Longe de mim qualquer pretensão de ser professor de Jornalismo ou de qualquer coisa. Não tenho preparo, não tenho formação para isso, e também não tenho a intenção de ensinar nada para ninguém. Além de achar que não tenho nada para ensinar. Mas muito do que aprendi posso compartilhar.
Incomoda-me a ausência das perguntas no mundo do jornalismo esportivo atual. Esse jornalismo esportivo que já foi considerado, em outras épocas, combativo, chato, perguntador e fuçador.
Lembro que na época dos atentados de 11 de setembro de 2001, fui a um treinamento da Portuguesa, como repórter. O técnico era o Edu Marangon. Ele brincou e disse:
- Se querem achar o Bin Laden, é só escalar vocês da imprensa esportiva, porque vocês fuçam para caramba.
Claro que há um grande exagero nessa afirmação.
Mas a verdade é que a imprensa esportiva de que me recordo dos meus tempos de garoto e depois, de foca, sempre se caracterizou por perguntar sem pedir licença e sem medo. Quando em vez tomava o contra-ataque. Mas repórter bem preparado e perguntador não toma contra-ataque.
Até porque essa é uma premissa básica dessa profissão. Porque, no fundo, somos todos nós, jornalistas, repórteres. Podemos estar diretores, editores, comentaristas, mas seremos sempre repórteres.
O que me assusta é que as perguntas parecem estar em extinção. Muitas vezes o que ouvimos (e me refiro mais a rádio e TV porque esses meios estão quase sempre ao vivo, e é ao vivo que se conseguem, geralmente, os melhores depoimentos e respostas) são afirmações, ou opiniões. Nem mesmo a entonação da pergunta há.
Muitas vezes escuto algo assim:
- Que golaço, hein, fulano.
- Jogo difícil.
Comentários para que o entrevistado comente.
E, sem fazer média, não é por falta de capacidade, porque tem muito repórter bom por aí, felizmente.
Mas a pergunta é nosso ganha-pão, nossa credibilidade, ela vem sempre antes da opinião e da afirmação.
Sou meio antigo, já rodei um pouco, e acho que a fórmula básica é narrador narra, comentarista comenta, repórter reporta. Informação tem prioridade.
Pronto, acabei cagando regra, que era o que não queria fazer.
Edito o texto para uma sugestão modesta de quem perambulou muito como repórter antes de virar comentarista.
Perguntem, colegas!
Perguntar não ofende.
E boas perguntas geram boas respostas.
Um comentário:
Muito boa.
Acho q o rádio arrisca mais, é o q vejo ainda hj em dia.
A tv não...essa anda morna, politicamente correta demais.
Bj Nori
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