sexta-feira, junho 29, 2007

COMO É A TERRA
DA COPA AMÉRICA?


Cheguei à Venezuela com essa pergunta na cabeça. Motivada, claro, pela enorme repercussão dos acontecimentos protagonizados pelo presidente venezuelano. Não me meto em assunto interno, os problemas da Venezuela pertencem aos venezuelanos, embora eu me permita ver com preocupação o rumo que toma o país. Em geral, temos aqui o mesmo que em qualquer outro país da América do Sul: desigualdade. Muita gente pobre, favelas, mendigos. E também lindos condomínios, carros de luxo, shoppings. Algumas estradas espetaculares, outras péssimas. Puerto La Cruz, que recebe a Seleção, é uma cidade que tem trechos decadentes e outros mais vistosos, reformados ou em reforma.
Puerto Ordaz é uma cidade rica, muito rica. Lembra um pouco Goiânia, mas com enormes e caudalosos rios e algumas cachoeiras. Cidade planejada, tem apenas 40 anos, largas avenidas, parques enormes, shoppings e um calor amazônico. É cercada por refinarias e siderúrgicas que foram estatizadas pelo governo e está perto do mítico rio Orinoco, que se cruza por uma nova ponte, financiada pelo nosso BNDES e inaugurada pelo Lula.
No dia a dia aqui na Venezuela já deu para constatar algumas particularidades. Sinais de trânsito são um detalhe que os venezuelanos ignoram. Dirigem mal e de qualquer jeito, furando semáforos, fazendo conversões sem avisar, buzinando e até suportando sem ligar algumas pequenas batidas.
O câmbio oficial é de 2,16 mil bolívares para um dólar. Mas o paralelo corre solto e as cotações variam. Carros novinhos em folha convivem com banheiras dos anos 70 caindo aos pedaços. Táxis, a maioria velhos, abordam as pessoas em plena rua e, não raro, carros sem identificação de táxi se oferecem para fazer uma corrida por dez mil bolívares. A gasolina é quase de graça, então há carros por toda parte. Uma cidade pequena tem tantos carros, proporcionalmente, como São Paulo ou Rio.
Já ouvi gente falando bem e mal do governo, como acontece em toda parte. O país adora basquete e beisebol (há centenas de venezuelanos jogando nos EUA) e está na fase de paixão pelo futebol. Lojas fecham as portas mais cedo em dia de jogo da Vinotinto e restaurantes ficam lotados, com seus telões mostrando os jogos.
O povo é alegre, simpático e adora salsa. Há traços de cultura norte-americana que convivem sem problemas com as diretrizes socialistas do novo governo. Viajamos 500km de carro e vi apenas uma plantação, o que me chamou muito a atenção. Foram dezenas de refinarias pelo caminho, mas uma única plantação. Ainda há muito mato e terra sem produzir.
Parece ser um país de gente jovem, numa análise pouco científica, apenas de ver a circulação nas ruas. H';a soldados armados por toda a parte. Muito mais soldados do que policiais. Embora não aconteçam situações intimidatórias.
Por enquanto é isso.

