quarta-feira, outubro 31, 2012



É ilegal, é imoral e

engorda a chatice



Confesso que não é um dos melhores momentos para ser comentarista de esportes, em especial de futebol. Porque o futebol está se superando na arte de ficar a cada dia mais chato. E todos nós que estamos envolvidos nesse jogo apaixonante temos nossa parcela de culpa. Jogadores, dirigentes, imprensa, árbitros e torcedores.

Estamos transformando algo que era lúdico em questão de vida ou morte, de discussão acadêmica de Direito, de diferença regional e cultural, de arrogância e complexo de inferioridade. Fala-se mais de arbitragens e tribunais do que de tática, técnica, habilidade, destreza. Promotores, auditores, diretores jurídicos, delegados de arbitragem, figuras que deveriam trafegar na periferia do esporte, hoje andam nas manchetes. Erro nosso, que damos manchete para isso, erro de quem provoca a manchete porque erra no aspecto moral e também no aspecto legal. Mas, principalmente, erro de quem acha que no futebol há uma ética, um código de comportamento que pode correr paralelamente aos códigos de ética da sociedade.

A arbitragem brasileira vive um momento péssimo. Fez uma renovação apressada, incoerente e vive bombardeada por imagens em alta definição, por jogadores malandros, por treinadores e dirigentes histéricos e por torcedores fanáticos. Acusa o golpe, apita acuada, pressionada, o que potencializa o despreparo de muitos árbitros.

Claro que a postagem remete ao jogo Inter e Palmeiras. Para resumir o que penso e não ficar mais do que merece esse tema de tribunais e apito, há um fato: um gol marcado com a mão. Não pode. Há uma suposição em cima de um fato: esse gol teria sido anulado com auxílio de uma pessoa que não fazia parte do quadro de arbitragem escalado para o jogo. Se a suposição for comprovada como fato, também não pode. O terceiro fato: só se anula um jogo com prova cabal de interferência externa ou manipulação de resultado. O que remete ao erro grosseiro ocorrido em 2005, coincidentemente envolvendo também o Internacional. Porque erro grosseiro? Porque não se produziram provas cabais de manipulação de resultado para que jogos fossem anulados. Não fui eu quem disse isso, foi Paulo Schmidt, procurador do Stjd. Está gravado nos arquivos do programa Arena SporTV. No campo legal, o Palmeiras tem direito de investigar se houve realmente essa interferência e tentar provar que ela realmente ocorreu.

Passo agora para a análise moral. Barcos está errado ao fazer um gol com a mão. Como estão errados todos os muitos jogadores que atuam no Brasil, brasileiros e estrangeiros, que simulam faltas, cavam pênaltis e coisas desse tipo. Como estão errados os treinadores que atuam no Brasil e se utilizam de artifícios que não estão na regra para tentar levar vantagem. Perguntam a cinegrafistas, repórteres, a assistentes técnicos e diretores que têm acesso às imagens do jogo se houve falta ou irregularidade e, munidos dessa informação, que é ilegal para efeitos do que acontece no campo de jogo, partem para o ataque covarde contra a arbitragem. Mas quando o erro é a favor de seu time, calam e, quando muito, falam no final da coletiva ou no dia seguinte. Tudo malandro de ocasião. Querem, sim, levar vantagem em tudo. Mas não assumem.

Certo está o Seedorf, que detonou essa malandragem do boleiro nacional.

Se algum repórter oferece informação para um treinador ou jogador, está errado. Repórter não trabalha para time ou para a arbitragem, trabalha para a empresa que paga seu salário e tem o dever de informar quem está vendo, ouvindo ou vai ler o jogo. Só isso.


Muita gente tem razão no episódio ocorrido no Beira-Rio. O Internacional é quem tem mais razão. Afinal, sofreu um gol ilegal e imoral, não poderia ser validado. Esse é o único fato 100% comprovado pelas imagens. Mas repito: imagem não apita jogo. Quem apita jogo são os seis árbitros que hoje estão em campo. O principal, os árbitros assistentes (bandeirinhas), os adicionais (que ficam atrás dos gols) e o quarto árbitro. Fora esses, quem se intromete na arbitragem não está fazendo Justiça, mas, sim, agindo como justiceiro.

Não posso ser leviano e afirmar o que realmente houve no Beira-Rio. Não estava lá, só tive acesso às imagens e aos depoimentos dos envolvidos. Mas algumas coisas podem ser tiradas da análise das imagens. O gol foi validado pelo árbitro principal e também pelo assistente e pelo adicional que estavam do lado do campo naquele momento defendido pelo Inter. As imagens são cristalinas quanto a isso.

Quem assume a anulação do gol é o quarto árbitro. O que causa estranheza é ter demorado mais de seis minutos para fazê-lo. Se realmente viu, porque demorou tanto tempo? Não se trata de duvidar, mas de perguntar para esclarecer, uma regra jornalística. Seis minutos não é muito tempo para quem tem certeza do que viu?

