sexta-feira, agosto 29, 2008

MADONNA, 25 ANOS DEPOIS


O ícone pop Madonna vem aí e está atiçando os fãs do Brasil, provocando até um show extra em São Paulo. Não sou exatamente um fã da Madonna cinquentona. Mas 25 anos atrás também fui atingido pelo furacão pop que ela provocou. Nos idos de 1983 Madonna era uma grande novidade para os adolescentes brasileiros, que tinham a chance de consumir música pop como talvez nenhuma outra gera,ão de adolescentes tivesse feito antes daquela. Eram os tempos da explosão do pop/rock nacional, de muita música nova chegando, do início da MTV, logo depois pintou o Live Aid.
Madonna se vestia mal, cantava mal, não tocava instrumento algum e, mesmo assim arrebatou milhões pelo mundo. Era uma estética meio punk no sentido de, musicalmente, no aspecto técnico, ser pobre, limitada, mas de apelo popular imediato. Eu gostava da Madonna daqueles tempos. Despretensiosamente pretensiosa, sem se meter a ditar regras, mas deixando que seu estilo, digamos, sem estilo, fosse dominando o mundo. A música era simples, mas cativante. Uma overdose de produção maquiava a fragilidade vocal da cantora. Mesmo assim, ela emplacava sucesso após sucesso.
Dessa época eu curtia Hollyday e, especialmente, Borderline. Músicas simples, diretas, para consumo imediato, e que faziam sucesso nas pistas de dança abarrotadas de adolescentes com gel no cabelo, camisas verde-limão, laranja-berrante e sapatos dockside sem meias.
O tempo passou e Madonna foi com ele. Enquanto era descaradamente pop eu gostava. Fui ao primeiro show dela em São Paulo, lá por 93 ou 94, acho. Tudo bem que o Morumbi é um dos piores lugares pra se ver um show, mas para mim foi muito barulho por pouca coisa. Já estava ali uma artista que para mim soava apenas pretensiosa, num espetáculo grandiloquente, mas jamais grandioso. Havia uma intenção declarada de tentar chocar. Mas um choque de mentirinha, de bastidores. O impacto inicial em que Madonna misturava uma pretensa inocência com aquele jeitinho sacana já tinha se perdido.
Quanto mais Madonna foi se levando a sério, mais chata foi ficando para mim. Principalmente quando flertou com a música eletrônica, que não me atrai muito.
Talvez seja eu o coroa de 41 anos que não tem mais cabeça para entender o fenômeno. Mas Madonna arrebatava também crianças em seus primórdios. Hoje não vejo crianças gostando de Madonna. Elas foram todas cativadas por outros fenômenos, como High School Musical e Camp Rock.
Madonna, para mim, se aproxima cada vez mais do que são hoje os Rolling Stones, uma banda cover deles mesmos. Perdeu-se o espírito quase juvenil, de surpresa, que tirava magia de músicas banais, com teclados quase de brinquedos, e uma voz precária. Madonna hoje canta muito melhor do que em 83, arrisca tocar um violão e uma guitarra, é uma artista engajada, que até atriz já foi.
Mas eu ainda fico com a moça despretensiosa do clipe de Borderline, que deixo aqui para os nostálgicos como eu.

