competitivo. Pelo pouco que vi até agora, o Vasco destoa, com um time fraco. Mas a bola ainda não rolou e, como cantaria Virginie nos tempos do Metrô, no balanço das horas tudo pode mudar.