segunda-feira, janeiro 31, 2011


Corrigindo informação


Há dias, no post sobre a crise do Vasco, escrevi que não havia rebaixamento para os grandes no Rio. Realmente, não havia, por força de um aditivo no regulamento, que caiu com o advento do Estatuto do Torcedor. Portanto, errei e agora corrijo. Cai quem tiver que cair no Rio.


Estaduais em banho-maria

Mesmo eu sendo um defensor assumido dos estaduais e de seu lugar na realidade econômica do futebol brasileiro, a coisa andaem banho-maria, cozinhando lentamente nesse início de temporada.

Não se viu ainda algo que empolgue. Pelo contrário, estamos assistindo ao drama de um gigante, o Vasco, e a um desfilar de times médios e pequenos abaixo da crítica.

Por dever do ofício, acompanho mais o futebol paulista no início da temporada, já que comento mais jogos dessa competição até que comecem Libertadores e Copa do Brasil.

Fui brindado com duas óperas-bufas de futebol mal jogado na semana passada. Prudente x Botafogo e Ponte x São Caetano fizeram com que a bola cobrasse adicional de insalubridade.

Com o tempo as coisas devem melhorar. Não é chororô de técnico e preparador físico o argumento de que misturar pré-temporada com jogos valendo ponto atrapalha o desempenho. É a pura verdade. O jogador na pré-temporada precisa fazer a base, forçar a preparação física, fazer trabalho muscular. O corpo fica preso e o cara tem que se virar com a bola rolando. Não tem como, o rendimento cai.

Ainda assim pintam coisas boas. Golaços como os de Cachito Ramírez, do Corinthians, e Thiago Neves, do Flamengo. Os inícios serenos de Palmeiras, Cruzeiro e Galo. O desfile de Elano, gastando a bola no Santos.

Pena que, esvaziado, o primeiro Gre-Nal do ano tenha sido frio.


sexta-feira, janeiro 28, 2011



Vascaínos, salvem o Vasco!

Ver time grande do futebol brasileiro metido numa crise como essa do Vasco me revolta. Porque é revoltante concluir que os times grandes do nosso futebol têm, na sua maioria, dirigentes pequenos. Muito pequenos.

Repito seguidamente que nenhum clube grande do futebol brasileiro sabe seu verdadeiro tamanho. Nenhum! Não conseguem se comunicar decentemente com seus torcedores, não exploram sua marca como deveriam e vivem pendurados em dívidas astronômicas. Mesmo tendo milhões e milhões de clientes fiéis.

A bola da vez é o Vasco. Um começo de ano tétrico. Uma ameaça no ar de rebaixamento moral para a segunda divisão estadual (que pelo regulamento não pode acontecer) que, espero, sinceramente, que não se concretize. Porque o Vasco dos verdadeiros vascaínos é enorme, muito maior que o Vasco dos seus dirigentes.

Confesso que alimentei esperanças e elogiei a eleição de Roberto Dinaminte para a presidência do Vasco. Pensei que haveria uma limpeza ética e de postura dos tempos de Eurico Miranda, cuja grande obra foi ter salpícado de antipatia um clube cuja história é linda.

Pois Roberto parece estar confirmando uma tese que defendo, a de que ter jogado futebol muito bem, como ele, não garante que alguém possa fazer bem qualquer coisa que não seja jogar futebol. Seja ela comentar, dirigir, treinar, empresariar, narrar etc.

O Vasco precisa de um tapa de modernidade. Em alguns aspectos é muito parecido com o Palmeiras. Ambos deixaram há muito tempo de ser times de colônia. São equipes de expressão internacional e muita torcida espalhada pelo Brasil. Mas infelizmente tem gente que acha que Vasco e Palmeiras ainda são apenas de portugueses e italianos e seus descendentes, o que apequena o pensamento e o horizonte dos clubes.

O Vasco tem nos vascaínos a solução para seus problemas. Nos verdadeiros vascaínos, não dos que usam e abusam do Vasco.

É preciso tirar a poeira do clube. Sempre que vou a São Januário fico admirado com a beleza da arquitetura do estádio, suas histórias, o conjunto aquático. Mas também fico boquiaberto com o lamentável estado de conservação do patrimônio histórico.

O Vasco não é Eurico Miranda. O Vasco não é Roberto Dinamite. O Vasco é de muita gente, faz parte da cultura brasileira. Não pode ficar escravo dos caprichos de dirigentes e de jogadores com pouco ou nenhum compromisso com coisa alguma, como sempre demonstraram ser Felipe e Carlos Alberto. O Vasco não pode ir a campo com um time tão fraco como tem ido.

Enfim, está no espírito de grande clube que foi, é e sempre será a recuperação.

Tenho muitos e grandes amigos vascaínos que estão com a alma machucada. Mas eles sabem a solução, o verdadeiro vascaíno sabe.

