terça-feira, janeiro 30, 2007

O QUE SERÁ O FUTURO
QUE HOJE SE FAZ?


Pego emprestado esse verso que é de uma grande canção do Rei Roberto Carlos, O Ano Passado, para, humildemente, chamar a atenção de quem me dá o prazer de passar os olhos por essas linhas.
Desde muito cedo, embora ainda não soubesse, eu já era ligado em ecologia. Não gostava de rios sujos, de lixo na praia, de árvores derrubadas. Tento, no meu dia a dia, fazer algo que possa contribuir para que não cheguemos ao fim que se desenha.
Você também pode fazer alguma coisa.
Estamos juntos no mesmo barco.

Seca: entre 1,1 bilhão e 3,2 bilhões de pessoas sem água
Fome: entre 200 a 600 milhões de pessoas sem alimentos
Inundações: 7 milhões de residências podem ser afetadas
Calor: Aumento médio de temperatura de 2 ou 3 graus Celsius

domingo, janeiro 28, 2007

CADÊ O NOSSO PLATINI?


Uma das melhores notícias para o mundo do esporte nos últimos tempos foi a eleição de Michel Platini, genial jogador francês dos anos 70 e 80, para o cargo de presidente da Uefa, a poderosa entidade que controla o futebol europeu.
Platini ainda é jovem, mas não inexperiente. Foi um grande jogador e se preparou para ser dirigente. Portanto, conhece os dois mundos, o de dentro e o de fora dos campos, e pode trabalhar para que eles se aproximem. Espero que seja uma eleição que produza efeitos positivos para os jogadores, principalmente. E que possa se transformar num anteparo das pretensões exclusivistas e mercantilistas do G-14, o arrogante grupo formado pelos 18 times mais endinheirados da Europa.
E aqui no Brasil, quando teremos nosso Platini? Algum ex-atleta preparado para seguir no esporte, usando seu conhecimento dos tempos de competições, assumindo um cargo de comando em alto escalão? Na verdade, já temos alguns exemplos de situações parecidas. Mas não ainda no futebol. No vôlei, Carlos Nuzmann, ex-jogador olímpico, assumiu e revolucionou. Atualmente, Ary Graça, também ex-atleta, dá seqüência ao trabalho. E Nuzmann agora comanda o projeto olímpico brasileiro. Mas a prova de que não basta ter sido atleta para acertar está no basquete, comandando por Gerasime Grego, também ex-jogador, e absolutamente sem rumo.
O caso do futebol é mais complexo, pela popularidade e importância política e social. Houve tentativas de ex-jogadores chegarem ao comando, como a anticandidatura de Sócrates à presidência da CBF. Mas será que ele estava preparado para isso? Que experiência como dirigente ele teve? Quais suas idéias, seus projetos, mesmo sendo um astuto pensador do futebol e da vida?
Não basta ter sido craque ou nem tanto para saber administrar, para pensar. O problema da maioria dos ex-atletas brasileiros de futebol está exatamente na falta de formação específica. Muitos acham que apenas por terem jogado futebol já sabem tudo. Seja para serem técnicos, comentaristas, dirigentes. Acreditam que seus anos de vestiários e concentrações foram o curso de formação perfeito.
Agora, finalmente, existe um grupo ainda pequeno de ex-jogadores que estuda, se informa, se prepara em cursos de gestão e administração esportiva. Casos como o do ex-volante César Sampaio. Ele estuda e prepara-se para administrar clubes menores antes de tentar um salto maior. O caminho correto me parece ser este. Mas a maioria não pensa assim. Acha que pode pendurar as chuteiras num domingo e assumir o comando do clube na segunda, sob a singela argumentação de que "quem jogou sabe".
Por essas e outras eu acho que ainda vai demorar para termos um Platini, ou um Valdano (ex-jogador argentino e dirigente do Real Madrid) em versão brasileira. Para regozijo dos cartolas brasileiros, que continuarão desfilando seu despreparo na terra do melhor futebol do mundo.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

