domingo, junho 29, 2008
A Espanha reina soberana sobre o futebol europeu, 44 anos depois de seu primeiro título. Finalmente o futebol jogado pelos espanhóis se equivale ao bom futebol jogado na Espanha (quase sempre por estrangeiros, diga-se). Há muito o que comemorar, não apenas pelos espanhóis, com essa Uefa Euro 2008.
Pelo lado de Castela e Aragão, além da conquista, é mais do que justo celebrar o futebol de um Iniesta, rápido e habilidoso, de um Fabregas, do grande goleiro Casillas. E com a providencial ajuda brasileira, um senhor volante chamado Marcos Senna, tipo dono do time, passe preciso, marcação incansável. Se ele faz o segundo gol naquela jogada maravilhosa que ele mesmo iniciou, viraria mito na terra de Cervantes.
Que dizer de Fernanto Torres? forte como um cavalo, oportunista como o herói espanhol de 1964, Marcelino.
Da Alemanha há quase nada a destacar. Fora Schweinsteiger, craque mesmo, o time foi uma pálida lembrançda da esquadra poderosa e confiante de outras jornadas. Podolski pipocou, Ballack, se estava machucado, deveria ter pedido para sair, pois praticamente não entrou. Metzelder é fraco demais.
Para o mundo, a Europa passa a mensagem de que o futebol pode ser mais livre das amarras táticas, das teorias professorais dos treinadores, e deve ser entregue cada vez mais aos jogadores, pois talento, felizmente, ainda há de sobra.
sábado, junho 28, 2008
Espanha e Alemanha chegaram com méritos à final da Euro 2008. O toque de bola espanhol e a determinação aliada à qualidade de Ballack, Podolski e Schweinsteiger empurraram os alemães adiante.
O futebol da Espanha é mais agradável de se ver. Flui melhor. A Alemanha oscila dentro do jogo, mas é capaz de decidir uma partida em 5, 10 minutos.
Do lada da Fúria temos o brasileiro naturalizado Marcos Senna jogando muito. É uma espécie de dono do time. A bola passa sempre pelos seus pés. Iniesta jogou muito contra a Rússia, em Fabregas é craque de bola.
Viena já vive o clima do jogo. Há hordas de alemães pela cidade, muitos espanhóis e uma grande quantidade de russos que ainda ficam pela bela capital européia, mesmo com seu time eliminado.
Entre outros duelos e diferenças que estarão em campo amanhã, no enorme Enrst Happel Stadium,veremos de um lado a representação futebolística da maior potência européia. Riquíssimos, os alemães terão milhares de torcedores e de jornalistas em Viena. Não custa lembrar que o Euro é o marco alemão com uma nova cara, que virou a moeda européia. No futebol a competência alemã é mais um reflexo da capacidade de realização de um país que se reconstruiu do zero pelo menos duas vezes em menos de 100 anos.
A Espanha tende a ser mais artística, deslumbrada mesmo. O entusiasmo pela vitória sobre a Rússia se reflete no comportamento dos torcedore e dos jornalistas.
Já há um clima de fim de festa no ar. Liquidações nos preços das camisas dos times eliminados, ensaios para a cerimônia de encerramento. Mas esta Euro, ainda sem dono, ficará marcada como um ponto de partida para um novo momento do futebol. Mais ofensivo, menos pragmático, melhor de se assistir. Talvez inspirado pela beleza dos palácios de Viena.
terça-feira, junho 24, 2008
EURO X COPA AMÉRICA
Acompanhar as duas maiores competições continentais de futebol entre seleções é extremamente prazeroso e educativo. É um desfile de costumes, de culturas e diferentes maneiras de se demonstrar a paixão pelo principal esporte do planeta.
Comparações são sempre difíceis. Trata-se de dois continentes com quase nada em comum. A Europa rica e milenar e a América Latina lutando para deixar o subdesenvolvimento para trás. O futebol sul-americano é uma mina que está praticamente esgotada. Não há tempo para a recuperação dos recursos naturais e, principalmente, para a lapidação de diamantes brutos. A Europa tem sede de talento e tem o poder do Euro para comprá-lo. A América Latina precisa exportar parado sobreviver e sonhar com um futuro de padrão europeu. O que se aplica ao futebolvale também para o dia-a-dia, para o cotidiano.
A Copa América da Venezuela foi uma competição bastante particular. Houve excessos evidentes, dada a natureza do regime ali instalado, sua vocação propagandista e o passado de pobreza do país mais rico em petróleo do continente. Os defeitos das administrações sul-americanas de viés totalitário estavam todos ali. Estádios monumentais em cidades paupérrimas, nas quais o futebol praticamente não existe. Favorecimentos políticos, propaganda escancarada, muita confusão na venda e distribuição de ingressos.