Lamentável o fato de o presidente da Comissão de Arbitragem, Aristeu Leonardo Tavares, até agora não ter convocado uma entrevista coletiva para falar sobre o fato e tentar elucidá-lo. Assim como é inacreditável que na súmula do jogo esteja declarado que nada de anormal ocorreu. Prefere o caminho mais fácil de atacar o jogador que cometeu o ato ilegal, mas não ataca os árbitros que cometem barbaridades a cada rodada.

Duvido que o jogo seja anulado, pela dificuldade em se encontrar uma prova cabal de interferência externa. Repito: o Inter tem razão nesse momento, no aspecto moral, e o Palmeiras pode ter razão, se conseguir provar, no aspecto legal.

Se evoluirmos, cada um dentro de sua área de atuação, para comportamentos mais éticos e restritos a nossas competências, poderemos contribuir para que eventos como esse não se repitam. O jogador não deve tentar enganar alguém, sob pena de ser enganado na rodada seguinte. Instrutor de arbitragem não pode querer apitar jogo. Jornalista também não pode. Torcedor tem que amar seu clube, não odiar o adversário e ficar disparando teorias conspiratórias sem comprovação pelas cada dia mais chatas redes sociais. Porque essa coisa do roubado é mais gostoso é nojenta.

E quem sabe na próxima rodada a gente possa falar mais de dribles, chutes, defesas e gols marcados com os pés e as cabeças.

quarta-feira, outubro 24, 2012



Supetramp brinda

 

fãs com relíquia




Para toda uma geração, da qual faço parte, o disco (sim, naquela época a gente chamava assim) Paris, do Supertramp, é um ícone. Registro ao vivo de dois dos quatro shows que a banda fez entre o 29 de novembro e 2 de dezembro de 1979, no Pavillion de Paris, o álbum duplo (posteriormente relançado em CD) era presença obrigatória em qualquer estante de discos.

Ouvir a ambiciosa Fool´s Overture a todo volume fazia parte do ritual de fim de noite em muitas festas regadas a cuba libre (para quem já bebia). Isso sem falar na emblemática Logical Song, que ajudou muita gente a tirar boas notas em inglês na escola, uma esfuziante Dreamer e em outros clássicos da banda capitaneada por Rick Davies, Roger Hogdson e John Helliwell.

A engenharia de som fantástica de Russel Pope fez de Paris um dos álbuns ao vivo com a melhor qualidade sonora do pop/rock. A musicalidade e o virtuosismo do Supertramp foram captados com o que havia de melhor em termos de tecnologia em 1979, e o som do disco oferece uma experiência próxima à de assistir ao concerto ao vivo.

Os fãs mais fiéis da banda sabiam da existência de uma filmagem de um dos quatro show que o Supertramp fez em Paris naquele final de 1979, para promover o disco Breakfast in America. O Supertramp estava no auge, e o álbum colecionava números um pelo mundo afora.

O que se sabe agora, por obra da Eagle Rock Entertainment, que tem constantemente brindado fãs do bom pop/rock com DVDs e Blu-Rays de altíssima qualidade, é que o terceiro daqueles quatro shows do Supertramp foi filmado em 16 milímetros, com extravagantes - para a época - quatro câmeras. O conteúdo de quase todo o show foi remasterizado e editado em alta definição e empacotado em DVD e Blu-Ray, com o som também remasterizado das fitas originais pelo engenheiro Russel Pope e o produtor-assistente Pete Henderson.

Situações inimagináveis hoje, mas prosaicas para a época, fizeram com que cinco das canções daquele show não tivessem sido filmadas. Os rolos de filme eram insuficientes para as duas horas e meia de espetáculo, e o orçamento não permitia extravagâncias.

Para suprir essa ausência, a Eagle Rock e o Supertramp oferecem as cinco músicas (Ain´t Nobody But Me, You Started Laughing, A Soap Box Opera, From Now On e Downstream) remasterizadas com imagens produzidas especialmente para o DVD. O resultado é o ponto fraco do pacote. Lembra muito vídeos amadores que estão no Youtube ou apresentações em Power Point. Mas a qualidade do áudio compensa.

As imagens capturadas em película são o registro fiel da época e não se mostram artificiais quando convertidas para o formado em HD. Algumas perdas de foco dão o tom realista ao projeto.

O que mais interessa é a performance afiadíssima da banda. Rotulado como progressivo e rock-arte por alguns, o Supertramp desafiava carimbos por ser apenas e tão somente uma grande banda, integrada por músicos de grande categoria, capazes de repetir com fidelidade absoluta o som produzido em estúdio, e ousados o suficiente para inserir algumas inspiradas jam sessions.