terça-feira, agosto 26, 2008

AS DUAS VITÓRIAS DO
VOLEIBOL EM PEQUIM


Não há dúvidas de que o voleibol brasileiro se firmou como uma ilha de excelência no esporte brasileiro nas Olimpíadas de Pequim. A medalha de ouro no feminino já chegou atrasada, era para ter acontecido há algum tempo. No masculino, a prata não pode ter gosto de derrota, dadas as circunstâncias e ao nível de equilíbrio por que passa a modalidade atualmente.
Começo pelo masculino. O Brasil disputou com os Estados Unidos simplesmente a possibilidade de igualar-se à extinta União Soviética com três títulos olímpicos. Perdeu, mas já fez muito. Dois títulos mundiais e dois títulos olímpicos em 31 anos de trabalho profissional iniciado com a disputa do Mundial Juvenil de 1977, no Brasil. Ali nasceu a geração de Renan, Montanaro e cia.
O Brasil se transformou na mola propulsora do voleibol, das inovações táticas (que começaram em Barcelona, 92, tema ao qual voltarei mais adiante). Todos querem jogar como o Brasil. Os Estados Unidos, no masculino, conseguem. A escola é parecida, mais baseada na técnica e na velocidade do que na força. No vôlei anterior ao Brasil de 1992 usava-se o termo jogador universal para classificar o atleta capaz de executar bem todos os fundamentos. Exemplos: os fenomenais Karch Kiraly e Renan.
A seleção masculina dos EUA, em 2008, tinha jogadores versáteis, capazes de atacar e bloquear com força e técnica e também dar volume de jogo, com muita capacidade de defesa e improvisação. A final foi equilibrada e decidida em detalhes. Dois jogadores americanos desequilibraram: o levantador Ball e o oposto Stanley. Com 36 e 33 anos, sabiam que jogavam suas últimas Olimpíadas e deixaram tudo em quadra. Assim como o Brasil. Nos detalhes, o time americano foi mais completo e preciso. O que não diminui o tamanho da vitória contextual brasileira, por permanecer oito anos no topo.
É cabotino, pra dizer o mínimo, quem fala que Ricardinho fez falta, que se ele jogasse o Brasil venceria. Marcelinho disputou uma bela competição. É preciso saber perder. Com o nível de jogo mostrado pelos EUA, o Brasil provavelmente também perderia com Ricardinho.
Vem aí uma renovação que deve fazer o Brasil se aproximar um pouco mais do padrão europeu de jogo, com mais altura e força, mas sem perder a técnica e a velocidade.
No feminino, o grande vencedor foi o técnico Zé Roberto Guimarães. Fez história. Campeão olímpico com os homens em 92 e com as mulheres em 2008. Fato inédito. Em 92, Zé Roberto revolucionou o voleibol. O dilema era encontrar um lugar para três atacantes que jogavam como ponteiros: Tande, Negrão e Giovane. O dilema era reforçar o bloqueio e não perder a capacidade ofensiva de Negrão. O que fez o treinador: colocou Negrão para fazer a diagonal do levantador Maurício, mas bloqueando no meio em duas passagens da rede. Carlão faria a outra passagem. Com isso, Negrão passaria a atacar da saída da rede, e o Brasil teria ele, Tande e Negrão, uma força ofensiva descomunal. Negrão passava a ser o que se chama hoje de oposto, um jogador que atua na diagonal do levantador mas não tem mais a responsabilidade de passar e, eventualmente, levantar, como acontecia antigamente. Por causa do Brasil de 92 surgiu o líbero e o vôlei tem a cara de hoje.
Mas voltando às meninas do Zé, além do parão tático e da nova disposição física do time, processo esse iniciado por Bernardinho, a postura foi outra. A regra: MENOS MUSAS E MAIS ATLETAS, JOGADORAS DE VOLEIBOL. MENOS INTERESSES INDIVIDUAIS E MAIS INTERESSES COLETIVOS.
As decisões dentro de quadra foram muito mais sensatas, coletivas, de equipe. Fofão brilhou, mostrando que já poderia ter sido titular há muito tempo. Mari se recuperou da enrascada que sobrou para ela em Atenas, quando gente de mais responsabilidade encurtou o braço, literalmente.
O vôlei brasileiro entrou num ciclo virtuoso. A molecada quer jogar voleibol. Ao ponto de o basquete, decadente, se alimentar das sobras do voleibol, dos jogadores altos que não passam nas peneiras. Resultado de um trabalho profissional de excelência. Sempre houve bons jogadores e bons formadores de jogadores no Brasil. A partir dos anos 80, com recursos, intercâmbio e investimento em ciência do esporte, aconteceu a explosão.
Um exemplo para as muitas ilhas de incompetência do nosso esporte.

QUEM FOI A GRANDE ESTRELA

DAS OLIMPÍADAS DE PEQUIM?