quinta-feira, junho 28, 2007


BRASIL DÁ VEXAME
EM PUERTO ORDAZ

Claro que o Brasil pode se recuperar e vencer a Copa América, mas o que se viu ontem em Puerto Ordaz, diante do México, foi um desastre. Nem a dedicação e as chances criadas no segundo tempo servem para compensar o ridículo que foi a atuação brasileira na primeira etapa. Exceção feita a Robinho e Juan, ninguém jogou nada no primeiro tempo. O México, mais uma vez, deu uma aula de planejamento tático em cima do Brasil. Posicionamento correto, marcando atrás da linha da bola, esperando os erros frequentes de passe, forçando os defensores a iniciar as jogadas. Já aconteceu com técnicos rodados e experientes e agora foi a vez de o novato Dunga aprender a lição.
A culpa pelo fracasso deve cair em cima de Diego. O que acho injusto. Jogou mal? Sim. Mas e o gol anulado? Talvez fosse uma outras história. O que vejo é o seguinte: Diego é o único armador de fato que tema Seleção nesta Copa América. E acho está jogando fora de posição. Não apenas ele, mas o meio-campo da Seleção teve, para mim, um erro de conceito no primeiro jogo. Elano fazia o quê em campo? Não fez ultrapassagens pela direita e apareceu até pelo lado esquerdo, perdido que estava. O México deu espaço e o Brasil não soube utilizá-lo na primeira etapa. Por quê, então, não atuar com dois meias de fato? Diego pela direita, Ânderson pela esquerda? Elano é útil, muito bom jogador, mas nesse quadro, jogando ao lado de Mineiro ou de Gilberto Silva (que foi péssimo ontem). Com dois meias a Seleção, na teoria, melhora a saída de bola e pode abastecer Robinho e Vágner Love. É um pecado um jogador como Robinho voltar quase na área de defesa do Brasil para buscar o jogo. Seu lugar é lá na frente, perto do gol.
Acho Doni um bom goleiro. E ponto. Temos uma Seleção praticamente de novatos, não entendo porque nÃo conovocar e escalar um goleiro mais rodado como Rogério Ceni. Que, além de tudo, é muito melhor que Doni e Helton.
Vamos ver o que acontecerá contra o Chile, que venceu o Equador na base da raça. O time do Mago Valdívia é fraco, mas brigador. A defesa é lenta e os laterais erram demais na cobertura. Agora, se o Brasil repetir o primeiro tempo que fez contra o México....
Quanto ao Equador, tem o mesmo defeito da Colômbia, aquela indolência tipicamente tropical. Mandou no jogo, poderia ter construído uma goleada, parou no bom goleiro Bravo, mas, em suma, achou que com 2 a 1 a fatura estava liquidada. Perdeu de novo. Como quase sempre perde.

segunda-feira, junho 25, 2007


ATAQUE E DEFESA
NA VENEZUELA


Lá se vai quase uma semana de trabalho na Venezuela e aos poucos a impressão de nossa maltratada América Latina é igual de Norte a Sul aumenta. Há desigualdade por todos os lados e a mesma falta de educação e respeito pelo próximo e pelas instituições. Obras que não terminam no prazo, notícias de assassinatos cruéis nos jornais. Hugo Cháves, o presidente da Venezuela, é presença constante na teelvisão e no rádio. Todos os dias tem uma transmissão de discuros dele ao vivo na TV, ou uma entrevista. Em meio a tudo isso a bola vai rolar.
O Brasil estréia contra o México, um jogo que parece perigoso pelo retrospecto recente. Nesta terça, no úlitmo treino aqui em Puerto La Cruz, deu pra ver um entrosamento muito legal entre Robinho, Maicon, Elano e Diego pelo lado direito do ataque da Seleção. Também vimos uma palhinha do treino do México. Dificilmente o Borgeti vai jogar. Fez um testeno gramado, mas os movimentos estão muito comprometidos por causa da contusão no tornozelo esquerdo.
Por aqui as notícias do Campeonato Brasileiro provocam situações engraçadas. O Alex Silva, do São Paulo, tirando sarro do Diego e do Robinho por causa da vitória no clássico paulista. E Dunga não ficou fezli com a vitória do Grêmio no clássico gaúcho. Tudo na base da brincadeira.
Com o que não se brinca é com essa palhaçada que virou o setor de transporte aéreo do Brasil. Até onde vamos chegar? Virou terra de ninguém.
Vamos ver o que nos reserva a Copa América, com toda sua história, charme e tradição. Todos apostam em Brasil e Argentina, mas desconfio que o Uruguai veio a fim de aprontar uma surpresa. Aguardemos.