Rick Davies (vocais, teclados e harmônica) e Roger Hodgson (vocais, guitarras e teclados) são as vozes da banda, mas o DVD deixa claro que John Helliwell, responsável pelos instrumentos de sopro e alguns teclados, tinha forte liderança e influência sobre o som da banda. O baterista Bob Siebenberg e o baixista Dougie Thomson formavam uma cozinha ritmícia de rara consistência, sustentando a veia jazzística da banda, cujo representante principal era Davies. Cabe lembrar aqui que a canadense Diana Krall, estrela do jazz atual, é fã do Supertramp, o que ajuda a viabilizar a conexão.

Quase todos os clássicos do Supertramp estão no DVD. A delicada e belíssima Hide In your Shell, a alegria acústica de Give a Little Bit, e mais Goodbye Stranger e a progressiva Crime of The Century. Uma coleção impressionante de sucessos e competência musical.

Assim como no disco e no CD, também no DVD Fool´s Overture se destaca. Pelo desempenho impecável dos músicos, as projeções de imagens no telão e uma inusitada invasão do palco por integrantes da equipe da banda fantasiados de personagens como Chaplin e Superman e uma inexplicável banana.

Uma relíquia que agora chega às lojas, por cerca de R$ 40 (o DVD), resgatando um dos mais importantes grupos e uma das mais inspiradas performances do final dos anos 70.

Vale cada centavo.


Tribunal não pode apitar os jogos*

*Reproduzo aqui a mais recente edição da colun a que publico às terças no Diário de S.Paulo.
 
Reflexo da sociedade da qual faz parte, o futebol brasileiro é tão confuso quanto o país. Situações e personagens se misturam de tal maneira que muitas vezes é difícil apurar e apontar responsabilidades. Um exemplo é a atuação dos integrantes dos tribunais de Justiça Desportiva, que recentemente parecem dispostos a agir como árbitros de futebol.

Entendo e reconheço que as atuações de promotores, auditores e outros integrantes dos tribunais, outrora chamados de tapetão pelo irreverente torcedor brasileiro, são necessárias, porém, como disse o Filho do Homem, “a César, o que é de César”.

Em minha visão de leigo, mas interessado e estudioso, os tribunais devem julgar casos de agressão, violência e determinar punições e suspensões tendo como base a súmula de uma partida de futebol e o que foi relatado pelo árbitro.

Não acho que caiba a um tribunal formado por profissionais do direito, representando clubes, julgar interpretação das regras do jogo, como simulação e faltas. Cito dois casos recentes. A suspensão do meia-atacante Ronaldinho Gaúcho, do Atlético-MG, por falta no atacante Kléber, do Grêmio, e a denúncia contra o centroavante Luís Fabiano, do São Paulo, por suposta simulação no clássico contra o Palmeiras.

Ronaldinho foi suspenso porque o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) entendeu que ele praticou uma jogada violenta contra Kléber.

O árbitro daquele jogo, Héber Roberto Lopes, nem sequer marcou uma falta no lance. Duplo equívoco, penso eu. Houve a falta no lance, mas não foi uma jogada violenta. Além disso, o STJD tem competência para avaliar uma jogada sob a ótica da técnica de arbitragem? Acho que não.
O mesmo raciocínio vale para o clássico de 6 de outubro entre São Paulo e Palmeiras. Luís Fabiano tentou, sim, cavar um pênalti em lance com Maurício Ramos. O árbitro Paulo César de Oliveira nada marcou. Nem sequer advertiu o atacante são-paulino.

Por que haveria o STJD de acatar uma denúncia e julgar o atleta propondo suspensão de até seis jogos?

Não caberia ao juiz de futebol interpretar se houve ou não simulação ao ponto de merecer uma advertência dentro das regras, punindo com um cartão amarelo ou um vermelho?

Os tribunais esportivos são necessários, repito. Mas não podem cair em tentação e passar a atuar como paladinos ou, o que é pior, justiceiros do esporte brasileiro. O jogo começa e termina no campo, disputado por atletas e apitado por juízes.

Vídeo como prova - Há casos em que a chamada prova de vídeo pode e deve ser aceita. Como, por exemplo, agressões que são captadas pelas câmeras e não foram percebidas pelo árbitro.
Porém, um lance de jogo, que foi avaliado, de maneira correta ou não, por um juiz de futebol, dentro do direito de interpretação que a regra do jogo lhe dá, deve ser julgado por profissionais do direito e não da arbitragem?

Acho que não. E vejo um abuso de autoridade, uma intervenção em uma área à qual os promotores, relatores e auditores não pertencem.

Quantas simulações acontecem em um jogo de futebol? Toda queda é simulação? Como separar uma queda proveniente de um choque, em um esporte de contato, com uma tentativa de ludibriar a arbitragem? Quem está mais capacitado para decidir se um jogador tentou ou não simular um lance, um juiz de futebol ou um juiz do direito? Respondo sem pestanejar: o juiz de futebol.
Antes de levar a arbitragem de um jogo para os tribunais, é preciso trabalhar para capacitá-la, diminuir a margem de erro, educar jogadores e treinadores, uniformizar critérios.