NOVOS TEMPOS


Pego carona no genial Bob Dylan e em seu clássico Times They Are A-Changing (muito decentemente regravado por Phil Collins em 1996) para falar dos novos tempos do futebol brasileiro. Sim, ando esbanjando otimismo. Talvez pelo saudável contato com a garotada da Copa São Paulo de Juniores. Talvez pelo sopro de democracia que se abate sobre muitos dos grandes clubes brasileiros que viviam há tempos sob o manto ditatorial de alguns cartolas.
A Copa São Paulo tem sido uma agradabilíssima surpresa. Grandes jogos, talentos, poucos vícios, violência rareando. A final entre São Paulo e Cruzeiro, quinta-feira, promete ser histórica. Duas belas equipes, de toque de bola, vocação ofensiva e projetos de craques.
Para azar dos são-paulinos, o meia-esquerda Sérgio Motta não poderá jogar. Esse garoto parece ter saído de algum jogo dos anos 60 ou 70. Sabe lançar, tem visão de jogo privilegiada e consegue ser refinado e objetivo, além de fazer gols. Foi corretamente suspenso da final ao fazer uma falta dura - embora sem maldade - em Eduardo, do Atlético Paranaense. Mas no banco o São Paulo tem um garoto de 17 anos chamado Léo Gonçalves que também conhece. Embora jogue mais pelo lado direito, também pode ser improvisado pela esquerda. Ainda bem jovem, tem 17 anos, mas conhece do riscado. Todo o time tricolor paulista é bom. Os zagueiro Aislam e Breno chamam a atenção. Terça-feira, ao deixar o estádio em São Carlos, encontrei o Sangaletti, ex-Corinthians e Inter. Ele disse: - Esse Breno está pronto para jogar no time de cima.
O Cruzeiro tem um grande time. Rápido, insinuante, envolvente. O artilheiro Jonathas é uma arma poderosa. Com 1m91, também sabe jogar. Lembra um pouco o Jardel, mas me parece mais técnico. Guilherme, com sete gols, também é fera. E o Cruzeiro não terá Pablo, expulso.
Em resumo, um grande jogo, que colocará no gramado do Pacaembu uma nova imagem da Copa São Paulo. Agora sem grandes vícios, sem muitos jogadores de empresários, que a usavam apenas como vitrine, ou outros que deixavam os times profissionais para desfilar uma marra incrível entre a garotada. Excelente ideía essa de reduzir a idade dos jogadores da Copinha. Literalmente, injetou sangue novo em algo que parecia mofado.

DEMOCRACIA

Processos contra um poderoso dirigente do Paraná, questionamentos em relação ao que houve na eleição do Vasco, tão judiado por um comando ditatorial. Derrotas contundentes de dois mandas-chuvas históricos em Corinthians e Palmeiras. Enfim, parece que algo começa a mudar nos grandes clubes brasileiros que vinham sendo marcados por décadas de jugo, podemos dizer, imperialista.
O maior exemplo vem do Palmeiras. Mustafá Contursi sofreu sua maior derrota em mais de dez anos em que mandou sozinho no clube e deixou uma instituição outrora pioneira marcada pelo atraso. No Corinthians, Alberto Dualibi perdeu a eleição do Conselho e vê minar a resistência com que comandou os destinos da paixão de milhões como se fosse o quintal de sua casa.
Acho que a chuva de começo de ano está varrendo muita sujeira.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

DESCONCERTANTE!!!!!!

