quinta-feira, junho 30, 2011


A queda do River e

o futebol brasileiro


Aparentemente, o título do blog parece não fazer sentido. Afinal, que relação haveria entre o rebaixamento de um dois maiores times da Argentina com o futebol brasileiro? Muita coisa. Fique comigo até o final do texto que explico.

Houve um tempo em que, na economia, se dizia que o Brasil era a Argentina uma semana depois, para explicar os efeitos que as alterações econômicas no vizinho produziam em nosso País.

A edição de hoje do jornal argentino Olé traz uma reportagem emblemática para elucidar as relações comprometedoras que existem entre dirigentes de futebol e torcedores violentos, bandidos mesmo. O jornal identifica integrantes da mafiosa organização Los Borrachos del Tablón, a principal barra brava, ou torcida uniformizada, do River Plate.

Muitos dos líderes desse grupo são ou foram funcionários do River e têm conexões com autoridades políticas e de segurança do governo da província de Buenos Aires.

A violência dos barras bravas no fuetbol argentino é algo com forte impacto na sociedade. O mundo viu as imagens da baderna produzida após a queda do River. Em relação ao que ocorre no Brasil, a violência é ainda pior.

Aqui em Buenos Aires o River é um assunto dominante, que só agora às vésperas da abertura da Copa América, começa a ser superado pela seleção argentina. O presidente do clube milionário, Daniel Passarella, tem um carro de polícia em frente a sua casa 24 horas. Um coquetel molotov explodiu na porta da garagem da casa de um conselheiro do River. Isso se chama terrorismo.

Investigar e combater é preciso.

No Brasil, sabe-se há tempos do envolvimento dos clubes e até de técnicos e jogadores com esses maus torcedores. Clubes financiam ingressos e viagens, jogadores e técnicos dão dinheiro e acabam se transformando em reféns. Em alguns casos pagam, literalmente, por sua segurança.

Há torcedores dessas organizações com cargos nos clubes, influência política.

Assim começou na Argentina e hoje as proporções são tenebrosas. O crime organizado está infiltrado nessas atividades.

É preciso tomar providências enérgicas e punir quem usa o futebol para delinquir.

O Brasil precisa estar atendo ao que acontece na Argentina para não sofrer do mesmo mal. Não custa avisar.


Como juega este pibe!

Alfândega do aeroporto de Ezeiza, Buenos Aires. Enquanto espero a liberárioação de minha entrada no país vizinho, o funcionário pergunta:

- Você é jornalista? Veio cobrir a Copa América?

Ao término da resposta, veio o comentário:

- E o Neymar? Como juega este pibe!

É fato que Neymar já é ídolo também na Argentina, que seu futebol encanta os vizinhos e já se discute aqui uma situação de sonho para eles: Neymar e Messi jogando juntos no Barcelona.

O futuro não se conhece, mas no presente, Neymar já é ídolo de proporções continentais.

É tudo igual

Uma penca de jogadores mexicanos foi afastada da seleção por ter aprontado uma festinha em Quito, Equador. Como disse o repórter da Fox Sports, levaram senhoritas para a concentração. O México já traria um time alternativo para a Copa América e agora terá um time praticamente sub-23.

Em 2007, na Venezuela, esse tipo de situação aconteceu com a seleção chilena. Valdívia estava entre os envolvidos e foi até suspenso da seleção.

É impressionante como na hora de vacilar, jogador de futebol não tem sotaque.

sexta-feira, junho 24, 2011


Quem é a vítima?


Pois não é que o provocador de toda confusão ocorrida ao final de Santos x Peñarol foi identificado como sendo filho de um delegado paulista? Acredite se quiser.

Eric, o filho do delegado Osvaldo Nico, (alguém sabe dizer como?), invadiu o gramado do Pacaembu após o final da partida para provocar os jogadores uruguaios e gerou o lamentável quebra-quebra.

Em entrevista ao Blog do Perrone, o delegado diz que seu filho na verdade foi vítima da história e está abalado.

Vítima de quê? As imagens da TV são claríssimas. O rapaz invade o campo, passa ao lado do gol defendido no segundo tempo por Rafael e vai direto provocar um jogador uruguaio, que responde aos pontapés. Depois, a irascibilidade imperou.

