quinta-feira, novembro 30, 2006




SIMPLES MÁGICA

Que me perdoe o pessoal que frequenta esse cyberespaço por causa do esporte e do futebol, mas hoje o tema é cinema. Não chego a ser um cinéfilo do porte de meu amigo Sidney Garambone, mas a sétima arte faz parte da minha vida como da de todos nós. Que seria do filme de nossas vidas sem a tela grande, seus sonhos, sua mágica, seus ídolos e a inigualável capacidade de nos transportar para outro mundo via celulóide?
Todos temos algum filmes que podemos classificar de o filme das nossas vidas. O que não siginfica dizer que o mesmo também seja o melhor filme que já vimos. No meu caso, o filme que marcou e ainda marca a minha vida é um típico representante do cinema-pipoca: Grease, ou, Nos Tempos da Brilhantina, como ficou conhecido por aqui.
Lembro como se fosse hoje do dia em que fui ao Cine Gazeta, que era um dos maiores de São Paulo, para ver aquele filme de que todo mundo falava. Eu e minhas primas Lela e Nívea enfrentamos uma fila que dobrava o quarteirão na Avenida Paulista. Desde aquela tarde de 1978 ou 1979, já não me lembro, eu devo ter visto Grease pelo menos umas 50 vezes. No cinema, na TV, em VHS e em DVD.
Aquele filme meio despretensioso me transformou em fã de Olivia Newton-John. E até hoje me faz rir e cantar as músicas. Quando falo em mágica, explico: minha esposa e meu, de 2, e minha filha, de 5 anos, também adoram o filme. Recentemente comprei uma versão em DVD que vem com dois discos, muitos extras, imagem e áudio remasterizados. Rafa e Clara já cantam as músicas, repetem gestos e falam de Sandy e Danny como se fossem colegas de classe na escola. Isso eu chamo de magia. Uma obra que se tranforma em atemporal, que está prestes a completar 30 anos e envelhece cada dia melhor. Não precisa ser arte, necessariamente. Mas é diversão de primeira e tem aquele toque mágico que faz algumas coisas durarem para sempre.

E pra não dizer que não falei de esporte, dois toques: vôlei e futebol. No vôlei, segue impressionante a trajetória do Brasil no Mundial. Como a desafiar a lógica e a tendência de um jogo cada vez mais mecânico e baseado na força, lá vai o Brasil, movido a velocidade, técnica e Giba, a provar que sempre é possível emplacar um imprevisto lá da linha dos três metros.
O futebol nos reserva as enfadonhas escolhas de craques do ano, melhor da temporada etc. Coisa chata. Como dizer quem foi o melhor da temporada? Apenas tendo como base o que acontece na Europa ou na Copa dos Campeões da Europa? Ou o que rolou na Copa do Mundo? Deixo aqui meu pitaco. O melhor da Copa foi o Cannavaro, só porque o Zidane deu aquela cabeçada. E o melhor do ano, que ainda é o melhor do planeta futebol, é o Ronaldinho Gaúcho. Ele foi tão melhor, na minha análise, que ganha mesmo tendo apenas sido visto na Copa.

domingo, novembro 26, 2006

LUSA, COM DIGNIDADE


Estive em Recife para comentar Sport x Portuguesa. Um jogo que caminhava para ser chato até o segundo tempo, quando foi vibrante e memorável. A vitória da Portuguesa deve ser reconhecida como a vitória de um grupo que mostrou dignidade e caráter, que lutou, se entregou e conseguiu superar uma situação completamente adversa. Dará aos torcedores lusos um fim de ano com uma pequena dose de orgulho, coisa que essa brava gente d´além mar merece.
O jogo foi polêmico. Para mim, no segundo gol do Sport, não houve falta no goleiro, mas pode ter havido impedimento. Confesso que pela confusão que se seguiu não consegui ver direito a repetição do lance e fiquei com a impressão de haver dois jogadores antes da linha de gol quando parte o chute que vai chegar no Fumagalli. Mas pode, de fato, ter havido impedimento num lance complicado.
Mas o que vale é que o segundo tempo da Lusa foi heróico pela entrega, pela coragem e pela qualidade de dois jogadores: Preto e Alex Alves.
Agora resta à turma do Canindé procurar se organizar e tentar voltar às primeiras divisões paulista e brasileira em 2008.
Algumas informações importantes que pintaram em Recife: a Lusa está fazendo um acordo com a Federação Paulista para reformar o Candiné e obter mais recursos com seu estádio; pode haver um acordo político para a saída do presidente Manuel da Lupa e a formação de um novo conselho administrativo.
Agora, o mais significativo que ouvi foi a confirmação de que os salários de alguns jogadores, principalmente o e Alex Alves, o mais alto, foram pagos com ajuda dos torcedores. Eles se uniram, fizeram doações (cheques de 500, mil reais) e bancaram parcialmente o salário. O valor não chegava a ser o total, ficava apenas próximo.