A) Usain Bolt

B) Yelena Ysimbayeva

C) Michael Phelps

D) O basquete masculino dos EUA

E) O vôlei feminino do Brasil

sexta-feira, agosto 22, 2008

GOSTAR DE ESPORTE É

UMA COISA. POTÊNCIA

ESPORTIVA, É OUTRA


Brasileiro gosta de esporte. Muito mais de futebol, ainda mais de ver vitórias de outro brasileiros, mas, em geral, gosta de esporte. Sempre que chega uma edição dos Jogos Olímpicos, vem a conversa de ser potência olímpica, de ganhar mais medalhas etc.
Vejo da seguinte forma: o Brasil é um País de gente que gosta de esporte, que pratica razoavelmente, que produz alguns fenômenos esportivos (tudo isso deixando o futebol de lado, como capítulo à parte), mas que não tem política esportiva, não tem cultura esportiva, um projeto para a massificação e o crescimento do esporte.
Como sonha com um projeto de potência esportiva se alguns ainda discutem a desregulamentação da profissão de professor de educação física? Ou como sonhar com mais medalhas como a de Maurren Magi? Ou de César Cielo?
Analiso o esporte de competição e o de formação de maneiras diferentes. Não penso que o Comitê Olímpico tenha como obrigação de fomentar a prática esportivo. O COB tem que cuidar do esporte de competição de alto nível, do topo da pirâmide. Fomentar a prática desportiva e criar mecanismos de incentivo, preparação e desenvolvimento do esporte é função dos GOVERNOS.
O esporte brasileiro de competição se formou com base nos clubes sociais desportivos. O garoto aparecia numa cidade do interior, ou fazia um teste na capital, a garota jogava bem na escola. Ambos eram encaminhados a um clube. Passavam a disputar campeonatos, eram convocados para seleções estaduais, para seleções nacionais de base e, enfim, chegava ao nível internacional se tivesse capacidade técnica e talento para tanto.
Esse modelo, ainda vigente, não se sustenta mais. Não existirá jamais massificação e produção de bons atletas em alta escala se, na base da pirâmide não estiver a educação. MENOS PARA PRODUZIR CAMPEÕES OLÍMPICOS E MAIS PARA CRIAR CIDADÃOS MELHORES E MAIS SAUDÁVEIS.
O esporte é a mais perfeita imitação da vida que conheço. A história de Maurren Magi, a primeira mulher campeã olímpica brasileira em provas individuais, prova isso. Ela desceu ao fundo do poço para depois subir ao Olimpo. Quantas pessoas no seu círculo social já não passaram por situações como essa?
Tive a sorte de nascer numa família que me deu a condição, graças ao esforço de meus pais, de ter uma boa vida, confortável, com boa educação e acesso ao esporte. Pude viver uma rotina de atleta por cerca de dez anos. Cheguei até a ganhar algum dinheiro como atleta. Não tinha talento para o alto nível, mas aprendi muito. Tenho certeza que o cidadão em que me transformei, o pai que tento ser, o profissional, tudo isso foi moldado com a ajuda do esporte.
É nisso que as pessoas precisam pensar, antes de sonhar com medalhas e glória.
É preciso introduzir o esporte no dia-a-dia dos brasileiros, incutir sua prática como algo necessário e indispensável para se criar uma onda que leve aos seguintes processos: massificação, especialização de profissionais, estrutura de treinamento e projeto competitivo em alto nível.
Como disse a psicóloga Regina Brandão, em entrevista ao Juca Kfouri, na CBN, "não se pode cobrar excelência de quem não é excelente". E salvo alguns fenômenos, o brasileiro não é excelente no esporte. E o esporte brasileiro está longe da excelência.
O sucesso do vôlei prova isso. Sempre houve bons jogadores de vôlei no Brasil. Pouca gente praticava, a estrutura era amador. Houve um planejamento, a partir de 1977, para mudar isso. Foi investido dinheiro na formação profissional, no intercâmbio. Vieram resultados, a explosão de popularidade aconteceu. Havia profissionais prontos para absorver a procura, e grandes times se sucederam. Hoje, 31 anos depois, o Brasil é finalista olímpico masculino e feminino.
Mas o melhor disso tudo é que muitos garotos que poderiam estar usando drogas, roubando ou simplesmente vendo a vida passar sem fazer nada, vão procurar o voleibol. Poucos chegam a ser um Renan, um Giba. Mas muitos podem ser professores de educação física, médicos voltados para o esporte, enfim, buscar um sentido na vida através do esporte.
É assim que vejo a formação de uma mentalidade esportiva. Isso é muito mais do que apenas ganhar medalhas.