sexta-feira, junho 22, 2007

NA TERRA DE BOLÍVAR


Sempre fui um latino-americano assumido, assim como meu amigo Menon. O que os "descolados" e metidos a modernos chamam de cucaracha. Adoro a América Latina e estou tendo a oportunidade de conhecer mais um país, ou parte dele, a Venezuela.
Discussões políticas à parte, Puerto La Cruz, a cidade que recebe a Seleção Brasileira na primeira fase da Copa América, passaria tranquilamento por uma cidade brasileira do Norte ou do Nordeste. Vento quente, sol escaldante, gente alegre e simpática. E na periferia, os problemas comuns às periferias do continente, seja aqui, no Brasil, onde for na nossa América Latina. Pobreza e dificuldade. A periferia do que vi até agora da Venezuela é a mesma periferia que temos no Brasil.
Duas coisas chamam a atenção. A primeira, a ostensiva presença de forças de segurança. Polícia, Exército, Guarda Nacional, seguranças particulares, todos fortemente armados. A segunda, a também ostensiva propaganda política, os cartazes com mensagens institucionais e de forte apelo político e ideológico.
Sobre a Seleção Brasileira, parece um grupo muito mais tímido e reservado que o das superestrelas de 2006. Sobre o time, ainda não dá pra falar nada, vamos esperar os jogos e o desenvolvimento. Mas é um time em busca do sucesso e da fama que a geração de 2006 já tinha obtido.

segunda-feira, junho 18, 2007

Por enquanto, só o
Botafogo se salva


Ainda não alcançamos as dez rodadas, após as quais eu acho que será possível ter um panorama do que poderá ser o Brasileirão 2007. Mas por enquanto apenas um time tem escapado da mesmice e da irregularidade gerais. Esse time, não por acaso, é o líder do campeonato, o Botafogo. Sem segredos ou frescuras, o Fogão é de uma simplicidade cativante. O que pareceria óbvio para a maioria, só o é para o Botafogo. A defesa defende, o meio-campo marca e organiza e o ataque, ah, o ataque ataca!!!
Na maioria dos outros times do Brasileirão, há uma confusão em torno desses conceitos básicos do futebol, que seduz exatamente por isso, pela simplicidade. Há times em que o ataque provoca risos, outros em que zagueiros são artilheiros e alguns em que o meio-campo não existe. Dentro disso tudo, sobra o Botafogo. Se vai ser o campeão, ninguém pode afirmar, mas que tem feito, por enquanto, por onde, não resta dúvida.

PRESSÃO

Não será fácil a semana para Caio Jr, técnico do Palmeiras. O time não vence há quatro jogos e as cornetas devem soar. Se sucumbir às trombetas do amendoim, a nova diretoria palmeirense estará cometendo uma enorme bobagem. O fato é que o Palmeiras jogou bem, sim, contra Cruzeiro e Botafogo. E não foi de todo mal contra o Goiás. O time tem posicionamento e organização, mas peca por falhas individuais. A defesa é vulnerável pelo alto e o bom Diego Cavalieri não sai bem do gol. Para completar, o ataque é digno de riso com Florentín e Alex Afonso. O problema do Palmeiras não está no banco, mas dentro de campo. Alguns jogadores fracos e sem personalidade. E a diretoria não consegue contratar um atacante. Ano passado foram quatro treinadores e o time ficou pendurado na Série A. Não custa aprender com os erros e contratar melhor para o ataque.

APELAÇÃO

Lamentável a atitude de Souza, do São Paulo, ao protestar por ser sacado do time antes do jogo com o Vasco. Souza não tem jogado patavina e desrespeitou Muricy, que sempre o preservou, e também não foi legal com Ilsinho.
Sobre o jogo, o São Paulo ganhou sem fazer força. O time do Vasco é muito ruim, e quem disse isso durante o jogo foi o próprio técnico Celso Roth. Agora, o torcedor do São Paulo deveria tratar bem do Aloísio, que tem jogado muito e para o time. Jorge Wagner está melhorando a cada dia e o Tricolor, aos poucos, vai recuperando a consistência. Resta saber como ficará o meio-campo sem Josué. Contra o Vasco não foi preciso muita coisa, mas em outros jogos esse setor será mais testado.

ESTRÉIA

Ótima sacada de meu amigo Rogério Assis, o Canhão, para a vitória do Santos sobre o Juventude. Disse o Canhão que foi a estréia do Santos no Brasileirão. Pois é por aí mesmo, agora o time pode pensar em apenas uma competição e, assim sendo, tem tudo para voltar ao páreo.

