terça-feira, abril 29, 2008

SUPERQUARTA É PRATO
CHEIO PARA O FUTEBOL


Para quem curte futebol, seja na arquibancada, ou zapeando no conforto de casa, a quarta-feira promete. A oferta de jogos em território nacional ou envolvendo times brasileiros é difícil de ser superada em qualquer canto do mundo.
Pela Libertadores, duelos sensacionais, já na fase de mata-mata, da qual sou defensor assumido. Nada se compara a um bom confronto eliminatório, ainda mais em se tratando de Libertadores. O Flamengo enfrenta o América, no México, um jogo sempre complicado. O futebol mexicano é rico e cresce a cada ano, e o América é o Flamengo do México, o time mais popular do País. Um empate ou até mesmo uma derrota por um gol de diferença não podem ser considerados resultados ruins, e a vitória, se vier, será sensacional. É jogo para o Mengão ter inteligência, jogar pensando em 180 minutos.
O Fluminense pega o Nacional da Colômbia, time que agradou na derrota para o São Paulo, tem bom toque de bola e explora as entradas em diagonal do centroavante Galván. O Tricolor carioca tem mais categoria, jogadores que podem decidir, mas precisa incorporar o espírito da Libertadores e, assim como o Flamengo, pensar o confronto e não apenas um jogo. Dodô pode ser uma arma importante no segundo tempo.
O São Paulo enfrenta o Nacional, em Montevidéu. O time uruguaio é uma pálida lembrança dos tempos em que foi tricampeão mundial, mas em seu estádio, o Gran Parque Central, o Nacional costuma jogar na pressão e, assim como o São Paulo, gosta de forçar o jogo na bola parada. O Tricolor pode jogar mais do que vem jogando e decidir sem sustos no Morumbi.
Desafio mesmo tem o Cruzeiro, contra o poderoso e sempre favorito Boca Juniors. O time mineiro tem futebol para encarar o Boca e despachá-lo, mas isso nunca será fácil. O grande segredo é não cair nas armadilhas dos xeneizes. Time de macacos-velhos, jogadores rodados e de qualidade, o Boca muitas vezes parece morto, às vezes se finge de morto, e em cinco, dez minutos define o resultado. De novo, inteligência e posicionamento são fundamentais, além de uma marcação eficiente nos decisivos Riquelme e Palácio.
Por fim, na quinta, o Santos recebe o Cúcuta, adversário frequente nessa Libertadores. Embora tenha evoluído, o Peixe ainda não atingiu o ponto de equilíbrio e, de novo, deve depender da luta incessante e da capacidade de entrega de seus jogadores. Sem contar a contribuição fundamental de Kléber Pereira.

COPA DO BRASIL

É muito jogo bom, muito duelo de time grande na Copa do Brasil. O Corinthians, ainda em dívida com seu povo, tem uma boa oportunidade de buscar um resultado que seja redentor. O problema é combinar isso com o esperto time do Goiás, que já entra em campo vencendo por 2 a 0 e tem um meio-campo mais consistente que o alvinegro.
Em Recife, um belo jogo se anuncia. O Sport marcou o Palmeiras com eficiência em São Paulo, mas o zero a zero deixa tudo igual. O dilema pernambucano deve ser sobre qual postura adotar: ataca o Palmeiras e se abre, ou aposta no equilíbrio? O Palmeiras deve ser um time cadenciado como foi diante da Ponte Preta, apostando na qualidade individual de seus jogadores.
Situação dramática vive o Galo Mineiro diante do bom time do Náutico. Após a goleada por 5 a 0 para o Cruzeiro, o Galo, no ano de seu centenário, precisa muito desse resultado, assim como o Náutico, que viu o rival Sport faturar o tricampeonato estadual. Se pudesse apostar, cravaria esse como o jogo mais emocionante, pelas circunstâncias.

ESTADUAIS


Será digno deste e de qualquer outro centenário se o Atlético Mineiro passar pelo Cruzeiro na final mineira. Missão impossível mesmo.
Missão difícil é a da Ponte contra o Palmeiras. Não é impossível, mas também será histórica. A postura dos dois times no primeiro tempo da partida de ida da final foi embleática. O Palmeiras estava pronto para decidir à sua maneira, a Ponte ainda não estava.
No Rio, o Flamengo deu um passo importante, mas o Botafogo tem boas chances se fizer um dos muitos bons jogos que já cravou na temporada. O problema é saber a real capacidade de decidir dessa boa equipe alvinegra.