terça-feira, agosto 19, 2008

O FUTEBOL BRASILEIRO
PRECISA DE RECICLAGEM


Menos pela derrota para a Argentina, que é normal, afinal eles são quase tão bons como a gente no futebol. Mais pelo momento, pelas reações, pelo que vimos na Copa de 2006 e estamos vendo nas Eliminatórias e no Campeonato Brasileiro. O fato é que está na hora de se reciclar o futebol que se joga no Brasil e também o que é praticado pelos brasileiros com a camisa da Seleção.
Estão descendo a lenha no Dunga, mas ele é café pequeno. Dunga é um peão perdido num tabuleiro de xadrez no qual há rainhas e reis muito mais importantes se movendo.
Ao aceitar um desafio para o qual nunca esteve preparado, Dunga deu a cara para bater e deve ser o primeiro a levar o tapa. Seu cargo está por um fio - apodrecido. Registre-se que ele em todo esse tempo à frente da Seleção ainda não encontrou um time titular, um jeito de jogar, um perfil futebolístico. Ganhou a Copa América baseado num esquema medroso, congestionando o time com volantes marcadores e contando com um dia inspirado na final, ante uma Argentina amedrontada. Mas o que ficou da Copa América, tirando o batalhão de volantes?
O que ficará da derrota em Pequim? A derrota de um time que foi um factóide, uma equipe olímpica que fez quatro amistosos e um punhado de treinos. Dunga, que é um técnico improvisado, talvez tenha acreditado que as improvisações dessem certo mais uma vez, como em tantas outras na história do futebol brasileiro. Só que não existem mais gênios que possam bancar improvisos e desorganização. Hoje existem craques fora de forma e sem espírito competitivo, como os Ronaldos. Bons jogadores que dificilmente jogam bem na Seleção, como Diego e até mesmo o Robinho em alguns dias. Jovens talentosos que não tiveram a oportunidade de unir esse talento em forma de time, conjunto. No esporte de alto nível não se junta mais uma equipe no aeroporto e está tudo pronto, o talento resolve. Assim fosse e o basquete americano não perderia uma. Já perdeu algumas e precisou juntar seus grandes craques, formar um time, trabalhar duro para buscar a recuperação. Estive na Copa América e vi todos os treinos da Seleção na Venezuela. Impossível fazer um time com aquele padrão de trabalho.
As idéias gerais de jogo de Dunga refletem o pensamento futebolístico em voga no Brasil há muito tempo. Tudo gira em torno dos laterais, são eles as molas propulsoras, os jogadores que conduzem os times ao ataque. Para ficar com o exemplo mais quente, a Argentina vai ao ataque com Messi, Riquelme e até mesmo com Mascherano. Existe uma proposta de jogo, uma maneira de se fazer as coisas acontecerem. O Brasil ficou esperando Rafinha e Marcelo passarem. Como fazem a maioria dos nossos times.
Também tive o prazer de ver de perto a Uefa Euro 2008. Joga-se um futebol, literalmente, de outro mundo entre os europeus. Há novas idéias, conceitos arejados. Os pontas e os meias estão florescendo novamente. Fala-se pouco e joga-se mais. Por aqui parece ter mais valor reclamar de arbitragem, procurar culpados ocultos.
Dia desses conversei com o grande José Ely de Miranda, o Zito do Santos e da Seleção Brasileira bicampeã do mundo em 58 e 62. Ele se confessou preocupado com o futuro do nosso futebol. Dino Sani, outro monstro, também. Muricy e Luxemburgo falam disso toda hora.
Enquanto o interesse maior for disputar amistosos contra equipes fracas em troca de cotas fortes, enquanto as categorias de base forem dominadas por empresários, enquanto se respirar mais economia do que futebol nas altas esferas, a situação talvez não mude.
Sempre se acreditou que o futebol brasileiro fosse uma fonte inesgotável de craques. Uma olhada rápida pelos jogos das Séries A e B faz com que até um entusiasta dos jogadores brasileiros, como eu, fique assustado.
Há tempo e profissionais capazes de ainda reverter o processo. E, felizmente, ainda aparecem jogadores. Mas enquanto a força condutora de tudo isso não perceber que há algo errado no processo, não será mais um ponto fora da curva o Brasil não ter uma medalha de ouro olímpica no futebol, estar em quinto nas Eliminatórias e em sexto no ranking da Fifa. Por que é a bola que se joga aqui está cada vez mais com cara de ponto fora da curva.
Resta saber se o futebolês estabelecido estaria disposto a abrir mão de vaidades, interesses pessoais e afins para mudar tudo isso. Porque o Brasil não é tão forte no futebol como os Estados Unidos são no basquete. E até esse império americano já caiu. Portanto.....
E AGORA, DUNGA?

segunda-feira, agosto 18, 2008

CHOROS, VACILOS, VITÓRIAS

E A VARA QUE DESAPARECEU.