sexta-feira, novembro 24, 2006

EM SOLIDARIEDADE A JOTA JÚNIOR


Jota Júnior é uma unanimidade. Nunca ouvi uma pessoa falar mal do Jotinha, nem se referir a ele que não fosse de maneira elogiosa. Um narrador como poucos, preciso, bem informado, capaz de narrar qualquer modalidade. Jotinha gosta de gente, por isso resolveu fazer um blog, até para compartilhar sua sabedoria, contar suas histórias.
Eis que, de repente, passou a ser bombardeado por insultos que não têm cabimento. Principalmente em se tratando de alguém que é Phd em elegância e Jornalismo. Todos têm o direito de opinar e discordar. Mas agredit e insultar é outra coisa.
São tristes esses tempos de intolerância no futebol, no esporte e no mundo em geral. Cada vez mais cresce um tipo de figura abominável: o fanático. O sujeito que não torce por seu time, ele exige que o mundo também o faça. Ele não quer esporte, quer guerra. Acha que seu clube tem que ganhar sempre, ainda que roubado, que os adversários são inimigos, que os que não pensam como ele são a escória.
Hoje em dia é cada vez mais comum que as pessoas que trabalham com informação esportiva seja agredidas, xingadas e ofendidas. Jota Júnior é uma enciclopédia de imparcialidade e objetividade. Não merece um xingamento, uma ofensa. Pode-se, claro, discordar dele, de mim, de quem quer que seja. Agora, intolerância é coisa de gente mesquinha e ignorante, nos piores sentidos da palavra.
O mais curioso disso tudo é que Jota torce apenas pelo justo, pelo certo, para que ganhe o melhor. Sua única paixão no futebol, e isso eu provo que é verdade, porque já o vi triste quando esse time perdeu, é o Rio Branco da sua Americana. Muito mais por ser Americana que por ser o Rio Branco. E os torcedores do clube que o ofenderam, que saibam que Jota é fã da modernidade e da estrutura desse mesmo time.
Jotinha, fica aqui minha solidariedade. Volte com seu blog, não deixe os canalhas vencerem.

quinta-feira, novembro 23, 2006

O QUE ESPERAR DE 2007-PARTE 2

Segue a análise do que pode ocorrer em 2007 com os principais times brasileiros.


PARANÁ - Em 2006 mostrou que não é preciso ser gigante para se dar bem. Tem uma ótima equipe de olheiros (ou seria boa relação com empresários?), montou um time competitivo, reformou o estádio, enfim, trabalhou direito. Se chegar à Libertadores terá o grande desafio de sua história: montar um time competitivo sem contar com um orçamento importante.

GOIÁS - Desceu de patamar em relação a 2005. O problema de times como o Goiás, que são equipes médias muito bem estruturadas, é competir com outros times grandes e mais ricos quando esses tentam comprar jogadores ou tirar técnicos da equipe goiana. Se não tivesse deixado o Geninho sair, aposto que o Goiás brigaria de novo por Libertadores. Fica a lição.

FIGUEIRENSE - Outra grata surpresa em termos de resultados, mas que não é surpresa em termos de trabalho. Um time organizado, bem estruturado, que tem perto de 15 mil sócios, um belo estádio e vontade de crescer e crescer. O que está fazendo a cada ano. A reestruturação que será feita para 2007 é a chave do sucesso. Não pode enfraquecer demais o elenco só para fazer caixa.

BOTAFOGO - Nos últimos anos a temporada de 2006 foi a melhor do Botafogo. Campeão estadual e uma boa campanha no Brasileiro. Tem que seguir assim, buscando a reestruturação fora e dentro de campo. A direção e a torcida precisam ter paciência com o Cuca, que é muito bom treinador. Se mantiver a base e der uma reforçada, em especial na defesa, pode seguir avançando para voltar a ser o que sempre foi: um gigante.

