sexta-feira, julho 10, 2015

O Pan e a potência olímpica


Há diversas maneiras de se ver os Jogos Pan-americanos.

Eu os vejo sob várias óticas.

Uma delas é a de quem foi atleta, como eu. Atleta cuja falta de talento não permitiu concretizar o sonho de disputar um Pan, por exemplo.

A outra é do fanático por esportes.

Lembro-me como se fosse hoje da imagem do inesquecível João Carlos de Oliveira batendo o recorde mundial do salto triplo, inacreditáveis 17m89, no Pan da Cidade do México, em 1975. Eu estava com caxumba e via tudo pela TV. Aquele Pan deveria ter sido realizado em São Paulo, mas um surto de meningite impediu.

Há ainda a histórica conquista do basquete masculino em 1987, a do basquete feminino em 1991, o vôlei masculino em 1983. São muitas.

Uma terceira via de análise é a do crítico. O Pan hoje perdeu muito do brilho, por razões comerciais e esportivas. Entre as comerciais está o fato de que o Pan perdeu, em especial na maioria dos esportes coletivos, a prerrogativa de ser classificatório para as Olimpíadas. Por que comerciais? Porque as Federações Internacionais preferiram criar os Torneios Pré-Olímpicos, um evento a mais, que gera receitas com patrocínios, direitos de TV e ingressos.

O Pan tromba com algumas das principais seletivas olímpicas dos EUA, eventos muito bem tratados em termos esportivos e de mídia.

Além disso, o calendário esportivo hoje oferece uma gama de oportunidades para atletas muito mais ampla do que nos tempos de glória do Pan. Existem provas com premiação em dinheiro que atraem os principais atletas.

Há ainda uma outra visão, essa muito brasileira, que é a forma como o Pan é usado como propaganda por atletas, federações e o Comitê Olímpico. Principalmente às vésperas da primeira Olimpíada a ser realizada no Brasil. Os resultados muitas vezes são superavaliados. Porque é preciso renovar patrocínios, buscar novas parcerias e turbinar os Jogos de 2016.

O torcedor brasileiro adora vitórias, muito mais do que esporte, e as vitórias trazidas pela TV em HD e grandes imagens provocam um efeito muitas vezes enganador quanto à real capacidade de atletas e equipes.

Tento ver o Pan como ele é. Uma competição importante, da qual pouquíssimos atletas conseguem participar, raríssimos conseguem subir ao pódio e vencer.

Mas o Pan em nível técnico, salvo o caso específico de alguns esportes, não é mais uma competição de primeiro nível técnico.

Mesmo assim ainda pode ser uma atração divertida.

Um comentário:

Flávia Böttcher disse...

Gostei muito das diferentes óticas ! Aliás gosto da maneira que você consegue ver quase tudo. Parabéns!