Cabe aos tribunais julgar e condenar agressões, condutas antidesportivas, tumultos etc.
Apitar um jogo, bem ou mal, é atribuição dos árbitros de futebol e somente deles. O jogo acaba ali, não deve continuar num tribunal.

Peixe e feijoada

O Santos foi de uma apatia contra a Ponte Preta que cabe o protesto com bom humor de alguns torcedores. Ouvi alguns deles, peixeiros fanáticos, argumentando que o time só poderia ter almoçado uma farta feijoada para entrar com a moleza que entrou em campo. A Macaca poderia ter goleado.

Coração Pirata
O atacante argentino Barcos consolida a cada jogo a condição de ídolo do Palmeiras. Joga muita bola e sabe se comunicar com a torcida sem precisar forçar a barra. Fez mais em menos do tempo do que o meia chileno Valdivia, cuja condição de ídolo junto aos torcedores palmeirenses é difícil de compreender.

Seleção natural
Forte e entrosado com seu time titular, o Corinthians não sustenta o rendimento e a consistência quando joga desfalcado.
Foi mal contra Cruzeiro e Bahia, jogando com mistões. Não deve ser tarefa difícil para Tite fechar o grupo de jogadores que levará ao Mundial de Clubes do Japão. É tipo seleção natural.

Nó tático
O filósofo Neném Prancha (Antônio Franco de Oliveira) dizia que o pênalti, de tão importante, deveria ser batido pelo presidente do clube. Pois algum são-paulino mais exaltado certamente protestará argumentando que Rogério Ceni, chamado de presidente pelos demais jogadores, seria o nome mais indicado para cobrar a penalidade máxima que Luís Fabiano perdeu no jogo contra o Flamengo.

É o típico caso da discussão inútil, porque envolve o se, o condicional. Mas ainda persiste a conversa em arquibancadas e botecos da vida sobre essa questão, que se repete a cada torneio. O time tem um cobrador oficial, mas tem um atacante que briga para ser artilheiro da competição. Mas esse atacante havia perdido uma penalidade no jogo anterior, não seria prudente trocar o batedor? Fica fácil falar depois que o atacante erra a cobrança ou que o goleiro defende. Quem garante que Rogério também não perderia?

É mais uma das muitas máximas do futebol que entram para o folclore. Coisas como em time que está ganhando não se mexe, alteração só se faz após os 15 minutos do segundo tempo, nó tático, treino secreto, grupo rachado, time unido e outros chavões.

Penso o seguinte: pênalti convertido ou perdido faz parte do jogo, é coisa daquele momento. Como gostam de dizer os jogadores profissionais e os peladeiros amadores, só perde quem bate. O resto é teoria para a resenha com cerveja.

sexta-feira, outubro 19, 2012



Samba e lirismo em

 

Perímetro Urbano
















Imagine uma roda de samba numa sexta-feira à noite. Local? O mais que paulistano bairro da Mooca. Lá fora, a fina garoa de Piratininga. Dentro, uma reunião de gente como Originais do Samba, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Paulo Vanzolin, Aldir Blanc. A acompanhá-los, a fina flor do instrumental do samba, com violões de seis cordas, clarinetes, flautas, bandolins.

Pois foi nessa viagem musical que embarquei ao colocar para rodar no som do carro o CD Na Capital do Pecado, do inspirado grupo Perímetro Urbano.

Recebi a jóia do Aílton Amalfi, companheiro de trabalho no SporTV. Coordenador de transmissão, dos bons, e parceiro de caminhadas regadas a bons papos sobre música e sobre a São Paulo dos anos 60 e 70 (no caso dele) e dos 70 e 80 (no meu).

Amalfi forma o Perímetro Urbano com Flávio Mesquista, Vital Mancini e Pena. O som do Perímetro Urbano remete a todos os craques citados no primeiro parágrafo. Mas não é cópia. Bebe dessa fonte com a devida reverência, mas sem agredir o estilo. O grupo não cai na armadilha fácil de, sob a desculpa de atualizar um estilo, destrui-lo

A primeira mensagem que chegou ao ouvir a faixa-título foi direta, certeira. O coro me levou até a inspirada interpretação de Do Lado Direito da Rua Direita, dos Originais do Samba. O grupo, mais conhecido pela presença do músico e humorista Mussum, trocou o Rio de Janeiro por São Paulo no final dos anos 60 e nessa faixa a adaptação fica evidente.

O samba paulista é mais duro, menos suingado que o carioca. Também não conta com a sensualidade do Samba do Recôncavo, constantemente maltratado por grupos da onda do axé-pagode. Não se trata de dizer que o samba paulista é pior que o carioca e o baiano. É diferente. Ele não tem como refletir a alma carioca, a ginga do subúrbio, ou a sofisticação bossa-novista da Zona Sul do Rio. Nem aquela sacanagem implícita provocada pelo sol e o calor que abençoam o baiano.