FLUMINENSE - Não creio que vá cair, embora corra riscos. Em termos de administração, foi um desastre em 2006. Conseguiu a proeza de liderar um campeonato e chegar ao final do mesmo brigando para não cair. Existem dois Fluminenses, um do patrocinador e outro do clube. Sem união dessas forças, não chega a lugar algum. Também é preciso dar tempo para alguém trabalhar.

ATLÉTICO-PR - Termina o ano na zona morta. Perdeu uma ótima oportunidade na Sul-Americana, poderia ter ido mais longe. É um time que tem coisas boas e outras muito ruins. O meio-campo é fraco, sem criatividade, embora o ataque seja bom, rápido. Falta equilíbrio dentro de campo. A dúvida: vai investir no time ou na conclusão da Arena?

SPORT - Um time poderoso está voltando à Série A. Não pode arriscar a fazer feito como Santa Cruz e Fortaleza. O Sport é desses casos raros que têm torcida em todo o País. A análise é a mesma para quem sobe: Série A não é apenas correria e disposição. É, fundamentalmente, um bom elenco, coisa que o Sport ainda não tem.

NÁUTICO - A lógica do Náutico é a mesma do Sport. Mas vale o registro da recuperação do clube, que perdeu aquela batalha contra o Grêmio e se viu em frangalhos emocionalmente. Agora volta fortalecido espiritualmente, mas apenas isso não basta.

JUVENTUDE - Passou um susto em 2006. Teve problemas administrativos e futebolísticos. Falta um pouco de força por parte da torcida para fazer do Jaconi um caldeirão. Ivo Worthman é bom técnico e merece a chance de fazer um projeto de uma temporada completa.

PONTE, PAULISTA, AMÉRICA-RN - A Ponte dificilmente escapa do rebaixamento. Se isso se confirmar, precisará de seus dirigentes a paixão que têm seus torcedores. Faz tempo que a Ponte bate na trave. É preciso mudar a mentalidade de que só vale ficar à frente do Guarani. Ponte e Guarani são muito maiores que isso. E quando voltarão a revelar grandes jogadores como faziam até os anos 80?
Se subir, o Paulista precisará gastar mais para ficar. É aí que o bicho pega. Times com receita modesta e boa administração, como o Paulista, precisam de muito profissionalismo para dar um salto, reforçar o time etc. O mesmo vale para o América de Natal, que pode ser mais um representante da paixão nordestina pelo jogo de bola na Série A.

terça-feira, novembro 21, 2006

O QUE ESPERAR DE 2007

Dou início agora a uma série de postagens com uma análise do que, penso eu, pode acontecer com os principais times do Brasil em 2007. E já convido todos para debater e refletir. As análises serão postadas em etapas de dez clubes.


SÃO PAULO - O campeão brasileiro vive situação privilegiada por poder pensar em 2007 com os cofres cheios e a consciência tranquila. O Tricolor é candidato a todos os títulos que disputar, mas a grande questão é quantas peças perderá e se haverá reposição. Se Mineiro sair, por exemplo, quem pode vir? Para a vaga de Danilo, que jogador teria tamanha importância tática? Imagino o São Paulo concentrando forças na Libertadores e fazendo uma pré-temporada melhor que a de 2006. O único problema virá se houver pressão para cima de Muricy em caso de algum resultado ruim ou de uma campanha fraca no Paulistão, por exemplo.

INTER - Tudo vai depender do resultado do time no Japão. Se for campeão mundial, o Inter fatura uma grana alta, prestígio internacional e pode vir turbinado para tentar o bi da Libertadores. A transição política foi bem feita, com a eleição de Vitório Piffero para o lugar de Fernando Carvalho, o que garante a mesma linha administrativa. Resta saber se, dependendo do que rolar no Japão, Abel fica ou não no clube. Mas é time top de linha, nova e definitivamente.

SANTOS - O Peixe acreditou demais nos milagres que Luxemburgo poderia operar. Apesar de excelente, o técnico não é milagreiro. O Santos é bom para o nível atual do futebol brasileiro, mas ainda falta alguma coisa, mais consistência, mais tempo de trabalho para um mesmo time. Na Libertadores deve estar reforçado e tem a Vila Belmiro como grande arma. Vai continuar incomodando. Com um ajuste de peças, pode brigar por títulos.