A Euro é mais organizada, sem dúvida. O que não significa que seja perfeita. Existe um claro favorecimento a meios europeus, mesmo que veículos de outros continentes também paguem os direitos de transmissão. A segurança é extremamente falha e desorganizada. Para se ter uma ideia, o acesso ao centro de imprensa na Basiléia era assim: na primeira entrada passava-se por um aparelho de raio-x. Em todas as outras entradas o aparelho estava desligado. Ou seja, quem entrava e saía do complexo não era revistado após a primeira entrada.
A equipe do SporTV viajou da Suíça para a Áustria sem ter um pedido de observação de passaporte. Houve invasões de gramado em que torcedores ficaram cara a cara com jogadores. Enfim, há falhas. A diferença está na capacidade financeira, no poderio dos patrocinadores e nos valores praticados. A Uefa é poderosa, rica e influente politicamente. Seu presidente atual é um ex-craque de proporções planetárias, o francês Michel Platini. A Conmebol é administrada desde priscas eras pelo paraguaio Nicolás Leóz.
Quando a bola rola as diferenças também são gritantes. Infelizmente, a fantasia e o imprevisto, a capacidade de improvisação que sempre caracterizou os grandes craques sul-americanos, tudo isso parece ter feito as malas e mudado para a Europa. Basta ver em ação jogadores como o russo Arshavin, o holandês Sneijder, o português Cristiano Ronaldo e até mesmo os alemães Podolski e Schweinsteiger.
O jogador europeu é muito mais interessado em jogar do que o sul-americano, que ainda insiste em coisas ultrapassadas como catimba, simulação, dedo na cara, aquela obscura ética do boleiro, muito falada e pouco praticada no Brasil. O nível de civilidade dentro de campo na Europa supera em muito o da nossa América do Sul. Civilidade propriamente dita e também a futebolística. O jogo é mais duro, mais pegado e disputado, só que muito mais leal. As entradas maldosas por trás, os carrinhos perigosos pela frente, as agressões gratuitas, o empurra-empurra, tiudo isso acontece em proporções muito menores na Euro.
Mas o que acaba sendo mais dolorido é verificar a crueldade econômica da festa. Para o europeu, mesmo o que não tem rios de dinheiro no quintal, viajar pelo continente é mais fácil. Há trens, boas estradas, variedade de hospedagem. As distâncias, quase sempre são menores. Então vemos a Suíça e a Áustria invadidas por legiões de holandeses, croatas, turcos. Cerca de 1% da população holandesa foi até a Basiléia para ver Holanda e Rússia. Até da distante Rússia vem muita gente.
Na Venezuela, em 2007, era raro ver brasileiros, até mesmo argentinos, chilenos que tivessem se deslocado de seus países apenas para torcer. Apenas uma grande quantidade de mexicanos foi até a república chavista para torcer pela Tri (color). Não há tanto dinheiro e tanta facilidade como na Europa. E infelizmente os torcedores perderam boa parte do interesse pela Copa América, que para mim continua sendo um baite de um torneio, legal, disputado e interessante de se acompanhar. Mas será que um dia terá a qualidade e a projeção da Euro?
sábado, junho 21, 2008
sexta-feira, junho 20, 2008
UMA DURA LIÇÃO
SOBRE O FUTEBOL
Nunca fui o que se pode chamar de um grande fã do futebol europeu. Minha tendência sempre foi de me alinhar com os sul-americanos, liderados pelos grandes times brasileiros e argentinos. Além da simpatia pelos vizinhos que não tratam a bola assim tão bem. Minha tendência sempre foi a de olhar o futebol europeu meio como o colonizador, como a metrópole que se impõe pela força política e financeira. Talvez ainda pense assim, mas essa minha estréia em coberturas de Eurocopa de Seleções tem sido uma dura lição de futebol.
Não foi preciso mais do que a primeira fase para constatar que estamos, brasileiros, parando no tempo em termos de tática no futebol. O mundo segue para um lado e nós, feito um cabo de guerra, insistimos em seguir para o outro.
A tendência que a metrópole futebolística aponta na Suíça e na Áustria é escandalosamente evidente: saem os volantes brucutus, os terceiros zagueiros de fato ou improviados e entram pontas (enfim, eles estão voltando!) e jogadores de meio-campo que saibam jogar além de marcar. No Brasil, infelizmente, ainda temos times com três zagueiros e três volantes, com apenas um atacante isolado na frente. Isso sem falar na Torre de Babel futebolística em que se transformou a Seleção Brasileira.
