terça-feira, junho 24, 2008



EURO X COPA AMÉRICA




Acompanhar as duas maiores competições continentais de futebol entre seleções é extremamente prazeroso e educativo. É um desfile de costumes, de culturas e diferentes maneiras de se demonstrar a paixão pelo principal esporte do planeta.

Comparações são sempre difíceis. Trata-se de dois continentes com quase nada em comum. A Europa rica e milenar e a América Latina lutando para deixar o subdesenvolvimento para trás. O futebol sul-americano é uma mina que está praticamente esgotada. Não há tempo para a recuperação dos recursos naturais e, principalmente, para a lapidação de diamantes brutos. A Europa tem sede de talento e tem o poder do Euro para comprá-lo. A América Latina precisa exportar parado sobreviver e sonhar com um futuro de padrão europeu. O que se aplica ao futebolvale também para o dia-a-dia, para o cotidiano.

A Copa América da Venezuela foi uma competição bastante particular. Houve excessos evidentes, dada a natureza do regime ali instalado, sua vocação propagandista e o passado de pobreza do país mais rico em petróleo do continente. Os defeitos das administrações sul-americanas de viés totalitário estavam todos ali. Estádios monumentais em cidades paupérrimas, nas quais o futebol praticamente não existe. Favorecimentos políticos, propaganda escancarada, muita confusão na venda e distribuição de ingressos.

A Euro é mais organizada, sem dúvida. O que não significa que seja perfeita. Existe um claro favorecimento a meios europeus, mesmo que veículos de outros continentes também paguem os direitos de transmissão. A segurança é extremamente falha e desorganizada. Para se ter uma ideia, o acesso ao centro de imprensa na Basiléia era assim: na primeira entrada passava-se por um aparelho de raio-x. Em todas as outras entradas o aparelho estava desligado. Ou seja, quem entrava e saía do complexo não era revistado após a primeira entrada.

A equipe do SporTV viajou da Suíça para a Áustria sem ter um pedido de observação de passaporte. Houve invasões de gramado em que torcedores ficaram cara a cara com jogadores. Enfim, há falhas. A diferença está na capacidade financeira, no poderio dos patrocinadores e nos valores praticados. A Uefa é poderosa, rica e influente politicamente. Seu presidente atual é um ex-craque de proporções planetárias, o francês Michel Platini. A Conmebol é administrada desde priscas eras pelo paraguaio Nicolás Leóz.

Quando a bola rola as diferenças também são gritantes. Infelizmente, a fantasia e o imprevisto, a capacidade de improvisação que sempre caracterizou os grandes craques sul-americanos, tudo isso parece ter feito as malas e mudado para a Europa. Basta ver em ação jogadores como o russo Arshavin, o holandês Sneijder, o português Cristiano Ronaldo e até mesmo os alemães Podolski e Schweinsteiger.

O jogador europeu é muito mais interessado em jogar do que o sul-americano, que ainda insiste em coisas ultrapassadas como catimba, simulação, dedo na cara, aquela obscura ética do boleiro, muito falada e pouco praticada no Brasil. O nível de civilidade dentro de campo na Europa supera em muito o da nossa América do Sul. Civilidade propriamente dita e também a futebolística. O jogo é mais duro, mais pegado e disputado, só que muito mais leal. As entradas maldosas por trás, os carrinhos perigosos pela frente, as agressões gratuitas, o empurra-empurra, tiudo isso acontece em proporções muito menores na Euro.

Mas o que acaba sendo mais dolorido é verificar a crueldade econômica da festa. Para o europeu, mesmo o que não tem rios de dinheiro no quintal, viajar pelo continente é mais fácil. Há trens, boas estradas, variedade de hospedagem. As distâncias, quase sempre são menores. Então vemos a Suíça e a Áustria invadidas por legiões de holandeses, croatas, turcos. Cerca de 1% da população holandesa foi até a Basiléia para ver Holanda e Rússia. Até da distante Rússia vem muita gente.

Na Venezuela, em 2007, era raro ver brasileiros, até mesmo argentinos, chilenos que tivessem se deslocado de seus países apenas para torcer. Apenas uma grande quantidade de mexicanos foi até a república chavista para torcer pela Tri (color). Não há tanto dinheiro e tanta facilidade como na Europa. E infelizmente os torcedores perderam boa parte do interesse pela Copa América, que para mim continua sendo um baite de um torneio, legal, disputado e interessante de se acompanhar. Mas será que um dia terá a qualidade e a projeção da Euro?


2 comentários:

Anônimo disse...

Pow...
você tah cobrindo a Euro inteira ai
e vai falar tao pouco do futebol todo que vc viu ai?
que eogoismo heheheheheheheh
brincadeira
adoro seu blog soh queria q tivesse mais futebol!

Anônimo disse...

Oi, tudo bem?... espero que sim.
Eu queia saber que dia começa o Pré Olimpico masculino de basquete.
Até mais chara rsrsrsrs