segunda-feira, agosto 21, 2006

DE TRÊS - a menos

Não existe esporte mais emocionante que o basquete. Goste-se ou não do jogo, é preciso reconhecer que a relação tempo e espaço e a exigência de precisão do basquete são insuperáveis. Daí que em menos de um segundo conta-se uma história dentro de uma quadra desse incrível jogo.
Sou de uma geração para a qual o basquete era o segundo esporte do Brasil. O vôlei até o início dos anos 80 era menos do que é hoje o handebol. E nosso basquete masculino estava sempre ali, entre os melhores do mundo. Vira e mexe pintava um quadrangular no Ibirapuera, sempre com grandes times de várias escolas. Um bom time europeu, um bom latino-americano, uma universidade norte-americana de respeito e o Brasil.
Em outubro de 1979 vi, de dentro da quadra, o Sírio conquistar a Copa William Jones, o Mundial de Clubes de basquete, talvez o primeiro grande jogo da carreira do Oscar - antes, em 1978 , o Marcel já tinha feito uma cesta maravilhosa contra a Itália, no último segundo, garantindo o bronze no Mundial das Filipinas.
Sem falar em Ubiratan e outras feras de uma geração anterior.
Por isso eu não consigo aceitar essa condição de coadjuvante do basquete brasileiro atual. Essa coisa de aceitar derrota e achar que foi legal fazer jogo duro. Peraí! estamos falando de um bicampeão mundial, da terra de Algodão, Vlamir, Ubiratan, Amauri, Rosa Branca, Oscar, Marcel.
Escrevo antes de Brasil x Turquia e espero que eu quebre a cara, mas essa Seleção não empolga. Parece que somos no basquete o que a Coréia do Norte é no mundo: estamos na contramão da história do basquete. Não sou especialista, mas parece que o mundo joga um basquete e nossa Seleção, outro. Não que seja ruim, mas é diferente do resto. Digo isso com base nos pivôs. Reparem no peso do jogo dos adversários, na força, na intensidade e na sincronia.
Fora isso, o Brasil é o time que mais oscila em um jogo, disparado. Cinco minutos estonteantes e outros 5 de pânico. Até Angola é mais regular.
Como chegamos a isso? Quem sou eu pra responder? Mas que estendemos uma cortina de ferro em torno do nosso basqute com um pensamento provinciano e de privilégios a alguns jogadores, não tenho dúvida. Fora isso, durante anos havia um revezamento interminável entre meia-dúzia de treinadores.
O resultado é o atraso, a perda de uma geração, no mínimo. Por mais que seja - e o é - competente o nosso Lula - o do basquete - o estrago foi muito feio.
Hoje parece estranho dizer que o basquete já mexeu com esse País. Se um plano emergencial for montado, se houver paz entre dirigentes e os feudos de jogadores e treinadores que se formaram, em dez anos tiramos esse atraso e voltamos a ficar entre os quatro do mundo, que é o lugar que o basquete masculino do Brasil merece.

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