AUSÊNCIA

Para se ter uma idéia de como pode ser duro para o Corinthians sustentar a boa arrancada do Corinthians no Brasileiro, basta ver os melhores momentos do empate sem gols com o Paraná. É rapidinho, porque não houve quase nada de bom. O Timão depende de William, quase um adolescente, para criar. Sem ele, o time é o chamado deserto de idéias.

FRANCAMENTE...

O que acontece com o Flamengo? Ney Franco é um bom técnico, acredito. Obina faz tanta falta? Ou era tudo fogo de palha?

RUMO À VENEZUELA

A partir do final desta semana estarei acompanhando a Seleção Brasileira na Copa América e, na medida do possível, atualizarei o blog de lá.

quinta-feira, junho 14, 2007


FALTOU TUDO AO GRÊMIO


Antes de mais nada, não se duvida do Grêmio. Se há um time hoje capaz de façanhas, é o Tricolor gaúcho. Portanto, é obvio que ficou difícil, mas em se tratando desse time, a chama sempre brilhará.
Agora, que o Grêmio decepcionou no primeiro duelo contra o Boca, isso é fato. Até sofrer o primeiro gol - irregular, diga-se - o Grêmio fez um bom jogo, consistente, inteligente. Depois do 1 a 0, o time descambou. Faltou tudo ao Grêmio. Coragem, atitude, organização e inteligência. Jogadores importantes como Patrício, Tcheco e Diego Souza não jogaram nada. Lúcio, sempre contestado, acabou sendo o destaque do time. Assim como Lucas, que mesmo em alguns minutos mostrou que é indispensável para a decisão.
Não se consegue um bom resultado em uma final, ainda mais contra o Boca, sem o tal espírito de decisão. Que não tem nada a ver com cara feia, botinadas e supostas demonstrações de macheza. Mas tem tudo a ver com posicionamento, atenção, detalhes. O Grêmio perdeu praticamente todas as divididas. As bolas de rebote eram sempre do Boca. Sandro Goiano conseguiu uma expulsão, no mínimo, estúpida. Era bola para disputar de cabeça e ele vai com o pé naquela altura!!!!
Retraído como estava, o Grêmio não poderia ter se dado ao luxo de observar o Boca tocando bola, variando o lado de jogo. E, o pecado supremo, proporcionar espaço e tranquilidade a Riquelme. Deu no que deu.
Óbvio que o adversário é de alta classe. Não há no futebol brasileiro um time como o Boca. Seja em tradição, conquistas, fidelidade de torcedor e presença de espírito numa decisão. Não é à toa que, mesmo sendo o país cinco vezes campeão do mundo, o Brasil não tem uma equipe com o prestígio internacional do time argentino. Basta conferir a cota de amistosos internacionais do Boca. Desde 2000, quando iniciou sua avassaladora arrancada rumo à hegemonia continental, ameaçando perigosamente os sete títulos do Independiente, o Boca mudou de time várias vezes. Mas quase nunca perdeu a força. E, novamente, os argentinos nos dão uma aula de posicionamento e postura tática. Em alguns momentos, o Boca nem correr precisou. Bastava tocar a bola de pé em pé e esperar pela brecha que o Grêmio sempre deixava.
O terceiro gol argentino foi um desastre completo da defesa gremista. A bola sai da esquerda, vai para direita, volta para a esquerda e, no retorno para a direita, um atabalhoado Patrício faz contra, numa trombada com o zagueiro. Retrato do que foi o Grêmio.
Mas como estamos falando exatamente do Grêmio, seu torcedor tem o dever de lotar o Olímpico e acreditar na virada. Por que nesse caso deixou de ser milagre. O Grêmio é capaz. Se vai conseguir é uma outra história.

MATA-MATA OU PONTOS CORRIDOS?