GRÊMIO - O dilema chama-se Mano Menezes. Parece que o bom treinador pediu alto para renovar, ciente de que é nome de ponta hoje e atrai atenção de muitos clubes. Fábio Koff dizia que o Grêmio dos anos dourados de Felipão era uma idéia plantada pelo treinador. Agora é a mesma coisa, uma idéia de Mano (no campo tático e de planejamento). Na Libertdores vai precisar melhorar o nível do elenco se quiser brigar pel tri

VASCO - Ótima surpresa em 2006. Tem o eterno drama político. Eurico Miranda é o Fidel Castro de São Januário (nada de comparações políticas e ideológicas, apenas a questão da figura que se confunde com a própria instituição ou país). Tudo depende dele, passa por ele. Em 2006 a aposta na garotada e em Renato Gaúcho deu certo. Mas não vejo, com esse time atual, o Vasco em condição de brigar por títulos. Pode continuar fazendo boas campanhas, o que é pouco para a grandeza do clube.

CORINTHIANS - É a maior incógnita do futebol brasileiro. A parceria, como sempre acontece com o Corinthians, terminou em desastre. Se o clube em 2007 for apostar apenas nos garotos, vai correr sérios riscos. Há alguns talentosos, mas outros muito, muito fracos. Sem dinheiro e com a perspectiva de endividamento brutal logo ali, pode viver uma temporada dramática. Gerenciar o caos será a tarefa de quem topar o desafio. A tal da MSI já foi embora. Quem ficar vai precisar de sorte e coragem.

FLAMENGO - Está entre a cruzada da administração correta e do mundo real e a eterna tentação da megalomania que aflige os homens da Gávea. Aceitar os jogadores do iraniano Joorabchiam ou continuar apostando em Ney Franco e seu bom trabalho? O Flamengo é o reflexo de seu torcedor, que oscila entre a depressão e a euforia. Vai precisar de alguém que controle tudo isso. Avançou em 2006 e precisa continuar avançando. Depende do tamanho e do risco do passo.

PALMEIRAS - Só uma tragédia rebaixaria o time novamente à Série B. Portanto, escrevo pensando em Série A. Se quiser honrar sua história, o Palmeiras precisa fazer um rapa urgente em seu elenco, se livrar de jogadores sem condições técnicas e psicológicas de atuar em time grande, baixar e média de idade e inaugurar a era do planejamento por conta própria. Nunca é demais lembrar que, por sua mãos, o Palmeiras não ganha nada desde 1976 (ou, vá lá, a Copa dos Campeões de 2000, quando a Parmalat já não era co-gestora, mas apenas patrocinadora). Envelheceu mal o Palestra e precisa tratar de renovar seus hábitos e costumes. Ou será que só uma nova Parmalat salva?

CRUZEIRO - Decepção em 2006. O time foi o retrato da letargia que às vezes parece tomar conta de seu competente treinador, Oswaldo de Oliveira. É a prova de que apenas estrutura não serve para nada. É preciso saber o que fazer com a maravilhosa estrutura da Raposa mineira. Apostou em alguns craques em fim de carreira e outros que pensam que são craques mas nem passam perto disso. Um ano perdido em termos de projeção nacional.

ATLÉTICO MINEIRO - O Galo está de volta! Grande notícia para o futebol brasileiro. Agora, para ser forte e vingador, o que é preciso? A base dos jogadores revelados em casa é muito boa. Mas falta consistência para enfrentar adversários de maior gabarito. Temperar melhor o time para servir de glórias sua faminta torcida. A massa atleticana, aliás, é fator importante. Ela empurra o time. Mas não o leva sozinho. O dilema agora é não pensar como fez o Palmeiras, por exemplo: com padrão Série B não se chega a lugar algum na Série A.

