Na terça-feira, 27 de maio, fui fazer meu credenciamento para a Copa do Mundo de 2014. Minha sétima como jornalista profissional e terceira como comentarista do SporTV, e aproveitei para conhecer o novo estádio do Corinthians.
A obra será palco do jogo de abertura da Copa do Mundo.
Prefiro o termo estádio a Arena.
Também acho que não tem nada demais chamar os estádios pelos nomes das empresas que comprarem o direito de patrocinar.
Assim como acho bacana quando o povo adota um nome para estádios, como fez com o do Corinthians, que vem sendo chamado de Itaquerão.
O estádio é um senhor empreendimento.
Pode-se contestar a arquitetura, e isso vai do gosto de cada um.
No meu gosto, prefiro estádios que tenham todos os assentos cobertos, o que não acontece na nova casa corintiana por uma questão de projeto.
A obra também é polêmica, desde a questão de seu financiamento e do uso - que para mim, há - de dinheiro público (obtenção de empréstimo com isenções fiscais diferenciadas, dinheiro mais barato) até saber como o Corinthians pagará pela construção do estádio, feita pela Odebrecht, empreiteira que bancou a obra.
Conversei com alguns dos responsáveis pela obra e ouvi que as arquibancadas temporárias são os pontos mais preocupantes. Como são provisórias, dependem de uma séria de obras também provisórias, como instalação de contêineres que servirão como banheiros e bares, por exemplo.
Nos locais em que estão as arquibancadas provisórias, atrás dos gols, segundo essas pessoas me disseram, serão instalados os telões do estádio quando ele for devolvido ao Corinthians pela Fifa.
Os telões que serão usados na Copa são, também, provisórios, e estão instalados na diagonal de dois dos quatro cantos de escanteio do gramado.
O gramado é espetacular. Quando fiz a visita, estava sendo semeado mais uma vez e "penteado" por máquinas especiais.
Os bancos de reservas são comuns, sem grandes luxos, com cadeiras normais, nada parecidas com as de alguns estádios nos quais lembram até poltronas de avião. Imagino que sejam padrão da Fifa para todos os estádios.
Tive acesso às entranhas do estádio, como vestiários e sala de entrevista. Tudo muito bonito. Os vestiários têm sistema de sensores para acendimento das luzes e acabamento luxuoso.
Luxo é uma palavra que pode definir o acabamento do estádio e explicar porque o custo está chegando na casa do bilhão.
Esse luxo contrastará com a improvisação nos setores temporários, nos quais tapumes e panos gigantescos esconderão o improviso.
Uma parte dos assentos que deveriam ser cobertos ainda não estarão assim na Copa, porque os vidros que ocuparão este espaço na cobertura ainda não chegaram. Quem estiver sentado nas cadeiras mais próximas ao campo nas linhas laterais sairá molhado se chover.
Havia a possibilidade de o estádio fazer captação de energia solar para aquecimento da água dos vestiários e banheiros. Mas, segundo uma fonte local me informou, o arquiteto que projetou a obra não aceitou essa sugestão.
Quando o Corinthians assumir o estádio definitivamente, haverá um café para a imprensa e o vestiário do time da casa incorporará áreas hoje cedidas à Fifa. Também haverá um vestiário alternativo, para quando outras equipes que não forem a dona da casa ali forem atuar.
A impressão geral é de que muita coisa ainda precisa ser feita. Áreas externas e de acesso ainda recebem acabamento no que se refere a sinalização e grama. Assim como ocorreu na Copa de 2010 e também na Euro de 2012, situações que verifiquei in loco.
Dentro do estádio ainda há muita obra em andamento. O setor dos estúdios de TV não está pronto e não havia ainda nenhum equipamento de imprensa instalado. As tendas que servirão a jornalistas e patrocinadores estão sendo montadas. Essa solução é utilizada tanto nas Copas do Mundo como nas Euros em países com muito menos problemas que o Brasil para entregar obras no prazo.
A chegada por Metrô é, sem dúvida, a melhor opção. A caminhada não é longa até o estádio.
Num dia sem trânsito complicado, da Zona Sul de São Paulo até Itaquera o trajeto foi feito em cerca de 50 minutos.
Em resumo: haverá improvisos. Aquela história de arrumar a casa rapidinho para receber vistias, esconder os brinquedos embaixo da cama, cobrir algumas coisas etc.
É a cara do Brasil, o jeitinho, o deixar para a última hora.
Haverá jogos ali. Também haverá reclamações em virtude das gambiarras feitas para acelerar a adaptação do estádio para uma situação à qual ele já deveria estar adaptado há muito tempo.
Afinal, a Copa é no Brasil. Não somos a Alemanha e nem o Japão em termos de seriedade e responsabilidade quanto a prazos e eficiência.
Os gastos com a Copa devem, sim, ser questionados pela população, pois é direito dela. Assim como todo tipo de gasto do Governo. Chama-se cidadania.
Os protestos devem ser entendidos como um direito democrático, desde que também seja respeitado o direito de quem apenas quer ver em paz um jogo de futebol de Copa do Mundo.
Vai ter Copa.
E, permitam-me a propaganda: É no Brasil! É no SporTV!
Túnel por onde entrarão as seleções |
Vestiário que o Brasil utilizará |
Entrada principal |
Gramado sendo tratado |
Arquibancada provisória sendo finalizada |