terça-feira, abril 22, 2008


O LADO ESTÚPIDO

DA RIVALIDADE

ENTRE CARTOLAS


Ultrapassou qualquer limite do ridículo e da estupidez a rivalidade movida a picuinhas entre dirigentes do Palmeiras e do São Paulo. Antes de falar sobre o tema, que fique claro: o ocorrido no vestiário dos visitantes do estádio Palestra Itália merece investigação rigorosa e punição exemplar aos responsáveis pela atitude jurássica, mas que ainda é muito mais frequente do que se imagina no futebol brasileiro.
Voltemos ao tema das picuinhas entre tricolores e alviverdes. Há uma enorme parcela de culpa do lado mais fofoqueiro e menos responsável da impresa paulista. Uma parcela que adora dar voz a personagens periféricos como Marco Aurélio Cunha e Toninho Cecílio, ávida que é, esta parcela, por uma polêmcia vazia, dada a falta de capacidade de procurar assunto relevante. Uma parcela da imprensa que usa de maneira irresponsável o termo guerra, que adora fazer jogo de palavras com declarações de um lado e de outro e, cada vez mais, se afasta do objetivo principal da função: informar e opinar com isenção e resposabilidade.
Os jovens torcedores de Palmeiras e São Paulo que não se entusiasmem muito na defesa de suas cores nesse debate de estupidez, porque não existem santos em ambos os lados dessa trincheira de imbecilidades. O passado de ambos condena. Os homens que hoje comandam os destinos dessas duas instituições ainda parecem contaminados por uma história mal resolvida dos tempos da Segunda Guerra, quando, afirmam os então palestrinos, que o São Paulo trabalhou para tentar interromper as atividades do clube, pelo nome e a ligação evidente com a pátria do regime de Mussolini, integrante das forças do Eixo. O argumento dos verdes era de que o São Paulo queria se apropriar das instalações do clube. Os tricolores negam. Isso ainda não foi digerido por ambas as partes e hoje alimenta uma rivalidade idiota, que ultrapassa os limites da disputa sadia. O Palmeiras sonha com o espaço que o São Paulo conquistou, e o São Paulo identifica no Palmeiras um rival capaz de ocupar esse espaço. Está feito o roteiro de uma ópera bufa, que escancara uma absurda arrogância de ambas as partes.
A história mostra que tanto dirigentes do Palmeiras como do São Paulo já aprontaram das boas. Havia um falecido policial civil de cargo importante, cartola do Palmeiras e dirigente de federação, que assistia aos jogos dentro de campo e desferia impropérios e ameaças contra bandeirinhas e juízes, ciente de que sua "autoridade" era sinônimo de impunidade. Em 1981, num jogo contra o Botafogo, pelo Brasileirão, o São Paulo deu acesso ao campo a boa parte de seu Conselho Deliberativo, que, no gramado do Morumbi, pressionou arbitragem e jogadores do Botafogo até conseguir a virada por 3 a 2. As imagens da TV mostram uma horda cercando o campo de jogo. O Palmeiras dos tempos de Felipão escalava seguranças como gandulas para intimidar e provocar os adversários, e um deles até brigou com Marcelinho Carioca, do Corinthians, em um clássico. Num São Paulo x Fluminense em 1986 (essa quem me confirmou foi o Muller), seguranças do São Paulo agrediram a vassouradas os jogadores do Fluminense no túnel de acesso ao vestiário do Morumbi. Não raro, nos acessos de jogadores aos vestiários de Palestra Itália e Morumbi, jogadores são ameaçados e agredidos a cusparadas, sem contar xingamentos e todo tipo de ameaças.
Ou seja, não tem santo nessa história. Como não tem santo em time algum como dirigente do futebol brasileiro. Por aqui ainda reza a lógica do falso malandro, aquele que se acha mais esperto. Que permite que torcedor entre em ônbius de jogador e viaje no mesmo avião apenas para intimidar. Que passa informação priviliegiada a torcedor sobre comportamento de atleta e autoriza certo tipo de protesto. Que paga ingresso para torcedor e dá dinheiro para não ser vaiado. Que manda pintar vestiário na véspera de jogo, coloca escorpião, corta a água quente, manda soltar rojão na porta de hotel, essas coisas que provam que existe pouca diferença entre a raça humana e os primatas. Coisa de um genezinho besta.
O que falta é punição exemplar. O que falta é discernimento para certo tipo de dirigente de futebol que se acha mais importante que a instituição que representa. O que falta é capacidade de compreender que futebol é apenas um jogo, um baita de um jogo, mas que não vale a vida e nem a morte de ninguém. O que falta é educação para receber bem o advesário. Os vestiários de visitantes nos estádios brasileiros são um acinte, uma vergonha.
Portanto, já passou da hora das pessoas de bem que militam em São Paulo e Palmeiras - e felizmente elas existem - darem um basta nessa picuinha idiota e se comportarem pelo menos à altura das tradições desses dois clubes e de dirigentes de mais estofo e categoria que os sucederam. Os excessos de hoje precisam ser punidos para que os do passado sejam, finalmente, esquecidos, e não voltemos a falar desse tema no futuro.


PONTE X PALMEIRAS

Na bola, dentro de campo, não há o que contestar nas classificações de Ponte Preta e Palmeiras para a final do Paulistão. Foram os times que jogaram de maneiras mais consistente, atraente e agradável. Vi de perto as duas semifinais. Sábado, em Guaratinguetá, vi o melhor jogo do campeonato. O Guará poderia ter goleado, mas esbarrou na atuação magistral de Aranha e na garra contagiante da Ponte. Só mesmo quem não viu um jogo do time campineiro pode ter utilizado a estúpida expressão "cavalo paraguaio". Jamais usei e jamais usarei essa expressão porque acho ridícula e desrespeitosa com o povo paraguaio, a quem o Brasil já desrespeitou demais na história. A Ponte jogou futebol de finalista durante todo o campeonato, e tem um treinador sério, correto e promissor. O primeiro jogo da decisão precisa ser disputado em Campinas, por mérito da Ponte e, também, para corrigir injustiças históricas dos anos em que o clube chegou e não pode jogar em seu estádio.
O Palmeiras dos jogadores também fez tudo certo contra o São Paulo. Hoje tem mais repertório, é mais ousado e equilibrado que o rival. Para um time da categoria do São Paulo, chuveirinho para o Adriano é pouco, muito pouco. Ainda assim, o time deu muito trabalho a Marcos, novamente em grande fase. Hernanes tem jogado muito futebol. Valdívia faz a diferença e é marrento demais. E a zaga palmeirense soube marcar Adriano - que aceitou a marcação - com precisão, numa atuação reabilitadora de Gustavo e brilhante de Henrique. Rogério papou um frango, o que faz parte da vida de grande goleiro. Atualmente há mais peças no Palmeiras para mudar um jogo do que no banco do São Paulo. O Palmeiras fez mau uso do direito de jogar em seu estádio e deve perdê-lo para a decisão. Afinal, não importa quem fez, a responsabilidade é sempre do mandante, que precisa impedir que isso seja feito.
Para a decisão vejo muito equilíbrio. O maior dilema da Ponte é que jogará em casa muito desfalcada, provavelmente sem Elias e sem Renato, César e Eduardo Arroz. Ainda assim é um time forte, de incrível personalidade, que conquistou o direito de acreditar em seu sonho. Assim como fiz antes das semifinais, sigo avaliando que há 60% de chances para o Palmeiras e 40% para a Ponte, pela vantagem que o regulamento dá ao alviverde.

BOTAFOGO NISSO; INTER NAQUILO; FINAL EM MINAS

Como sempre digo, pode bater na trave, mas uma hora entra. O Botafogo conquistou mais um título da Taça Rio e vai mais forte para a decisão contra o Flamengo. Não consigo ver os jogos do Carioca porque coincidem com o trabalho nas partidas do Paulista. Também vejo pouco do Sul e de Minas. É uma alegria ver o futebol do Alex, no Colorado. Joga muita bola. E o Juventude mostra que vem com tudo também para a disputa da Série B. E tenho o sonho de, um dia, poder ver de perto um Cruzeiro x Atlético no Mineirão. Taí, pelo menos para mim, a maior rivalidade do Brasil. Mas que seja sadia e não idiota como a do Majestoso paulista.