Para algumas coisas na vida eu estou absolutamente despreparado. Hoje aconteceu uma delas. Hora do almoço em casa, enquanto tento vigiar a pestinha simpática que é meu filho mais novo, de 2 anos, ouço da minha filha mais velha, de cinco, a seguinte pergunta: - Pai, posso colocar um piercing?
Quase engasguei com a deliciosa carne de panela com batatas que comia. E ainda não sei o que responder, nem mesmo se devo responder.
Confesso que também fiquei sem palavras ao ver a Seleção Brasileira Sub-20 jogando contra o Chile. Meu Deus!!!!! -, bradaria meu parceiro Milton Leite. O que era aquilo? Um bando, com certeza. Tem gente que, quando quer dizer que um time é desorganizado taticamente, diz que tal time corre feito índio. Engano e desconhecimento. Basta ler um livro clássico e arrepiante, chamado "Enterrem Meu Coração na Curva do Rio", que conta como os índios norte-americanos foram chacinados covardemente, para saber que aqueles índios eram grandes estrategistas militares.
Agora, que a tal Seleçãozinha é um bando, isso é. Por isso eu não entendo a gritaria contra a arbitragem, por certo péssima. O primeiro pênalti não foi, a falta aconteceu fora da área. Mas o segundo, pensemos juntos. E se fosse a favor do Brasil? Se um zagueiro chileno levanta o pé no alto da Cordilheira e depois acerta o pescoço de um bravo guerreiro tupiniquim? Duvido que alguém falaria em lance perigoso.
Já a interpretação da regra é outro caso. Como cada árbitro tem a sua e a regra só é clara pro Arnaldo César Coelho, eu tento me ver no lugar do juiz. Tranquilo, em casa, eu acho que foi jogo perigoso. Lá dentro de campo, vendo aquela cena grotesca, sei não. Ainda mais no último minuto de jogo. Polêmica pura, é verdade, além de um juiz terrivelmente ruim.
Assim como é ruim essa terrível Seleçãozinha. O Chile deu um baile de organização tática e até de qualiade técnica com a bola nos pés. Se não fosse o Chile, um eterno derrotado em termos de futebol, e o Brasil tivesse enfrentado um advesário com mais estofo, teria levado uma surra. Aliás, merecida para quem faz o que alguns jogadores fizeram no final, mesmo em se tratando de um juiz despreparado.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

E O VALDÍVIA?


Essa é a pergunta que muitos palmeirenses fazem atualmente. O chileno Valdívia, que chegou ostentando o apelido de Mago, o que esperar dele no Verdão? Ontem mesmo, na saída do Palestra Itália, muitos palmeirenses me fizeram essa pergunta.
Acho Valdívia muito talentoso. Mais do que a média. Ele tem algo que está em falta no futebol mundial: gosta de tratar bem a bola, se preocupa não apenas em jogar bem, mas em fazer bonito. Isso é bom e também ruim. Bom porque espetáculo e belas jogadas são sempre bem recebidos. Ruim porque em alguns meses de futebol brasileiro, Valdívia pode ficar marcado como um atleta pouco objetivo.
Vejo a questão da seguinte maneira: Valdívia ainda não se adaptou ao ritmo do futebol que se joga no Brasil. Aqui a marcação e a qualidade técnica e física de quem marca são muito superiores ao que ele estava acostumado a enfrentar no Chile. É mais ou menos como se o Vadívia estivesse dirigindo a 80 por hora numa estrada em que a velocidade máxima permitida é de 120. Todo mundo passa por ele e reclama. Contra o Paulista, poderia ter feito dois gols e saído consagrado se fosse mais objetivo e simples.
Acredito que com mais algum tempo e a orientação do Caio Jr (um excelente profissional, sério, moderno e dedicado) Valdívia fará em um segundo e com um toque o que ele ainda demora dois, três segundos e alguns toques pra fazer. Por que está evidente que ele sabe fazê-lo.

E O SÃO PAULO SEM O MINEIRO?

Outra pergunta que está na moda. Não vi a boa vitória tricolor sobre o Sertãozinho, então fica difícil falar sobre o jogo. Em linhas gerais, claro que o Mineiro faz falta. Considero o calado volante um craque em sua posição. A questão que o ótimo Muricy Ramalho precisa analisar é um pouco a história do cobertor curto. Recuando o Souza, ele pode formar uma boa dupla de volantes, mas quem será o meia criativo e ousado que o Souza foi em 2006? Com mais alguns jogos veremos o que vai ser feito pelo Muricy. Apesar disso, o São Paulo mostrou força e talento na estréia.