O samba paulista é urbano, feito de cimento e de cinza das chaminés das antigas fábricas de bairros como a Mooca e o Bom Retiro. Do friozinho de pé de serra da Zona Norte. É um samba que observa sua realidade, uma música cronista do dia-a-dia da cidade, de seus bairros. Onde não há o suíngue carioca, existe um flerte com a MPB e com o choro, que vem dos bares, da noite. Tudo isso impregnado pelo sotaque inconfundível adquirido pelo sangue italiano e português de boa parte dos paulistanos.

O Perímetro Urbano fotografa com rara felicidade e competência esse lado da alma paulistana de bairro. Não é por acaso que seus integrantes vestem, orgulhosos, camisas de times de futebol históricos como Juventus e Ypiranga, que representam muito desse bairrismo, no melhor sentido.

No Pout-Pourri de Partidos Altos há gemas de pura poesia cotidiana, como "mulher esconde a cerveja e a linguiça. Chegou o oficial de justiça", ou "mãe eu quero água da bica/vê se não encrespe/mas se não tem água da bica/eu bebo a da Sabesp". Quem ouve se imagina num boteco da Zona Leste, tomando cerveja, comendo torresmo e vendo a música nascer do cotidiano.

O instrumental é apurado sem ser prepotente. Não há espaço para virtuosismos sem propósito. As harmonias são sofisticadas, mas diretas, com melodias que tentam - e conseguem - escapar da vulgaridade.

Há parcerias surpreendentes, como Direitos Autorais, bem-humorada aventura de Aílton Amalfi com o repórter e amigo de infância Alberto Gaspar, uma espécie de quinto elemento do grupo.

O lirismo se faz marcante na belíssima Bom Retiro, numa interpretação de arrepiar da jovem cantora paulistana Luciana Alves. Na voz de Luciana, versos duros como "O lado escuro da cidade que meu coração proibiu/Que fica entre o meretrício e mau cheiro que vem do rio" escancaram a delicadeza com que os compositores do Perímetro Urbano tratam a metrópole. Mesmo em seus piores aspectos. Luciana é uma das expoentes da nova cena do samba e do choro, tendo se apresentado com Guinga, Paulinho da Viola e Hermeto Paschoal, entre outros. Destaque, também, para o lindo arranjo minimalista para piano e violoncelo de Edmilson Capelupi, diretor musical e arrranjador do álbum.

Amalfi, Pena, Vital e Flávio se revezam nos vocais das demais canções, sempre com absoluta competência.

Numa época em que se associa o samba ao pagode pasteurizado, apelativo e sem graça que invadiu as rádios nos últimos anos, visitar esse Perímetro Urbano é uma viagem libertadora. Veteranos da estrada musical, os integrantes do grupo, formado no final dos anos 70, desfilam uma gostosa nostalgia nas 14 faixas de Na Capital do Pecado. De quebra, ironizam a própria dificuldade em romper a ditadura do jabaculê nas rádios em Vida de Compositor (...vou buscar na rua inspiração/no balcão uma pizza comum, de atum/moço me dá um trocado! Não tenho nenhum).

Mas é na canção que fecha o disco, Depois de Vinte Anos, que o Perímetro Urbano prova que sabe tudo dessa arte de olhar para trás sem perder o rumo do que vem adiante. Arranjo belíssimo, nostalgia, poesia e lirismo. Um som que merece sair desse perímetro e ganhar as ruas e estradas do País.

Para conhecer mais sobre o Perímetro Urbano, visite a página do grupo no My Space:

http://www.myspace.com/grupoperimetrourbano

quinta-feira, outubro 18, 2012


 

Seleção e Brasileirão



Mais do que a volta de Kaká - que deve ser saudada -, a boa notícia quanto à seleção brasileira é a boa arejada de ideias que teve o técnico Mano Menezes.

Em vez de apostar em gente que parecia ter cadeira cativa, tipo Lucas Leiva e Sandro, ou mesmo buscar soluções que, de fato, nunca selecionaram nada, Mano rendeu-se ao óbvio, o que é muito mais simples.

Chamou Paulinho, o melhor volante brasileiro em atividade, seja onde for, e bancou uma dupla com Ramires, que hoje é mais meia do que volante, mas tem pulmão de etíope para correr o jogo todo.

A seleção ficará exposta, dirão os adoradores das pranchetas. Mas é melhor uma seleção exposta, mas com proposta, do que um time cheio de posicionamento e vazio de atitude.

Com o tempo que tem até a Copa, Mano pode apostar nessa versão mais folgada da seleção e, também, trabalhar uma opção que seja mais cautelosa, em virtude da necessidade.

Por isso é bom ter adversários que provoquem conclusões. Que provoquem derrotas, se for o caso.

Golear a China e o Iraque não ajudam a observar quase nada.