sexta-feira, novembro 17, 2006

O ZÉ E AS MENINAS SÃO DE OURO


Não me lembro de uma derrota recente do esporte brasileiro que tenha sido mais doída que a do vôlei feminino para a Rússia, na final do Mundial deste ano. Alguém pode argumentar que a derrota nas semifinais de Atenas foi mais dramática, o jogo estava na mão etc. Mas a dor dessa derrota é porque nunca o vôlei feminino do Brasil esteve tão perto e nunca mereceu tanto.
E que ninguém agora seja oportunista e comece a criticar as jogadoras e, principalmente, o técnico José Roberto Guimarães. O Brasil ficou com a prata mas foi o melhor time do Mundial, jogou o voleibol mais completo e teve, na história, o melhor desempenho coletivo desde que o vôlei feminino é com F e V maiúsculos no Brasil. Já tivemos equipes mais talentosas, mas nunca uma que funcionasse tão bem como time.
Em dois anos, o trabalho do Zé Roberto fez com que uma nova geração vencesse praticamente todas as competições que disputou. Aí o gaiato vai argumentar que perdeu a mais importante. Pois é, faz parte. Perder no tie-break uma final não é demérito pra ninguém. Ainda mais quando do outro lado tem duas gigantes que atacam, literalmente, como homens.
Zé Roberto é um treinador revolucionário. O vôlei que se joga hoje no masculino se deve à alteração tática feita por ele na seleção brasileira de 92. Ao encontrar uma maneira de escalar, juntos, Tande, Marcelo Negrão e Giovane, Zé Roberto reinventou taticamente o vôlei. Ninguém achava que fosse possível colocar os três em quadra, um tinha de ir pro banco etc. A partir dessa resposta encontrada pelo Zé Roberto, passava a ser possível e indispensável ter três atacantes de força em quadra, três definidores. E o que era chamado de jogador universal, ou saída de rede, passaria logo depois a ser o oposto. O atleta que cruza com o levantador não precisava mais ser um jogador completo, de passe perfeito e recursos para ser levantador na hora do aperto. Podia ser mais um gigante com capacidade para virar todas as bolas na hora do sufoco. Esse vôlei em que o oposto é o homem do desafogo nasceu com a mudança do Zé Roberto em 92. Mais do que o ouro que o título olímpico proporcionou, ele inscreveu seu nome na história do esporte por essa mudança.
Por isso, Zé Roberto e as meninas do vôlei merecem todo o nosso respeito pelo vice-campeonato mundial. As circunstâncias agora são muito diferentes das de 94, quando o Brasil perdeu para Cuba, que era imbatível. Para Pequim o time feminino pode ir mais forte ainda e conquistar o ouro tão sonhado, já que nunca um esporte coletivo feminino do Brasil foi campeão olímpico (o vôlei de praia não conta para isso).

quinta-feira, novembro 16, 2006

A ARENA DO FUTURO


Estive em Curitiba na quarta-feira, para comentar, ao lado de Alex Escobar, com narração de Luiz Carlos Jr. e reportagens de Marcos Peres e Janaína Xavier, a semifinal da Copa Sul-americana. O Atlético Paranaense perdeu para o Pachuca mexicano por 1 a 0. Mas para quem vive o caos urbano que é São Paulo, uma breve passagem pela acolhedora, civilizada e limpa Curitiba é mergulhar num oásis de urbanismo.
Em 1996 fui a Curitiba cobrir um jogo da Seleção Brasileira pela Gazeta Esportiva. Eram os últimos dias do velho estádio Joaquim Américo, que começava a ser derrubado para dar lugar à Arena da Baixada. Também fui conhecer um hotel-fazenda que o Atlético acabara de comprar e que hoje é o espetacular CT do Caju. Àquela época, quando a Internet ainda era embrionária no Brasil, o Atlético me deu um CD-ROM com a história do clube e o projeto do que viria a ser o mais moderno estádio brasileiro.
Eu já tinha visitado a Arena, mas nunca havia trabalhado no estádio até esta quarta-feira. É um choque de modernidade e cultura para quem está acostumado com os ultrapassados e decadentes estádios brasileiros. A inclinação das arquibancadas lembra muito a Bombonera e confere ao estádio uma aura de caldeirão. As instalações são novas, limpas, muito bem cuidadas. Cabines com banheiro e bom espaço, praça de alimentação, orientações claras.
Tudo isso resulta numa mudança de perfil do torcedor que vai ver o Atlético. Certamente, a frequência no Joaquim Américo era mais popular (o Atlético é o time de massa em Curitiba). Agora é um público mais classe média, familiar, que consome e festeja o conforto que o estádio oferece consumindo produtos que voltarão em receita para o clube.
A Arena é a maior contratação do Atlético nos últimos anos. Faz parte do projeto de transmormar o time num grande do futebol sul-americano, mas não apenas por uma ou duas temporadas. O objetivo é firmar o Furacão como força da natureza do nosso futebol.
O estádio gera receita, o CT idem. Para completar, o Atlético tem uma bem montada rede de escolinhas pelo Brasil, além de algumas também na China.
Chega-se à Arena para trabalhar e o departamento de marketing do clube mostra ao que veio. Revistas bilíngues, camisas, brindes, tudo que possa vender a imagem do Atlético ao visitante.
Claro que o rubro-negro paranaense ainda não é uma força de grande popularidade no Brasil, mas as fundações deste edifício foram bem plantadas. Claro que há críticas, denúncias e contratempos pelo caminho. A aura profissional ainda tem um ranço de amadorismo.
Ao deixar a Arena, algumas perguntas martelavam em minha cabeça:
a) o que seria de Flamengo e Corinthians se tivessem um estádio como a Arena da Baixada?
b) por que clubes como Flamengo, Corinthians, Atlético Mineiro e Cruzeiro, por exemplo, não conseguem construir um estádio como a Arena?
c) numa primeira etapa de seu projeto, o Atlético conseguiu um título brasileiro e um vice da Libertadores. O que virá nas outras etapas?