SELVAGERIA E CIVILIDADE NO SUL

Dois exemplos nos chegam do espetacular Sul brasileiro. Um deplorável, o da intolerância e da selvageria de torcedores gremistas que agrediram o ex-presidente e o presidente do Inter. Outro, de civilidade e cavalheirismo, parte da direção do Grêmio, que repudiou a atitude dos vândalos e promete expulsá-los do clube se forem sócios. Assim é que se faz. A dupla Gre-Nal é do Brasil, do mundo, e é muito grande para ficar reduzida a atitudes deploráveis de alguns idiotas.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

RIO E SÃO PAULO EM CAMPO

Os dois principais campeonatos estaduais do País vão começar. São Paulo e Rio, pela quantidade de times grandes, 4 em cada estado, simbolizam a rivalidade entre os dois estados que têm os maiores números de conquistas nacionais no futebol brasileiro: 15 para São Paulo e 11 para o Rio.
Sobre a rivalidade, acho que no que for saudável, divertido, tudo bem. Sou paulista, caipira do interior. Mas adoro o futebol carioca. Acho que, com todos os defeitos dos Anos Caixa D´Água, a fórmula de disputa do estadual do Rio é saborosa, está na boca do povo, motiva na medida certa. Dois torneios, a Taça Guanabara e a Taça Rio, e uma final se cada torneio tiver um campeão. E o carioca valoriza demais a conquista da Taça Guanabara, da Taça Rio. Esse toque ainda de torneio metropolitano, com os simpáticos times suburbanos, dá um charme especial ao Cariocão.
Em São Paulo há a diferença do Interior, maior e mais rico que o do Rio. Talvez isso tenha motivado um inchaço desnecessário. Vinte times é demais para um estadual, ainda que na região mais rica do País. Isso porque as equipes não enriqueceram no ritmo das cidades. Pior, muitas faliram e agora tentam se reerguer, como a Ferroviária de Araraquara.
Essa herança de uma megalomania nos anos 90 ainda prejudica o Paulistão. Com menos times, 12 ou 14, acho que seria um torneio mais rápido, equilibrado e atraente.

PITACOS

No Rio, acho que o Fluminense pinta como favorito, embora considere o Botafogo um time quase pronto e muito competitivo. Flamengo e Vasco ficam um pouco atrás, já que os rubro-negros terão a Libertadores e o Vasco se reforçou pouco, além de ficar a interrogação sobre o que poderá fazer Romário. E será que os pequenos ou o médio mais simpático do Brasil, o América, poderão aprontar?
Em São Paulo, os grandes estão muito equilibrados. O São Paulo tem uma base e tranquilidade, mas perdeu titulares importantes de 2006. O Corinthians, agora com Nilmar confirmado, tem um ataque que promete, com o protagonista da novela fica-não fica ao lado de Amoroso. O Palmeiras mudou de perfil e parece um time mais equilibrado e forte fisicamente. Por fim, o campeão Santos tem um bom elenco e carece de gente que incomode no ataque.
Pelo que vi dos times do Interior, Noroeste e Marília montaram elencos interessantes, e o Barueri pode surpreender. Claro que tudo na teoria. A partir de hoje em São Paulo e da próxima semana no Rio, a bola vai rolar. E poucas coisas na vida são melhores que isso.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

A COPINHA E A NOSTALGIA


Na semana que passou fiz uma viagem nostálgica pelo interior paulista. Ao lado de grandes amigos e colegas como Jota Júnior, Bruno Côrtes, Milton Leite, Marco Aurélio Souza e Idival Marcusso, estive em Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Araraquara, para transmissões de jogos da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a tradicional Copinha.
Impossível não lembrar da infância, do fascínio provocado por times tradicionalíssimos do interior paulista, como Ferroviária, Comercial, Botafogo, América, que sempre eram adversários difíceis para os grandes.
Ganhei um livro que é uma jóia de pesquisa e história: o Almanaque de 60 Anos do América de Rio Preto, dos colegas Milton Rodrigues e Vinícius de Paula. Fichas, fotos, detalhes históricos de um time simpático e tradicional, de uma cidade rica e progressista.
Sou caipira com orgulho, jauense de certidão e baririense de coração. Gostaria de, um dia, ver os times tradicionais do interior novamente fortes, contagiando as cidades. Ferroviária e Santos, em Araraquara, jogo de juvenis ainda, levou muita gente ao belo estádio da Fonte Luminosa. Fica claro que o torcedor interiorano ama o futebol e gostaria de poder ver o time de sua cidade forte, dando trabalho aos grandes, revelando jogadores.
Em Araraquara, soubemos pelo nosso colega Luís Garmendia, da EP TV de São Carlos, que pode pintar uma parceria interessante. O Inter, campeão mundial, consultou a Federação Paulista sobre a possibilidade de fazer uma parceria com o São Carlos e inscrever o time nos campeonatos como Inter de São Carlos, usando a tradicional camisa do time de Porto Alegre. O Inter daria alguns jogadores, dinheiro e ficaria com a prioridade para receber as reveleções do São Carlos. Segundo o Garmendia, o Cruzeiro também teria feito essa consulta.
Pode ser um caminho interessante. Os clubes teriam receita na venda dos jogadores e poderiam contar com bons atletas, além da torcida desses times de camisa e massa. Talvez assim possamos ver estádios enormes como os de Ribeirão Preto e Rio Preto novamente cheios, reformados, convocando novas gerações de torcedores para apreciar essa apaixonante viagem chamada futebol.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