É O SHOW DA VIDA EM PEQUIM

Entre choros, vitórias, derrotas e o sumiço inexplicável de uma vara tenho tentado acompanhar, na medida em que o sono permite, as madrugadas olímpicas. Admito que sou um torcedor daqueles que sempre acredita na grande vitória, no resultado histórico. É esse torcedor que briga com o analista durante as madrugada. Vejamos o caso do handebol. Adoro esse esporte, acho sensacional em termos de plasticidade, tática e talento individual. Mas torcer para o Brasil é duro. Porque a vitória fica ali, se oferecendo, pedindo para ser conquistada, e o Brasil ainda não aprendeu a seduzi-la no handebol. O jogo masculino contra a Espanha foi de doer. Dois contra-ataques desperdiçados bestamente representaram o fim do sonho. Felizmente, o analista de plantão dentro de mim dá uma bronca no torcedor e lembra que o handebol está crescendo de maneira consistente.
O momento do handebol brasileiro lembra muito o do voleibol no início dos anos 80, antes do grande salto de qualidade. Lembro de uma doída derrota do vôlei masculino para a Iugoslávia em Moscou-80. Jogo ganho e o Brasil perdeu, desperdiçando a chance de brigar por medalha. Mas ela chegou em 84. Talvez seja o caminho que o handebol vai percorrer. Falta ainda apuro tático, concentração e, principalmente, jogar mais contra os grandes, aprender, pegar cancha.
Outro tema recorrente nas madrugadas olímpicas é o choro de alguns atletas brasileiros. Há casos que são tocantes. Diego Hypólito, por exemplo, não precisa nunca pedir desculpas de nada ao povo brasileiro. Há outras categorias e outro tipo de gente que precisa, e muito, pedir desculpas. Ele não. O que aconteceu é do esporte, ele fez o seu melhor, tem e fez história. Há o choro crônico da Jade Barbosa, que merece análise profissional. Evidentemente, falta a ela balancear talento com equilíbrio emocional. Tem muito talento. O choro do Eduardo Santos, do judô, me parece um choro tipicamente brasileiro, da dor de uma derrota esportiva de quem já conseguiu vencer na vida quando tudo jogava contra ele.
O choro da Fabiana Murer é de raiva. Como pode sumir um material de competição, um instrumento de trabalho de um atleta, em plena disputa das Olimpíadas? Não pode. eu acho até que ela foi respeitosa demais com a organização de Pequim. Resta agora solucionar o caso da vara sumida. Onde ela desapareceu, quem se responsabilizará?
E por falar em salto com vara, que fenômeno é esse que reúne mulheres tão bonitas na mesma prova?
E o choro do César Cielo, banhado em ouro? Mais um fenômeno do esporte brasileiro. Fico imaginando quantos outros como ele, João Carlos de Oliveira, Gustavo Borges e tantos outros existiriam se houvesse uma política esportiva nesse País. Duro mesmo é ver o sucesso de Quênia, Jamaica e outros países tão ou mais pobres, sem tantas condições e sem tanto marketing olímpico conseguirem muito mais.
Com algumas madrugadas ainda pela frente, resta saber que tipo de choro virá por aí? Porque tem vôlei, de quadra e praia, iatismo etc.

quarta-feira, agosto 13, 2008

O CANHÃO ESTÁ DE VOLTA!!!!!