Enquanto não se libertarem das armadilhas de Conselhos Deliberativos presos ao passado e reféns de gente que bate no peito e diz que foi isso e aquilo, que é filho e neto de gente que foi isso e aquilo, os grandes clubes brasileiros seguirão assistindo a lamentáveis armações de dirigentes se perpetuando no poder.

Só os verdadeiros torcedores sabem o tamanho dos grandes clubes brasileiros. 

quinta-feira, janeiro 27, 2011


Grêmio: poderia ser melhor.


Corinthians: poderia ser pior.


As estreias de Grêmio e Corinthians na Libertadores deixaram algumas conclusões. O Grêmio encaminhou bem a classificação, mas poderia ter saído classificado do Centenário. O Corinthians se complicou no Pacaembu e poderia até ter se complicado muito mais pelo que não jogou.

O Grêmio pode creditar a um raro vacilo de Vítor o fato de não ter vencido o Liverpool no Uruguai. Tem mais time, teve mais bola, e tem a obrigação de confirmar no Olímpico. Renato Gaúcho tem o time do Grêmio nas mãos e com a atenção necessária em confronto eliminatório não deixará essa vaga escapar. O Grêmio tem a seu favor ainda os empates sem gols e por 1 a 1 no jogo de Porto Alegre.

O Corinthians foi um arremedo de time contra o Tolima. Deu sorte de o juiz ter marcado impedimento quando não havia num lance de gol anulado dos colombianos. Ronaldo e Roberto Carlos, que foram contratados para decidir jogos, ficaram longe, muito longe disso. E Tite segue sem saber o que fazer com o meio-campo do time em 2011.

De bom para os corintianos foi o fato de não ter sofrido gol, o que gera a situação de conseguir a vaga com um empate com gols. Mas o futebol provocou calafrios no torcedor.

Zaga complica o Santos

Uma atuação desastrosa da dupla de zaga e o bom trabalho de Luiz, goleiro do São Caetano, explicam o empate do Santos com o Azulão. Toda bola levantada entre Dracena e Durval levava pânico aos santistas. os três gols sofridos foram nessa jogada.

A variação no ritmo do time até se explica pelo início de temporada. Criou muito, perdeu um tanto e parou em Luiz e suas defesas.

Como o São Paulo obteve uma bela virada diante do Americana, a projeção de um grande clássico fica para domingo, o famoso San-São. Pela agilidade santista quando ataca e a temeridade quando defende, emoções não vão faltar.

quarta-feira, janeiro 26, 2011


Grêmio e Corinthians:


é proibido vacilar


A Libertadores começa hoje para gremistas e corintianos, já com um aviso na porta do vestiário e no coração dos torcedores: é proibido vacilar diante de Liverpool do Uruguai e Tolima da Colômbia, respectivamente.

Essa primeira fase da Libertadores pode parecer molezinha - e na teoria é mesmo para os brasileiros, na teoria - mas tem uma armadilha. É preciso entrar em campo uns 15 dias antes do previsto e do que aconteceria normalmente se os times estivessem direto na fase de grupos.

Com uma pré-temporada mulambenta como essa do futebol brasileiro, 15 dias fazem muita diferença.

O cartão de visitas de ambos não foi muito animador. O Grêmio perdeu Jonas, seu melhor jogador, de forma bizarra, numa negociação que mostrou absoluta falta de tato de todos os envolvidos para resolver de forma satisfatória econômica e esportivamente. O time gaúcho ganhou pouco dinheiro, Jonas se apresentará num momento em que a bola está rolando firme na Europa e em pleno inverno e deixará de jogar uma Libertadores no melhor momento de sua carreira.

O Corinthians jogou uma bolinha pequenininha contra o Noroeste e ainda não conseguiu encontrar uma peça que solucione o quebra-cabeças deixado com a saída de Elias.

Mesmo com tudo isso, tem que dar Grêmio e Corinthians no confronto. O Grêmio joga fora de casa e mesmo assim tem muito mais time que o Liverpool para resolver a parada hoje mesmo.

O Corinthians, no Pacaembu, também ostenta superioridade para aplicar um resultado suficiente para transformar em mera formalidade o jogo da volta.

Vamos ficar de olho.

Peixe Grande e a surpresa

Hoje volto ao trabalho de cabine com o companheiro Milton Leite para transmitir Santos x São Caetano, pelo Paulistão, em Barueri, 19h30.

O Santos tem sido um alívio futebolístico nesse início de temporada. Livre, leve e solto. Tomara que repita as atuações hoje, diante de um São Caetano que costuma dar trabalho ao Peixe.

Outro jogo interessante reúne Americana, a sensação do interior nesse começo de campeonato, e o reticente São Paulo, que em breve terá Rivaldo. O Americana é o Guarantinguetá que passou por uma operação de mudança de identidade e endereço, coisa normal nos dias de hoje, do futebol-empresário. Será o primeiro teste de verdade para o time, ante um São Paulo ainda mal resolvido, que vem de uma derrota no dia do aniversário de Rogério Ceni, para a Ponte. Deve dar bom caldo.

terça-feira, janeiro 18, 2011

sexta-feira, janeiro 14, 2011

De quem é a culpa?