quinta-feira, abril 17, 2008


ESTOU COM LULA E O ETANOL

CONTRA O FMI E O PETRÓLEO

Tenho minhas reservas e críticas ao nosso presidente Lula e, muito mais, ao seu partido como Governo. Mas Lula fez um golaço ao responder as críticas oportunistas dos barões do FMI e da ONU sobre um teórico avanço dos biocombustíveis sobre as áreas de agricultura voltada para a produção de alimentos.
Seria comovente se não fosse cínica a preocupação de um organismo como o FMI com a fome internacional e a produção de alimentos. Talvez abrindo mão dos pagamentos de juros da dívida externa dos países pobres o FMI facilitasse a produção e compra de alimentos por parte dos mais necessitados. E como criticar o Brasil pela produção de etanol se o País, a cada ano, bate recordes de produção de alimentos e caminha a passos largos para ser o maior produtor mundial? Isso sem contar a produtividade do etanol brasileiro se comparada à, por exemplo, a do americano, produzido a partir de milho.
Parece-me que há muitos outros interesses envolvidos. Quem nada hoje na riqueza do petróleo sente-se incomodado com a possibilidade de uma alternativa energética eficiente e de fonte renovável que poderia mudar o eixo da economia mundial? Ou incomoda à ONU e ao FMI o fato de países emergentes como o Brasil estarem se tornando cada vez mais competitivos na produção de alimentos (mesmo com o atual Governo deixando de lado algumas políticas de incentivo à produção agrícola), o que incomodaria a cadeia de subsídios dos governos de grandes potências européias e dos EUA?
Está em curso um estudo de produção de etanol nas terras atingidas pela catástrofe nuclear em Chernobyl. Porque a ONU e o FMI não se interessa em montar planos de subsídios agrícolas, para produção de alimentos e biocombustíveis na África, por exemplo? Ou, então, não se mostram preocupados com as constantes altas do petróleo e suas consequências para a economia mundial?
Outro ponto que causa estranheza: porque advertir países emergentes na questão do biocombustível e ignorar por completo o colapso financeiro na questão imobiliária nos EUA, ali debaixo do nariz do FMI? Ou então, porque não tomar atitudes ou posições mais duras contra o endurecimento xenófobo evidente demonstrado por nações de passado recente condenável nesse tema como Itália e Espanha?
Por isso, mesmo estando profundamente decepcionado com aquele Lula que nada sabe e nada vê, que se cala sobre dossiês amalucados e outros temas, fecho com o presidente nessa questão internacional. Mandou bem e posou de estadista, com todos os méritos.
SUPERQUARTA NO FUTEBOL


Foi uma superquarta para torcedor algum botar defeito, envolvendo muitos dos grandes times brasileiros, com resultados de todo tipo.
Trabalhei em Portuguesa x Botafogo. Esperava mais do jogo, em especial do Botafogo. Claro que não se pode analisar por um jogo, mas a Portuguesa, mesmo sem Diogo no melhor de sua condição e sem o armador Preto, deu muito trabalho ao time do Cuca. Mas fica confirmada a impressão de que o treinador paranaense consegue dar consistência aos seus times e se firmou no cenário nacional como nome de ponta.
A derrota do Corinthians para o Goiás deixa evidente que os recursos técnicos do atual elenco alvinegro estão próximos do esgotamento. Não há como tirar mais de Bóvio e afins. O Corinthians pode ganhar do Goiás e avançar na Copa do Brasil, mas seu nível de futebol não passará muito mais disso. O próprio Mano Menezes deixou isso claro após o jogo do Serra Dourada. Bom momento para o competente Caio Júnior, que mais uma vez mostra serviço.
Que vitória a do Santos! Épica, literalmente. Jogos como esse marcam uma competição como a Libertadores, porque, mesmo sem serem de mata-mata, são eliminatórios. E volto a dizer: nada como um jogo eliminatório em termos de espetáculo. Kléber Pereira é o tipo de jogador que faz as coisas acontecerem, acima da média, indispensável para o Peixe. Leão conseguiu resgatar a dignidade do Santos, mesmo com uma série de problemas.
Surpreendente a vitória do valente Paraná sobre o forte Inter. O jogo de volta, no Beira-Rio, será o primeiro grande testa na temporada para o time de Abel Braga, que considero um dos favoritos ao título no Brasileirão.
O Vasco vai sofrer contra o Criciúma no jogo de volta. Lá Heriberto Hulse o time catarinense não costuma tomar conhecimento da história e da tradição dos adversários. Na teoria, 1 a 0 foi pouco para os cruzmaltinos. Assim como 2 a 1 parece pouco para o São Caetano diante desse abusado Atlético Goianiense.
Parabéns aos torcedores do Sport, tricampeão pernambucano. Momento "volta por cima" do técnico Nelsinho Batista. O Sport enfrenta o Palmeiras em belo confronto da Copa do Brasil.

MAIS RESPONSABILIDADE, POR FAVOR!

Tenho muito respeito e até alguma amizade por Marco Aurélio Cunha, supervisor de futebol do São Paulo, e Toninho Cecílio, gerente de futebol do Palmeiras. Ambos são profissionais sérios e capacitados. Mas extrapolaram o limite do bom senso nessa discussão fomentada por alguns veículos de comunicação interessados apenas em agitação e jornalismo barato. Cunha e Cecílio vivem o futebol há muito tempo e sabem que Palmeiras e São Paulo, hoje, é um vespeiro, cercado de rivalidades históricas, recentes e uma parcela de torcedores irascíveis. Com esse bate-boca inútil ambos apenas atiçam um fogo desnecessário. O silêncio de ambos é urgente.