segunda-feira, novembro 13, 2006

MODERNO, EFICIENTE E CAMPEÃO


Dia desses ouvi uma discussão em que alguém argumentava que o São Paulo, virtual campeão brasileiro de 2006, era um bom time, mas não era ótimo. O objetivo dessa postagem é desmontar essa tese. O São Paulo é ótimo, sim senhor. Ótimo porque será o campeão do atual futebol brasileiro. Um time moderno, competitivo, eficiente, que pode não ser virtuoso, mas tem, sim, seu brilho. Um brilho adequado ao mundo real do nosso futebol. Um time que ganha 21 em 36 jogos e perde apenas 4 é algo mais que apenas eficiente.
O segredo desse time é a versatilidade de seus jogadores. Que é muito bem explorada pelo técnico Muricy Ramalho. Júnior é um lateral que joga como meia armador. Danilo é meia, mas também atua como atacante e ajuda na cobertura da defesa quando Júnior arma o time. Souza já foi ala, lateral, volante e atacante. Atualmente é meia, e dos bons. Mineiro faz de tudo um pouco e tudo bem. Muricy é daqueles treinadores sem frescura, que aposta na repetição dos treinamentos para formar uma equipe. Os resultados e a fluência do time do São Paulo em campo mostram que ele acertou.
Por trás de tudo isso está um sistema diretivo que é o mais moderno do futebol brasileiro. Os dirigentes do São Paulo gostam de ganhar e trabalham para isso. Não sem motivo, são dos poucos no Brasil que não vivem passando o pires atrás de uma parceria.
Competitivo, moderno e eficiente. Esse é o campeão brasileiro de 2006. Com toda a Justiça.

ENCONTROS E DESPEDIDAS

O final de temporada se aproxima e é hora de tirar os lenços do armário. Alguns acenam em despedida à Série A, de volta à difícil realidade da Série B. Casos de Santa Cruz e Fortaleza, que nem de longe acompanham em campo a paixão de seus torcedores. Outros acenam dando adeus à Série B e voltando para onde sempre deveriam estar: casos de Atlético Mineiro e Sport. O Galo foi forte e vingador como em seus melhores tempos. O Sport voltou a ser guerreiro. Agora resta esperar mais alguns dias para sabermos quem volta de fato e quem cai de direito. Ao que tudo indica, e com todos os méritos, Náutico e América de Natal se juntarão aos grandes no próximo ano. E a briga para saber quem escapa da Série B envolve diretamente Ponte, Fluminense e São Caetano. A rodada trará desafios ao Tricolor carioca, que joga em São Paulo contra o Corinthians. A Ponte pega um Fortaleza destruído, e o São Caetano recebe o Vasco. O Palmeiras agora só cai se for pra lá de incompetente.

