Um bom teste.
E That´s all!
As teses, sempre elas, começam a pipocar nas inefáveis redes sociais e em textos de opinião por aí.
Até há 15 dias a gritaria era de que a seleção brasileira não tinha time, nem esquema definidos. Após duas vitórias historicamente previsíveis já se fala em esquema revolucionário, em achou o time e outras bravatas típicas do vaivém frenético que é a cabeça de torcedor.
Os 4 a 1 sobre o time do Tio Sam foram um bom teste. E that´s all, cantaria meu aposentado ídolo Phil Collins, acompanhado por Banks e Rutherford.
Deixo de lado as discussões sobre interpretação de arbitragem quanto ao pênalti e a dois gols em posição duvidosa.
Parto para o que realmente interessa.
O time brasileiro foi impetuoso, que é o que se espera de uma equipe jovem e com muitos jogadores talentosos. Esse ímpeto faz com que a equipe consiga apertar a marcação na saída de bola do adversário, a recupere no campo de ataque e fique mais perto do gol.
Para quem perdeu, uma boa sugestão seria ir ao Google e ouvir a entrevista do Guardiola após os 4 a 0 sobre o Santos em Yokohama. Ele fala sobre as facilidades de se marcar mais perto do gol adversário e de quanto tempo e espaço se ganha com isso.
Um fator importante a ser destacado: Oscar e Hulk têm grande mobilidade em campo, o que facilita muito para um jogador como Neymar, sempre muito visado pela marcação. No caso de Oscar, ele tem a mobilidade que hoje falta a Ganso. Ambos talentosos, com algumas diferenças de estilo. Oscar entra mais na área, vai com a bola. Ganso prefere despachá-la, não chega tanto na área. Ousaria dizer que seria um teste também ousado ver os dois escalados juntos no meio-campo.
Marcelo e Neymar infernizaram pelo lado esquerdo, foram complementares, se procuraram.
Hulk rende bem pelo lado direito, mas se anula quando é deslocado para o lado esquerdo do campo.
Observações sempre apresentam algo de positivo e do que precisa ser corrigido.
A impetuosa atuação brasileira, por paradoxal que pareça, terminou por ajudar o time americano no segundo tempo. O jogo ficou elétrico, veloz, intenso. Os gringos botaram correria, e a garotada brasileira aceitou. Não era preciso. Era hora de tocar a bola, esperar o espaço que apareceria.
Claro que isso pode vir com entrosamento, treinos e uma pitada de experiência.
Outros fatores a serem trabalhados são a cobertura dos laterais e a proteção da defesa. Os americanos atacaram muito nas costas de Danilo e Marcelo. Sandro e Rômulo tiveram trabalho com as aproximações de Donovan e, no segundo tempo, de Dempsey. Resultado da correria desenfreada em que a partida se transformou. Mano é esperto, certamente verificou isso.
Com Hulk, Neymar, Damião, Oscar, talvez não seja assim tão necessário que os laterais ataquem todo o tempo e o tempo todo. Pelo menos até que o entrosamento aponte quem fará as coberturas e em que ritmo. O que só virá com treinos.
Assim como o posicionamento da defesa nas jogadas de bola parada e escanteio. O goleiro Rafael, que teve uma atuação muito boa, joga com Dracena e Durval, cada um com seu tempo de bola, seu posicionamento. Com Thiago Silva e Juan ele só terá entrosamento depois de um bom período de conversa e de trabalho.
Outro bom teste deve ser o México. É um estilo de jogo que irrita o jogador brasileiro, porque tem muita posse de bola, muita troca de passe. Quando não fica a maior parte do tempo com a pelota o atleta brasileiro tende a ficar nervoso, a sair das determinações táticas.
Assim como o Brasil não estava totalmente perdido antes de ganhar de Dinamarca e EUA, também não achou o time ideal da Olimpíada nesses dois amistosos. Esporte não tem passe de mágica.
Caso Oscar
Não tem santo no futebol mundial, muito menos no Brasileiro. Entre mortos e feridos, salvaram-se quase todos nesse triângulo envolvendo Oscar, Inter e São Paulo. Mas ficaram cicatrizes.
Os dirigentes brasileiros adoram se sentir mais espertos que os outros, e criticam atitudes que eles mesmos tomam quando são adotadas por adversários.
Felizmente, para o atleta, tudo se resolveu no sentido de que ele pudesse trabalhar. Quem tem direito a receber dinheiro e ser ressarcido, receberá. As instituições, que estão acima das pessoas, se entenderam.
Não há vitoriosos, nem vencidos quando se avalia o que ficou para Inter e São Paulo. O time gaúcho certamente gastou mais do que teria gastado sem toda a encrenca. O São Paulo certamente ganhou menos do que o Inter pode ganhar numa transação futura.
As relações entre atletas e clubes no Brasil continuam estranhas, nebulosas, em virtude da ação ainda sem regras e quase sempre sem ética de todos eles e, para piorar, de agentes e empresários. Derrotado mesmo nesse imbróglio todo parece ter saído o agente de Oscar. Que blefou, jogou uma cartada altíssima e perdeu.