terça-feira, abril 15, 2008

JUIZ DE FUTEBOL TEM
QUE SER PROFISSIONAL


Todo mundo já ouviu a seguinte frase: futebol hoje é um negócio. E é mesmo. Gira muito dinheiro, envolve interesses políticos, comerciais - escusos às vezes - e paixões. Praticamente todos os envolvidos de fundamental importância para o desenrolar de um jogo de futebol são profissionais. Jogadores, treinadores, médicos, preparadores físicos, fisioterapeutas, dirigentes remunerados. Por que apenas os árbitros não são profissionais?
Já passou da hora de se criar uma legislação específica para a arbitragem de futebol no Brasil, pelo tamanho do negócio e pelo impacto de suas repercussões. Pelo que arrecadam, a CBF e as Federações têm todas as condições de implantar um regime profissional, com planos de carreira, benefícios e remuneração compatível. Isso não acabaria com os erros e as polêmicas, mas certamente diminuiria a incidência dos mesmos e mudaria a maneira de se ver a arbitragem de futebol, acrescentando uma aura de seriedade.
Ouvi de um árbitro brasileiro o seguinte, para resumir como funciona a coisa hoje. Os árbitros recebem um valor fixo de acordo com a importância do jogo e seu nível de atuação, um cachê pelo serviço. Na maioria dos casos, o cachê é pago pelo clube mandante do jogo, após o mesmo. Ainda hoje, no século 21, há árbitros brasileiros que não receberam seus cachês porque o clube mandante perdeu o jogo em que trabalharam e simplesamente não pagou.
Outra situação recorrente. Os árbitros recebem a passagem aérea e seus cachês e aí precisam cuidar, eles próprios, de questões como hotel e transporte. Alguns tentam economizar ao máximo com isso, procurando hotéis mais em conta e perdendo tempo precioso com isso. Em certos casos, quando não há viagem aérea incluída, se deslocam em seus próprios automóveis. Isso eu ouvi de um "profissional" da arbitragem de nível Fifa e os exemplos que ele citou são de jogos do Campeonato Brasileiro da Série A. Ou seja, tem árbitro de nível internacional que tomou calote em jogo do Brasileirão!!!!
O fato de não serem profissionalizados não significa que os árbitros ganhem mal. Os árbitros de nível Fifa recebem R$ 2.500,00 por jogo. Mas a questão não está nisso, no valor. Está no fato de o árbitro, em última análise, exercer esse trabalho tão importante como uma espécie de bico ou renda suplementar. Muitos árbitros são policiais, há bancários, bacharéis em direito, professores de educação física. Equilibram essas atividades com o exercício da arbitragem.
Seria impossível, absurdo, se regulamentar a profissão de árbitro de futebol no Brasil? Ou mesmo de árbitro esportivo? Para que houvesse um critério de formação, escolas, planos de carreira, e eles pudessem respirar 24 horas o jogo de que são, hoje, personagens principais? Que fizessem reciclagem, preparações física e psicológica diferenciadas e padronizadas, e tivessem a segurança de um registro profissional e os benefícios inerentes?
Sou árbitro de tênis pela Federação Paulista, mas nunca trabalhei como árbitro de tênis. Tenho amigos que são árbitros profissionais de tênis, alguns pela Federação Internacional (ITF), e existe um plano de carreira, remuneração escalas de trabalho. São identificados, em seus níveis, pela cor do distintivo que usam, prata, ouro etc. É uma carreira.
O futebol mudou, cresceu, evoluiu. Tem até torcedor profissional (embora esse mais atrapalhe do que ajude). Duvido que custe tão caro aos cofres da CBF e das Federações profissionalizar de fato a arbitragem. Resta saber se há vontade política de fazê-lo.

segunda-feira, abril 14, 2008


A MÃO DE ADRIANO, O DEDO
DE MURICY, O OLHO DE LUXA E
O CLÁSSICO QUE NÃO ACABOU


Ufa! O título é grande, mas o clássico da semifinal paulista merece. Baita jogo, com tudo que uma semifinal precisa ter e ainda alguns extras, como a polêmica e os inevitáveis erros de arbitragem. Pode não ter sido um grande jogo tecnicamente, mas foi um grande espetáculo, de prender a atenção de quem esteve no estádio e de quem viu pela TV.
Vou deixar a arbitragem para o final. Sobre o jogo, em termos de estratégia, a proposta pelo técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, foi mais bem executada pelo time do que a de Wanderley Luxemburgo para o Palmeiras. O São Paulo deixou bem claro ao que tinha entrado no Morumbi: marcar forte, atrás da linha da bola, e fechar o caminho dos laterais palmeirenses. Isso feito, apostaria em Adriano e Dagoberto nas jogadas individuais e na bola parada. Adriano cumpriu sua parte e foi, mais uma vez, decisivo. Valdívia ainda não conseguiu ser determinante em um jogo decisivo pelo Verdão. O Palmeiras apostou na posse de bola e nas jogadas pelas laterais, que pouco aconteceram no primeiro tempo. Insistiu no jogo pelo alto e, salvo uma cabeçada de Alex Mineiro na trave, trombou com a defesa tricolor, muito alta.
Adriano não é craque, mas é decisivo, jogador de nível internacional. Na força difícilmente perde. Isso assustou um pouco o zagueiro palmeirense Gustavo, que não tem grande técnica e perdeu o duelo físico. Valdívia também não pode ser chamado de craque porque ainda não decidiu, e com seu talento, espera-se que decida. Nitidamente, sentiu preocupação após levar o cartão amarelo e evitou o jogo de contato. Fora isso, foi bem marcado pelo eficiente Zé Luís.
Na segunda etapa do jogo, Luxemburgo fez o que tem de melhor, foi ousado, abriu o time e empurrou o adversário para perto de sua área, mesmo correndo riscos no contra-ataque. Muricy tinha optado por "trombar" seus alas com os laterais do Palmeiras, mas com o advesário jogando com dois pontas abertos, perdeu essa segurança. Para sorte do Palmeiras e azar do São Paulo, as chances mais claras caíram nos pés de Dagoberto e não de Adriano. No Palmeiras, faltou a Valdívia e Diego Souza a personalidade mostrada por Lenny e Martinez, que conduziram o time na segunda etapa. Acho que Muricy demorou para tirar Dagoberto e, por isso, acabou tomando sufoco.
Mas a diferença do jogo, pelo menos para mim, foi de espírito, de entrega. O São Paulo assumiu uma inferioridade técnica e se superou nas divididas, na marcação e na concentração. O time tricolor ainda foi eficiente nas armas que escolheu, a bola parada e o contra-ataque. O Palmeiras acreditou demais na superioridade técnica, que existe, mas não é gritante, e deixou a desejar em termos de concentração e entrega. Fora isso, os verdes erraram demais nos passes, e Gustavo apanhou da bola no lance do segundo gol, oferecido por ele ao São Paulo. Em contrapartida, André Dias e Hernanes foram gigantes no Tricolor. Assim como Rogério Ceni foi decisivo em duas grandes defesas, e Marcos praticamente não trabalhou.