Enquanto isso, a bola rola por aqui, quase sempre atrapalhada por um apito incompetente.

Fluminense e Grêmio fizeram um dos melhores jogos do torneio. O empate acabou deixando tudo na mesma para todos, inclusive para o Galo, que também ficou no empate com o Santos. Que valeu pelo bom jogo e, uma vez mais, por nova obra de arte produzida por Neymar.

Triste mesmo foi ver a eterna falta de estrutura de alguns estádios, como a simpática, porém ultrapassada, Vila Belmiro. Um degrau que coloca em risco a vida de atletas profissionais e trava o acesso de uma ambulância ao gramado.

Fez-me lembrar daquele Santos x Corinthians repetido em 2005, quando o mundo invadiu o gramado da Vila e um bando quebrou a cabine do SporTV. Se é mais fácil para um vândalo entrar no gramado do que uma ambulância, é porque tem muita coisa errada.

Na luta pela sobrevivência, o Palmeiras reagiu ao tratamento de choque e deu esperança aos seus torcedores. Assim como o Figueirense, embora numa situação ainda mais dramática.

Pena que até o final de semana se perderá muito tempo debatendo jogos entregues, facilitações, vinganças etc.

Vão lembrar de Corinthians e Flamengo em 2009, Palmeiras e Fluminense em 2010, e projetarão o jogo do Corinthians com o Bahia.

Tem um jeito muito fácil de acabar, inclusive, com esse papinho. Chama-se profissionalismo. Quem o tem e o respeita, passa longe de qualquer armação.

sexta-feira, outubro 12, 2012



O início, o fim e o meio



Restam nove rodadas para o término do Brasileirão 2012, mas arrisco escrever que o campeonato está praticamente definido. O praticamente fica por conta do nivelamento técnico, por baixo, de uma competição tão equilibrada, na qual lanterna derrota líder.

Mas em condições normais, tudo caminha para o título do Fluminense e uma briga de três times pela última vaga na Libertadores - Vasco, São Paulo e Internacional. O rebaixamento está 99,99% resolvido e deve ficar como está hoje, com Sport, Palmeiras, Figueirense e Atlético Goianiense.

Resta o Centrão, uma massa de equipes que não têm condições de buscar título ou Libertadores (ou não têm necessidade) e aqueles que se distanciaram confortavelmente da zona de rebaixamento e, mais do que isso, contam com a ruindade de quem nela está.

Quatro partidas podem resumir bem a rodada e a situação do torneio.

Em Pituaçu, o Fluminense foi engolido pelo Bahia no primeiro tempo, mas contou com a competência do melhor goleiro da competição, sorte de campeão e uma incrível capacidade de resolver partidas complicadas. Tem pinta de faixa essa campanha. Nenhum outro time atualmente no País conta com tantos jogadores que têm capacidade de resolver um jogo e efetivamente resolvem.

Em São Januário, o São Paulo atropelou o Vasco no primeiro tempo, e confiou nas mãos de Rogério Ceni para garantir o resultado na segunda etapa. O Tricolor paulista soa mais consistente que os cruzmaltinos nessa reta de chegada. Ambos podem ter a concorrência de um bipolar Internacional, que mantém vivas as chances de uma arrancada que ainda não conseguiu.

No Recife, o Grêmio mostrou que atingiu um ponto de equilíbrio e superou o Atlético Mineiro, além de praticamente sepultar as esperanças de uma reação do Sport.

Em Araraquara, num jogo marcado por medo e cautela, Palmeiras e Coritiba judiaram da bola. Mas o Palmeiras judia com mais competência ultimamente, e num resumo do que foi sua participação no torneio, encaixou uma sequência inacreditável de erros para perder o décimo-sétimo jogo e decretar virtualmente seu rebaixamento.

O Coxa comemorou justamente a vitória, que teria chegado antes não fosse um gol incrivelente mal anulado de Deivid. Porque o Coritiba sabe que a vantagem de oito pontos sobre Sport e nove sobre o Palmeiras parece confortável. Os paranaenses até podem perder três jogos até o final, o que é bastante provável, já que o time é fraco. Improvável é que Sport e Palmeiras encaixem uma sequência de três vitórias, porque são fraquíssimos.

Os oito pontos que separam a zona de rebaixamento da região que ainda o teme parecem cada vez mais difíceis de serem tirados por quem já começa a planejar a Série B em 2013.

Assim como os nove pontos que estão entre Flu e Grêmio e Galo podem ser comparados a um muro virtualmente intransponível. Até porque o Flu tem 19 vitórias (isso mesmo, um turno inteiro somando três pontos), contra 17 de Grêmio e 16 de Galo.

Nesta toada, as três últimas rodadas do torneio devem servir apenas para apontar o quarto colocado. O resto da disputa estará resolvida antes.


Presta atenção!


Quatro lições.

Com português não se brinca.

