Durante muito tempo eu escrevi Seleção Brasileira assim, em caixa alta. Coisa de manuais de redação, um terreno que seduz muita gente mais preocupada com a forma do que com o conteúdo. Mas esse é tema para outro texto.
Atualmente escrevo seleção brasileira em caixa baixa, principalmente quando me refiro à de futebol, a masculina. Ela não merece mais do que isso.
Não sei se algum manual de redação por aí conocordaria se eu passasse a escrever também cbf em caixa baixa. Acho que não, porque vem aquela velha história das siglas, sendo em três letras sempre em caixa alta, mais que três em caixa alta e baixa etc. Pura perfumaria. Sempre achei que manuais de redação foram tentativas de algumas pessoas de vencer discussões de boteco quando receberam poder para tal. Não que sejam inúteis, mas...deixa para lá.
São dias difíceis para alguém, como eu, que cresceu identificando algo de mágico, místico e intocável na camisa amarela da seleção brasileira (e na azul também, claro).
Entregue ao destino comercial que os dirigentes escolheram para ela, tem perdido essa aura ano após ano.
É um pouco aquela velha máxima imperial romana de que à mulher de César não basta ser honesta, ela precisa parecer honesta.
Em mais uma grande reportagem, o colega Lúcio de Castro, um dos nossos últimos repórteres investigativos na área esportiva, prova com documentos que Dunga, o novo velho treinador da seleção brasileira, participou de negociações de jogadores, recebendo percentuais nessas negociações. Nada criminoso ou ilegal, registre-se.
Mas e a moral e os bons costumes? Casa com o discurso pseudo patriótico-nacionalista do treinador? Em especial quando seu novo chefe é um empresário de jogadores com 14 anos de carreira? Ainda mais quando Dunga se veste de intocável apenas por ter sido campeão mundial em 1994. Sem esquecer que antes dele três seleções já tinham sido campeãs mundiais pelo Brasil.
Será que alguém ainda se surpreende com isso?
Gilmar e Dunga não são protagonistas dessa tragicomédia. A chave do circo está nas mãos de quem os contratou, a dupla Marin/Del Nero ou Del/Nero/Marin, não importa a ordem. São eles que mandam no futebol brasileiro e entenderam que para reformular a seleção brasileria a melhor ideia seria contratar um empresário de jogadores e um treinador bissexto que também enveredou por esse mercado.
Aí retorna Mauro Silva, um bom cara, bom papo, mas que ano passado desancava a CBF (ops, cbf) e agora vai trabalhar para ela. Depois de ter fugido da Copa América da Colômbia com medo de terrorismo, mesmo tendo vivido na Espanha anos e anos quando ETA (ou eta) marcava território a bomba.
Isso posto, bom final de semana a todos, porque os fatos falam, gritam.
2 comentários:
"Corinthians e Palmeiras, eu ainda considero o maior clássico paulista". Deve considerar também Atlético-MG e América-MG o maior clássico mineiro, Opala o melhor carro da atualidade e TV Tupi a melhor emissora de televisão...
Oi, Nori!
Há um ditado mais antigo do que eu "Cão que ladra, não morde", que algum gozador resolveu complementar: "enquanto ladra". O dito com seu adendo vem a calhar quando se trata dos cães aos quais a CBF (ou seria cbf?) entregou a guarda da Seleção (ou seria seleção?). São animais ladradores a bangu; mas que, fora dos holofotes, adoram morder uma comissão.
Dunga, com seu discurso governo Médici, não me inspira confiança. Não deixaria minha bicicleta aos cuidados de alguém com a fisionomia e o papo do Dunga. É a história da "mulher de César".
Gilmar Rinaldi, o empresário, conseguiu negociar seguidas vezes - e abocanhar comissão - um alcoólatra irrecuperável. Tino comercial dez, honestidade zero.
A dupla tem tudo a ver com o caráter de quem os contratou: o "impoluto" Zé das medalhas - o filhote da ditadura, como diria Brizola.
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