quinta-feira, abril 30, 2009

SporTV não cortou
a imagem durante
Colo Colo x Palmeiras

Recebi algumas mensagens e telefonemas de pessoas reclamando que no final da transmissão de Colo Colo x Palmeiras, pelo SporTV, houve um corte do sinal da imagem do jogo e entrou um comercial. Isso aconteceu apenas para os assinantes da Net em São Paulo.

Recebi uma explicação técnica e compartilho com os leitores do blog. Como vocês sabem, o SporTV e o SporTV2 transmitem muitas vezes um jogo para determinados locais e outro para localidades diferentes. Ontem aconteceu isso. Flamengo x Fortaleza foi para parte do País e Atlético Parananese e Corinthians foi para outra parte.

Quando as transmissões terminam acontece o que se chama tecnicamente de descomutação, ou seja, o canal volta a transmitir apenas um sinal para todo o Brasil. O que ocorreu foi que a Net em São Paulo fez a descomutação no SporTV, quando deveria ter feito no SporTV 2, canal 38. Por isso houve o corte do sinal. Um erro técnico que não partiu do SporTV.

Espero ter esclarecido.
Palmeiras foi épico e
Corinthians, guerreiro


Foi uma quarta-feira inesquecível para os dois maiores rivais do futebol paulista. O Palmerias conseguiu uma vitória épica em Santiago, tirando do Colo Colo a vaga na próxima fase da Libertadores. Em Curitiba, o Corinthians se safou de uma derrota por 3 a 0 com base em muita luta e acreditando até o final. Os 3 a 2 tiveram saldo positivo, apesar da perda da invencibilidade no ano. Principalmente porque os 3 a 0 seriam trágicos e muito porque a contusão de Ronaldo não foi grave.

O Palmeiras poderia ter resolvido sua classificação no primeiro tempo. Jogou bem, se impôs taticamente e mandou duas bolas na trave. Voltou pior na segunda etapa, teve Marcão justamente expulso e só foi encontrar seu gol num chute mágico de Cleiton Xavier. Resultado que dá muita moral ao Palmeiras, que era tido como carta fora do baralho da Libertadores.

O Corinthians compensou no segundo tempo o que faltou de entrega no primeiro, contra um adversário que jogou muito bem e conseguiu a proeza de derrotar os comandados de Mano Menezes pela primeira vez na temporada.

Registre-se, com justiça, a belíssima campanha do Sport, líder de seu grupo, que tinha 3 campeões da Libertadores.

Também é digno de registro e elogios o futebol de alta qualidade que vem jogando o Internacional. Taison, Nilmar e D`Alessandro estão jogando o fino.

terça-feira, abril 28, 2009



Muito obrigado!!!!!!!



Só tenho que agradecer o carinho e a amizade de todos que foram até a Livraria Cultura ontem, no lançamento de meu livro Os 11 Maiores Técnicos do Futebol Brasileiro. Um beijo no coração e, sinceramente, eu não esperava que fosse tão bonito como foi. Serei eternamente grato.


Maurício Noriega



segunda-feira, abril 27, 2009



Ronaldo é um Fórmula 1

contra carros de Fórmula 3



Já disse isso algumas vezes no SporTV e repito no blog. Ronaldo é um F-1 num mar de jgoadores de F-3 no Brasil. Que importa se o projeto é antigo, já bateu algumas vezes, mas sempre será um F-1 na alma, no coração. E no Brasil hoje temos até alguns bons carros, mas um bando de F-3.


Ronaldo foi execrado por muitos em 2006. Eu sempre alertava: o cara mesmo fora de forma fez 3 gols na Copa. Tem cara que estava no auge da forma física e não fez nada no Mundial da Bagunça Brasileira, segunda edição (o primeiro foi o de 1966).


Não adianta, quem sabe, sabe. Pra Ronaldo o gol é um latifúndio, um Arco do Triunfo. Para outros é uma caixa de sapatos. Fica pequeno, inacessível.


Isso posto, repito o convite:



Espero vocês hoje no

lançamento do meu

primeiro livro, ok?



domingo, abril 26, 2009








Espero vocês nesta segunda


para a noite de lançamento


de meu livro, em São Paulo






Nesta segunda-feira, 27 de abril de 2009, acontece o coquetel de lançamento de meu primeiro livro, Os 11 Maiores Ténicos do Futebol Brasileiro. Será a partir das 19 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, Capital. Será um prazer receber os amigos que me dão a honra de visitar o blog.




Dia 5 de maio haverá um evento em Campinas, a partir das 19 horas, na Saraiva do Shopping Iguatemi. Dia 11 será no Rio, também às 19hs, na Travessas de Ipanema. E dia 18 em Porto Alegre, 19hs, na Saraiva do Shopping Praia de Belas. Darei mais detalhes nos próximos dias.




Até daqui a pouco na Cultura.

quinta-feira, abril 23, 2009

80 reais por uma arquibancada
é querer judiar dos torcedores


Quer dizer que o sujeito suporta 19 rodadas feitas por uma imensa maioria de jogos sem interesse, times fracos e na hora da decisão é tungado pelos dirigentes?

Porque cobrar 80 reais por uma arquibancada nas finais do Paulistão, como faz a diretoria do Santos, é trair o torcedor que deixou nas bilheterias do clube seu suado e sagrado dinheirinho nos jogos que valiam pouco ou quase nada.