A Europa, que sempre pagou o preço de ter inventado a retranca, o líbero e outras artimanhas para marcar Pelé e demais gênios sul-americanos, agora tem a chance - e aproveita - de instalar a contra-revolução. Ver os jogos dessa Euro tem sido edificante. Pela informação tática e pela postura dos jogadores. Quase não há frescura, tentativas de cavar faltas, enganar a arbitragem, faltas escandalosamente violentas. A principal preocupação é jogar futebol, sem reclamações inúteis contra a arbitragem ou provocações infantis entre os jogadores.
Tomemos como exemplo três seleções: Holanda, Alemanha e Portugal. A Holanda é até mais fácil de ser elogiada pela postura, mesmo eu sendo um crítico de seu jeito meio mascarado do passado. Agora, como não se encantar com esse time dirigido pelo Van Basten? É tanta gente chegando para atacar, com tal volúpia, que finalmente eu compreendo esse jeito "orange" de ser no futebol. Kuyt, Van Nistelroy, Persie, é muito bom jogador jogando bem.
A Alemanha também está exagerando na dose, se tomarmos como ponto de partida seu passado. Ballack, Klose, Podolski, Schweinsteiger e Lahm (que é um lateral que parece muito mais brasileiro que alemão) protagonizam uma autêntica blietzkrig quando partem para o ataque.
Portugal não fica atrás. Deco, Cristiano Ronaldo, Simão, Postiga, Nani. O time terminou o jogo com a Alemanha recheado de homens de frente.
Em termos táticos, Schweinsteiger o que é? O bom e velho ponta, meus amigos. Com a diferença de que está adaptado aos tempos modernos. Não guarda posição e ajuda na recomposição defensiva. Simão é a mesma coisa.
E pergunto: por que o Brasil traiu seu passado de grandes pontas? Por que baniu essa função? Não é impossível jogar com três homens de frente e com um ponteiro. E a Europa é que está mostrando isso. O Brasil precisa ter a humildade de aprender. Os europeus não são melhores apenas na organização. Eles estão melhores dentro de campo.
GRANDE E PEQUENO
O jogo entre Alemanha e Portugal foi exemlar no sentido de mostrar as diferenças entre uma grande seleção e outra que ainda nao chegou lá. A maneira como a Alemanha se impôs em 30 minutos de jogo e deu o claro recado de que em Basiléia quem mandaria era ela, foi incontestável. Alemanha e Itália são assim. Parece que quando entra em vigor o termo eliminatório eles começam a jogar e competir. Times grandes são assim na maior parte do tempo.
terça-feira, junho 17, 2008
NÃO CONHECE O BRASIL
A mente está aqui na Eurocopa, mas o coração está no Brasil, com a família e, também, com a Seleção Brasileira, esse assunto que deve estar dominando as rodas de conversa pelo País a fora.
Lembro que quando eu era criança os jogos da Seleção, quase sempre no Maracanã, eram acontecimentos.Havia o ritual de ficar em frente à TV e no dia seguinte a molecada avaliava tudo no recreio da escola.
Com o tempo tudo foi mudando, não sei se para pior, mas que as diferenças são brutais, isso é fato. O negócio se impôs, mas isso é óbvio, sinal dos tempos. Mas parece que virou apenas isso, só um negócio. Essa Seleção do Dunga e a última do Parreira, elas parecem não conhecer o Brasil.
O próprio Dunga, com seu deslocado discurso meio nacionalista, meio guerreiro, sempre de mal com a vida, não parece ter noção do que seja o Brasil, nem do que o brasileiro pensa de futebol. Não o especialista, como ele, mas o brasileiro comum, que ama esse esporte como se fizesse parte da sua bandeira.
Brasileiro gosta de time que joga bem. Sem esse papo de futebol-arte, expressão que hoje é usada a torto e a direito para definir não se sabe bem o que. O que eu posso afirmar é que a maioria dos brasileiros que gostam de futebol sabe bater o olho num time e dizer se o time joga bem.
E esse time do Dunga não joga bem. Pode ter jogado bem duas vezes, três vezes, mas como equipe não se sustenta, não tem cara. Nada contra o Dunga, que acho que foi um bom jogador, melhor do que o senso comum o julgou. Tudo contra o que é hoje a Seleção. Um amontoado de jogadores dispersos, sem unidade, cujo discurso não rima com o do treinador. Que foi inventado na função, diga-se.
Claro que o Brasil pode ganhar da Argentina, e estarei torçendo por isso. Mas a vitória fara desse grupo uma Seleção Brasileira? Transformará em time uma lista de convocados? Fará com que o time que consagrou inúmeros laterais pelo tempo convença o brasileiro de que dá para seguir em frente com Maicon e Gilberto? Fará alguém acreditar que se justifica a escalação como titulares de jogadores em péssima fase?