Segue o linnk para o novo blog do amigo Carlos Cereto, o melhor repórter de transmissão da TV brasileira, que atualmente desfila seu talento pelas ondas da Rádio Globo.

http://cereto.wordpress.com/

domingo, agosto 10, 2008

GRÊMIO É O TIME DA MODA

Só não reconhece quem não quer ou é bairrista. O Grêmio está na crista da onda, é o time da moda no Brasileirão. Com todos os méritos. joga bem, é consistente e somou à sua tradicional regularidade em casa alguns pontos importantes. O primeiro deles, joga fora de casa como nenhum outro time até agora. O segundo, é um time que detesta desperdício. A chance aparece, o Grêmio guarda. É por isso que mereceu - e muito - o título simbólico e o reconhecimento nada simbólico de melhor time do País na primeira metade do Nacional.
A poupança acumulada pelo Grêmio em jogos fora de casa desenha uma tarefa difícil para seus principais adversários, Cruzeiro e Palmeiras. Os antigos Palestras são ótimos jogando em casa mas ainda não atingiram o nível do Grêmio quando saem de seus domínios.
É cedo para cravar o Tricolor gaúcho como provável campeão, mas nunca é tarde para reconhecer que o time é bom, forte e consegue recuperar jogadores que não rendem nada longe do Olímpico.
Como bairrismo não faz parte do meu vocabulário e tenho enorme respeito e admiração pelo futebol, cultura e povo gaúchos, daqui da Terra da Garoa vai um parabéns e o merecido reconhecimento ao Grêmio como, atualmente, o melhor time do Brasil. Só não vê quem não quer.

quinta-feira, agosto 07, 2008

COMO É QUE O SANTOS FOI SE
METER NESSA SINUCA DE BICO?


Imagimemos a seguinte situação: um torcedor do Santos deixou o Brasil em 2004 para viver isolado do futebol, morando em algum rincão da Nova Zelândia ou do Nepal, sem acesso a Internet, rádio, TV, nada. De repente, terminado o período sabático, ele retorna ao Brasil em agosto de 2008. Citando o famoso personagem do Jô Soares, o santista pediria: "tira o tubo!"
Em 2004 o Santos era o grande time do Brasil. Tinha sido campeão nacional daquele ano e em 2002, além de vice da Libertadores em 2003. Acabara de revelar a última grande geração de talentos do futebol brasileiro, com Robinho, Diego, Elano, Léo etc. Era um clube cheirando a tinta, com CTs, obras no estádio, patrocinadores bombando. Ainda seria bicampeão paulista em 2006 e 2007. Com poder para repatriar jogadores há muito na Europa e Wanderley Luxemburgo, após uma rápida passagem pelo Real Madrid.
Havia nos cofres do Santos uma fortuna. Só com a venda de Robinho foram cerca de 70 milhões de reais. Antes tinham saído Diego, Renato, Elano, Léo.
O Santos acabava de ressurgir de um longo período em que foi apenas coadjuvante. Uma época em que foi a negação de sua gloriosa história, do maior time do mundo, onde jogou o maior de todos, ao lado de alguns dos maiores de todos.
A pergunta que deve passar pela cabeça de todos os santistas é a seguinte: como é que tudo isso foi acontecer?
Analisando a história recente de dois dos maiores rivais, Palmeiras e Corinthians, o santista talvez encontre algumas coincidências. A maior delas é o fato de o Santos ter, literalmente, um dono, há muito tempo: o presidente Marcelo Teixeira. Como o Palmeiras tinha um dono, Mustafá Contursi, e o Corinthians também, Alberto Dualibi. O Palmeiras foi parar na Série B após um período de glórias e só agora começa a se reposicionar. O Corinthians viveu semelhante calvário, do qual começa a sair, ainda na Série B. Foram clubes tocados como estados autoritários durante um longo período.