O Santos tem todo o direito e deve jogar no seu estádio. Também está certo em querer ganhar mais dinheiro numa final. Agora, multiplicar por quatro é, no mínimo, falta de respeito.

Sem contar um camarote, e ainda assim não são todos, duvido que exista um lugar em qualquer estádio brasileiro que valha 80 reais. Na Vila Belmiro, que é um dos melhores estádios do País para se ver um jogo, histórico, aconchegante, e que vem sendo melhorado a cada ano, a arquibancada é tão fria e dura como qualquer outra e não vale 40, quando muito 80 reais.

O Corinthians, advesário do Santos na final, também quis dar uma de esperto e inventou o tal setor VIP, cobrando 150 reais no Pacaembu. Geralmente fica às moscas. Paga-se essa grana toda por uma almofadinha, um sanduba, um pacote de batatinhas e um refrigerante. Tem ainda uma cortesia de estacionamento. Mas se chover com vento, molha do mesmo jeito. E ainda tem que aguentar o presidente do Santos jogando copinho de água.

Torcedor ainda é gado. Quando será que vai virar cliente?

quarta-feira, abril 22, 2009

O fim do time de Osasco
e os problemas do vôlei


Que tristeza o fim do time adulto feminino de vôlei do Osasco. Mais triste ainda é ler notícias de que outros times devem seguir a mesma decisão e fechar as portas.

Infelizmente, não é novidade no voleibol. O esporte escolheu um caminho de administração competente, vencedora, e um modelo de negócios que agora se mostra numa encruzilhada. Em vez de clubes sociais ou de futebol com seus times, o vôlei embarcou na onda dos times-empresa a partir dos anos 80, com a Transportadora Americana, de Americana, interior paulista. A mais famosa daquela época era a Atlântica Boavista, do Rio. Havia ainda clubes com um trabalho de base fenomenal e constante, como o Minas Tênis Clube, o Banespa, a ADC Pirelli, o Paulistano, o Pinheiros, a Sogipa.

Mas o caminho escolhido foi o dos times de empresas. Ou juntar um grupo de atletas, técnicos e dar a eles uma camisa com a estampa de um patrocinador. Sem preocupação alguma ou obrigação de ter times de base. Como fez a extinta equipe da Sadia, que foi tricampeã brasileira, conseguiu uma exposição absurda na mídia e foi embora. Deixou o quê para o esporte?

Muitas outras deixaram, não só no vôlei, como no basquete. Empresas sérias, que investiam no esporte como projeto não apenas de divulgação, mas de valorização da marca. Muitas outras, no entanto, querem apenas a divulgação e aproveitar os incentivos fiscais. Só fazem reclamar do fato de a mídia não mostrar todos os nomes de times que tinham absurdos cinco patrocinadores. Acreditem, havia times de vôlei com cinco nomes.

E houve um fato que pouca gente comenta: o mercado foi inflacionado. Antes dos jogos de Atenas em 2004 uma levantadora reserva de um bom time de vôlei feminino, grande, vencedor, ganhava 25 mil reais por mês. Uma reserva. No mesmo período, havia times pagando 5 mil reais para jogadores da categoria infantil, apenas para que eles não mudassem de clube.

Com a conquista da medalha de ouro olímpica, o mercado ficou ainda mais inflacionado. Ficou caro demais manter um time profissional e um projeto de formação e social. No caso do Finasa Osasco fala-se em algo entre 10 e 12 milhões de reais por ano para manter o time adulto. Imagino que o Rexona deva gastar o mesmo. E também fala-se em drástica redução de custos por parte do Rexona, que tem um belo trabalho social paralelo.

O vôlei, pelo que ouvi de muita gente que conheço há tempos, ficou caro demais. Em alguns períodos e casos os salários chegaram a ser compatíveis com o de grandes estrelas do futebol brasileiro. E o retorno é bem menor em termos de exposição na mídia.

Também ficam no ar algumas dúvidas: de que maneira são remunerados esses atletas? São funcionários das empresas patrocinadoras? Prestadores de serviço? Têm direitos trabalhistas, plano de sáude? Recebem verbas indenizatórias?

Enquanto fala-se em organizar Olimpíada o esporte brasileiro segue sem projeto e sem plano para gerenciar crises como essa do voleibol. E trata-se da mais organizado e profissional das nossas modalidades.

Resta aguardar os próximos capítulos.
Palmeiras sobrevive


Foi daqueles jogos em que o resultado fala mais alto. O Palmeiras venceu a LDU por 2 a 0 e chegará vivo à última rodada de seu grupo na Libertadores. O que já é um feito, pois o time chegou a ser descartado da disputa após duas derrotas consecutivas.

Futebol a equipe de Luxemburgo ainda está devendo. Mas sobrou vontade. Taticamente este Palmeiras é um dos piores trabalhos de Luxemburgo. A equipe é uma bagunça. Tem uma série de pontos cegos, entre eles a lateral ou ala direita e a cobertura à frágil defesa. Mas o time provou que tem capacidade de se recuperar rapidamente de algumas derrotas, pelo menos no aspecto anímico.

O curioso é que dentro do grupo os torcedores palmeirenses trabalham com dois cenários. O mais provável passa por uma vitória do Sport sobre o Colo Colo que deixaria o Palmeiras precisando vencer o time chileno na última rodada. A visão mais favorável ao time paulista nesse cenário seria uma goleada pernambucana, deixando o Palmeiras com saldo melhor que os chilenos e, por isso, com a vantagem do empate na última rodada.

