Conmebol arma golpe
contra times brasileiros
Faço a seguinte leitura a respeito da proposta do novo presidente da Conmebol, o uruguaio Eugenio Figueiredo, de reduzir o número de participantes da Libertadores. Em vez de investir na melhora da qualidade técnica, como propaga em seu discurso o novo presidente, vejo uma clara intenção de atacar o domínio brasileiro no futebol sul-americano.
Segundo a ideia de Figueiredo, a Libertadores passaria a ser disputada por 24 equipes. Seriam dois times por federação nacional. Vinte equipes sul-americanas, duas mexicanas (que pagam para jogar) e mais campeão da Libertadores anterior e da Sul-americana. O que abriria uma vaga extra para o país que tivesse o campeão continental.
Não é preciso ser gênio para saber que o futebol brasileiro vive numa redoma de sucesso econômico impensável para os países vizinhos do continente. Nem mesmo os mexicanos, que têm forte injeção financeira das emissoras de TV locais, conseguem competir com o Brasil hoje em termos de recursos.
O futebol argentino virou programa de governo de Cristina Kirchner, o campeonato nacional foi estatizado e os clubes não conseguem competir de igual para igual com os brasileiros. Ainda assim, os argentinos também serão prejudicados pela medida, se ela for adotada, porque têm equipes bastante superiores à média do continente.
A partir de 1990, os clubes brasileiros venceram dez vezes a Libertadores e chegaram a nove decisões, sendo que em duas delas a final foi entre times do Brasil. Os times argentinos, que sempre foram os bichos-papões, venceram sete vezes. Baixando a estatística para os últimos dez anos, a partir de 2002, foram cinco conquistas brasileiras e três argentinas.
Enfim, Figueiredo me parece ter claras intenções eleitorais nesse sentido, porque faria um agrado às demais federações nacionais, tirando o peso de Brasil e Argentina. Talvez de olho em sua permanência no cargo nas eleições de 2015.
Não se discute o fato de que muitos times que se classificam para a Libertadores não reúnem condição técnica de participar do torneio.
A Champions League tem 32 equipes e não perdeu qualidade, poderia argumentar. Mas não há como comparar Europa e América do Sul economicamente.
Parece-me que para equilibrar tecnicamente a Libertadores a Conmebol talvez devesse pensar em aumentar a fatia do bolo econômico para os clubes, subir os valores de premiação por participação e investir em programas de incentivo ao futebol em países onde o esporte não tem as mesmas facilidades de Brasil, principalmente, e Argentina.
Outro objetivo disfarçado dessa medida seria dar algum peso à Copa Sul-americana, competição que segue sem grande prestígio entre a maioria dos clubes, em especial os brasileiros, que a tratam com certo desdém em relação à Libertadores. Reduzindo a presença brasileira na Libertadores, a Conmebol jogaria mais equipes brasileiras de peso na Sul-americana.
Enfim, essa é a minha leitura.
Um comentário:
Essa foi a minha também ao ler a matéria no início da semana. Copa do Mundo, Champions e Libertadores atribuem "pesos" de participação, e estão corretas! Brasil paga o preço de ter um futebol forte e de certa maneira democrático, com diversos times fortes. Invenções como "fase-nacional", e "não pode ter final do mesmo país só prejudicam os times brasileiros. CBF deveria ter postura mais enérgica dentro da CONMEBOL, porém a politicagem é o que fala mais alto, assim como em todas as federações e confederações.
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