quinta-feira, julho 08, 2010

O Oitavo Elemento


Domingo o futebol conhecerá um novo campeão mundial, que se juntará aos sete ganhadores históricos anteriores, Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, Uruguai, Françae Inglaterra.

Este oitavo elemento pode não trazer revoluções em termos de tática, nem um craque excepcional, mas tanto Holanda como Espanha, quem for o campeão, estará injetando ar fresco no jogo de bola.

No que se refere à visão geral dos sete países que já tinham conquistado a Copa, Holanda e Espanha sempre foram tratados com algum desdém. Principalmente por nós, brasileiros, sejamos jogadores, técnicos, torcedores ou jornalistas.

Quantas vezes nos pegamos chamando a Espanha de amarelona e a Holanda de time pequeno com panca de grande, eterno vice etc?

Ainda hoje vejo muitas opiniões que depreciam a campanha da Holanda e tentam chamar de casual a vitória sobre o Brasil nas quartas-de-final. Chegar a uma decisão de Copa vencendo todos os jogos não é pouca coisa. Assim como virar um jogo em cima do Brasil em um Mundial.

Fora isso, a Holanda mantém um saudável compromisso com um jogo de boa técnica, com atacantes que jogam como pontas em muitos momentos. Ato corajoso nesses tempos de cada vez mais competitividade no futebol.

A Espanha certamente é uma das seleções mais prejudicadas da história da Copa do Mundo. Em algumas ocasiões saiu prejudicada e o favorecido foi o Brasil. Ou a Itália, ou a Coréia do Sul.

Sempre sustentou uma aura de favoritismo que por duas vezes na história conseguiu justificar, nos títulos europeus de 1964 e 2008.

É um país de grande importância futebolística, pátria de duas multinacionais gigantescas do esporte, Real Madrid e Barcelona. Conta com uma geração rara de se formar. Também é louvável que mantenha um meio-campo absoultamente técnico, que consiga jogar trocando passes, sem apelar para chutões e afins.

Sobre o jogo de domingo, acho que a Espanha tem mais repertório, um número maior de jogadores que podem decidir o jogo.

Sobre a Holanda, escrevi uma citação do Brasil de 1994 que algumas pessoas não entenderam. Não falo de sistema de jogo, já que há grandes diferenças. É a ideia básica do time que abre mão de um histórico instinto ofensivo em prol de mais segurança, apostando em dois atletas que podem decidir: Robben e, principalmente, Sneijder.

A oitava cadeira dessa academia mundial da bola terá um ocupante digno no próximo domingo, em um estádio convenientemente chamado de Cidade do Futebol. Qualquer resultado será merecido.

6 comentários:

Fundão do Futebol disse...

Parabéns pelo texto Nori, somos alunos de Jornalismo e admiramos muito você como pessoa e como jornalista. Se tiver como, de uma força para o nosso blog. Obrigado

http://fundaodofutebol.blogspot.com/

Anônimo disse...

Desculpa se tô sendo chato, Nori, mas é porque vc é realmente um dos poucos com quem dá pra estabelecer um diálogo inteligente sobre futebol. Então continuarei - e discordando nos poucos pontos em que discordamos.

Não é que a vitória da Holanda foi casual, a questão é um pouco mais complexa do que parece (pelo menos pra mim). A Holanda ter chegado a dois gols é que foi que foi casual. Mas não há nenhuma conotação negativa nisso. Alguns jogos do futebol competitivo contemporâneo são essencialmente casuais. Eu vejo beleza nisso, o imponderável dá graça ao futebol.

O mérito da Holanda é incontestável, só que o mérito dela foi equilibrar o jogo, e não vencê-lo. Isso sim não foi casual. (perceba como estou falando do jogo em si e não da campanha deles)

O argumento é que em uma melhor de 10, o Brasil levaria a melhor (contra a Holanda, não saberia dizer contra outros que não enfretamos...). Acho que tínhamos que ter em conta a casualidade inerente a alguns jogos antes de criticar um trabalho como um todo - que não é de forma alguma o seu caso, embora seja o de grande parte da imprensa esportiva.

Se olharmos futebol como um jogo que ganha quem faz mais gols - e ele é isso - então a Holanda é melhor que o Brasil. Mas então temos que dizer que o problema foi o Brasil não ter feito mais gols do que a Holanda. E só.

Agora, se usarmos os critérios que costumam ser usados no discurso do comentário esportivo (chances criadas, volume de jogo, toque de bola, defesa, etc): não, a Holanda não é melhor que o Brasil.

Saudações admiradas,
Pedro.

Samar Elgrably disse...

Tentando ser completamente imparcial (e como está sendo difícil, a Holanda ainda está aqui na garganta!), concordo plenamente com você, Noriega. Qualquer seja o resultado, será digno. A grande surpresa da Copa da África do Sul é que ela foi uma grande surpresa!

Anônimo disse...

Partindo do princípio, que uma seleção não deve mudar suas origens, principalmente se forem ofensivas, gostaria que a Espanha fosse campeã, assim realmente o futebol mais bonito, o futebol ofensivo e coletivo seria vitorioso.
Concordo com o Pedro, quantos mais jogos fizermos com Holanda 80% deles ganharemos, com esse mesmo time.


Nori voce é o cara espero que a Globo coloque logo voce em um canal aberto, O POVO MERECE (rsrsrsr)!!!
Parabéns

Gilson Gustavo disse...

Noriega,
Sou daqueles que gosto mais do futebol e estou feliz pela final inédita.

Desde o começo da Copa disse para meus amigos que se não fosse o Brasil, gostaria que a Espanha fosse a campeã pelo futebol de toque e posse de bola e por seu elenco de "baixinhos".

No entanto, a Alemanha fez partidas excelentes e até mudei de opinião em alguns momentos.

Agora vivo uma situação ruim. Temos a Holanda, seleção pela qual tenho um carinho especial e que se perder será pela 3ª vez vice-campeão. Será que eles resistirão a isso?

Do outro lado temos a Espanha, jogando um futebol fino, que gostaria que fosse um pouco mais agudo em alguns momentos e que joga a 1ª final. Se perderem com esse time e esse estilo de jogo, veremos o mesmos tipos de comentário que fizeram sobre o Barcelona na última Liga dos Campeões.

Para quem torcer? Eu não sei.

Hugo Venturini disse...

De todos os que ainda não venceram uma Copa do Mundo, justamente os dois mais desejosos disto se encontram numa final. Será muito bonito de se ver!