PAIXÃO É SUPORTAR
100 ANOS DE FILA
O Estadão deste domingo traz uma bela reportagem sobre o centenário sem títulos do Chicago Cubs, uma das mais tradicionais equipes do beisebol norte-americano. Uma bela sacada para registrar o início da temporada do beisebol nos EUA.
Os Cubs são uma instituição da Cidade dos Ventos. Estive em Chicago para ver o show do Genesis, em outubro passado, e quando o telão-palco mostrou uma imagem de um torcedor com o boné dos Cubs o United Center veio abaixo. Jejum parece ser uma saga do beisebol de Chicago, já que os White Sox encerrarm em 2005 um período de 88 anos sem conquistas.
Fico imaginando como seria isso aqui no Brasil. Será que um Internacional, um Corinthians, um Cruzeiro, um Fluminense, só para citar exemplos de quatro gigantes em termos nacionais, suportaria tanto tempo sem conquistar um título? O que seria do clube, da torcida?
No caso dos Cubs de Chicago o sofrimento só fez aumentar o tamanho da torcida e a simpatia que o time desperta em norte-americanos de outras partes do país e não apenas de Chicago. Há uma corrente que afirma que a torcida do Corinthians se multiplicou com o sofrimento. E também existe quem afirme que o número de simpatizantes só cresce com o acúmulo de conquistas.
Em comum, as histórais de sofrimento no futebol brasileiro e no beisebol dos EUA têm uma boa dose de superstição. Os mais fanáticos pelos Cubs afirmam que parte do calvário se deve a uma praga jogada por um torcedor que foi colocado para fora do estádio com seu bode de estimação num dia de chuva, por causa do mau cheiro do animal. Por aqui, toda fila tem uma explicação esotérica, tipo sapo enterrado, praga de ex-funcionário etc. Em Portugal os torcedores do Benfica acreditam na maldição praguejada pelo húngaro Bella Gutman, quando foi demitido do clube nos anos 60. Ele afirmou que o Benfica jamais seria campeão europeu sem ele no comando. E até agora não foi mesmo.
Técnico de futebol brasileiro sempre fala da pressão que sofre ao assumir um clube que não vence torneios há muito tempo. Que dirá então de Lou Piniella, que é o técnico dos Cubs?