Fico feliz de ver o debate proliferar em altíssimo nível. Aparecem novos e bons argumentos defendendo um lado e outro. Sigo de questão fechada com o mata-mata. O que é bom para a Europa não é necessariamente para o Brasil. E o argumento comum de quem defende o sistema de pontos corridos, o planejamento e a manutenção de trabalhos, cai por terra na nossa dura realidade. Quantos treinadores já caíram em cinco rodadas de Brasileiro? E quantos cairão depois de mais cinco?
Sigo de caso com a emoção e o arrebatamento do mata-mata. E repito: em 99% dos casos vai vencer o melhor. Para aferir o real poder de fogo de um time, ele tem que ser avaliado em todas as situações. Entre elas a regularidade, mas também a superação, a bravura e o poder de decisão típicos de um mata-mata.

quarta-feira, junho 13, 2007


EU PREFIRO
CAMPEONATO
COM FINAL


Recebi uma simpática mensagem do amigo Elias Aredes que acabou por motivar esta postagem. Elias argumenta a favor dos campeonatos em pontos corridos, diz que eles ajudam os times a se estruturarem, a trabalhar melhor, e aponta exemplos como a própria recuperação do Grêmio para tal, além do crescimento de clubes como Figueirense, Paraná e Atlético Paranaense, por exemplo. Foi uma respota ,inteligente e educada, ao que falei durante a transmissão de Santos x Grêmio, na Vila. Um jogo eletrizante, que poderia ter seu destino alterado em um segundo por diversas vezes, que me fez afirmar que o sistema de jogos eliminatórios, ou o mata-mata, é insuperável nesse tipo de emoções e também como espetáculo esportivo.
Escrevo agora para defender essa tese. Já houve um tempo em que eu achava os campeonatos por pontos corridos mais interessantes, embora jamais tenha desgostado do tradicional sistema brasileiro do mata-mata. Pois agora, passados alguns anos de experiência com o modelo europeu em nosso campeonato, estou de questão fechada com o torneio eliminatório e, principalmente, com uma final, um grande jogo decisivo.
Antes de mais nada, porque esse sistema não tem nada de injusto, como atacam alguns de seus detratores. O regulamento é exposto a todos e as regras são as mesmas. Há uma fase em que todos se enfrentam e, posteriormente, um cruzamento eliminatório. Portanto, pode-se contestar, argumentar, mas jamais chamar de injusto.
Sem dúvida que o sistema de pontos corridos afere a regularidade dos times, a qualidade dos elencos, mas pergunto, até que ponto? Os times sofrem tantas alterações, o campeonato se estende por um período tão grande, que é virtualmente impossível que se mantenha um elenco minimamente equilibrado. Há um momento de limbo no Brasileirão de pontos corridos, que ocorre entre as rodadas 12 e 20, mais ou menos, em que nada acontece, não há entusiasmo, os estádios ficam vazios, enfim, o País não pulsa. No final do segundo turno há uma retomada, já que a briga pelas classificações e a fuga do rebaixamento, enfim, esquenta.
Mas e não acontece tudo isso no sistema de mata-mata? As mesmas disputas no final, mas com uma diferença fundamental: partindo da premissa de oito times disputando as quartas-de-final, há muito mais envolvimento de 20 equipes nessa disputa. Serão oito disputando o título, afinal. Não apenas dois ou três como tem ocorrido ultimamente. Há todo um envolvimento de clubes e torcedores em jogos eliminatórios. As arrecadações aumentam, a audiência sobe e adrenalina decola. E se pensarmos num sistema de três jogos, ninguém está eliminado no primeiro jogo.
Admito que esse sistema me fascina pela descarga emocional. Puxo pela memória alguns grandes jogos de futebol em que já trabalhei ou os que vi ao vivo ou pela TV e a maioria absoluta é de jogos eliminatórios ou grandes finais. Como A Batalha dos Aflitos, os duelos Palmeiras e Corinthians na Libertadores, as decisões de Copas do Mundo, Flamengo e Atlético nos anos 80. O que remete a grandes partidas de vôlei e basquete, mas claro que não existe termo de comparação.
Acredito que os confrontos eliminatórios e as consequentes finais trazem o imprevisto ao esporte. Em 99% das vezes o melhor time vencerá, seja qual for o sistema de disputa. Mas esse ingrediente da surpresa, da superação, da falha fora de hora, do golaço quase impossível, e de uma mudança de resultado ocorrer em cinco minutos ou até menos, é fundamental para a emoção no esporte. E acima de tudo, esporte é emoção.