Mudanças em textos se atualizam.

Não confie em corretor ortográfico.

Não confunda salvar com atualizar.

Aprendeu, Nori?

quinta-feira, outubro 11, 2012


 

Blogjornalismo?



Sou um entusiasta das chamadas novas mídias. Internet móvel, fixa e por aí vai.

Mas Jornalismo não se adapta ao tipo de veículo que distribui o conteúdo. Ou é bom, ou não é.

Algumas coisas matam o bom Jornalismo. Uma delas é a pressa. Outra é a falta de assunto para preencher um espaço.

Entre as novas mídias está o blog. Transformado em ferramenta de notícia por gente responsável, que utiliza naquele espaço a mesma diretriz que utilizaria num jornal impresso, na rádio, na TV. No Jornalismo.

Mas existem muitos pecados desse, vá lá, blogjornalismo, se é que o termo existe.

Entre eles a pressa e a falta de assunto.

Fulano tem que alimentar o blog, escrever alguma coisa, buscar algumas visitas no cyberespaço para seduzir patrocinadores, ganhar uns cliques, convencer o portal de que seus textos valem o investimento.

Aí ele pega uma notícia, que é notícia em qualquer parte do mundo, com o bom e velho o que, quando, como, onde e porque, e divide em três, quatro notas, como se fosse Jack, um estripador da informação. Com isso, enche seu espaço. Mas não dá notícia alguma, porque nessa pressa ele acabará publicando um desmentido que deveria estar na mesma notícia, mas para encher espaço vira outra nota.

Ou, então, tá naquele fim de tarde, não pintou nada que valesse uma notinha digna, ele resolve entrevistar alguém. Geralmente sem importância alguma, um coadjuvante qualquer de uma área em questão. E tenta transformar essa nota em algo relevante caprichando no título.

Enfim, mais uma ferramenta bacana que vai sendo mal utilizada por alguns, quando deveria, se bem utilizada, representar um belo campo de trabalho.

Porque aquela história de ouvir o outro lado deveria servir para completar um texto de uma notícia completa, com leide, com corpo e um fechamento. Mas infelizmente hoje está confuso. Sujeito publica que cidadão x afirma que contribuinte y lhe deve tanto. Dez minutos depois, outra nota: contribuinte y diz que não deve nada e acusa cidadão x de calúnia. Mais cinco minutos e: cidadão x afirma ao blog que tem revelações bombásticas. Aí você lê o texto e ele não revela nada.

Enfim...


E daí?



O Brasil enfiou seis no Iraque.

E daí?

Todo mundo vê o jogo, quem tem que transmitir, transmite, profissionalmente.

Mas não se tira conclusão alguma de um jogo com um adversário com esse.

O treinador sempre observa algo aqui, ali, acolá.

Depois sorri feliz da vida com uma goleada que não representa coisa alguma, assim como vaias da torcida numa sofrível vitória sobra a África do Sul.

Nem ilusão se cria, porque o torcedor de bobo não tem nada e sabe que a seleção continua sem empolgar, sem cativar.


Tchau, Twitter!



A partir de hoje não tenho conta no Twitter. Foi uma experiência divertida. Encontrei amigos das antigas, conheci bons amigos, troquei boas ideias.

Mas também vi que o analfabetismo funcional é mais um entre milhares de outros problemas desse País. Sem contar o analfabetismo de fato, esse ainda atacando muita gente, independentemente de classe social ou conta bancária.

Pude verificar a total falta de senso de algumas pessoas quando o assunto é futebol. Aliás, deu para perceber que de futebol pouca gente gosta. Muita gente gosta de ver seu time ganhar, seja como for.

Existe um grupo de pessoas que se dedica apenas a xingar os outros, a tentar jogar um profissinal de uma empresa contra outro de outra empresa. Tem até gente que recebe para ficar fuçando a conta do twitter dos outros e tem a coragem de chamar isso de Jornalismo!

Enfim, foi um período cumprido.


Já há um bom tempo eu achava que não acrescentava nada e fazia pouco sentido. Estava jogando fora meu tempo, que é precioso.

Qualquer coisa que se atribua a mim nessa rede social a partir de 11 de outubro de 2012 é falsa, mentirosa e leviana.

Uma certaza: não deixará saudades.

quinta-feira, outubro 04, 2012



Banalizaram a Seleção


Não quero parecer nostálgico, mas é certo que serei.

Quando eu comecei a me interessar pelo futebol, a seleção brasileira era algo sagrado, raro de se ver. Jogo da seleção era assunto para dias, semanas. A convocação era transmitida ao vivo pelo rádio e pela TV, gerava páginas e páginas de debates em jornais.

A gloriosa camisa canarinho não jogava em qualquer parte. O palco principal, como deveria ser, era o Maracanã, essa catedral ecumênica do futebol. De vem em quando tinha um jogo no Morumbi, no Mineirão, houve um tempo em que se jogava muito no Serra Dourada, com seus cortes de grama extravagantes.