Há, ainda, um cenário menos provável, mas exequível. O Sport perde para o Colo Colo em Recife e fica atrás do Palmeiras na classificação. Na última rodada, o Palmeiras poderia até perder para o Colo Colo, desde que o Sport também perca para a Ldu, que estaria classificado.

Mas pela qualidade e força demonstradas pelo Sport até agora, o mais provável é que o primeiro cenário se apresente.

Mas fica claro que o Palmeiras dependerá muito mais da sua vontade que do seu combalido futebol para avançar à fase de mata-mata da Libertadores. Se conseguir, aí é uma outra história, tudo muda.

segunda-feira, abril 20, 2009

Deu no Twitter do Mano Menezes


Finais do Paulista serão na Vila Belmiro e no Pacaembu.

http://twitter.com/manomenezes

domingo, abril 19, 2009

Deu Corinthians. Com sobras


Assim como havia acontecido com o Santos diante do Palmeiras, o Corinthians sobrou para cima do São Paulo em dois jogos e se classificou sem contestações para a final do Paulistão.

Depois de conseguir desacelerar o jogo no primeiro tempo e escapar de sofrer um gol na cabeçada de Borges na trave, o Corinthians encaixou um segundo tempo brilhante e só não fez mais gols por preciosismo. Douglas fez mais um grande jogo contra o São Paulo (como tinha feito em 2007, pelo São Caetano), Alessandro, Cristian e Elias também se destacaram, e Ronaldo foi decisivo, com um passe e um gol.

Mano Menezes conseguiu transformar o Corinthians em uma temporada. Pode não ser campeão, mas resgatou o respeito e a competitividade do time, que acumula 23 jogos sem derrota na temporada. É seguro na defesa e consolidou um esquema tático eficiente.

O São Paulo foi, uma vez mais, escravo de seu método. Um time organizado mas opaco. Incapaz de alterar seu estilo de jogo. A bola parada falha, Hernanes joga mal, Jorge Wagner idem, e o São Paulo encontra diversos problemas, é incapaz de improvisar algo.

Pode não parecer muita coisa, mas o Tricolor é o único dos grandes paulistas que não tem em seu time meias armadores, ou jogadores que joguem regularmente e de maneira eficiente como organizadores. O Palmeiras tem Cleiton Xavier, o Corinthians tem Douglas, o Santos tem Paulo Henrique. O São Paulo ontem não teve Hernanes, que foi ao jogo mas não jogou, e travou.

Para as finais não há favoritismos. O Santos é um time redivivo, encorpado, unido e veloz. O Corinthians não sabe mais o que é perder, tem padrão definido e um Ronaldo ainda decisivo.
Antes que me pergunte, acho que as finais devem ser na Vila e no Pacaembu, ou então em dois jogos em campo neutro, no interior do Estado.

Inter, Sport, Flamengo

Antes de a bola rolar no Brasileirão já dá para cravar o Inter como um dos favoritos. Tem sido o melhor time do País até agora. 8 a 1 em final não é pouca coisa.

O Sport também vem forte, tetracampeão pernambucano, regular, competitivo.

O Flamengo ressurgiu, e nunca é bom negócio para nenhum adversário deixar um time com a camisa do Flamengo ressurgir.

sábado, abril 18, 2009

Deu Santos, com sobras


Falou-se mais da confusão envolvendo Diego Souza e Domingos do que da justíssima classificação do Santos após o jogo deste sábado no Palestra Itália.

Rapidamente, sobre o rolo todo, acho que todo mundo ali errou. Wagner Mancini não tem que ficar batendo boca com jogador adversário. Domingos diminui sua importância como atleta ao aceitar entrar em campo só pra provocar o adversário, como parece ter feito. E Diego errou mais que todos, ao cair na provocação e, depois, ao agredir o adversário, o que pode custar uma suspensão pesada - e justa, se ocorrer.

Bola rolando, o Santos foi sempre melhor no segundo jogo e melhor na maioria do primeiro. Levou uma classificação incontestável, derrubando todas as vantagens que o regulamento dava ao adversário. Mancini merece todos os méritos pela reconstrução de um time que parecia em frangalhos no início do Campeonato Paulista. Como equipe o Santos foi muito mais consistente que o Palmeiras nas semifinais, e Mancini, taticamente, trabalhou muito melhor do que Luxemburgo. Explorou as muitas fragilidades da lenta e insegura zaga alviverde, e deitou e rolou para cima do fraco lateral Fabinho Capixaba.

Madson jogou muita bola, Paulo Henrique e Neymar também foram muito bem. No Palmeiras, Evandro foi terrivelmente mal, assim como Keirrison.

Neste domingo sai o outro finalista, entre São Paulo e Corinthians. Que seja um grande jogo, sem as confusões que ocorreram no Palestra.
Maracanã, a catedral
ecumênica do futebol



Sempre que vou ao Rio de Janeiro procuro sentar na janelinha do avião para aproveitar um pouco daquela paisagem insuperável. Gosto particularmente de quando o avião sobrevoa um trecho do centro velho do Rio. Fico a pensar nas muitas histórias dos Anos Dourados, desse Rio charmoso e romântico da década de 50 que, infelizmente, eu não conheci, mas já ouvi e li muito. Seja em histórias, em discos ou livros.