No caso de Teixeira, é preciso reconhecer que ele teve coragem, que, pelo que se sabe, colocou muito dinheiro do próprio bolso, ou dos cofres das empresas familiares, para ajudar o Santos, que vivia uma situação terrível. Seria justo que, uma hora, ele sacasse esse investimento. A questão é que quando uma instituição é administrada por dez anos ou mais por uma mesma pessoa, ambos, instituição e pessoa, passam a se confundir em uma coisa meio amorfa, sem muita definição, que depois de um certo tempo não cheira bem. Onde termina o Santos e começa a família Teixeira?
O resultado é que o Santos, que era o maior vencedor do novo século, hoje está terrivelmente ameaçado de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Na cidade de Santos e na Vila Belmiro muita gente pergunta se acabou todo o dinheiro arrecadado com a geração de 2002. Que foi um golpe de sorte muito bem administrado pelo Santos. A sorte uma hora acaba e a competência precisa se estabelecer.
Para os santistas, infelizmente, o que se vê passa longe da competência. Pode-se falar qualquer coisa de Emerson Leão, mas ele vinha recuperando o Santos, dando alguma forma a uma equipe destroçada no início de 2008. Havia uma rota a ser seguida. Enquanto ainda era técnico do Santos, ele soube que o clube procurava outros treinadores. Veio Cuca, e sua cabeça de trevo. Bom técnico, mas um bom líder? Não tem como ser bom líder, comandante, alguém que muda de idéia a cada dia. Que entrega o cargo aqui, volta atrás ali, pensa e repensa a toda hora. Que soldado acreditaria num general reticente em pleno campo de batalha?
Ainda assim, Cuca é o menos culpado. O falecido repórter santista Ibrahim Mauá costumava pontuar seus boletins na rádio Jovem Pan chamando a cidade de Santos de "terra da caridade e da liberdade". Talvez seja um pouco disso que esteja faltando ao Santos. Liberdade para que novas caras e idéias possam gerir o clube. Caridade para que todas as pessoas envolvidas no processo do clube de futebol possam ter um pouco mais de tranquilidade.
Ir à Vila Belmiro sempre foi um prazer. É um templo do futebol, um estádio aconchegante, ótimo para se ver o jogo, numa cidade bonita e hospitaleira. Atualmente, ira à Vila é perigoso para jogadores, torcedores, dirigentes e jornalistas. Há um clima de guerra e de ameaças no ar. Só quem perde com isso é o Santos. Não tenham dúvidas de que um jogador hoje procurado para atuar no clube pensa duas, três vezes antes de aceitar.
A pressão política no clube é enorme. Envolve setores da imprensa santista. Fora isso, a cidade reúne inúmeros ex-atletas, alguns deles foram craques de nível mundial. Pela qualidade de vida, foi escolhida como residência por dezenas de treinadores. Em suma, a cada prenúncio de crise existem muitos nomes prontos para assumir o Santos, alguns se oferecendo inclusive.
De nada vai adiantar a torcida agredir dirigente, jornalista, brigar com ela mesma. Só tende a piorar as coisas para o Santos, pode gerar punições.
O Santos agora precisa dos verdadeiros santistas. De um nome de consenso para administrar a crise e evitar a mais dolorosa das consequências, o rebaixamento. Porque já passou da hora de se tomar alguma providência. E aquele papo de o time não cai já ficou pelo caminho. Tantos outros caíram em processos semelhantes. Como cantou Beto Guerdes, "a lição sabemos de cor, só nos resta aprender". Que os santistas de bem aprendam enquanto é tempo.