APITO

Agora a parte chata de todo jogo, a arbitragem. Primeiro, repito o que disse ontem na transmissão do SporTV: considero Paulo César de Oliveira o melhor árbitro de São Paulo. Mas ontem ele foi mal. Errou em lances capitais e não teve critério. O lance do gol de Adriano é cristalino. Antes de a bola entrar na pequena área o atacante são-paulino, esperto, já está com o braço direito esticado, e isso, pelo menos para mim, evidencia a intenção de tocar a bola com a mão. Até entendo que o árbitro pode argumentar que não viu - e acho que ele não viu na hora, só depois, pela TV. Mas a interpretação me parece equivocada. Fora isso, era lance para a auxiliar Maria Elisa, que estava mal posicionada e numa tarde pouco feliz.
O lance do pênalti me parece claro, assim como no segundo gol de Adriano o lance é normal, ele leva na força, sem falta alguma.
A questão do critério é que pega. O árbitro começou aplicando cartões de uma maneira até certo ponto exagerada e, depois, claramente, segurou a mão, pois, se mantivesse o critério inicial, Zé Luís e Valdívia teriam sido expulsos.
Para o jogo de volta, no Palestra, acho que a matemática das chances se inverteu. Antes de a bola rolar, eu acreditava em 60% Palmeiras e 40% São Paulo. Agora vejo 60% para o Tricolor e 40% para o Palmeiras. O clássico começou bem e vai durar ainda a semana toda. Bom para o futebol.


O FATOR BOTAFOGO

Por razões óbvias, não vi Botafogo e Flamengo, apenas os melhores momentos, já que trabalhei no jogo do Morumbi. Mas um detalhe, em tudo que vi nesta temporada do Botafogo, me chama a atenção. Em 2007 o time criava demais para Dodô concluir. Em 2008, continua criando demais e agora quem conclui é Wellington Paulista. Sinal de que Cuca conseguiu manter uma filosofia de jogo e não perdeu eficiência, mesmo trocando de atacante definidor e, acho que não há discussão, Dodô joga mais que Wellington Paulista, tem mais recursos. Prova de que o Botafogo é um time bem armado e que tem um treinador que sabe o que faz. Andou batendo na trave, como bateram o Inter antes de 2006, o Fluminense antes de 2007. Uma hora a bola entra.

PITACOS

Rapidamente, opiniões curtas e diretas. Jornalismo não é fofoca, e o caso da garotinha Isabella, tristemente, mostra que tem mais fofoqueiro do que jornalista na TV brasileira. Segundo, terceiro mandato é golpe em qualquer ideologia e ponto final.

quinta-feira, abril 10, 2008

CEM VEZES TIMBU!!!!!


Registrei aqui o centenário do Atlético Mineiro e repito agora a homenagem, com uns dias de atraso (espero que me perdoem) a outra glória do esporte nacional, o Clube Náutico Capibaribe. Meu pai viveu em Recife, trabalhou na Rádio Tamandaré, nos anos 50, e sempre me contou lindas histórias dos gigantes do futebol pernambucano.
Já tive o prazer de comentar jogos dos três grandes do Recife, nos três estádios, e pude constatar a paixão do povo pernambucano pelo futebol. Da infância lembro de dois grandes craques que passaram pelo Náutico, Vasconcellos e Jorge Mendonça. Também me lembro, mais recentemente, da dupla Kuki e Jorge Henrique, e trabalhei na histórica vitória sobre o Corinthians, no Pacaembu, pela Copa do Brasil. Com todo o respeito aos demais clubes, a camisa toda vermelha do Náutico é uma das mais bonitas do futebol mundial.
Parabéns, Timbu!!! E mais séculos e séculos de glória.
E para quem não sabe, o Timbu, mascote do Náutico, é um marsupial (parente do canguru) encontrado na Zona da Mata pernambucana. O apelido foi incorporado em virtude de um jogo contra o América, na década de 30 do século passado. Os jogadores do Náutico ficaram em campo no intervalo do jogo, que estava 1 a 1, e para espantar o frio provocado pela chuva, o técnico do time deu algumas doses de conhaque. A torcida do América passou a gritar Timbu, numa referência ao fato de o bichinho gostar de uma cachaça quando oferecida a ele. O Náutico venceu o jogo por 3 a 1, e daí o apelido pegou.

quarta-feira, abril 09, 2008

O QUE ESPERAR
DO CHOQUE-REI?

São Paulo e Palmeiras, Palmeiras e São Paulo. Esse duelo jamais será comum, em qualquer circunstância. Quando o Choque-Rei (apelido dado ao jogaço pelo jornalista Thomaz Mazzoni) acontece numa fase semifinal e cai num momento em que a rivalidade entre os dirigentes das duas equipes aflora, a situação fica ainda mais saborosa. Pena que exista tanto ignorante fantasiado de torcedor para atrapalhar a situação, arrumar brigas estúpidas e apagar um pouco o brilho de um clássico dessa grandeza. Porque, infelizmente, a realidade do mundo hoje é essa, a estupidez sempre arruma um jeito de se instalar.
Não curto muito o estilo de comentário que cai para a previsão pura e simples. Acho meio cabotino alguém fazer uma aposta em um resultado e depois que ele se confirma sair por aí se gabando, dizendo "não falei que ia dar time tal etc.". Prefiro a análise dos pontos fortes e fracos de cada time, o momento e as tendências. Por isso, de forma geral, vejo que, pela bola que cada um está jogando, antes de o clássico começar, o Palmeiras larga com 60% de chances, contra 40% do São Paulo. Nos recentes confrontos pela Libertadores, o São Paulo era absurdamente superior e teve enormes dificuldades para derrotar um Palmeiras apenas brigador. Agora que a diferença é mínima, é de se esperar muito mais equilíbrio.
Por falar em momento, é óbvio que o do Palmeiras é melhor. O time joga mais solto, a diretoria deu ao treinador um elenco com mais opções e, tecnicamente, a equipe está num estágio mais avançado. Mesmo com tudo isso, somou apenas dois pontos a mais que o São Paulo e conseguiu somente uma vitória de vantagem. Prova de equilíbrio. A grande diferença está no saldo de gols: o Verdão tem 11 a mais. Procurarei destacar abaixo alguns pontos que considero fortes e fracos de cada equipe, numa tentativa de analisar como chegarão para o superclássico.
Antes disso, deixo clara minha posição, que é anterior a esse jogo, bem anterior, de que cada clube tem o direito de jogar em seu estádio. Há muito tempo falo isso sobre a Vila Belmiro, por exemplo. Se houver algum problema, que o mandante seja responsabilizado. Mando de jogo pertence ao clube, não às federações. O que no caso tem pouco a ver com o resultado do confronto, pois o São Paulo já ganhou no Palestra e o Palmeiras já ganhou no Morumbi. É uma questão de conceito. Isso posto, vamos lá!