Isso por que há vitórias que mascaram péssimos trabalhos. Assim como existem derrotas que derrubam trabalhos bem feitos. Tudo é uma questão de tempo, de momento. A Seleção Brasileira não é lugar para picuinhas ou revanchismos baratos. Não pode se prestar ao serviço de disputa de teses. Ela é o lugar do bom futebol. Costumava ser a casa do melhor futebol do mundo. Tomara que volte a ser.
PORTUGAL E ALEMANHA
Que jogo vem aí! A Alemanha do alto de suas cinco finais e três títulos de Euro e Portugal, estabelecida no grupo de grandes equipes européias, comandada por Felipão e sua alma vencedora de brasileiro. Fala-se por aqui no duelo entre Ballack e Cristiano Ronaldo, mas o jogo promete mais. A Alemanha tem os ótimos Podolski e Schweinsteiger. Assim como Deco e Pepe brilham no bom time português que tem índice de acerto de 75% dos passes e média de 8 finalizações por jogo. A Basiléia vai tremer.
segunda-feira, junho 16, 2008
EURO NEM DEU BOLA
Foi uma exproiência diferente. Acompanhar pela internet, ao lado dos amigos Telmo Zanini e Décio Lopes, a derrota do Brasil para o Paraguai, vendo ao vivo Suíça e Portugal, no Saint Jakob Park, na Basiléia, e observando lances de Turquia x República Tcheca pelo monitor da nossa posição no estádio.
O primeiro impacto foi que a derrota do Brasil não provocou nenhum impacto no centro de imprensa de Basiléia. Claro que o assunto deles é a Euro, mas o Brasil perder sempre é, ou pelo menos sempre foi, relevante. Sinal dos tempos - bicudos - de uma Seleção que emprestou o mau humor do técnico e levou para campo, pelo que pude ver dos lances na Internet.
Suíça e Portugal foi um jogo esquisito. Se fosse no Brasil, a arbitragem geraria uma polêmcia incrível. Como o jogo não valia nada, passou batido, fora a reclamação do Felipão. Mas que o juizão parecia disposto a garantir a vitória suíça, isso parecia.
E a incrível derrota dos tchecos? Que coisa! Noite desastrosa do grande Peter Czech.
Com os dias passando, tentarei abastecer o blog com pontos de vista, fotos e considerações dessa primeira cobertura de Euro. Sempre ao lado do timaço de companheiros do Sportv: Bruno Côrtes, Décio Lopes, Telmo Zanini, Jorge Bernardo, Rogério Romera e Rafael Maranhão.
sexta-feira, junho 13, 2008
PISADA NA BOLA
Recebi um simpático post do palmeirense Luciano, me alertando para um erro que cometi ontem. Entendi, equivocadamente, como protesto, o fato de a torcida do Palmeiras ter gritado o nome dos campeões de 93 antes do jogo com o Cruzeiro. Erro feio meu, afinal ontem, 12 de junho, fez 15 anos da conquista que pôs fim ao jejum alviverde. Então, aqui se erra, aqui se corrige. Era uma homenagem que a anta aqui não teve a sensibilidade de entender. Registrado.
quinta-feira, junho 12, 2008
O BRILHO DO SPORT
NA COPA DO BRASIL
A conquista do Sport Recife na Copa do Brasil é incontestável. A campanha como mandante é irretocável, num campeonato em que todo mundo afirma que é importante sabe se impor jogando em casa. O Sport tirou do caminho os bichos-papões Palmeiras e Inter, desbancou o tradicional Vasco e protagonizou uma reviravolta histórica diante do favorito Corinthians.
Torneio com mata-mata é bom demais por causa disso, pela carga dramática, emocional, pelo imprevisto e pela possibilidade de um golzinho mudar toda a história. Como espetáculo de futebol, não há nada melhor.
Há um dado na campanha do Corinthians, se comparada à do Sport, que destaca as diferenças entre as equipes. Sempre que jogou fora de casa contra equipes da Série A pela Copa do Brasil o Corinthians perdeu: 3 a 1 para o Goiás, 2 a 1 para o Botafogo e 2 a 0 para o Sport.
Mas vamos ao jogo de ontem. Acho que o Corinthians se omitiu na tentativa de administrar o resultado. Deu a bola e o controle do jogo para o Sport desde o primeiro minuto. A equipe pernambucana pode não ter sufocado no início, mas sempre tomou a iniciativa, teve mais posse de bola e ditou o ritmo. O Corinthians só foi fazer a primeira finalização aos 45 minutos da etapa inicial. Muito pouco para um time que pretendia não passar sufoco.