Eu estava lá, na cabine do Pacaembu, e durante a transmissão do SporTV já alertei para o fato da invasão e da provocação. Pior que isso: o rapaz ainda ficou ao lado de seu pai, dentro de campo, muito tempo após a confusão.

Pergunto: porque não foi levado para fora do gramado por um PM? Por ser filho de delegado ele mereceu tratamento diferenciado por parte da PM? Não vai acontecer nada?

Obviamente, que nada justifica violência e, pior, o reinício da briga por parte de um atleta do Peñarol, quando tudo parecia calmo.

Agora, um atleta profissional não é obrigado a suportar que seu local de trabalho seja invadido por um provocador qualquer, que nada tinha a ver com o espetáculo e terminou por manchá-lo.

E ainda se acha vítima? Vítimas foram todos os torcedores de bem que estavam no estádio, na TV, e viram cenas lamentáveis provocadas pelo invasor aparecido.

Aliás, o Pacamebu viu várias situações lamentáveis em termos de organização em uma final de Libertadores. A imprensa uruguaia e de mais de 30 países foi tratada como gado, sem local adequado, sem informações corretas. A providencial ajuda da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo deu, pelo menos, um espaço para que pudessem ver o jogo.

O protocolo foi ignorado, não tocaram o hino do Uruguai, havia uma multidão de pessoas em campo sem relação alguma com o jogo.

Lições que devem ser aprendidas para 2014.



A nova ordem


Digam o que quiserem, mas não há como negar que o futebol brasileiro tem três times que pairam acima dos demais neste século: Internacional, São Paulo e Santos.

Cada um ao seu modo, com seus métodos e estilos, conseguiu se impor em termos de conquistas e inovações. Por isso, têm dividido os principais títulos em disputa.

Importância de título quem dá é o torcedor. Não adianta ir contra essa maré. Muitas vezes, para o coração de um apaixonado, um título estadual acaba representando mais, em termos afetivos, do que um nacional.

O cartel de conquistas tricolores, coloradas e alvinegras praianas impressiona.

De 2000 para cá, o Inter faturou duas Libertadores, um Mundial, uma Sul-americana, uma Recopa e sete estaduais.

O São Paulo levou uma Libertadores, um Mundial, três brasileiros, um estadual e um supercampenato paulista.

O Santos conquistou dois brasileiros, uma Copa do Brasil, uma Libertadores e quatro estaduais.

Há um fator comum nessas conquistas: Muricy Ramalho levantou taças pelos três clubes e teve participações decisivas na montagem ou na sintonia fina das equipes.

Fora isso, Inter, São Paulo e Santos tiveram características particulares para exercer esses domínios. O time da capital paulista se baseou na força defensiva. Primeiro com ótimos volantes no período de 2005 a 2006, e excelentes zagueiros daí até 2008.

O Inter se reinventou como clube, arregimentou uma legião de sócios que possibilitam compensar a diferença econômica que existe entre os mercados gaúcho e paulista. Teve equipes excelentes em todo o período e elencos fartos em opções.

Já o Santos tem como diferencial o fato de ter revelado grandes talentos individuais. Primeiro Robinho, Diego, Elano, Renato, Léo. Agora, na geração de Ganso e Neymar, talvez tenha descoberto os dois maiores talentos dos últimos tempos.

Cada um ao seu estilo, com seu modelo, Santos, Inter e São Paulo puxam a fila na nova ordem do futebol brasileiro. Quem não se adaptar ou copiar as boas ideias desse trio, vai comer poeira.

sexta-feira, junho 17, 2011



Cuidado com o rótulo


Um dos defeitos da minha profissão (e todas as profissões têm seus defeitos, contra os quais o profissional precisa estar atento sempre) é a mania de rotular alguém. Não me excluo da lista de rotuladores, embora cuide para evitar isso o quanto puder.

Toda hora a mídia dedicada ao futebol e também o torcedor, lembremos, está rotulando algum técnico ou jogador. É um tal de cai-cai, retranqueiro, limitado, bad boy, motivador, perdedor, estrategista.