Da natureza humana 


Desde sempre chove muito no verão no Brasil. Alguns anos mais, outros menos, mas sempre chove. No ano em que nasci, 1967, um naco gigante da Serra do Mar veio abaixo na altura de Caraguatatuba, provocando uma tragédia semelhante a essa que se repete agora na região serrana fluminense.

Já vimos esse cenário de horror, de flagelo e sofrimento em Santa Catarina, em Minas, em São Paulo, em quase toda parte desse País de gente cuja maioria é séria, sofrida, trabalhadora.

E o que foi feito nesse tempo todo? Desde que a ocupação urbana começou o caminho mais fácil foi ocupar, sem planejamento, sem análise, as áreas de várzeas de rios e suas margens.

Falo de São Paulo, onde moro. O Rio Tietê, essa cloaca urbana nojenta a atestar a roubalheira de décadas de dinheiro ali afundados para nada mudar, só alaga porque a cidade roubou uma área que era dele, as várzeas. A natureza é sábia, e o homem é estúpido. Não vê os sinais claros da natureza e teima em fazer tudo errado, sempre pensando em lucrar com uma comissãozinha aqui e outra ali.

Teresópolis, uma cidade linda, acolhedora, de paisagens deslumbrantes, não tem rede de esgoto, leio no noticiário. Também não tem política pública de ocupação de encostas, de construção em áreas de nascentes e florestas. Como quase todo o País não tem.

Angra dos Reis também não tinha, imagino. Como São Paulo não tem. E quem tem, não aplica, e o povo, vamos dizer a verdade, também não obedece, não colabora. Faz das ruas sua lixeira particular. Brasileiro joga bituca de cigarro pela janela do carro, papel de bala, de sorvete, de salgadinho, lata de cerveja. Já vi madame de BMW tragar e mandar a bituca voando pela fresta do vidrão blindado, enquanto certamente seguia para gastar milhares de reais na Daslu. Deu ao povo a bituca e os brioches.

Mas essa falta de educação é de rico e é de pobre. Não tem jeito. Somos um povo ainda incipiente na arte de respeitar o próximo.

Some-se a isso décadas de descaso do Estado, sob todas as legendas e ideologias. O presidente que saiu defendia a compra de um novo avião para a nova mandatária, argumentando que 12 horas de autonomia era uma vergonha. Pergunto eu, e a vergonha de quem teve a autonomia de vida reduzida por uma avalanche de lama e água numa madrugada escura?

O Brasil tem um déficit habitacional de 5,8 milhões de moradias. Quase 24 milhões de vidas. Mais que um Chile, quase uma argentina, se colocarmos 4 pessoas em cada moradia, em média.

Será que os mensaleiros, os aloprados, os lobistas de empreiteiras dormem tanquilo sabendo que com parte da propina que eles pedem se poderia construir milhares de casas?

E o que dizer da maior cidade do País, que tem 400 mil imóveis desocupados (1,6 milhão de brasileiros poderiam viver neles) e a cada dia sobe um prédio novo, no insaciável avanço da especulação imobiliária. Aqui perto de onde moro os prédios tomam área das calçadas, das ruas e ninguém faz nada.

Sempre é mais fácil culpar a Natureza por uma chuva espetacular, acima da média, imprevista, inesperada. Os governos de todas as esferas devem gastar mais com a propaganda dizendo que construíram duzentas casas populares do que com a construção das mesmas.

As tragédias são tão mais competentes que os governantes brasileiros que são democráticas. Elas ceifam vidas pobres, de classe média e ricas. Do pó viemos, mas isso não quer dizer que precismos voltar para baixo de toneladas de lama, com nossas famílias e amigos, enterrados nesse mausoléu de roubalheira, no esgoto político-administrativo do Brasil.

Mas assim é a natureza humana. A culpa é de São Pedro! Nunca choveu tanto assim! Onde foi parar a Mata Atlântica que segurava as águas, que devolvia as mesmas limpas? No bolso dos grileiros, dos empreiteiros, dos mateiros.

Roberto Carlos, profético na belíssima O Ano Passado, já avisava: quem briga com a natureza/envenena a própria mesa.

Já pensaram no que pode acontecer em mais 50 anos de destruição? A mudança no regime das chuvas no Sudeste pode ser dramática se a Amazônia for desmatada e virar um cerradão.

Enfim, tem tanta coisa para reclamar que resolvi dar uma passada no blog e interromper as férias para dar meu grito. Que por sorte não é de dor, de pavor, é de alerta. De solidariedade, de tristeza.

Não pode ser sorte ou azar estatístico que morra menos gente na enchete da Austrália do que na brasileira.  Foram mais de 800 mortos em um terremoto no Chile e enquanto escrevo esse texto mais de 500 pessoas perderam a vida no Rio em virtude da chuva. Os números gritam, esperneiam.

Mas é muito mais urgente aumentar o salário dos deputados, depressinha, porque ninguém é de ferro.