Não dá para apontar uma grande atuação individual no time do Corinthians. Todo mundo ficou devendo. Alguns muito mais. Casos de Eduardo Ramos, Dentinho, André Santos, Acosta, Lulinha e até mesmo Felipe, que papou um frango no segundo gol do Sport. No banco, a estratégia de Mano Menezes mostrou-se equivocada. Era possível ouvir pela transmissão do SporTV seus pedidos para que o time desse chutão para frente em busca de Herrera. Dito e feito, a bola batia no argentino e voltava rapidinho para os pés pernambucanos.
No Sport houve muitas boas atuações individuais. Carlinhos Bala, Sandro Goiano, Diogo, o goleiro Magrão, Luciano Henrique, Enílton. Nelsinho Batista foi mais ousado que Mano Menezes e, também, mais rápido, ao sacar o inoperante Cássio (como bem observou o Muller) e colocar Enílton. E quando a vantagem passou a ser do Sport, a equipe pernambucana foi mais competente para administrá-la, ainda assim levou mais perigo que o Corinthians.
Alguns detalhes polêmicos. Que dizer de Wellington Saci? Que joga com duas pernas mas teve apenas um neurônio. Ou, como escreveu o Juca Kfouri, que ele esteve mais para Mula-Sem- Cabeça.
O lance entre Acosta e o goleiro Magrão é pura polêmcia e pura interpretação. A imagem mostra Magrão chutando a bola com o pé esquerdo, numa dividida com Acosta, que cai. O árbitro Alício Pena interpretou como lance legal (concordo). Arnaldo Cezar Coelho, na transmissão da Globo, achou que foi pênalti. Polêmica inevitável, assim como no lance do segundo gol do Corinthians em São Paulo, na jogada de falta do Carlos Alberto. Acho injusto com o Sport Mano Menezes atribuir a perda do título à arbitragem. Mania que, aliás, é de nove entre dez técnicos brasileiros. Eles nunca erram na estratégia, nas alterações, nas escalações. Tudo é culpa do juiz.
O fato é que o Sport foi mais competitivo, mais competente, trabalhou melhor que o Corinthians em três dos quatro tempos da final e merece fazer toda a festa que certamente fará por muito tempo. É uma justa conquista para o futebol do Nordeste, tão vítima de preconceito por parte da mídia do Sul/Sudeste. A paixão do torcedor nodestino pelo futebol chega a ser comovente. O Sport, com todas as dificuldades econômicas e as diferenças que existem em relação aos times grandes do Sul/Sudeste, chegou lá, marcou sua gloriosa história e vai para a Libertadores ancorado na magia da Ilha do Retiro. Isso sem falar no Brasileirão, do qual agora passa a ser integrante do grupo de favoritos.
O Corinthians tem lições a aprender e vitórias a comemorar. A equipe resgatou sua identidade com o torcedor e o trabalho capitaneado por Mano Menezes é muito sério e merece respeito. Com as chegadas de Douglas e Elias, a equipe ganhará muito mais qualidade no meio-campo, o setor mais fraco, para a sequência da Série B.
TERÁ O SENADO MAIS
VERGONHA NA CARA
DO QUE A CÂMARA?
Escondidos na covarde votação secreta, a maioria dos deputados federais brasileiros aprovou o retorno da CPMF, agora disfarçada de CSS, com o mentiroso propósito de custear a saúde. Foi assim com a CPMF e a nossa saúde pública segue doente. Resta saber se o Senado mostrará mais vergonha na cara e compromisso com o cidadão ao votar a emenda que cria mais um imposto no País dos Impostos. Repito: a saúde é desculpa para arrecadar mais, inchar a máquina estatal e preparar o terreno para a eleição que vem por aí.
quarta-feira, junho 11, 2008
PARA A PACWOMAN
Quem já passou dos 30 certamente lembra do PacMan, o simpático jogo da pré-história dos videogames, que por aqui era chamado de come-come. Pois no Brasil há um genérico político do joguinho famoso, a Pacwoman. É a superministra Dilma Roussef, um factóide de candidato à presidência da república criado pelo ultracompetente esquema de marketing do partido em que se transformou o PT. Dilma não tem história política como administradora, tem história e méritos e defeitos em sua vida, como todos nós. Mas em seu currículo não consta que tenha sido prefeita, governadora, senadora, nada de repercussão nacional. Foi guerrilheira, secretária do governo petista no Rio Grande do Sul (com destacada atuação na crise energética, salvando o Estado de um risco de apagão) e daí alçou vôo para o Governo Federal.