Outra coisa que sempre faço lá de cima é procurar o Maracanã. Aí parece que escuto a trilha sonora do Canal 100 e me lembro das matinês no cinema, daquelas imagens maravilhosas, dos golaços, dos geraldinos. Fui ao Maracanã pela primeira vez em 1977. Tinha nove anos. Meu pai, Luiz Noriega, foi ao Rio para narrar alguns jogos do Mundial Juvenil de Vôlei, no Maracanãzinho (ali começou o projeto do melhor voleibol do mundo), e num intervalo entre os jogos me levou ao Maracanã.

Acho que era Fluminense x Vasco, mas não tenho certeza. Porque pouco vi do jogo. Eu queria mesmo era olhar para aquele monstro de concreto que eu só tinha visto pela TV e no cinema. Queria prestar atenção na geral, na magia daquelas cadeiras azuis, no ritmo da dança das bandeiras nas arquibancadas.

Voltei muitas outras vezes ao Maracanã. E fui a muitos outros estádios pelo mundo. Posso afirmar que nenhum gol é mais bonito que um gol marcado no Maracanã. Aquela baliza, o jeito que a rede absorve as bolas, é tudo diferente, mais plástico.

Isso sem contar que o Maracanã não pertence a nenhum clube, a nenhuma torcida. É de todos, é do mundo, é do futebol. A isso se chama templo. É uma autêntica catedral ecumênica, que aceita todos os credos e paixões do ludopédio.

O Maracanã explica muito do jeito carioca de ser e de ver o futebol. As pessoas vão ao Maracanã, onde jogará o time delas. Em São Paulo as pessoas vão ver seus times jogar. O time vai jogar em um estádio. É muito diferente. Acho que antes da construção do Morumbi, quando o Pacaembu reinava, talvez fosse assim em São Paulo. O Pacaembu era de todos. Hoje existe o fator mando de campo, que potencializou rivalidades, exasperou ânimos, plantou animosidades.

Por isso o Maracanã reina absoluto, acima de tudo isso, de rivalidades. Também é por isso que jamais deveria ser cogitada a possibilidade de demolição do Maracanã, como defende o amigo Lúcio de Castro. Ele deve ser presevado, conservado, quando muito adaptado como vem sendo.

Eu faria sempre a final da Copa do Brasil no Maracanã. Como os americanos fazem com o SuperBowl, um jogo, a cada ano em uma cidade. A diferença seria o fato de ser sempre no Maracanã. Como a Copa da Inglaterra em Wembley, não é isso?

Sou da época em que a Seleção Brasileira praticamente só jogava no Maracanã. Talvez fosse outro ponto a se pensar.

Enfim, nada se compara ao Maracanã. Visto do alto, de um avião, do Cristo, de baixo, por dentro.

Em 2000 tive uma oportunidade rara de bater um papo com Zico, no vestiário do Maracanã. Ele acabar de participar de um jogo de veteranos promovido pela empresa em que eu trabalhava. Jogou um Brasil x Argentina ao lado de Roberto Dinamite. Eu, o amigo Anelso Paixão, no vestiário do Maracanã, falando com aquele que talvez tenha sido o jogador-símbolo do estádio.

Na saída, o silêncio, aquele gigante calado, esperando a próxima vez em que abriria suas portas para receber multidões de fiéis. Amém, Maracanã!

sexta-feira, abril 17, 2009

Mais uma grande noitada
de futebol com mata-mata


Ah, como é bom esse diabólico mata-mata. Um Botafogo e Americano, um Palmeiras x Ipatinga, um Corinthians x Cianorte perdidos numa décima-terceira rodada de um campeonato de pontos corridos é uma coisa. Agora, qualquer jogo desses, que envolve um grande e um pequeno, numa competição de mata-mata, no jogo de volta, ganha outro sabor.

Que jogo foi o Botafogo e Americano de ontem. Aconteceram mais coisas nos 20 minutos finais de bola rolando do que em certos turnos inteiros de estaduais por aí. A tensão era palpável no Engenhão e em todos os cantos do País onde havia uma TV ligada no SporTV acompanhando o jogo. Poderia acontecer de tudo. Um gol do Americano eliminaria o Botafogo. Um gol do time de Ney Franco levaria para os pênaltis, e dois dariam a vaga aos de General Severiano.

Maicosuel fez um gol espetacular e, na sequência, quase vaz mais um, num final de jogo eletrizante. Nos pênaltis deu americano, com Maicosuel passando de herói a vilão.

Mas o que valeu mesmo foram os minutos de intensidade futebolística, de coração saindo pela boca. Minha esposa, que não é ligada em futebol, parou para ver os últimos lances do jogo, tamanha a expectativa gerada.

É isso que admiro no mata-mata, esses instantes em que o êxtase e a frustração trafegam lado a lado, mudando de lado a cada segundo, e a expectativa de saber quem será o vencedor, quem ficará pelo caminho. O Americano teve a vaga até os segundos finais. O Fogão renasceu num chute mágico e por pouco não virou tudo. E para completar o coquetel de emoções, os pênaltis, que de loteria não têm nada.

Como sempre digo, respeito quem admira os pontos corridos, mas me permito pensar que o mata-mata é seminal, é fundamental.

quinta-feira, abril 16, 2009

E o Santos assistiu
a tudo de camarote


Na quarta-feira agitada de Corinthians, Palmeiras e São Paulo um grupo de telespectadores privilegiados assistiu a tudo de camarote: o time do Santos.