SÃO PAULO - Há muita gritaria de torcedores e analistas, mas o time continua sendo o que sempre foi com o Muricy: competitivo. Desceu alguns degraus na escala de competitividade, isso é fato, mas mesmo assim é uma equipe que perde pouco. A maneira de se defender, que era o ponto alto do time, sofreu uma drástica alteração. O São Paulo começava a marcar no campo do adversário e blindava sua defesa. Hoje marca mais atrás e a bola chega muito mais no gol do Rogério. O principal problema está nas laterais, que não funcionam como em 2007. O revezamento entre Richarlyson e Jorge Wagner pela esquerda não tem sido tão eficiente porque Jorge Wagner não conta com a colaboração de Leandro marcando na frente e, por isso, precisa jogar muito mais como volante em algumas circunstâncias. Adriano tem sido fundamental, é o jogador diferente da equipe, mas exceto em lances de bola parada, o São Paulo faz pouco a bola chegar até ele na área. Porque não encontrou um lateral ou ala pela direita e está nessa dúvida pela esquerda. Mesmo com essas alterações, ainda é um time forte, muito forte, que confia muito em sua capacidade e cresce contra adversários mais qualificados. Vide os primeiros tempos que fez contra o Santos e o Palmeiras. O grande desafio parece ser a questão dos cartões amarelos, que pode levar o time a um segundo confronto bastante desfigurado. Sem contar a dose de cansaço provocada pelo jodo de quinta-feira pela Libertadores. Para mim, a principal mudança aconteceu de fora para dentro de campo. Algumas contratações não deram certo até agora(principalmente Joílson, Juninho, Carlos Alberto e Fábio Santos) e o tamanho do elenco se mostrou pequeno para a quantidade de jogos. Fora isso, a fonte de Cotia parece estar mais seca nesta temporada. Sobre a briga na concentração, acho que só terá efeito em caso de resultados negativos. O resultado, em situações como essa, se impõe sobre a realidade. Quando se ganha, tudo é lindo. Quando se perde, só piora.

PALMEIRAS - Não há como se comparar o time de 2007 com este de 2008. O elenco é outro e mudou praticamente tudo. Entre os titulares, permanecem apenas Valdívia, Gustavo e Pierre. Leandro se firmou somente com Luxemburgo, em 2007 chegou a ficar na reserva muito tempo. A mudança, além de tática e técnica, também foi psicológica. O peso dos fracassos sucessivos em casa foi praticamente extirpado da equipe com a chegada de muitos jogadores novos. De 11 jogadores, mudaram 8. Marcos, Élder Granja, Henrique, Leandro, Léo Lima, Diego Souza, Kléber e Alex Mineiro não estavam ou não eram titulares em 2007. E as mudanças foram para melhor em todas as posições. Como todos os times de Wanderley Luxemburgo, o Palmeiras de 2008 joga, busca sempre o resultado, dá a cara para bater. Gosta de usar o lado do campo e de ter o domínio das ações a partir do meio-campo. Tem em Valdívia o jogador diferente, da jogada imprevista, do drible, do talento. E está muito mais equilibrado em todos os setores, além de ter um bom centroavante depois de muito tempo. O ponto fraco fica para o posicionamento da defesa em jogadas de bola parada (exatamente o ponto forte do São Paulo no ataque). Em compensação, a bola parada ofensiva é poderosa e ganhou opções muito boas com Henrique e Diego Souza.

terça-feira, abril 08, 2008

UM OLHAR DIFERENTE
NA POLÊMICA SOBRE O
FUTEBOL NA ALTITUDE


Um dos assuntos mais palpitantes do futebol hoje em dia é essa polêmica sobre os jogos na altitude. Envolve ciência, pesquisa, mas também o direito de se jogar futebol onde se nasceu, onde se vive. Sempre precisamos saber todos os lados envolvidos na questão.
Deixo aqui uma entrevista de um médico boliviano sobre o tema, publicada no jornal El Deber.

Al grano. “La altura no daña la salud” • Médico •

Jorge Flores Aguilera formó parte del equipo que en 1995 elaboró un estudio completo para defender la altura. Hace un análisis estadístico-médico