Até acho que a ministra-chefe da Casa Civil seja competente e, até por não ter passado político relevante em termos nacionais, seja o nome escolhido para concorrer à sucessão de Lula. Afinal, em linhas gerais, será a continuidade do governo e da obra de Lula até que ele possa concorrer novamente ao cargo.
Dilma, a Pacwoman, ou mãe do PAC, esse plano de investimentos em infra-estrutura que a propagada do governo afirma ser um sucesso, mas que outros números contestam, está metida nesse rolo que é a venda da Varig. Assim como foi um rolo o episódio dos cartões corporativos.
Paira sob este governo, que considero bom, uma certa suspeita de que as regras do jogo democrático, que foram tão bem defendidas pelo PT enquanto oposição, tenham perdido o sentido moral para o partido agora que virou Governo. Conheço algumas pessoas do meio aeronático, até porque me interesso pelo tema como curioso. E já ouvi de gente muito séria que tem ainda muita coisa para ser revelada na crise dos aeroportos, na crise das companhias aéreas. Se a Pacwoman escapar ilesa de mais essa, tem tudo para esquentar o trono para Lula até o seu terceiro mandato - não seguido, claro.
segunda-feira, junho 09, 2008
CORINTIANO DOUGLAS É O ELO
PERDIDO DO FUTEBOL BRASILEIRO
Trabalhei na vitória do Corinthians sobre o Barueri por 4 a 1, sábado. Triunfo incontestável, absoluto. Mas o que valeu a pena mesmo foi ver em campo o novo camisa dez corintiano, o meia Douglas. Já tinha visto grandes atuações do Douglas pelo São Caetano e, nessas ocasiões, afirmava não entender por que nenhum grande clube brasileiro tinha investido nele. Canhoto, habilidoso, técnico, visão de jogo, Douglas é o elo perdido do velho futebol brasileiro. Ele joga o futebol que era comum ser praticado por aqui, mas que parece estar quase extinto. Simples e objetivo e, por isso mesmo, bonito. Douglas executa com objetividade jogadas que parecem sofisticadas. É daqueles jogadores que fazem o time funcionar, que os companheiros procuram em campo.
Ao final do jogo encontrei o amigo Flávio Trevisan, preparador físico do Corinthians, profissional dos mais competentes. Ele me disse que os advesários estão ficando malucos com o futebol do Douglas, alguns estão até apelando para a aressão. "Estão dando de mão no Douglas", disse, sem disfarçar um sorriso de satisfação.
Que no Corinthians Douglas consiga desenvolver todo seu potencial. O futebol brasileiro precisa disso, não apenas o torcedor corintiano.
COMO EXPLICAR A
APATIA ALVIVERDE?
O Palmeiras beirou o ridículo ante o Sport. Ainda considero o time de Luxemburgo (até quando?) candidatíssimo ao título. Agora, sem tirar o mérito do Sport, os jogadores do Palmeiras deram uma aula de falta de compromisso e atitude na Ilha do Retiro. Até o treinador, sentado tranquilamente no banco, parecia contaminado pela apatia. Em certos momentos, esse time do Palmeiras parece acreditar que é um esquadrão, que pode ganhar sem esforço, que vence quando e como quer. Está muito longe disso.
Outra questão é a permanência ou não de Luxemburgo. O Palmeiras está preso a uma lógica que diz o seguinte: o time só foi campeão ultimamente com Luxemburgo e com Felipão. É preciso que o clube se estruture para não depender de um ou outro treinador e possa ser vencedor com outros profissionais.
PERGUNTAR NÃO OFENDE
Seria coincidência o fato de confusões e polêmicas acontecerem quase sempre com os mesmos árbitros de futebol? Por que vira e mexe tem algum problema em jogo apitado por Wilson Souza de Mendonça, Djalma Beltrami, Wagner Tardelli, Carlos Eugênio Simon, Giuliano Bozzano?
VINOTINTO
A Seleção Brasileira tipo exportação conseguiu a proeza de perder para a Venezuela por 2 a 0. Pior que a derrota é a falta de horizonte. Vitórias muitas vezes camuflam a falta de um bom rendimento. Mesmo quando vence, tirando os jogos contra a Argentina, a Seleção de Dunga quase nunca convence. O que mais incomodou nem foi a derrota para a Venezuela, mas a constatação que não existe uma idéia de time na cabeça do técnico do Brasil. Duvido que alguém consiga explicar como joga a Seleção? Não vale responder que joga mal, porque essa já sabemos.