terça-feira, novembro 07, 2006

CARLOS ALBERTO FALOU DEMAIS

Poucas vezes alguém perdeu uma grande oportunidade de ficar calado quanto o jogador (do Corinthians ou da MSI?) Carlos Alberto. Ao criticar abertamente o treinador corintiano Emerson Leão e chamá-lo de arrogante e vaidoso, Carlos Alberto provou, no mínimo, que está mal assessorado.
Não dá nem pra comparar as histórias de Leão e Carlos Alberto. Leão é um dos maiores goleiros da história do Brasil, campeão mundial, jogou quatro Copas do Mundo, tem uma defesa escolhida entre as maiores de todos os tempos pela Fifa e é um técnico de futebol vencedor. Não me interessa se é arrogante, prepotente etc. O que me interessa é seu trabalho como técnico, que é bom. Ele tirou o Corinthians da zona de rebaixamento. Recuperou o prestígio do Santos, tirou o Plameiras do sufoco e o levou à Libertadores em 2005. Carlos Alberto é um jovem talentoso, um bom jogador de futebol, produto do novo futebol, que cria garotos mimados e milionários. Tão vaidoso quanto Leão.
Carlos Alberto não fez falta alguma ao Corinthians desde que foi afastado. Não se compara sua importância à de Tevez, por exemplo. Ou à de Nilmar. Mas Carlos Alberto escolheu o exato momento em que Leão tira o Corinthians do fundo da tabela e dá ao clube um final de ano digno para manifestar sua revolta, que me parece treinada e programada.
Isso só acontece porque o Corinthians deixou que acontecesse. Para livrar a cara de alguns, terceirizou seu futebol, abriu mão de seu patrimônio, e agora tenta recuperá-lo, embora esteja preso a cláusulas contratuais draconianas.
Cada vez mais dou razão àqueles que dizem que o Corinthians é uma torcida que tem um time. De profissional no clube, só os jogadores (tirando agora o Carlos Alberto), a comissão técnica, Leão e os torcedores. O resto.....

E O PALMEIRAS??!!!

Não dá para apoiar a invasão da sede social do clube por parte da torcida do Palmeiras. Mas dá pra apoiar a revolta, quanto pacífica, dos palmeirenses. O Palmeiras era, ao final de 2004, o time brasileiro com o maior patrimônio líquido. Hoje está endividado e ameaçado de rebaixamento. Não conquista um grande título desde 1999 e seus dirigentes exalam amadorismo por todos os poros. Mandou embora Tite quando o treinador conseguia recuperar o time, seu diretor de futebol é verborrágico e, em suma, está perdidinho.
Entre 1976 e 2006, um período de 30 anos, o Palmeiras, com administração própria, foi campeão apenas duas vezes: paulista de 1976 e Copa dos Campeões de 2000. Entre 92 e 2000, com a co-gestão Palmeiras-Parmalat, ganhou 3 Paulistas, 2 Brasileiros, 1 Copa do Brasil, 1 Mercosul e 1 Libertadores. Precisa ser mais claro? A grande humildade que falta aos dirigentes palmeirenses é admitir que eles não têm competência para administrar esse gigante e devem contratar alguém com capacidade para tal empresa.

segunda-feira, novembro 06, 2006

ELE, O TORCEDOR

Ainda está para ser publicado o estudo psicológico, científico ou social que possa explicar a figura mais importante do futebol: o torcedor. Por que alguém vira torcedor de um time? O que faz o sujeito amar uma camisa, uma cor, uma história, a ponto de chorar, sofrer, brigar e, em alguns casos, até ficar doente pelo seu time?
Já ouvi dezenas de versões, mas nenhuma é definitiva. Dizem que alguém troca de marido ou esposa, mas não de time. O que tenho certeza é de que o grade barato do futebol é o torcedor. Falo daquele que gosta do seu time, ganhe ou perca, não do tipo que vai ao estádio para brigar ou marca quebra-pau pela internet.
Para quem trabalha com opinião de futebol, como eu, fica claro que a paixão pelo time faz do torcedor alguém que trafega no limite das emoções e das análises.
Se comento que um lance foi pênalti contra o time de fulado, pronto: sou contra o time dele e simpatizo com o rival. Se digo que tal jogador do time do amigo que vê o jogo pelo SporTV é craque, taí: virei gênio. Nem uma coisa, nem outra.
O bom profissional, o jornalista imparcial e que busca a correção - o que tento fazer no meu dia a dia, com a maior honestidade e humildade - não torce pra ninguém quando começa uma transmissão. Torce apenas pelo seu trabalho, por sua equipe, e por fazer um trabalho correto, isento e imparcial. Ele erra e acerta como erram e acertam jogadores, técnicos e torcedores. O problema é que todo mundo acha que você torce contra o time de todo mundo.
Mas esse é o lado mais folclórico e divertido do futebol. O do torcedor que, no fundo, acha que todo mundo é contra o time dele, mas basta um elogio para você ser o narrador, comentarista ou repórter que ele mais admira.
Há de chegar o dia em que alguma mente inspirada conseguirá dissecar o que passa pelo cérebro de um torcedor de futebol. E deve ser algo lindo, apesar de alguns exageros. Por que ainda não inventaram e dificilmente vão inventar um jogo tão apaixonante como esse. Poucas são as alegrias mais espontâneas e reveladoras que a de um grito de gol.