quarta-feira, agosto 06, 2008

CLUBES X SELEÇÕES:
A GUERRA DA BOLA


Há tempos defendo essa tese. Não é possível a coexistência pacífica entre clubes e seleções no atual cenário do futebol. Sempre que cito isso participando de algum programa no SporTV sou chamado de exagerado, de catastrofista. Pois está aí a última polêmica sobre o tema, no caso da decisão da Corte Arbitral do Esporte liberando clubes da obrigação de ceder jogadores para suas seleções nacionais nos Jogos Olímpicos.
A questão é cristalina. O futebol é um baita de um negócio atualmente. Negócio do qual a Fifa ainda é dona de uma grande e atraente fatia: a Copa do Mundo. Acontece que o dinheiro circula e rende mais entre os clubes. Basta citar como exemplo o fato, puro e simples, de que a Liga de Clubes Campeões da Europa paga mais que a Eurocopa de Seleções. Um clube de futebol bem administrado é uma máquina de fazer dinheiro na Europa. E de pagar muito dinheiro a seus principais jogadores. O atleta profissional atualmente é uma commodity. E por que diabos um clube vai ceder esse bem valioso para que ele brilhe por uma seleção nacional, usando um raciocínio puramente maniqueísta? Já estão terminando os tempos em que, para ser valorizado, um atleta precisava jogar por sua seleção nacional. Curiosamente, esse fenômeno ainda está vivo no Brasil. Muitos jogadores são convocados pela Seleção para um, dois jogos e, depois de vendidos, somem do mapa da CBF.
Fico imaginando se o Barcelona, o Real Madrid, o Chelsea, o Milan estariam preocupados com as seleções dos países em que estão situadas suas sedes. Por que essas instituições são multinacionais do esporte. A Espanha foi campeã européia e isso não muda uma vírgula na rotina do Barcelona. O clube catalão - assim como seus colegas do grupo de times mais ricos do mundo - seguramente está mais interessado em seus compromissos no torneio espanhol e na Liga dos Campeões. Aliás, tenho certeza de que, se dependesse desses clubes bilionários, eles já estariam, há tempos, jogando uma Superliga Mundial entre eles, ano a ano, sem querer saber de times médios e pequenos - ou pobres.
A Fifa, sempre esperta, percebeu que estava perdendo terreno nessa disputa por cifrões. Se assim não fosse, porque teria resolvido, depois de muitos anos de puro desinteresse, criar seu Campeonato Mundial de Clubes? Ou, então, inventar a Copa das Confederações? Ela quer as grandes estrelas atuando para os seus patrocinadores e não apenas para os clubes.
Enquanto isso, no Brasil, os grandes clubes, pessimamente administrados, ainda são escravos de práticas pré-históricas. Precisam que seus jogadores passem por um período de "engorda" na Seleção, ganhem uma suposta "valorização" por isso (como se uma convocação valorizasse alguém) e encham os bolsos de seus empresários com uma negociação.
Alguém poderia imaginar um time brasileiro entrando na Corte Arbitral do Esporte?
A guerra ainda está nas primeiras batalhas e é difícil prever algum movimento. Exauridos por um calendário que beira o irracional, os jogadores pagam um alto preço com contusões e chegam à Copa do Mundo, que ainda é a jóia da coroa, no limite de sua capacidade física. Como qualquer recurso natural, o atleta tem sua capacidade, que está próxima do esgotamento.
Mas não há limite para a ganância empresarial. Resta saber, certamente em mais alguns anos, quem levará a melhor: o dinheiro dos clubes ou o dinheiro e a política da Fifa?

NOSTALGIA OLÍMPICA

Lembro-me até hoje do momento em que pisei em Barcelona para a cobertura das Olimpíadas de 1992. Do benvinguts (bem-vindo em catalão) quando peguei minha credencial. Alguns que frequentam esse espaço sabem, muitos não. Fui atleta durante uns bons dez anos. Um razoável jogador de vôlei que até ganhou um dinheirinho com o esporte. Tive meus sonhos de, um dia, jogar uma Olimpíada. Interrompidos, claro, pela falta de talento compatível. Acabei realizando o desejo de outro modo, trabalhando como jornalista. Por vários motivos, jamais voltei a fazer parte da família olímpica. Abri mão disso para Sydney-2000, sabendo que estava tomando a medida mais justa profissionalmente e sendo o mais correto possível com dois grandes amigos que eram, naquela época, por mim chefiados. Em outras ocasiões não quiseram que eu fosse.
Lembro-me como se fosse hoje da fantástica vitória do espanhol Fermín Cacho nos 1.500 metros, da frustração com a eliminação de Sergei Bubka, da alegria incontrolável com a vitória do vôlei masculino, de ver Carls Lewis, Jim Courier, Summer Sanders, o Dream Team, grandes mitos do esporte desfilando pela Vila Olímpica.
Para quem ama o esporte de verdade, a Olimpíada é como ir à Disney. Pena que haja tanta perfumaria envolvendo a cobertura esportiva hoje em dia. Porque existem histórias maravilhosas pipocando. Felizmente, ainda existem - cada vez menos - boas penas e microfones dispostas a contá-las.

terça-feira, agosto 05, 2008

ABSURDO NA GÁVEA


Lamentável, pra dizer o mínimo, o que aconteceu no treino do Flamengo. Vaiar, tudo bem. Mas invadir o local de trabalho de um profissional para jogar um rojão e, inclusive, atingir atletas com estilhaços...
Onde essa imbecilidade vai parar?
Sinceramente, gostei da reação dos jogadores do Flamengo. Não se pode aceitar isso calado. O Flamengo parou de ganhar, mas os jogadores não deixaram de correr, de lutar e de trabalhar. O futebol é a profissão deles. E qual seria a daqueles que, durante um dia de semana, em horário comercial, têm tempo para jogar rojão em trabalhador?
Como entraram no clube? Quem autorizou? São sócios do Clube de Regatas do Flamengo?
Estou solidário aos jogadores de futebol profissional do Flamengo.