INTER E SÃO PAULO
Favorito como o Palmeiras, o Flamengo, o São Paulo, o Inter perdeu mais uma. Perdeu Abel, perdeu a identidade. Ainda tem time e tempo para mudar isso, mas assusta a maneira como a equipe parece estar desmoronando. Já o Tricolor paulista parece, enfim, ter tirado o luto e compreendido que a vida não se resume à Libertadores. Bom para o campeonto e ruim para a concorrência.
quinta-feira, junho 05, 2008
DE CORAÇÃO
Dedico esse post a alguns bons amigos tricolores cariocas que conheci pela vida: Garamba, Maroca, Renatinho, Mãozinha, Terezinha, Alberto Bial. Essa turma está tocando os céus com as mãos, para usar, em bom português, uma frase que é sempre muito utilizada por Diego Maradona, maior ídolo do Boca, em espanhol. O Fluminense arrebentou a boca do balão, com o perdão do trocadilho. Se desde o Santos de Pelé um time brasileiro não conseguia eliminar o Boca da Libertadores, então o Tricolor das Laranjeiras pode festejar um triunfo que merece ser chamado de histórico.
Algumas histórias desse Fluminense 2008 são dignas de registro. Cito-as com a convicção de que, se não vestir uma máscara tipo a do Flamengo antes do jogo com o América, o Flu passa pela LDU e conquista a América. Detesto afirmações definitivas do tipo fulano não tem perfil de técnico, cicrano acabou para o futebol, tal jogador não é de decisão etc. Essa miríade de chavões que infestam uma parcela do jornalismo dedicado à cobertura esportiva. Lembro que fui uma das poucas vozes discordantes quando Renato Gaúcho assumiu o Vasco. Eu e alguns outros, bem poucos, defendíamos a tese de que estava ali alguém que poderia dar bom treinador se realmente se mostrasse disposto a tal empreitada. Foi bem no Vasco e agora segue melhorando no Fluminense. Dodô quantas vezes foi chamado de ex-jogador, de artilheiro de amistoso etc. Eu já defendo há algum tempo que Dodô tem nível de Seleção Brasileira, faz gols como poucos. Assim como Washington foi aposentado precocemente, Roger foi aposentado precocemente, Conca foi chamado de argentino de segunda linha. É por isso que eu entendo que trabalhar com opinião esportiva não é apenas comentar resultado, arriscar previsões e legislar em cima do óbvio. Taí o Fluminense, para a festa dos tricolores pelo mundo afora, para provar que o futebol ainda se decide dentro de campo. E olha que quem afirma isso é um grande admirador do futebol argentino e considera o Boca, de longe, o maior time das Américas na atualidade. Outro ponto para ressaltar a fantástica vitória do Fluminense.
RECIFE VAI TREMER COM A FIEL
OU DANÇAR AO RITMO DO FREVO?
O primeiro capítulo da final da Copa do Brasil foi corintiano. Muito com base no que o time fez no primeiro tempo diante do Sport. Jogou muito, poderia ter feito 4, 5 gols (ainda que tenha ocorrido falta de Carlos Alberto no lance que originou o segundo gol). Na segunda etapa o Sport jogou bem demais, encurralou o Corinthians e, não fosse Felipe, poderia ter reduzido e até empatado o jogo, pelo que mostrou.
Para o jogo de volta, sem nenhum suspenso, a sensação que fica no ar, pelo menos para mim, é a seguinte: se o Corinthians repetir o futebol do primeiro tempo de ontem, leva. Se o Sport jogar o que jogou na segunda etapa no Morumbi, vira o resultado.
Em tempo: alguém ainda vai fazer piadinhas com o argentino Herrera?
REPERCUSSÃO DO CASO NÁUTICO
Repito aqui minha afirmação com base no que li, vi e ouvi sobre o caso Náutico/Botafogo/André Luís: não vejo por que punir o Naútico, analisando os fatos, em cima do que fizeram uma aspirante a policial despreparada e um jogador desequilibrado. Não faço jornalismo regional, nem clubístico. Procuro fazer JORNALISMO apenas, e opinar com isenção, à base de informação. Também repudio algumas manifestações exageradas de colegas paulistas e pernambucanos. Futebol não é guerra, não é disputa regional, não envolve bairrismo. Que a paz e a alegria que sempre cercaram o futebol, também em Pernambuco, estejam presentes no próximo dia 11. E que vença o melhor entre Corinthians e Sport, sem efeitos do que ocorreu nos Aflitos. O Brasil é muito maior do que bairrismos e regionalismos.
