Descaso olímpico
Inaugurado em julho de 1978, homenageando o
jornalista Júlio de Lamare, morto no acidente com um avião da Varig em Paris,
cinco anos antes, o parque aquático anexo ao estádio do Maracanã, no Rio, era
um dos raros espaços públicos voltados para o esporte olímpico no Brasil.
Escrevo era porque o local está condenado, será demolido para a construção de
um estacionamento para a Copa do Mundo de 2014.
O vizinho
estádio de atletismo Célio de Barros também teve o mesmo fim destinado ao
parque aquático Júlio de Lamare. Com essas demolições virarão pó anos de
história do atletismo, natação, pólo aquático e nado sincronizado brasileiros.
Mais do que isso, cerca de dez mil pessoas, entre atletas e participantes de
projetos sociais, ficarão sem um espaço sagrado para treinar e buscar
integração e recuperação. Existe a promessa de construção de novos espaços.
Promessa.
Tombado
em 2002, o espaço que abrigava os atletas foi reformado para os Jogos
Pan-americanos de 2007, ao custo de R$ 10 milhões. O tombamento foi revertido,
e das piscinas e pistas surgirão restaurantes e estacionamentos para o estádio
de futebol.
Essa
situação triste para o país sede das Olimpíadas de 2016 motivou uma rara ação
conjunta de atletas, inclusive jogadores do futebol, que assinaram um manifesto
protestando contra a demolição dos complexos esportivos. Rara porque atleta no
Brasil pensa somente em causa própria na maior parte do tempo e só costuma
reclamar de falta de patrocínio. Casos como os de Paula, Ana Moser, Flávio
Canto, Raí, Cafu, Deco são, infelizmente, exceções.
Infelizmente,
o governo brasileiro, em todos os níveis, teima em não entender o papel
fundamental do esporte como educação e instrumento de inclusão social. Em vez
de investir no fomento e na popularização da prática esportiva geral, o Brasil
dedica fortunas à construção de estádios de futebol, muitos deles particulares,
e demonstra uma falta de sensibilidade ímpar. É dolorida a constatação de que a
política esportiva no Brasil seja voltada muito mais para empreiteiros e
construtores do que para esportistas.
Um comentário:
Nori querido, vc melhor que eu não precisa morar no Rio pra entender como as coisas andam por aqui.
Tempos esquisitos...e se sobrar alguns pedacinhos verdes em alguns bairros, já será um bom final de temporada.
Depois que assisti a entrevista do dignissimo Ministro do esporte Aldo Rebelo,no programa Roda Viva, pensei que o pouco que entendo de futebol e de esportes em geral,me credencia dizer que :"Nunca se roubou tanto, e tão escancaradamente, nesse país!"
Até 2017!
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