Habemus Basquete!!!
Joguei vôlei mas adoro basquete. Fui rato de jogos inesquecíveis no Ibirapuera, no Sírio, em Franca, no Monte Líbano. Sempre que meu pai dizia que ia narrar um jogo de basquete pela fantástica equipe da TV Cultura eu ia junto. Vi jogar o Wlamir e a Norminha no finalzinho, vi uns bons jogos do Ubiratan. Invadi a quadra quando o Sírio ganhou a Copa William Jones, com Oscar e Marcel brilhando. Acompanhei quadrangulares inspirados contra Porto Rico, Iugoslávia, bons times universitários americanos, e pelo nosso lado gente como Adílson, Hélio Rubens, Carioquinha e tantos outros. Torci feito um desesperado no dia da conquista histórica do Pan de 87 e gritei "suck that the sugar cane is sweet, Uncle Sam!" Vi de pertinho o Brasil fazer um belo jogo contra o Dream Team em 92.
Tudo isso tinha ficado para trás, estava perdido no tempo. O orgulhoso basquete brasileiro, bicampeão mundial, três medalhas de bronze olímpicas, perdeu-se em meio a vaidades e picuinhas entre gerações de jogadores e treinadores, administrações desastradas e tentativas ridículas de salvação da pátria.
Foi preciso que um estrangeiro mostrasse o caminho do trabalho e da adequação à modernidade do jogo para que o basquete masculino do Brasil recuperasse sua dignidade, voltasse aos Jogos Olímpicos e passasse a ser respeitado como nos tempos de glória.
A Argentina, que talvez alguns esqueçam, foi a primeira campeã mundial de basquete, e tirou décadas de atraso em relação ao Brasil com trabalho sério e uma geração espetacular. Enquanto isso, o Brasil ia perdendo tempo com discussões entre técnicos, acusações entre jogadores e dirigentes e interesses comerciais.
Rubén Magnano mostrou que o Brasil ainda produz jogadores para ser forte de novo no basquete. Não voltará a ser campeão ou medalhista da noite para o dia. Mas conseguiu tirar boa parte do tempo perdido com bobagens. A perspectiva de um bom desempenho em 2016 existe, é palpável.
Com uma boa base, seriedade e dedicação, talvez jogadores de quem se espera capacidade de decisão, enfim, decidam. Mas certamente há um novo ambiente, uma nova aura envolvendo o basquete brasileiro.
Hoje torcemos como há muito tempo não se torcia por aqui. Foi um dia para relembrar as noites memoráveis do Ibirapuera nos anos 70, ou a magia do Maracanãzinho em 1963.
Temos basquete novamente!
5 comentários:
boa, nori!
Noriega
Que texto maravilhoso, cara! De encher os olhos, ainda mais num dia como hoje! Perder foi muito ruim, mas lembremos e nos deixemos perceber que voltar aos holofotes mundiais foi bom demais!
Forte abraço
Prof. Marcos
(www.ecesta.com.br)
Eu gostei do desempenho dos brasileiros. Jogaram bem. Paranbéns pelo artigo, é de grande brilho, serenidade e capricho.
Nori,
Sabe aquela frase "não tem mais time bobo"? Agora é válida também para o basquete, porque só agora deixamos de ser time bobo.
Outra coisa: Você viu a tempestade em copo d'água que o André Domingues e o Roby Porto fizeram porque a Aninha falou "minha corrida foi uma merda"?
Enquanto eles rodavam as vastas anáguas e jogavam plumas para o ar, José Roberto Guimarães se preparava para chamar mulheres de Borra e Charalho, no ar, sem menor parcimônia.
Espero nunca mais ter que assistir olimpíada com Roby Porto e André Domingues ao microfone. Parece até que todo dia é dia do orgulho gay.
Marcel Berquó
Meu comentário é um vídeo que circula no youtube. Acho que ele resume tudo o que teria que usar 2 mil palavras:
http://www.youtube.com/watch?v=78UHoEXRlwo ... Bom Trabalho!
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