• Profesional • Está inmerso en la medicina deportiva desde 1969, formando parte de la comisión en Blooming
Mauricio Cambará F.
Formó parte de la comisión médica que en 1996 elaboró un minucioso estudio estadístico-médico que fue defendido en Zürich, para evitar que la Federación Internacional de Fútbol Asociación (FIFA) vete las ciudades con una altitud mayor a los 2.500 m. Aquella vez y con un trabajo en conjunto, se logró revertir la situación, aunque de nuevo ha sido reabierta. ¿Por qué? Según el doctor Jorge Flores Aguilera, por la presión de los clubes grandes de Europa que no estarían de acuerdo con que se les otorgue diez días a sus estrellas sudamericanas (la mayoría argentinas, brasileñas, paraguayas y uruguayas) para cada partido de eliminatorias en la altura. “Es el único argumento real, porque después el médico, hemos demostrado que jugar en la altura no afecta a la salud del deportista”, resume Flores.
- ¿Dónde cree que se origina todo esto del veto?- La detonante se dio en 1993 cuando Brasil pierde por primera vez en su historia en una eliminatoria, nada menos que frente a Bolivia en La Paz (3.577 m). A partir de ahí se buscan explicaciones, porque no cabía en la cabeza de nadie semejante derrota. Hubo preocupación por el tema, pero sólo de la altura, porque no se dijo nada cuando en Chicago, en la inauguración del Mundial de Estados Unidos en 1994, Bolivia jugó ante Alemania bajo un calor asfixiante que sofocaba, porque la cancha también había sido rociada originando un vapor que fue infernal.
- ¿Qué tipo de explicaciones se comienzan a buscar?- Médicas, desde ese punto. Brasil y Argentina, los países que no querían jugar en la altura, afirmaban que subir era peligroso para la salud. En esa época la comisión de medicina deportiva de la FIFA también vetó los estadios a más de 2.500 m, pero hubo un movimiento en tres sentidos: político, que se hizo con los gobiernos; un lobby deportivo, con las asociaciones sudamericanas y mundiales y por último, ante la misma FIFA. Eso sí, fueron autoridades deportivas las que participaron en la decisión.
- ¿Cómo se comienza a hacer el estudio médico, parte vital en la defensa de jugar en la altura?- La parte estadística estuvo a cargo de mi persona y los estudios de biología de la altitud, análisis médico en las pruebas tanto de capacidad aeróbica, capacidad ventilatoria y de lactato, la hizo el Instituto Boliviano de Biología de la Altura (IBBA), con la colaboración nuestra en las ciudades bajas. En la parte de jugadores adaptados se tomó en cuenta a los de The Strongest, y en la de los no adaptados que era nuestro mayor interés, a los de Blooming, Oriente, y varios de los jugadores que integraban la selección nacional. Se conformaron dos equipos: uno de altura y otro del llano. Se analizaron a 36 jugadores en total.
- ¿En qué se basaron los estudios realizados aquella vez?- En varios aspectos, como estudios antropométricos y demográficos, estudios de concentración de emoglobina de los adaptados y no adaptados a la altura, de capacidad aeróbica y anaeróbica, de frecuencia cardiaca y estrés fisiológico. Lo de la frecuencia cardiaca y lactato se hizo durante los partidos y después, en resposo, tanto en la parte alta como en la baja.
- ¿Cuántos partidos fueron tomados en cuenta para el análisis?- 2.748 encuentros disputados desde la fundación de la Liga de Fútbol Profesional Boliviano, hasta 1995 en que se elaboró la defensa. Durante el proceso, le consultamos a cada uno de los médicos de los equipos nacionales que nos relaten las reacciones adversas de sus jugadores al haber subido a la altura sin estar adaptados y lo mismo cuando venían acá, a la parte baja.
- ¿A qué tipo de conclusión se llegó aquella vez?- Una médica, en la cual no fueron relatados casos de patología (daños en el organismo) con insuficiencia respiratoria, parada cardiaca, accidente vascular cerebral o deshidratación aguda. Esto, como te digo, desde 1977 en que se jugó el primer partido de Liga. Entonces, con la parte estadística-médica se llegó a demostrar que jugar en la altura no había matado a nadie, pese a que se sube y se baja constantemente.
- ¿Y qué otra cosa les llamó la atención de ese mismo estudio?- Del trabajo médico que se llama fisiología y fisiopatología del jugador del llano que sube arriba, obtuvimos conclusiones interesantes como, por ejemplo, que existe disminución de la capacidad aeróbica (resistencia) y principalmente anaeróbica (reacción, velocidad) de los no adaptados. Lo mismo que tienen una mayor frecuencia cardiaca, o sea que se acelera un poco más el corazón. También hay acumulación de lactato que hace que aparezca cierto grado de alcalosis respiratoria, pero que en ninguno de los casos llegó a afectar la salud del deportista. En conclusión, sí se puede jugar en la altura, claro está, con una buena preparación física, sicológica y técnica.
- Esto contradice el informe de la FIFA del 95 y de este año que justifica el veto porque supuestamente va contra la salud del jugador...- La comisión médica de la FIFA dice que jugar en la altura es peligroso, pero los estudios del IBBA que se hicieron en La Paz, Oruro y Santa Cruz ratificaron que ni estadística ni biológicamente ha pasado algo. En la estadística es cierto que hay un mayor número de victoria en los equipos locales, pero eso pasa en cualquier parte del mundo. Es cierto, jugar en la altura nos da un poco más de ventaja, pero vuelvo a recalcar, no es atentatoria contra la salud del futbolista.
- ¿Cuánto ayuda la planificación médica previa a un partido?- Por supuesto que hay mejoría gracias a la medicina deportiva y es por eso que São Paulo de Brasil, ganó en La Paz y Oruro y también la selección chilena vino y nos dio una lección en la anterior eliminatoria. Los chilenos hicieron la preparación en cámaras hipobáricas. Hipo quiere decir menos presión admosférica o donde hay menos concentración de oxígeno. Esto pasa en la altura, hay menos presión barométrica; por lo tanto, las moléculas de oxígeno están dispersas en el aire y el organismo para captarlo necesita una inspiración más profunda o necesita aumentar el número de frecuencia respiratoria. Pero con la preparación de ejercicios anaeróbicos, con una buena preparación física y una buena alimentación, se puede disminuir los efectos, a tal punto de ser imperceptible para muchos.
- Viendo a los jugadores de Flamengo en Potosí en el partido por la Libertadores, ¿la altura afecta más cuando hace frío?- Yo estuve en ese partido porque fui a hacer el control del dopaje, y me llamó la atención el show mediático que hicieron los brasileños. Primero hablé con el médico del club, el doctor Serafín, y él me pidió diez tubos de oxígeno, o sea uno por jugador en cancha. Le dije que era la primera vez que veía algo así, que viviendo en Bolivia, nunca antes un equipo había pedido semejante cantidad de tubos. Le pregunté por qué de la decisión, y me dijo que estaba seguro de que la altura les iba a afectar, ya venían ellos desde Brasil con la idea. Sólo les consiguieron cuatro tubos.
- Pero se los vio constantemente acercarse a un costado a respirar...- Te voy a decir algo, los tubos nisiquiera eran abiertos, porque no se percataron de que debían abrir primero la válvula principal. De nada servía que se acerquen a un costado a respirar, porque ¡no salía nada, en serio!. Y luego dijeron que estaban ahogados. Después los jugadores que fueron a la sala para realizar el control de dopaje, estaban bien, ni siquiera les noté fatiga. Eso sí, tenían frío porque había llovido, pero eso también lo sufrieron los mismos jugadores bolivianos.
- ¿El oxígeno en los tubos, ayuda a recuperar las energías?- Absolutamente en nada porque un futbolista en plena acción que sale al costado de la cancha no va a respirar más que seis litros por minutos, y eso no le permite recuperar energías. Yo estuve en la comisión médica de Blooming desde 1969, o sea desde que llegué de Brasil, a invitación de Tito Paz, y desde entonces hemos estudiado muchas cosas y llegamos a la conclusión que llevar tubos de oxígeno de no sirve, no tiene un efecto que signifique mejoría en el transcurso de un partido que es donde interesa en este caso.
- ¿La altura ha sido motivo de duro enfrentamiento en congresos de médicos a los que fue?- En 1990 participé junto a Enrique Vargas (director del IBBA), yo enviado por la Conmebol, de un congreso de medicina deportiva de la FIFA en Zúrich. Ahí presentamos un trabajo que era la ampliación de lo que se defendió en el 96. El argentino Raúl Madero, que forma parte de la comisión de medicina deportiva de la FIFA, insistía en meter el tema, pero como habíamos hecho el estudio, conseguimos pararlo, quedó tranquilo junto a los otros médicos y el tema no pasó a mayores. Ellos dijeron su parte, nosotros la nuestra y listo. Pero me quedé con la pena y, desde entonces, he dicho que Bolivia no tiene que parar de estudiar nunca la altura porque mientras exista fútbol, Argentina, Brasil y tal vez otros países, van a querer vetar a las ciudades arriba de los 2.500 m.
- ¿Cuánto les impactó las muertes del camerunés Foé, de Miklos Feher y de Serginho en partidos con temperaturas calientes?- Esa conclusión ya la habíamos sacado en el 96, cuando observamos que los jugadores que bajaban tenían más tendencia a la deshidratación, al desequilibrio hidroelectrolítico que son las pérdidas de cloro, calcio, potasio y magnesio.- ¿Qué es lo primero que se hace cuando sucede un caso así?- Es necesario analizar en qué condiciones murió un jugador y de ahí hay que hacerle estudios anatomopatológicos para ver si tenía un soplo en el corazón, un anaeurismo y lo demás. Cuando se descarta que había una causa ‘predisponente’, ahí se dice que la causa fue tal, pero generalmente un jugador que ya tenga una patología ‘predisponente’, es más susceptible de fallecer en condiciones adversas, como es el caso de las altas temperaturas y la deshidratación.
- ¿Qué puede pasar si sucede en el país un caso como el de Foé, Feher o Serginho?- El estudio sería biológico. Con jugadores normales, sanos y buena preparación física, está comprobado que esto no sucederá, y si se da, habrá que ver de qué falleció, porque uno puede perecer hasta caminando en la calle y ya eso no tiene que ver con la altura.
- ¿Es la parte estadística lo más fuerte para sustentarse en el derecho a jugar en ciudades altas?- La parte médica la utiliza con la finalidad de justificar una suspensión a los estadios a más de 2.500 m., pero esta parte tropieza y cae fuertemente cuando se pasa a la parte estadística. Ahora la distorsión en cuanto a resultados también se da en los equipos que bajan a jugar al llano.
- ¿Es la altura un tema que debe discutirse siempre en los congresos de medicina deportiva?- Siempre va a existir la discusión de si la altura afecta o no. Vuelvo a decir que está demostrado estadísticamente que la altura no afecta la salud, sí a los resultados, y eso hace que unos se sientan más afectados que otros.
- ¿Cómo es la comisión médica de la Conmebol?- A mi conocimiento, hasta hace dos o tres meses la Confederación Sudamericana de Fútbol (Conmebol) no tiene una comisión médica, sólo tiene una comisión de dopaje (Flores forma parte), pero es necesario que exista lo primero, que se aproveche todo esto para crearla, porque es necesario que estos temas que atañen sólo a Sudamérica y no al resto del mundo, no vayan a la FIFA antes de ser debatidos ampliamente por médicos sudamericanos. Eso es una desventaja para los países que tienen altura, porque no se la debate; entonces, como Raúl Madero es representante de la Conmebol, lo lleva directamente a la FIFA sin antes haber pasado por un filtro.
Sus frases
“Lo de Flamengo fue un show mediático. Antes de llegar a Potosí ya le temían a la altura”
“Mientras se juegue al fútbol, Bolivia no debe dejar de estudiar jamás el tema de la altura”
Perfil
El médico del fútbolJorge Flores Aguilera es uno de los médicos más reconocidos del país en la medicina deportiva. Hizo especialidades en San Pablo, Texas, París y en la UPSA de Santa Cruz. Formó parte del equipo médico que en 1995 elaboró un informe junto al Instituto Boliviano de Biología de la Altura (IBBA) que fue defendido en Zürich. Trabaja en la clínica Niño Jesús y forma parte de la comisión de dopaje de la Conmebol. Además de español habla inglés, francés, portugués e italiano.

