Independência (ou) Galo
Impressionante a sequência do Atlético Mineiro em sua nova casa, o renovado estádio Independência. Desde abril de 2012, quando voltou a jogar em Belo Horizonte, o Galo disputou 23 partidas no estádio que divide com o América, venceu 16 e empatou sete.
Foi com base nessa confiança de quem realmente se sente em casa e mostra quem manda que o time de Cuca entrou em campo contra o São Paulo. Jogo pegado, brigado, gostoso de assistir. No primeiro tempo, o Galo impôs seu estilo. Muita pegada, diminuição de espaços e ritmo infernal de velocidade com Bernard, Jô, Tardelli e Ronaldinho Gaúcho.
O São Paulo não encontrava uma maneira de acertar sua saída de bola, e num vacilo incrível da retaguarda tricolor, o Atlético fez 1 a 0 num daqueles lances que não se aceita nem em pelada: gol que nasce de cobrança de lateral.
O primeiro tempo mostrou uma superioridade tática tal do time mineiro que um a zero terminou sendo pouco. Com Jádson anulado por Pierre e Douglas sem cacoete de meia, o São Paulo ficou encaixotado na marcação atleticana e se viu refém da velocidade do rival.
Na segunda etapa, até porque é praticamente impossível manter um ritmo tão veloz, o Atlético recuou em busca do contragolpe fatal, mas deu muito campo para o São Paulo jogar. Só que justamente quando o time paulista se estabelecia em campo, pintou o segundo gol, em nova jogada de Ronaldinho, em novo vacilo de Rodolpho pelo alto, gol de Réver.
Quando encontrou uma certa cadencia, diminuindo a voracidade do rival, o São Paulo foi bem. Mas há uma questão tática que Ney Franco ainda precisa resolver. A ideia é fazer uma equipe que tenha quatro jogadores mais á frente. Um avançado, Luís Fabiano, dois extremos (ou wings, como dizem os europeus), Osvaldo pela esquerda e uma vaga ainda aberta na direita, e um meia no centro, Jádson. Para que isso funcione, o treinador opta por dois volantes mais pegadores e sem grande saída de bola, Denílson e Wellington. Quando o adversário tira a velocidade pelos lados e marca Jádson, Lúis Fabiano tem dificuldades para receber a bola.
O Atlético tem um estilo de jogo parecido, só que mais bem resolvido. A diferença está em detalhes. Bernard é um jogador de mais movimentação e técnica que Osvaldo. Ele dita o ritmo frenético da equipe. Ronaldinho fica solto no meio, e tem cobertura de Leandro Donizetti e Pierre. Jô não tem a técnica de Luís Fabiano, mas compensa com maior mobilidade, e Tardelli (ainda que desentrosado) pode ser tanto segundo como primeiro atacante. Com um adendo: Leandro Donizetti sai mais para o jogo, se apresenta mais que Wellington e Denílson. Se Fabrício voltar bem, pode ajudar o São Paulo na saída de bola.
Nada se resolve em um jogo nesse grupo, no qual Galo e Tricolor devem disputar a liderança. A partida de ontem foi previsível no sentido de que um time formado há mais tempo e mais entrosado e bem resolvido taticamente saiu vencedor.
Com a força que tem no Independência, o Atlético, se tiver uma boa regularidade e souber ser competitivo fora de casa, estará muito forte na briga pelo título.
O São Paulo é sempre muito forte como mandante na Libertadores, mas ainda precisa encontrar uma forma de jogar sem Lucas, além de resolver o problema da defesa nas bolas cruzadas para a área.
Em 17 de abril, no Morumbi, Tricolor e Galo devem fazer outro jogaço, valendo o primeiro lugar do grupo.
Um comentário:
Ótima visão do jogo. Os dois times tem muito a melhorar com o decorrer da competição.
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