sábado, novembro 04, 2006

A HORA DA CORRIDA MALUCA


O Campeonato Brasileiro, nas Séries A e B, entra agora na fase que eu chamo de corrida maluca. É a hora de a lingüiça morder o cachorro, de o medroso assustar a assombração etc. Tamanho é o nivelamento técnico que qualquer resultado deixa de ser surpresa agora que chegou o momento de definição. Como diria Juarez Soares, pau que bate em Chico, bate em Francisco.
Como explicar, por exemplo, o empate entre São Paulo e Ponte? Ou a vitória do Figueirense sobre o Grêmio no Olímpico? Para mim, é chegada a hora na competição em que os times, bons ou ruins, sempre dão um pouco a mais. Seja pela simples questão do dinheiro, ou mesmo por dignidade profissional. Dá pra entender que times que atrasam salários durante o ano possoam oferecer gordos bichos para fugir do rebaixamento? Pois acontece com o Santa Cruz e com a Portuguesa.
No caso da Ponte Preta eu acho que é um pouco da história do time e também do treinador, o Wandelrey Paiva. Bom profissional, daqueles que não vive reclamando da sorte e da arbitragem, ele parece ter contaminado positivamente os jogadores com sua história, seu passado. E a Ponte nunca foi de vender nada barato. Pode até cair, mas será com dignidade.
O caso do São Paulo parece mais um acidente de percurso. Não vi soberba nem grandes erros no time. Apenas um jogo sem muito brilho, embora Jean, da Ponte, tenha feito uma defesa monumental. O São Paulo tem jogos em casa suficientes para resolver a parada sem sustos. Mesmo que perca para o Santos, o que não é nenhuma zebra, pelo contrário.
O Inter tem fôlego para ser campeão se o São Paulo bobear. Resta saber o que estará acontecendo em termos de preparo físico e contusões quando faltar um mês para o Mundial, o que é logo ali na frente.
A briga pela Libertadores está quente. Grêmio, Santos, Paraná, Vasco, até o Botafogo. E já pensaram se o Inter resolve desligar mais cedo a tomada do Brasileirão e fica fora do grupo dos 4? Aí é uma vaga a menos e emoção de sobra.
Para escapar do rebaixamento é que veremos uma disputa memorável. O Palmeiras muda de técnico, mas não abandona a administração arcaica. O Fluminense está tão depressivo quanto o Pedrinho, e a Ponte pode ressurgir após o jogo diante do líder. Até mesmo o Corinthians, nesses tempos de zebra, não pode dar chance para tropeços. Aliás, estarei no Pacaembu neste domingo, com Milton Leite, Carlos Cereto e Delisièe Teixeira, para a transmissão de Corinthians x Santa Cruz.

ARBITRAGEM

E dá-lhe polêmica! No jogo do Morumbi, o qual comentei pelo SporTV, achei que houve acerto na anulação do gol do Aloísio e também na marcação do pênalti para o São Paulo. Lances difíceis, de interpretação. Há quem diga que Nei estava protegendo o corpo. Mas não o rosto, já que a bola veio na altura do peito. Então, que sentido haveria, por exemplo, em estar com as mãos ali naquela hora? Difícil para a arbitragem. O lance de Botafogo x Inter é nitroglicerina pura. Primeiro porque Wilson Sousa de Mendonça é um árbirtro que considero fraco. Segundo, porque só posso falar da repetição do lance do pênalti. Do resto do jogo não falo, pois estava em outro na mesma hora. Tem um braço do zagueiro do Botafogo fora de lugar, mas o atacante do Inter só cai porque tropeça nas próprias pernas. Vida dura essa de juiz brasileiro.