SERÁ O OCASO DO FENÔMENO?


Leio que Ronaldo Fenômeno caiu em desgraça no Real Madrid. O técnico Capello o considera má influencia para os jovens, entendendo que Ronaldo, em vez de passar conhecimentos futebolísticos, mostra o mapa das minas na noite de Madri. E o futuro do Fenômeno pode ser o Al Itihad, da Arábia Saudita.
Sou totalmente contra o moralismo no futebol, esse moralismo pregado por certos setores da imprensa esportiva, que, houve época, chegaram ao ponto de escalar repórter para cobrir balada noturna só pra ver se tinha craque em campo. Acho que depois e antes do jogo e do treino, cada um cuida da sua vida. Quantas vezes o jogador já não foi pra balada e arrebentou no dia seguinte? Aí ninguém escreve nada. Portanto, cada um na sua.
Talvez boa parte do público não saiba - e jamais daria nome aos bois -, mas tem muito atleta de ponta, de altíssimo nível, que fuma, curte uma cervejinha, um bom vinho, e gosta de dançar, curtir a vida. Claro que isso tudo tem seu preço, acelera o passar dos anos em termos atléticos, mas, pelo menos para mim, não é caso de se crucificar alguém. Cada um paga o preço da vida que leva como e quando quer.
De volta o Ronaldo Fenômeno, fico aqui pensando no seguinte: será que ele não se encheu do futebol? Da vida de treinos, concentrações, entrevistas, estar sempre em forma, dormir cedo e acordar idem? Com um histórico de contusões e recuperações que muitos consideram milagrosas, Ronaldo foi submetido a uma carga de estresse emocional que poucos atletas de alto nível conhecem. Guardadas as diferenças e proporções de esportes e problemas que sofreram, sua volta e consequente conquista da Copa do Mundo de 2002 pode ter paralelo no retorno vitorioso de Lance Armstrong ao ciclismo após um diagnóstico de câncer.
Pois eu acho que o Fenômeno se encheu. Está rico, sabe que precisa conviver com a dor daqui pra frente, que seu corpo ficou forte rápido demais e sem a base necessária para suportar a nova leva de músculos que recebeu, o que acarretará um risco cada vez maior de contusões.
Se é verdade mesmo que topou ir para a Arábia, Ronaldo desistiu de vez do futebol competitivo e profissional e agora vai gozar, com todo o merecimento, do prestígio que acumulou na carreira, se exibindo em praças e menos exigentes no aspecto técnico e físico.
E para mim sobra a pergunta final: que motivação sobraria a Ronaldo para tentar uma derradeira grande temporada? Voltar à Itália? Jogar na ótima liga da Inglaterra? Retornar ao Barcelona? Atuar pelo Flamengo de seu coração? Pena que no meio disso tudo existam as mil e uma noites e a Arábia.