Na teoria, o descanso e o tempo para treinar aproximam o Santos da vaga na final do Campeonato Paulista. Na teoria.

Primeiro porque o Palmeiras precisou correr muito contra o Sport. Correu não à toa, mas o resultado esfria as turbinas alviverdes e deixa o Leão pernambucano muito perto da vaga. Ainda há o desgaste psicológico evidente, a reação do torcedor. Vou frisar de novo, na teoria, o Santos foi o segundo maior beneficiado com o resultado de 1 a 1 entre Palmeiras e Sport. Primeiro porque teve confirmada a fragilidade da zaga alviverde pelo alto e a falta de tranquilidade do time quando precisa decidir. Segundo, porque taticamente teve uma bela amostra de como anular a velocidade palmeirense, vide o segundo tempo do Sport.

O Corinthians não precisou se esforçar muito para derrotar o frágil Misto em Campo Grande. O plano de Mano Menezes saiu bem executado. A equipe segue sendo a única invicta na temporada nos grandes centros e reforçou a sua capacidade competitiva, ainda que contra um adversário de outro calibre - bastante inferior. Na entrevista após o jogo, Mano ressaltou o tema da invencibilidade, lembrando que o São Paulo terá uma tarefa complicada: ganhar de um time que vira 4 meses sem derrota no calendário da bola.

Para o Tricolor paulista a ida a Medellín foi mero cumprimento de tabela. Só não vê quem não quer ver. A ordem no clube é unir forças em torno de um objetivo: ganhar o Campeonato Paulista na cruzada que o clube lançou contra a federação local. Classificado na Libertadores, o São Paulo ignorou seu discurso de privilegiar a Libertadores e disfarçar o desdém com que tratava o estadual e agora embarca numa missão nada diplomática.

O Santos assistiu a tudo de camarote. Resta saber se valeu o preço do ingresso. Respostas a partir de sábado, às 18h10.

quarta-feira, abril 15, 2009

O sono eterno dos
grandes clubes do
futebol brasileiro


Estou em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Minha primeira vez nesse canto do País. Cidade boa, percebe-se que circula dinheiro. Avenidas largas, arborizadas, bons serviços. O Corinthians está em Campo Grande para enrfrentar o Misto de Três Lagoas, pela Copa do Brasil.

É sempre a mesma coisa quando um grande viaja para algum ponto do País por onde passe pouco: muita procura, muita paixão do torcedor, gente pra todo lado, e a resposta do clube é quase sempre nula.

Sempre digo que os grandes times de futebol do Brasil não sabem o tamanho que têm. Recentemente o Corinthians e, acho que o Flamengo, tinham caminhões com seus produtos perambulado pelo País, uma espécie de loja ambulante para explorar positivamente a paixão que provocam. Há uma iniciativa interessante do São Paulo para explorar lojas temáticas, assim como Inter e Grêmio trabalham de maneira sem igual seus programas de sócio-torcedor e a simpátia idéia dos cônsules e consulesas.

Mas ainda falta uma estratégia. O Corinthians vem jogar em Campo Gande e tudo bem que os jogadores fiquem escondidos, concentrados, já que estão trabalhando. Agora, o clube não pode ficar enfurnado no hotel, a marca tem que circular, se mostrar disposta a atender um público tão carente e tão ou mais apaixonado que o freguês do dia-a-dia.

Semanalmente oportunidades como essas são desperdiçadas. Eu me pergunto como os vendedores de produtos piratas sempre se posicionam em frente aos hotéis, nos melhroes pontos dos estádios e os clubes simplesmente não conseguem montar um caminhão com seus produtos oficiais para que o mesmo chegue um dia antes e vá embora um dia depois do time nessas perambulações pelo País? Camisas, chaveiros, toda sorte de produtos, e duas ou três pessoas dedicadas a captar sócios-torcedores com programas específicos para quem mora longe do time do coração.

A verdade é que o futebol ainda engatinha no que se convencionou chamar de marketing esportivo.

segunda-feira, abril 13, 2009

Força, Rogério!


Dramática, para dizer o mínimo, a fase do goleiro são-paulino Rogério Ceni. Tive poucos contatos com ele e na maioria das vezes ele foi extremamente correto e de um comportamento profissional sem reparos.

Atendeu-me prontamente para uma entrevista visando o livro Os 11 Maiores Técnicos do Futebol Brasileiro.

Espero que ele possa se recuperar prontamente da contusão sofrida e retornar ao futebol em breve.
Semifinais de arrepiar
para o torcedor em SP
(e dá-lhe, mata-mata!)


Antes de mais nada, defensor confesso que sou do mata-mata, não poderia deixar de puxar a sardinha para a minha brasa (hehehehe). As semifinais do estadual paulista mostram que esse sistema de disputa em termos de emoção, pelo menos para mim, é insuperável. Tudo aberto, nada resolvido, muitas situações possíveis, jogos emocionantes.

No sábado, Santos e Palmeiras fizeram o grande jogo do campeonato até agora. Bem disputado ao extremo, com raça, técnica, tática, grandes defesas, gols perdidos. Um jogo de superação e determinação do Santos, com atuações soberbas de Fábio Costa e Roberto Brum e um gol de gente grande do menino Neymar. O Palmeiras optou pelo contragolpe e também jogou muito, com Cleiton Xavier e Diego Souza em ótima fase.