DUNGA COMEÇA MAL

A Seleção ainda não treinou em Teresópolis, mas o início de Dunga como técnico de campo, de fato, já é lamentável. Dunga é meio revanchista, atacou Zé Roberto de graça, com argumentos desnecessários e fora de propósito. Imagino o que pode acontecer quando Dunga enfrentar uma crise de verdade no comando da Seleção.

segunda-feira, junho 11, 2007


LÁ VAI O GANGORRÃO 2007!!!!!


Cinco rodadas se foram e o que eu passarei a chamar de Gangorrão 2007 vai comprovando a tese de que será o Campeonato Brasileiro mais equilibrado e imprevisível da história. É um sobe-desce, um perde-ganha daqueles!!!! Por enquanto, apenas Vasco, Botafogo, Corinthians e Paraná escapam da gangorra e, momentaneamente, despontam como equipes algo equilibradas. O grifo no momentaneamente é proposital. Como diria a Virginie, do Metrô, no balanço das horas tudo pode mudar. Honestamente, não dá pra sentir firmeza em nenhum time.
Que dizer do Cruzeiro, que sapeca 3 a 1 no irregular Palmeiras, fora de casa, e perde do Juventude no Mineirão? Ou do São Paulo, que ganha fora do então líder Paraná e perde no Morumbi para o Atlético-MG? O Inter literalmente mergulhou em um caminho de recuperação ao bater um combalido Santos, e o Fluminense encara o Brasileiro revigorado pelo título da Copa do Brasil. Enfim, tudo muito, mas muito equilibrado.
Trabalhei em dois jogos no final de semana. O movimentado empate entre Palmeiras e Botafogo e a vitória do Galo sobre o São Paulo. De Palmeiras e Botafogo é possível concluir que são dois times muito bem treinados por Caio Jr. e Cuca. Já têm esquema tático, estão razoavelmente entrosados mas esbarram na limitação técnica de alguns jogadores. O Palmeiras criou mais chances, poderia ter construído uma vitória consistente, mas é um time sem poder de fogo, sem capacidade de definição. Tem bons jogadores, sim. Michael, Valdívia, William. Mas nenhum deles é tão objetivo quanto o velho Edmundo, que está suspenso. Mesmo já no ocaso da carreira, o Animal tem o sentido do gol que tanto falta ao Verdão. Sem atacantes, e não apenas um, e mesmo um meia mais objetivo, chutador, o Palmeiras resvala na obviedade do time arrumadinho, mas que acaba não incomodando muito. O Botafogo tem um matador, Dodô, que perdeu um gol inacreditável no Palestra Itália. E, como o Palmeiras, é um time bem posicionado em campo, mas que tem como maior defeito a incrível oscilação durante as partidas. Vai de momentos em que é absolutamente dominado a outros em que vira dominador. A zaga é lenta, pesadona, e pode comprometer diante de um ataque mais efetivo.
Domingo, no Morumbi, o Atlético Mineiro conseguiu um resultado importantíssimo. Basta lembrar que no Brasileiro do ano passado o São Paulo só perdeu quatro vezes e chegou a ficar mais de seis meses sem perder em casa. Acontece que esse São Paulo ficou em 2006. O atual é uma pálida lembrança. O time vive uma séria crise técnica. Ilsinho, Souza, Leandro, Lénilson, jogadores importantes na campanha do ano passado, não são hoje nem sombra do que foram. Hugo, Hernanes, Marcel, Richarlyson e Borges não conseguem se firmar. Idem para Jadílson. E para complicar, o time perderá Josué e Alex Silva para a Seleção Brasileira. O elenco que prometia ser o melhor do Brasil em qualidade se mostra apenas um grande elenco em quantidade. Muricy tem buscado mas não encontra uma formação ideal. As boas notícias para os tricolores Jorge Wagner e Dagoberto, que, aos poucos, mostram que a partir deles pode surgir a recuperação. Mas não será fácil.
O Galo foi tímido, estava tomando sufoco até a expulsão infantil do são-paulino Leandro. Com a entrada do habilidoso Tchô no meio-campo e a vantagem numérica, o Atlético criou coragem e encontrou seu solitário gol. É um time jovem, que alterna momentos de impetuosidade com outros de extrema timidez. Precisa de uma liderança tática no meio-campo.
O que dizer da simplicidade e da objetividade de Vasco e Corinthians? Times para os quais ninguém daria um tostão antes de a bola rolar. E, como sempre digo, só é possível analisar o momento, o futuro é coisa de astrólogo. E no momento, Vasco e Corinthians têm sido extremamente competitivos em sua simplicidade. Ambos marcam forte, muito forte. E saem em velocidade quando recuperam a bola. Ambos têm centroavantes. O Vasco tem um gênio chamado Romário. O Corinthians, um eficiente operário de nome Finazzi. Na atual escassez de atacantes que assola o País do Futebol, um camisa 9, genial ou razoável, é uma benção. Que o diga o Paraná do artilheiro Joziel.
Para fechar, três grandes interrogações. Que será do Santos? Sem Zé Roberto, Kléber e Maldonado, um definitivamente e os outros dois momentaneamente, o Peixe vira um time comum, sem brilho. E o que acontecerá com o Grêmio após a Libertadores? A pergunta final: quais serão as mudanças quando o voraz mercado europeu voltar suas baterias para o Brasil? Quem sairá? O Gangorrão 2007 será um outro campeonato após a Copa América.