sábado, janeiro 06, 2007

2007 PROMETE!!!!!


Feliz 2007 a todos e bom futebol, bom esporte para todos nós, no ano do Pan do Brasil!
Volto ao batente amanhã depois de um período de férias e também da viagem ao Japão, onde tive o privilégio de acompanhar a conquista do Mundial de Clubes pelo Internacional, trabalhando pelo SporTV.
Vem aí a Copa São Paulo de Futebol Júnior, que o SporTV acompanhará. Muitas novidades aparecerão, tomara que a competição volte a ter o charme a importância de outros tempos.
Mas o que está interessante mesmo é o mercado do futebol brasileiro neste início de temporada. Muitas novidades, um vaivém que promete mudar a cara do Brasileirão, tendo como base os estaduais que, atualmente, são uma grande pré-temporada.
O caso do Fluminense é interessante. São 14 contratações até agora, que desenham, na teoria, um time forte e competitivo, de novo favorito ao título carioca. Resta saber se o time vinga no papel e se os apressados dirigentes das Laranjeiras darão tempo a algum treinador para trabalhar. Gosto do estilo do Botafogo atual, com Bebeto no comando e Cuca como treinador. Não é um supertime, mas tem garra e competitividade. O Vasco foi ótimo em 2006, dadas as suas limitações técnicas e econômicas, e volta a apostar em Romário. Sou fã do Baixinho, mas acho que ele emperra os times em que joga no aspecto físico, porque seu ritmo é outro. Nada que anule sua genialidade, mas até os gênios caem de rendimento. O Flamengo segue vivendo entre sonhos e realidade. Se acertar com o Nilmar terá um jogador diferenciado que pode dar outra cara ao time na Libertadores.
Os grandes paulistas estão se mexendo. Gostei das mudanças feitas pelo Palmeiras. Acho que o time está buscando um rumo e, se a política deixar, pode arrumar a casa em 2007 e projetar coisas muito maiores em 2008. Caio Jr. é excelente profissional e os dirigentes que voltam ao clube agora são da época em que o time ganhou tudo nos anos 90, são mais atualizados. Dininho, Nem e Edmílson podem formar uma grande zaga. As outras contratações são apostas, como quase todas, mas o elenco me parece mais equilibrado que o do ano passado.
O Corinthians segue sendo uma incógnita, perdendo jogadores, brigando por alguns que deseja manter e acreditando no carisma de Leão. Tem um bom time, mas nada de excepcional, pelo menos se comparado aos tempos de Tevez e Nilmar.
O São Paulo teve três perdas importantes: Fabão, Danilo e Mineiro. Pode não parecer muita coisa, mas, se lembrarmos que são dez jogadores na linha, é quase 1/3 do time titular que saiu. A "entidade" formada por Mineiro e Josué se desfez e o time deve levar algum tempo para encontrar sua nova cara. Muricy já mostrou que é capaz de remontar o time, como o fez no meio da temporada passada. Resta saber o impacto dessas três saídas no time. Como renderá Júnior sem o suporte de Danilo? Josúe é o mesmo sem Mineiro ao lado? A liderança de Fabão será assumida por quem?
O Santos parece ter pisado no freio das contratações, que foram exageradas em 2006. Mas a tensão permanente entre Luxemburgo e a imprensa santista pode atrapalhar. Luxa é craque, mas não faz milagres. O time perdeu peças importantes e precisa de mais gente no ataque.
A sempre forte dupla gaúcha terá um desafio à parte em 2007. Já imaginaram um Gre-Nal na Libertadores? Seria de arrepiar, de parar o Rio Grande e o Brasil. O Inter é um grande time, o melhor do mundo em 2006, raçudo, competitivo e ciente de sua capacidade, liderado com alma por Abel Braga. O Grêmio ressurgiu poderoso em 2006 e tem em Mano Menezes um treinador capaz de encontrar bons jogadores onde pouca gente consegue enxergá-los.
Em Minas, a volta do Galo à elite serve para turbinar o rival Cruzeiro, que foi às compras. A briga pelo título mineiro deve ser espetacular.
E aí vem o Brasileirão, em maio. Juntemos a toda essa turma, times surpreendentes de 2006 como Paraná e Figueirense. O Atlético Paranaense, o Juventude e os novatos em Série A de pontos corridos Sport, Náutico e América de Natal e está pronta a fórmula.
Continuo afirmando que o Brasileirão é o campeonato mais equilibrado do mundo.