Tudo aberto para a volta no Palestra Itália, agora com 60% de chances para o Santos e 40% para o Palmeiras. Desfalque importante para Luxemburgo será Cleiton Xavier, o jogador que é mais acionado na equipe e que dá mais passes para gols. O Santos não terá o bom Rodigo Souto, mas contará com o retorno de Fabiano Eller.

O jogo de domingo, no Pacaembu, não foi tão bom tecnicamente como o da Vila, mas sobrou emoção. Antes de mais nada, acho que o erro mais grave do bom árbitro Sálvio Spínola foi não ter expulsado André Dias e Ronaldo no primeiro tempo. André entrou pesado em Dentinho, e Ronaldo foi para dar o troco, com raiva nos olhos, no zagueiro tricolor. Era rua para os dois ali.

Quanto ao jogo, o Corinthians foi melhor, sempre tomou a iniciativa, pressionou mais. O São Paulo esteve fiel ao seu padrão, bem posicionado, fatal nas bolas paradas, mas Borges não esteve inspirado, assim como Washington. E a defesa são-paulina, sempre competente, mostrou falhas pouco comuns.

Elias jogou muito, Cristian também. Pena que o volante corintiano fez aquele gesto lamentável ao comemorar o gol da virada. Será que ele tem noção que aquilo desencadeou um princípio de tumulto nas numeradas, no local em que havia apenas uma cerca entre corintianos e são-paulinos? Sem contar a falta de educação do gesto. Esse é o tipo de gesto que jogador de futebol deve evitar para que não seja imitado por garotos em peladas inocentes por aí. Sem contar o clima que vai gerar para o jogo de volta.

quinta-feira, abril 09, 2009

A Ilha e o Parque

Os destinos de Sport e Palmeiras se cruzarão duas vezes no espaço de uma semana, provavelmente na definição do futuro de ambos na Libertadores.

São confrontos equilibrados, sem favoritos. No jogo da Ilha do Retiro o Palmeiras foi taticamente perfeito. O Sport não soube impor seu ritmo, nem marcar forte a saída de bola do Palmeiras, que levou o confronto como quis levar no aspecto da estratégia.

Para o jogo do Parque Antártica a questão também será muito estratégica. Fará o mesmo o Sport? Jogará retrancado, apostando no empate, que para ele seria ótimo? E o Palmeiras, terá ímpeto suficiente para sair de uma provável retranca rubro-negra?

Cenas de mais um capítulo de uma rivalidade que se transformou em sadia graças ao caráter dos presidentes dos dois clubes.

terça-feira, abril 07, 2009

Atleta não precisa
servir de exemplo


Acho tremendamente injusto quando leio alguma coisa na linha de que atleta precisa ter consciência porque precisar dar o exemplo. Discordo completamente. Exemplo de quê e para quem, cara-pálida?

É um tal de criticar daqui e dali porque fulano foi pra boate, pra balada, foi visto bebericando uma cerveja etc.

Primeiro que esse papo de servir de exemplo é muito relativo. Principalmente quando se trata de uma celebridade, de alguém cuja exposição é massiva. Muitas vezes o sujeito não bebe, não fuma chega cedo pra treinar, é o útimo a sair, mas se comporta como um tremendo mau-caráter nas entrelinhas. Ou passa uma imagem de bom moço nas entrevistas e fora delas é um pulha.

Quando o cara assina um contrato como atleta profissional o que se cobra dele é o desempenho como atleta e o respeito à instituição que ele representa. Não está escrito que ele deve ser exemplo pra ninguém em suas atitudes fora de campo, na sua vida cotidiana e pessoal.

Exemplo tem que ser o político, o funcionário público concursado. Exemplo para a maioria das pessoas são os pais, os avós, os parentes próximos, um grande amigo, um professor.

No máximo, eu acho que o atleta pode ser cobrado e copiado por um garoto que quer ser atleta como ele. O resto eu penso que é covardia.

Ronaldo, por exemplo. Precisa ser exemplo por que? Só porque é famoso e joga bola? Aliás, exemplo de que e para quem? Seja bom exemplo ou mau exemplo para quem pensa nisso.

Aí dirão que as crianças o adoram, que querem ser como ele. Criança também quer ser como o Super Homem, o Batman, e todos esses heróis, como personagens, têm alguns péssimos exemplos para dar.

Uma coisa é talento, competência, genialidade esportiva. Outra é caráter. Mesmo porque muitas vezes o caráter de um ídolo é volúvel. O cara pode ser um tremendo líder no aspecto esportivo e um fracasso como pai de família, por exemplo.

Escrevo tudo isso e tomo o tempo de vocês porque me revolta quando vejo alguém querendo cobrar de atletas certo tipo de postura e comportamento. Principalmente nesse mundo estranho em que vivemos, o tal do politcamente correto.

Houve craques velocistas que fumavam. Grandes atletas que gostavam de uma cerveja. Esportistas espetaculares que foram cidadãos irresponsáveis.

Então deixemos cada um no seu cada qual. E que cada um escolha seu exemplo de vida sem ficara analisando a fama e o número de gols marcados ou de baladas contabilizadas.

segunda-feira, abril 06, 2009




Tem mais livro novo

chegando na praça



Será hoje o lançamento de "Maioridade Penal", compilação de história da carreira do goleiraço Rogério Ceni feita pelao reporterzaço André Plihal. Sessão de autógrafos das 19 às 22 horas, na Saraiva do Shopping Morumbi, em São Paulo.
Quem é quem nas
finais do Paulistão


Serão dois clássicos de muita tensão, história e rivalidade. Literalmente sem favoritismo. Abaixo vou resumir o que penso das quatro equipes que disputarão o título paulista de 2009.