Vão dizer que o mundo mudou, e mudou mesmo. Mas mesmo com todas as modernidades, a complexidade das datas Fifa e afins, o que se viu em Resistência, Norte da Argentina, foi a prova cabal da banalização da seleção brasileira. E a Argentina pegou carona nisso. As seleções mais tradicionais das Américas, duas das maiores camisas do mundo, emprestaram seu prestígio para um curral eleitoral de dona Cristina Kirchner e don Julio Grondona. Como a seleção brasileira tem feito costumeiramente, pagando pedágio para interesses políticos quando joga no Brasil.

O vexame foi completo. Um estádio de quinta categoria, para seleções que, se não são as principais, carregam as cores de duas nações que são pilares do jogo de bola. Cenas de pastelão transmitidas ao vivo, certamente estão correndo o mundo hoje.

Foi o ponto máximo do processo de banalização da seleção brasileira, que virou produto comercial. Faz amistosos sem importância, como contra África do Sul e China, gira o mundo atendendo a um calendário bolado por quem comprou dos direitos de explorar aquela que já foi a mais valiosa marca do esporte bretão.

Até achei bacana a ideia de reinventarem a velha Copa Roca, agora sob esse nome pomposo de Superclássico das Américas. Estive em Córdoba ano passado, para um dos jogos. A ideia é válida, mas a execução, Meu Deus! - como diria Milton Leite.

O bom de tudo isso é que talvez seja difícil descer ainda mais o nível. A seleção bateu no fundo do poço como instituição ao aceitar fazer parte disso tudo. Espero que de agora em diante ela se dê ao respeito.
 

terça-feira, outubro 02, 2012



XÔ, INTOLERANTES!



Admito que cansei do clima que tomou conta dos nossos estádios e do assunto futebol em geral. A intolerância e a imbecilidade ameaçam tomar conta de um dos passatempos mais divertidos e relaxantes que inventaram, o jogo de bola.

Vi as cenas do que ocorreu em Curitiba, no jogo entre Coxa e Tricolor paulista. Presenciei o que ocorreu com um torcedor no Pacaembu, quando jogavam Corinthians e Sport, jogo que comentei.

Não se deve atribuir a uma massa torcedora o comportamento de meia dúzia de idiotas. Mas deve-se combater esse comportamento, porque uma dúzia de idiotas, infelizmente, tem o poder de conduzir centenas, milhares a protagonizar atos deploráveis. Esse tipo de atitude transforma uma multidão aparentemente pacífica numa turba sem controle.

Repito: não se pode atribuir o comportamento de alguns a uma torcida. Mas é preciso repelir alguns do meio da verdadeira torcida.

Nosso futebol vive um momento tenso, de alta combustão. A responsabilidade deve ser atribuída aos que fazem mau uso de todas as ferramentas e situações envolvidas.

Aos jogadores que optam pela má educação em todos os sentidos e preferem, em vez de tentar a melhor jogada, enganar juiz, adversário e a eles próprios com encenações fajutas e comportamentos de quinta categoria.

Aos treinadores que passam o tempo inteiro querendo apitar o jogo, pressionando a arbitragem e criando um clima insuportável à beira do gramado, apenas para ter no bolso a desculpa pronta em caso de derrota.

Aos jornalistas que fazem mau uso de sua profissão, procurando o texto barato, a polêmica vazia, fomentando o confronto desnecessário em busca de migalhas de audiência ou centenas de jornais a mais a serem vendidos.

Aos árbitros que, cegos pela exposição repentina e a suposta fama, escolhem o caminho mais curto - e errado - de elevar o narcisimo à enésima potência.

Aos dirigentes que não pensam antes de falar e provocam situações que podem fugir ao controle por causa de um discurso idiota, uma postagem irresponsável numa rede anti-social da vida.

Às autoridades que, com um olho na massa politica formada por gangues que tomaram de assalto o ato de torcer, se omitem e não atuam como deveriam.

Finalmente, ao torcedor que chama de paixão um comportamento xenófobo, intolerante, sectário e irracional, e que transforma o ato de exercitar o amor por um clube, por suas cores, em declaração de ódio e guerra a quem manifesta sentimento semelhante por outras cores.

Os estádios de futebol se transformam em barris de pólvora em poucos minutos.

A irresponsabilidade de muitos é a responsável pela vulnerabilidade de tantos outros.

É preciso uma ação cidadã em torno do esporte mais popular do País.

A questão envolve educação, comportamento, cidadania e respeito ao próximo. Temas que são negligenciados ultimamente, em todos os níveis. Da casa ao trabalho. Da escola à fila do banco.

Muitas tragédias aconteceram e poderiam ter sido evitadas. Muitas outras estão rondando as arenas esportivas. Ainda há tempo para evitá-las.

Resta saber se há vontade.

Antes que seja tarde.