Menos técnicos e
mais jogadores
De uns tempos para cá a mídia esportiva passou a dar um espaço desproporcional aos técnicos de futebol. É um tal de coletiva para cá, para lá. Após os jogos, eles sempre têm cadeira cativa nas salas de entrevistas.
Como se fosse absolutamente indispensável ouvir o que um técnico de futebol tem a dizer depois de cada jogo.
Olha que quem está escrevendo isso é autor de um livro chamado "Os 11 Maiores Técnicos do Futebol Brasileiro".
Não quero diminuir a importância dos técnicos, mas apenas equalizar. Os jogadores são as estrelas.
Muitas vezes um jogador é o nome do jogo e simplesmente não dá entrevista.
Trabalhei em um jogo da Portuguesa recentemente, não me lembro qual, e um garoto da base entrou e fez o gol da vitória. O repórter do SporTV foi entrevistá-lo e o Jorginho, hoje ex-treinador da Lusa, entrou no meio e disse que não, que ele não daria entrevista.
Pô, qual é? O cara faz o gol da vitória e não pode dar entrevista, realizar o sonho de garoto?
Mas o treineiro tá lá todo dia, estampando a marca do seu patrocinador.
Quando comecei nessa história de jornalismo esportivo as coisas eram bem diferentes. Não sei se melhores, mas diferentes.
A gente podia conversar com os jogadores e atletas livremente, sem escalas de horários impostas pelos assessores de imprensa. Que se registre aqui que alguns desses colegas trabalham muito bem e só tentam ajudar.
Acabava o treino, a gente chegava no jogador, trocava uma ideia, fazia uma matéria mais legal, humana. Passávamos dias sem falar com o treinador.
Hoje para conversar com um atleta parcece fila de repartição pública.Tem que ver se dá, se tem hora, se é a semana da escala.
Mas entra jogo, sai jogo e a sagrada coletiva do técnico esta lá. Muitas vezes eles citam o Renato Russo e falam demais por não ter nada a dizer. O que é ruim para eles próprios.
Talvez esse seja um dos fatores da valorização dos técnicos. Dessa Mourinhozação, se é que vocês me permitem.
Até porque hoje não temos grandes personagens nos bancos, como um Brandão, um Ênio Andrade, um Yustrich, um Saldanha. Gente que valia realmente a pena ouvir, que rendia coisa boa.
Então talvez nós mesmos, que estamos na mídia esportiva, pudéssemos pensar em abrir mais os microfones para os jogadores do que para os treinadores.
Tô certo, ou tô errado, perguntaria Sinhozinho Malta?
3 comentários:
Nori, vejo a coisa da seguinte forma: Quem tinha o que dizer e conseguia se expressar bem, encerrou a carreira ou está já na fase final (vide Rivelino, Ademir da Guia, Gerson, Zico, Junior, Falcão, Cerezo, Renato Gaúcho, Caio Ribeiro, Djalminha, Edmundo, Romário, Ronaldo Fenômeno, William Capita, Marcos, Rogério Ceni, etc). Desses que eu citei, alguns já atuam ou atuaram como técnicos. Outros, viraram comentaristas. E a nova safra de atletas, seja por midia training ou por não conseguir se expressar, quando dá entrevistas não diz nada. Tudo virou desrespeito ao adversário. Não pode mais haver provocação, não pode mais haver ousadia, não pode mais nada. Os treinadores por sua vez, seja pelo carisma que tem, por serem folclóricos ou simplesmente porque começou-se a pagar demais por seus serviços, precisam estampar a marca dos patrocinadores, que, com direitos adquiridos, querem explorar a imagem do profissional que eles ajudam os clubes a pagar. Atletas que falam bem, existem. Mas, orientados que são, fogem de toda e qualquer polêmica e até de análises mais profundas, e as entrevistas ficam vazias. Enquanto isso, tome o "pofexô" mais uma vez estampando a cara na telinha...
Técnico de futebol é uma raça em extinção...
Eduardo,
Os exemplos que você dá de "quem tinha o que dizer e conseguia se expressar bem" não condiz com a realidade.
Rivelino = semi-analfabeto, confuso, foi um jogador individualista que nunca entendeu coisa alguma de esquema tático. Suas declarações eram dispensáveis.
Ademir da Guia = Tímido, não era chegado a entrevistas.
Gerson = Indivíduo inculto, era quase incompreensível, posto que só se expressava em gírias cariocas.
Caio Ribeiro = Como jogador foi medíocre e, por isso, não era procurado para dar entrevista.
Djalminha = Foi um indivíduo asqueroso, nos tempos de jogador.
Edmundo = Tremendo Ofélia, só abria a boca para falar besteira.
Romário = Era hilário, quando se propunha à "sacanear" o Edmundo. Fora disso era um debochado, inconsequente, como, aliás, é até hoje.
Rogério Ceni = Fala qualquer bobagem que seja de seu interesse, mesmo que afrontando a inteligência alheia.
CONCLUSÃO: Você está se baseando, no fato de que, hoje, algumas destas figuras ganharam projeção como comentaristas e não no fato de ter assistido a entrevistas dos indivíduos nos tempos em que jogavam futebol.
Postar um comentário