Palmeiras - Tem a nada desprezível vantagem de jogar por dois resultados iguais (dois empates ou uma derrota e uma vitória pelo mesmo placar) e decidir em seu estádio. Tem o enorme problema de precisar decidir sua vida na Liberadores - que não é nada fácil - simultaneamente.
Como time ainda não se acertou. Tem defeitos crônicos na defesa, em especial as bolas pelo alto, e também na saída de jogo. A lateral direita é um problema ainda sem solução. A velocidade do ataque, maior mérito da equipe no início da temporada, foi consideravelmente reduzida. Keirrison está em má fase, mas Diego Souza venha subindo de produção. No confronto contra os outros classificados para as semifinais tem uma vitória, um empate e uma derrota.

Santos - No aspecto motivacional, é o time que chega mais vitaminado. Conseguiu uma classificação heróica e ficou evidente que o treinador tem o grupo nas mãos em termos de motivação. A imagem dos jogadores reservas abraçando Vágner Mancini após a vitória sobre a Ponte é emblemática. O time joga pelo técnico e isso não é pouca coisa. Taticamente ainda é confuso. A idéia de povoar o ataque deixa o meio-campo deserto e compromete a cobertura. Os laterais são limitados, o que é um ponto fraco no futebol de hoje. Tem Fábio Costa em fase espetacular e o goleador Kléber Pereira. Neymar ainda precisa de tempo, mas Paulo Henrique tem mostrado personalidade. Fabiano Eller é um desfalque considerável. Na Vila o time cresce demais nos clássicos. Desempenho contra os outros semifinalistas: duas derrotas e uma vitória.

São Paulo - Dos quatro é o mais competitivo, a equipe que mais confia em seu potencial e tem a maior capacidade de definição. Cresce em jogos decisivos. A irregularidade tem sido o grande problema. Alterna bons e maus momentos. Tem a dupla de ataque mais eficiente do torneio: Borges e Washington. Também conta com os melhores zagueiros e a melhor bola parada. Tem problemas na ala direita, quase sempre à base de improviso, e por onde o time costuma ser mais vulnerável. Assim como o Palmeiras, terá jogo da Libertadores antes do primeiro duelo contra o Corinthians, e na quinta-feira, o que reduz o tempo de recuperação. Taticamente é a equipe mais bem preparada para jogar em função de um resultado. Se sai na frente, dificilmente toma a virada. Nos duelos contra os adversários em clássicos tem uma vitória, um empate e uma derrota.

Corinthians - Um time que ainda não perdeu na temporada tem suas qualidades. No que se refere à defesa, não são poucas. Chicão é um ótimo beque e William não faz feio. Alessandro funciona muito bem como o lateral que fica mais preso à marcação, e Cristian protege bem a zaga. Os problemas começam quando se pensa em criatividade. Douglas está em péssima fase, André Santos, que sempre foi o desafogo do time, se precisa marcar alguém não consegue abastecer o ataque. Ronaldo tem sido literalmente o diferencial do time, que ainda não obteve êxito em organizar mais jogadas para seu artilheiro famoso. O fato de estar invicto, no caso das semifinais, não refresca a vida corintiana. Se empatar os dois jogos, por exemplo, sairá invicto e eliminado. Precisará atacar o São Paulo, o que taticamente é tudo que o adversário gosta. Em clássicos soma uma vitória e dois empates.

sexta-feira, abril 03, 2009

Centenário do
povo colorado


Os gremistas do mundo que me perdoem, mas hoje é dia de celebrar o centenário do Sport Club Internacional que, assim como o maior adversário, é uma glória do desporto nacional. Por isso o post vai em vermelho.

Fundado por cariocas que se estabeleceram no Sul após passar por São Paulo, o Inter já nasceu predestinado a ser um clube de abrangência nacional e, posteriormente, mundial.

Quanta gente boa, quanta história, Larry, Bodinho, Falcão, Figueroa, Fernandão. Os tempos do estádio dos Eucaliptos, cujas arquibancadas pude ver de soslaio certa vez, do estúdio panorâmico da RBS, em Porto Alegre, como que a preservar a história do clube antes do Beira-Rio.

Tive o privilégio de trabalhar na cobertura das duas maiores glórias da história do Inter. A conquista da Libertadores, a partir da semifinal contra o Libertad, e, posteriormente, o título mundial, o qual cobri in loco, no Japão, ao lado da gente talentosa e companheira da RBS.

Aprendi a admirar a seriedade do trabalho de gente como o Fernando Carvalho, uma espécie de reinventor do Inter, além da paixão dos colorados que atravessaram o mundo para desafiar o Barcelona e suas estrelas, com toda a garra gaúcha.

Lembro-me até hoje de um momento no estádio de Yokohama. Faltavam alguns minutos para o fim do jogo, nossa equipe se preparava para descer rumo ao vestiários. De repente passam correndo pelo anel intermediário do estádio dois torcedores colorados, já bem crescidos, choravam feito guris (o texto hoje merece sotaque) e bradavam desafios aos calados e atônitos japoneses que observavam tudo sem entender patavina.

