O doping é a suprema covardia no esporte.
Também é uma das maiores covardias do ser humano.
É querer não superar os limites, mas enganar, fraudar limites.
É um dos maiores traços de arrogância do ser humano, porque tenta trapacear não somente o adversário, mas também a natureza.
Basicamente, quem opta pelo doping é porque não sabe perder.
Não aceita um fato que deveria nortear a vida de um esportista: reconhecer que alguém pode ser melhor.
O que seria pior? Ganhar uma disputa comprando o árbitro, o adversário ou usando de doping? Existe o pior nisso tudo?
Quem usa doping, além de não saber perder, também não sabe ganhar.
Como será que acorda um campeão, um vencedor, que olha para o espelho no dia seguinte à disputa sabendo que ganhou sem merecer?
Não sou ingênuo ao ponto de achar que o esporte deva ser encarado como era nos tempos do amadorismo romântico. O esporte hoje é profissional, movimenta uma indústria milionária. Assim como um grande ator ou cantor, que arrastam multidões para espetáculos artísticos, um grande atleta merece ser muito bem remunerado.
O problema está na credibilidade.
O esporte como um todo perde a credibilidade a cada caso de doping.
Claro que é preciso oferecer o benefício da dúvida, esperar contraprova, defesa.
Por isso não cito nomes.
Mas todos sabemos que o doping está presente em nossas vidas. É possível comprá-lo pela Internet, com entrega em casa. Se bobear até dão brinde.
Todos sabemos que há gente sem escrúpulos no esporte. Empresários, treinadores, atletas, patrocinadores, jornalistas, torcedores.
A questão, como em quase todas as coisas, está na consciência.
Fui criado de uma forma que me faz perder o sono se devo um real a um amigo que me emprestou para comprar um chiclete. Entro em pânico se me esqueci de pagar uma conta. Na pelada com os amigos acuso toda falta que sei que fiz e toda vez em que a bola resvala em mim e sai em escanteio contra o meu time.
Alguém já deve ter dito por aí que mais importante do que ganhar é a forma como se ganha.
Acrescentaria que ainda mais importante é saber que em uma competição esportiva você fez o seu melhor, foi até onde você poderia ter ido, desenvolveu todo seu potencial, trabalhou bem, treinou bem, se aprimorou. Mesmo assim, se o adversário foi melhor, paciência.
Desde que ele tenha sido de fato melhor.
Quem faz uso do doping deve achar bonito fazer o adversário de bobo.
É o pior caso de corrupção que pode existir. É a autocorrupção.
Trouxa.
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