quinta-feira, junho 07, 2007

RESSURGE O GRANDE FLUMINENSE


Sempre é boa notícia para o futebol brasileiro que um grande volte aos tempos de glória. Com todo o respeito que merece o Figueirense, é uma dádiva para o futebol do Brasil que o Fluminense volte a ser campeão, figure novamente como um time forte e vencedor. De tanto bater na trave, finalmente o Tricolor das Laranjeiras chegou lá. Completa-se, enfim, um ciclo de recuperação, no qual o Fluzão saiu do fundo do poço, da Terceira Divisão, com algumas passagens algo vergonhosas para a sua história, como o champanhe da virada de mesa, e um novo título fecha este capítulo. Resta aos homens que comandam o futebol do outrora aristocrático e agora popular Fluminense não cair na tentação da soberba e monte um time forte e competitivo para a Libertadores. Isso, claro, sem abrir mão do Brasileiro.

NOITE MEMORÁVEL NA VILA

Foi daquelas noites que servirão de argumento para quem, como eu, prefere um bom mata-mata, um jogaço elminatório, a um certo enfado que acomete as competições de pontos corridos. Tudo podia acontecer na Vila Belmiro e quase tudo aconteceu. Durante alguns minutos, pairou sobre o estádio que viu nascer Pelé - que, aliás, lá esteve com toda sua majestade - o silêncio da incerteza. Um gol do Grêmio sepultaria o sonho santista. Um gol santista acabaria com a imortalidade gremista. Jogo eletrizante, de raça, superação e belas jogadas. O Santos foi estóico e o Grêmio, guerreiro.
Discordo - embora respeite - da reclamação de Luxemburgo quanto à falta de Diego Souza em Adaílton. Para mim, não houve nada, lance normal de jogo. Sandro Goiano, sim, poderia ter sido expulso pelo tapa em Renatinho (esse, aliás, um lutador incansável). A reclamação de Luxa, me parece, ainda era eco pelo pênalti mal marcado de Ávalos na Vila. Mas e se lembrarmos do pênalti não marcado exatamente em Sandro Goiano, lá no Sul? Enfim, nada a contestar na classificação do Grêmio. Que, se quiser ser campeão, precisa tomar menos sufoco fora de casa, ou ser mais artilheiro em Porto Alegre. Resta ao Santos agir rápido, não se deixar abater pela ressaca da eliminação, e tentar remontar um time que, ao que parece, será desmontado. A reação amorosa do torcedor santista parece oferecer crédito para isso.