Parabéns aos colorados e ao Inter, pelos cem anos de glórias que serão festejados neste sábado.

quinta-feira, abril 02, 2009

Uma história da
tragédia brasileira


A cena que reproduzo abaixo é verdadeira. Um dos personagens me contou. Deve ficar fácil entender qual deles. É uma amostra do País em que vivemos. De um País longe demais das capitais, como diria o Humberto Gessinger. Mas que é o mesmo País das capitais. Incrível acreditar que coisas assim aconteçam. Mas acontecem.


Começo de noite calorenta em algum lugar próximo da fronteira do Brasil com a Bolívia. O hotel tem muito luxo para aquele fim de mundo, cercado por ruas poeirentas e vazias.

Os músicos que acompanham um nome conhecido do cancioneiro popular chegam ao hotel em busca de um bom banho, algum descanso e uns minutos de tranquilidade antes do espetáculo da próxima noite.

- Oi, eu vim com a banda. Queria saber qual o meu quarto?

- Ah, pega uma chave aí e escolhe qualquer um - responde o funcionário, sem tirar o olho da revista pornográfica.

Devidamente instalado, o músico desce para o deck da piscina, que está coberta de lodo misturado a uma água suja, esverdeada, malcheirosa. Pede uma cerveja, se acomoda em uma mesa mais próxima do ventilador de teto, respira fundo.

O sujeito da mesa ao lado se aproxima, copo de uísque à mão, e puxa conversa.

- Boa noite, posso me sentar aqui?

- Claro, à vontade.

- Você está fazendo o quê por esses lados?

- Sou músico, trabalho na banda que vai tocar amanhã?

- Ah, tá.

O músico resolve devolver a pergunta.

- E o senhor, faz o quê?

- Eu sou matador.

- Ahn, ahn, é-é-é mesmo? - balbucia o músico, espantado com a sinceridade.

- Sabe, eu já estou cansado dessa vida, tinha me aposentado - começa o Matador.

- Estava lá na minha fazenda e me fizeram uma oferta muito boa, era dinheiro grosso.

- Ahn, ahn - tentava falar algo o músico, estarrecido.

- Mas eu já terminei meu serviço, viu. Agora estou relaxando. Cheguei na rádio da cidade, entrei chutando a porta e perguntei pelo cabra. Entrei no estúdio, ele tava ali falando. Perguntei: você é o fulano de tal? Ele disse sim. Eu disparei uns quatro tiros nele, pá, pá, pá, pá. Saí tranquilo pela mesma porta que entrei. Pronto, serviço feito, agora posso descansar na minha fazenda.

- Sabe, acho que vou me deitar, amanhã será um longo dia. Boa noite - disse o músico, caminhando apressado para o quarto.

Por via das dúvidas, ligou para a recepção e pediu para ser registrado com outro nome. Também trancou a porta e afastou uma das camas para bloqueá-la.

Não conseguiu dormir. Jamais esquecerá o dia em que conheceu um matador.

Marcelo Barreto tem razão:
não tem mais bobo no futebol


Meu amigo Marcelo Barreto (por sinal, cada vez melhor no comando do Redação SporTV) adora dizer essa frase: não tem mais bobo no futebol. Barreto está certo. A rodada deste meio de semana das Eliminatórias para a Copa de 2010 foi um prato cheio para esse talentoso jornalista de Bicas, Minas Gerais.

Que dizer do chocolate boliviano em cima da Argentina de Maradona? Vi pouco do jogo, pois estava comentando Itália x Irlanda, quase simultaneamente. Mas mesmo com Messi e outros grandes jogadores, a Argentina foi triturada por um time fraquinho, fraquinho. Mas que não é bobo. Como quase ninguém. É tão nivelado esse futebol atual, que o time mais forte, se der uma vacilada de dez, quinze minutos, tirar o pé do acelerador e a mente da partida, já não consegue mais se recuperar diante do mais fraco.

A Itália campeã do mundo viveu seu dia de Brasil contra o Equador. Foi sufocada, dominada inapelavelmente pela Irlanda, agora dirigida pelo italiano Giovanni Trappattoni. O que se viu, após a injusta expulsão de Pazzinni, foi uma Itália engolida pela solidez tática da Irlanda, desesperada nos minutos finais para garantir um resultado que acabou escapando, para justiça dos deuses do futebol.

E o Brasil contra o Peru? Confesso que o sono venceu o compromisso. Comecei o dia 1 de abril em Itápolis, passei por Bauru, voei para São Paulo, depois voei para o Rio e voltei para São Paulo. Seria preciso algo mais do que vi no primeiro tempo de Porto Alegre para derrotar o cansaço. Mas não teve jeito. Essa Seleção é sem graça, sem tempero, um time que não consegue mais lotar os estádios pelo País. Enfim, por mais que o Dunga promova bate-bocas com jornalistas, saia por aí destilando sua mágoa eterna contra quem ele bem entender, essa Seleção é, como já escrevi aqui, uma estrangeira residente. Não representa o futebol brasileiro. Representa a Confederação Brasileira de Futebol. Que não são a mesma coisa.

quarta-feira, abril 01, 2009

Itália x Irlanda, logo
mais, no SporTV 2

Comento esse jogo daqui a pouco, com o grande amigo Sérgio Maurício, relembrando os tempos em que transmitíamos juntos muito mais do que fazemos hoje.

Jogão, vale a liderança do grupo pelas Eliminatórias Européias da Copa de 2010. Lippi contra Trapattoni no banco, muita festa nas arquibancadas em Bari.

Admito que me atrai mais que a enfadonha seleção brasileira de hoje.