quarta-feira, janeiro 22, 2014

Por uma grande Copa com uma grande fiscalização


Não engrosso as fileiras do quanto pior, melhor.

Tampouco figuro nas legiões de Polianas que acreditam que tudo está sempre bem.

Não sou hipócrita. Trabalho com jornalismo esportivo. Uma Copa do Mundo no meu País é uma grande oportunidade de trabalho.

Sou um fã de esportes. Ver alguns dos maiores atletas do esporte mais popular do planeta em nosso território também é uma grande oportunidade.

Mas também sou cidadão, pago em dia meus impostos e tenho o direito de cobrar o que se faz e, principalmente, o que não se faz.

O Brasil e seu Governo quiseram fazer a Copa. Investiram politicamente em cima disso, certamente de olho no calendário eleitoral. Houve a promessa de uma Copa do setor privado, sem dinheiro público (ou com pouco dinheiro público). Está registrado em declarações de gente da CBF e do Governo. Podemos cobrar. Devemos cobrar.

Minha postura é essa. Fazer bem meu trabalho nas transmissões dos jogos, pelo canal que me paga, e fiscalizar como cidadão. O que, aliás, a mídia, tão combatida nesse País, vem fazendo.

Torço para uma Copa que funcione dentro da realidade do Brasil.

Não adianta imaginar que tudo funcionará como na Alemanha, porque não somos a Alemanha. Não adianta sonhar com aeroportos padrão norte-americanos porque não teremos.

Perdeu-se novamente a chance de aproveitar um grande evento para catapultar ações que tirassem o Brasil do estágio jurássico de infraestrutura e apresentassem ao mundo um País capaz de receber milhões de turistas, ávidos por conhecer sua natureza exuberante. Isso está perdido, é fato.

Mas eu torço sinceramente para que seja uma boa Copa dentro de campo e uma Copa sem grandes transtornos fora dele.

Temos um patrimônio importante que é o nosso povo. Embora judiado por governantes descarados e sacanas, ainda temos uma matriz de população honesta, bondosa, que gosta e sabe receber bem os visitantes.

Não imagino uma Copa sem percalços e, infelizmente, violência. Porque somos um País muito violento.

O que é preciso agora é que o cidadão jamais deixe de fiscalizar o que foi gasto, cobre com firmeza e se manifeste nas urnas sobre o que ele considera legado ou o que lhe é negado.

Acho importante que haja espaço para quem quiser ver os jogos tranquilamente e para quem achar que deve protestar. Um não pode interferir na vontade do outro. Sei que parece utópico, mas é assim que deveria ser.

É preciso que o cidadão avalie cada cidade-sede da Copa e veja o que ficará para ele após o Mundial. Não apenas estádios.

A Copa das Confederações foi um oásis de futebol bem jogado. Teve problemas, como a Copa do Mundo terá. Como houve problemas na Copa da África e em outras Copas.

O que espero é que sejamos civilizados com os visitantes e que tenhamos uma Copa de bom futebol e paz.

Depois acertaremos as contas nas urnas.

 

2 comentários:

Adriana Lima disse...

Perfeito!

Adriana Lima disse...

Perfeito!