CORNETADAS ERUDITAS
Há alguns dias postei um vídeo do Pavarotti cantando a ária Nessun Dorma e afirmei que, para mim, era a máxima expressão de arte em forma de música. Recebi uma saraivada de cornetadas de alguns especialistas. Sou leigo, sim, não entendo bulhufas de ópera, música clássica, gosto de arte popular, nunca estudei música. Minha afirmação refere-se simplesmente a emoção, pura e simples, da capacidade de um artista marcar época e tocar seu público. Pavarotti popularizou a música clássica. Seu registro de Nessun Dorma é a gravação clássica mais vendida, pelo que pude pesquisar. Também consultei alguns apreciadores de ópera que o colocaram no mesmo patamar de Beniamino Gigli e Jussi Bjoerling, citado por alguns dos que me cornetaram. Pouco importa para mim, não sou muito afeito a lista de melhores. E sei que para alguns apreciadores de música erudita os artistas populares são vistos com desprezo. Prefiro continuar fiel a minhas emoções de leigo. E aproveito para deixar um pouco da arte do também fenomenal Bjoerling.
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segunda-feira, junho 02, 2008
CONFUSÃO EM RECIFE: PUNIR
O NÁUTICO SERIA UM ABSURDO
O assunto renderá muita polêmica e merece muita polêmica. Foram cenas absurdas as protagonizadas pela PM pernambucana e pelo zagueiro botafoguense André Luís durante Náutico x Botafogo, nos Aflitos. Pra começar, acho que o André Luís não fez falta no lance e não precisaria ser expulso. Ainda que fosse marcada a falta (eu acho que ele tocou na bola), não seria para expulsão. E se fosse, como foi, mostrado o cartão vermelho, nada justificaria a reação do jogador, os gestos obscenos para a torcida. O torcedor até não deveria, mas pode fazer isso: zingar, ofender, ali de longe, da arquibancada. O jogador não pode responder no mesmo nível, porque ele é um profissional. O torcedor é um amador apaixonado.
Pois o que se seguiu foi um espetáculo de pavoroso amadorismo da PM de Pernambuco. Despreparo, truculência, exagero, abuso de autoridade. Jogador não é bandido e por mais alterado que estivesse, André Luís poderia ter sido conduzido com mais educação e respeito. Ainda que tivesse exagerado, como muitas vezes os jogadores exageram. Por que espera-se que um policial profissional esteja preparado para agir em situações de tumulto. Afinal, ele é pago, entre outras coisas, para controlar tumultos, não para alimentá-los.
Ouvi, na Globo News, a entrevista do procurador do STJ, Paulo Schmidt, afirmando que o Náutico seria passível de punição no caso, por ser o clube mandante. Ora, isso seria um absurdo. Leis devem ser interpretadas usando o bom senso. O Naútico mandou que os policiais usassem e abusassem da força contra os jogadores do Botafogo? Não. Ficou provado que houve pressão em cima do Botafogo provocada pela direção do Náutico, e que o clube pernambucano teve alguma participação nos acontecimentos? Pelo que se viu e ouviu, não.
Então, porque punir um clube só por ele ser mandante do jogo se o que ocorreu foi por despreparo de uma força pública?
O Botafogo, entendo eu, é vítima e deve processar a PM de Pernambuco. Mas o Náutico nada tem a ver com essa história.
O CASO ROMERITO
Pra lá de esquisito o caso Romerito-Goiás-Sport. Em 1996 aconteceu algo parecido, envolvendo o agora meu amigo e colega Muller. O contrato dele terminou antes da final da Copa do Brasil, e Muller, então um dos craques do Palmeiras, não enfrentou o Cruzeiro. Não houve acordo, seguro etc. Romerito teve seu compromisso encerrado com o Sport e o Goiás, a quem pertencem os direitos federativos do jogador, chamou o atleta de volta. Isso na semana da decisão da Copa do Brasil contra o Corinthians. Será possível que não havia outra maneira de resolver isso? Em pleno século 21. Onde estão os sindicatos dos jogadores nessa hora?
DESAFIO PALMEIRENSE
O Lyon vem com muitos euros ao Brasil para tentar tirar Luxemburgo do Palmeiras. É um grande desafio para a nova mentalidade do clube. Porque a verdade é que o Palmeiras, nos últimos 15 anos, só foi campeão sob o comando de Luxemburgo e Felipão (há os títulos da Série B e da Copa dos Campeões, menos importantes). E Luxemburgo é a palavra-chave do atual projeto palmeirense. Muitos jogadores só estão no clube por causa dele, e a parceira atual, a Traffic, idem. Sinuca de bico se Luxemburgo resolver sair.
A DANÇA DOS TÉCNICOS
O balé começou muito cedo. Leão sai do Santos, Abelão deixa o Inter. Dois nomes de peso e dois gigantes sem treinador. Isso atiça o mercado. O Inter, dizem, quer Muricy. O Santos pensa em Autuori. Serão dias de muita especulação.