segunda-feira, junho 04, 2007

COMEÇOU A GANGORRA


A fase da gangorra do Brasileirão que promete ser o mais equilibrado da história já começou. O perde-e-ganha, imagino eu, será a marca registrada desse campeoato. O nivelamento nunca foi tão grande. Não que seja pelo alto nível técnico, mas é um nivelamento. Respira-se equilíbrio pelos quatro cantos do País do Futebol.
Estive na gelada e sempre bela Curitiba para comentar Paraná e São Paulo. Problemas no vôo de volta fizeram com que eu não pudesse conferir com calma e tempo os lances de todos os outros jogos pela Internet.
Gostei de ver a Vila Capanema reformada e a preservação do relógio histórico que presenciou Suécia 2 x 2 Paraguai e Espanha 3 x 1 EUA na Copa de 1950. O jogo não foi dos melhores tecnicamente, o gramado estava péssimo e prevaleceu a marcação. A torcida paranista reclama. Acho que tem razão no gol, que entendi como mal anulado do Luís Henrique. Mas o lance do pênalti não tem com não dar. O goleiro Marcos Leandro não tem intenção de fazer a falta, mas cai em cima do Aloísio que, esperto, fica apenas esperando que isso aconteça. O Gaciba só pode marcar o que vê, não o que mostra o replay. O Paraná é um time bem armado, rápido, com bons jogadores como Joélson e Josiel, mas tem uma defesa um pouco lenta. O São Paulo continua desencaixado, sem ritmo, mas com o Aloísio é outro time, ele segura bem os zagueiro e faz a parede com qualidade. A questão tricolor agora passa a ser a dupla de volantes. Se o Josué for à Copa América e com a contusão do Frédson (vim perto dele no avião e a coisa foi séria mesmo), esse setor ficará enfraquecido.
O jogo que simboliza a gangorra foi Palmeiras e Cruzeiro. Vi os melhores momentos. O Palmeiras atacou mais, pressionou, mas foi extremamente vulnerável na marcação no meio-campo e a bomba estourou na defesa. O Cruzeiro apostou na arma que lhe restava e foi muito competente. São dois times que estarão definitivamente na gangorra, terão bons e maus momentos, mas ainda precisam de muitos ajustes.
Assim como o Corinthians, que conseguiu um resultado que deixa perguntas no ar contra o Santos. O que seria o jogo com o Santos completo? Ninguém responderá, é óbvio, mas sem sua força máxima o Santos dominou o Corinthians no segundo tempo. Agora, a questão alvinegra é o que fazer quando William for embora para a Seleção? Quem levará abola até Everton e Finazzi? E o Santos depende do que acontecerá na Libertadores. Tenho conversado com muitos treinadores e jogadores de outras equipes e há uma unanimidade: todos acham que uma eliminaçã na Libertadores provocará uma crise no Santos. Será?
No mais, o Botafogo segue jogando bem e vencendo, mostrando que nem sempre uma derrota ou eliminação tem, necessariamente, que redundar numa crise.

IMPEDIMENTOS E ARBITRAGEM

O amigo Alexsa manda mensagem perguntando sobre a questão dos impedimentos, referindo-se ao gol anulado do Paraná. Ele acha que é correto marcar impedimento sempre que haja alguém impedido, mesmo que esse alguém não seja o autor do gol porque, segundo ele, isso atrapalha o goleiro. Discordo, respeitosamente. Há casos e casos. Ontem tivemos dois exemplos. O segundo gol do Cruzeiro é um deles. Roni estava em posição adiantada e foi na bola, o que poderia suscitar a interpretação de impedimento. No gol de Luís Henrique, do Paraná, a bola passa longe do gol de Rogério no cruzamento e ele nem sai do arco.
Mas é a regra-chave do futebol, porque deixa aberta a interpretação, e cada um tem a sua. Como diz meu amigo e parceiro Milton Leite, não existe verdade absoluta no futebol.