quarta-feira, março 11, 2015

Atleta profissional e redes sociais


Não adianta correr, fugir. As redes sociais fazem parte de nossas vidas, estão inseridas no contexto do mundo atual.

Elas se multiplicam por plataformas, interesses, afinidades. Tem rede social para pegação, para devassidão, diversão e jogar conversa fora.

Há um lado psicológico irresistível nas redes sociais. A oportunidade de publicar o que se quer, sem intermediários. Comunicação direta. Também há o lado perigoso. Falta edição, alguém mais experiente para ler seu texto, ver seu vídeo, conferir se algo está errado, fora do tom, se é informação coerente, checada ou fofoca, se é opinião, análise etc.

Essas ferramentas tentadoras é claro que seriam adotadas pelos atletas profissionais. Muitos deles adeptos da desculpa esfarrapada da má interpretação. Não estou defendendo minha classe profissional, a do jornalista formado, que anda em péssima fase. Mas fato é que atleta profissional adora posar de mal interpretado quando o que fala gera repercussão negativa. Raros são aqueles que sustentam suas opiniões e, mais raros, aqueles que reconhecem quando falam bobagem. Reitero: na minha área, do meu lado do balcão a coisa anda feia, o nível caiu muito.

Mas voltemos às redes sociais. São instrumentos hoje adotados por muitos atletas profissionais, que são gente como a gente, Muitos deles jovens, ainda formando seus caráteres e posicionamentos. Muitos deles jovens e ricos, graças aos seus talentos.

A combinação de fama e dinheiro, sem filtro, é perigosa.

Em um ramo da atuação dos atletas profissionais descamba para a ostentação pura e simples, com algumas pitadas de irresponsabilidade.

O que muitos atletas profissionais não entendem - e em muitos casos seus clubes e empregadores não informam ou se omitem - é que ninguém segue o Jádson, o Pato, o Valdívia, o Réver, o Adriano  (para citar alguns envolvidos em situações recentes) como pessoas físicas, pais de família, filhos, irmão, síndicos de condomínios. Esses caras são seguidos porque são os jogadores de futebol dos times. Tudo que publicarem será lido e interpretado como o Pato do São Paulo, o Adriano Imperador, o Valdívia do Palmeiras.

Como publicam textos, fotos e vídeos sem passar pela "edição" de ninguém ou então passando por amigos que engrossam o cordão dos puxa-sacos e chupins que orbitam em torno do dinheiro dos jogadores de futebol, quase sempre o resultado cheira mal.

Todos têm o direito de fazer o que bem entenderem em suas redes sociais, inclusive os atletas. Acho cruel a opinião de que atleta tem que ser exemplo. Bobagem. Atleta tem que ser bom atleta, exemplo você tem em casa, na família. Existem atletas de comportamento exemplar em campo e canalha fora dele. E vice-versa.

O que falta no mundo altamente profissional do esporte de hoje é competência e coragem de clubes e confederações para entender que os atletas sob contrato, assim como ganham dinheiro vendendo suas imagens, precisam assumir responsabilidades junto aos seus empregadores. A repercussão de uma postagem de um jogador de futebol, basquete, voleibol, um ginasta importante não é brincadeira. É a questão da pessoa física e jurídica.

Que tal os clubes, federações etc. passarem a incluir em seus contratos o fato de que a imagem do atleta, enquanto atleta de uma instituição, precisa ser administrada pelo próprio clube ou, ao menos, em conjunto? A ferramenta pode gerar inúmeros benefícios pessoais e profissionais.

Certamente pouparia atletas e empregadores de boas dores de cabeça, embora afastasse postagens potencialmente populares, algumas engraçadas e outras grotescas, do universo das redes sociais.

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