A bola da vez é o Neymar. Quem não gosta dele o chama de cai-cai. Já foi, acho que não é mais. Apanha muito e cai porque é leve, franzino. Quem já esteve ao lado dele percebe. Mas entendo que a atitude dele em relação a isso está melhorando. Ainda é meio espalhafatoso ao cair, mas deixou de ser cai-cai.

Para mim, cai-cai inveterado é o Robben, da Holanda.

Um outro rótulo que até eu usava e quebrei a cara tem relação ao Fábio Rochemback, do Grêmio. Achava um volante apenas razoável, destruidor. Está mostrando que também sabe jogar, e bem.

Muitos rótulos são colocados por inveja de torcedores que gostariam de ter o jogador rotulado em seu time. Ou implicância de jornalistas por alguma coisa. Felizmente, a tendência é de mais análise e menos rotulagem.

Exercício diário para um jornalista. Opinião sem rotular, e nenhuma vergonha de rever conceitos.

sexta-feira, junho 10, 2011


Trens, bondes


e bandeiras


O torcedor de verdade, não aquele bandido que rouba as cores de um time e se diz simpatizante do mesmo só para fazer o mal, esse apaixonado pelo futebol segue dando lições maravilhosas.

Que festa fez o vascaíno pela conquista da Copa do Brasil! Coisa linda de ver, de paixão legítima.

Há uma alegria transmitida genuinamente por esses apelidos, tipo Bonde, Carroça, Trem Bala, tudo isso remete a um tempo em que o futebol era muito mais ingênuo, sincero, menos violento, estúpido e radical do que hoje.

Houve um tempo em que se podia entrar com bandeiras nos estádios em todo o Brasil. Hoje não se pode em muitas partes, porque alguns imbecis cismaram de dar com as bandeiras nos outros em vez de tremulá-las.

Essa alegria genuína das bancadas precisa contaminar nosso futebol em campo. Porque ele anda feioso, carrancudo. O que tem de time e jogo ruim, travado é uma grandeza.

Mas sou otimista, ainda acho que tudo vai melhorar.

Ave, Guga!

Faz dez anos que Guga pôs o tênis brasileiro onde ele nunca fez por merecer estar: no topo, na glória em Roland Garros. Fenômeno tipicamente brasileiro, Guga se fez na marra, dele, da família, de Larri.

O tênis brasileiro não aprendeu a lição. Uma década depois, segue sendo de segunda linha, mesmo tendo ganhado de presente um número um talentoso, carismático e genial.

Ingrato, o mundinho do tênis brasileiro nada fez para retribuir.

domingo, junho 05, 2011



E sem o Ganso,

como fica, Mano?


                Fraquinho o desempenho do Brasil diante da Holanda. Vaia é direito de torcedor, sagrado. Mas chamar o time de mano Menezes de timinho é um exagero.
                Amistoso é teste, laboratório, embora todo mundo sempre queira ganhar. O Brasil precisa de treino, entrosamento, preparo físico uniforme, coisas impossíveis de se adquirir neste momento.
                Mas precisa de uma coisa mais urgente: do Ganso. E quando não tiver o Ganso, quem joga, quem pensa, quem organiza e cria?
                A Holanda quando não tem o Sneijder, tem o Affelay, que também sabe pensar o jogo.
                O dilema de Mano deve ser mais ou menos este: se eu não tiver o Ganso, como faço?
                O Brasil simplesmente parou de produzir meias criativos, pensadores, clássicos. Ganso é o elo perdido. Tem o Douglas, do Grêmio, muito abaixo do Ganso, mas que desempenha a mesma função, tem a mesma característica. Mas será que se queimou no amistoso contra a Argentina?
                A realidade é mesmo essa: o Brasil parou de produzir o camisa 10, o dono do time, o condutor. Temos ótimos atacantes, uma profusão de bons zagueiros e volantes versáteis.
                Mas lá nas catacumbas das categorias de base, no berçário dos grandes jogadores, o camisa 10 é uma espécie em extinção. Deveria ser decreto do Ministério dos Esportes que todo time de categoria de base tenha um camisa 10, que jogue como camisa dez, que seja um moleque habilidoso, que goste de lançamentos, de distribuição de jogo. Não vale dar a 10 pra um volante e tentar enganar todo mundo.
                Por enquanto, vamos torcer pro Ganso voltar nos trinques.