quinta-feira, abril 03, 2008


ADRIANO, MINEIRO, PEREIRA, DODÔ

E O IMPÉRIO DOS CENTROAVANTES


Centroavantes são figuras especiais no universo do futebol. Nem precisam ser craques. Muitas vezes passam longe disso. Mas têm aquela rara intimidade com o gol. Naqueles segundos cruciais em que jogos, campeonatos são decididos, quase sempre passa por eles a solução, a definição. O termo matador anda um pouco pesado para se utilizar, com tanta violência pelo mundo. Talvez soe melhor definidores.
O Brasil vive um momento bem legal em se tratando de centroavantes. Adriano e sua boa recuperação no São Paulo. Alex Mineiro, pervertendo a lógica vigente de que centroavante precisa ser alto e forte. Dodô esbanjando técnica e frieza, e Kléber Pereira com sua força invejável no momento de definição. Em breve, tomara que Nilmar se junte a esse seleto grupo.
Dia desses um amigo que torce para o São Paulo, o Junqueira, excelente goleiro, me disse que o Adriano fará dez gols na Libertadores. Não se pode duvidar. A vitória sobre o Luqueño deve-se aos recursos técnicos de Jorge Wagner no cruzamento e à precisão de Adriano em termos de posicionamento dentro da área. Porque o São Paulo ainda não está bem como time e, mesmo assim, está chegando. Prova de força.
Alex Mineiro faz gol de tudo quanto é jeito e ainda tem a vantagem de jogar bem quando sai da área. Tem muita técnica e frieza. Desde Vagner Love que o Palmeiras não tinha um jogador de conclusão com tamanha qualidade. Luxemburgo ainda armou um time que faz a bola chegar toda hora para o centroavante em boas condições.
Kléber Pereira é outro cuja intimidade com o gol chama a atenção. O Santos se safou de uma situação ruim no Paulista e segue vivo na Libertadores muito porque tem esse jogador. Ele faz gols e também ajuda muito na preparação das jogadas. É o tipo de centroavante que, quando põe a bola na frénte, é caixa, diria meu amigo Muller, também artilheiro dos bons.
Por fim, temos Dodô, que faz tanta falta com seus gols que parecem saídos de um túnel do tempo. Que ele volte logo a nos brindar com seu repertório mágico de golaços. Com essa turma que tem por aí, mais a volta do Nilmar, jovens promessas como Keirrison e outros goleadores que ainda estão hibernando, tipo o Acosta, o Brasileirão que se avizinha promete ser dos melhores dos últimos tempos.

QUE GOLAÇO, DEIVID!!!!!

Rapaz, que petardo acertou o Deivid no gol da vitória do Fenerbahce sobre o Chelsea. Vi o jogo e gostei muito dos comentários da querida amiga Milly Lacombe. Deivid, para mim, é craque. Formou uma das grandes duplas da história recente do futebol brasileiro com Robinho, no Santos. O cara joga nas três posições de ataque, ainda sabe se virar como meia e tem disciplina tática. Fora isso, é bom demais ver um time da Turquia, mercado emergente, abastecido com sangue brasileiro e uruguaio, encarar os ricaços do Chelsea. Na boa, já tenho time nessa fase da Liga dos Campeões. Dá-lhe, Fenerbahce!!!!