quarta-feira, novembro 16, 2011

Emocional atrapalha

o voleibol feminino


Ainda que algumas ausências importantes e o fato de ainda estar em curso a busca por uma nova levantadora, há um problema maior que aflige a seleção feminina de vôlei na Copa do Mundo. É uma questão emocional, muitas vezes e em alguns casos pessoal.

Esse tipo de problema é o mais difícil de administrar e configura-se na principal diferença do trabalho de um treinador no comando de homens e mulheres. O homem é mais tosco e muita coisa se resolve na porrada, no grito, e tudo fica bem dez minutos depois. A mulher tem nuances com as quais os homens não sonham, e uma crise particular, de cunho pessoal, amoroso, seja lá o que for, tem contornos muito mais sérios para uma equipe.

Tecnica e taticamente, a questão de se buscar uma levantadora demanda tempo. Fofão tinha muito tempo de seleção, conhecia as jogadoras, que as conheciam. O levantador é o atleta no voleibol que precisa armazenas mais informações. Sobre o bloqueio adversário, os sacadores adversários e, principalmente, sobre os atacantes que vai abastecer em seu próprio time. Cada atacante gosta de um tipo de bola. Um mais veloz, outro mais alta e por aí vai. Quando se tem uma levantadora da longevidade e técnica de Fofão tudo fica mais fácil. A mudança demanda tempo e paciência.

A questão emocional é muito mais complicada. Muitas jogadoras são mães, esposas, namoradas, e os longos períodos de ausência criam situações cuja administração é muito difícil. Muito mais do que se formos comparar com um time de homens. Em muitos casos, as questões pessoais tornam-se coletivas e o impacto no desempenho de algumas atletas é profundo.

Ainda assim, sendo ou não via Copa do Mundo, o voleibol feminino do Brasil tem tudo para chegar a Londres com boas possibilidades de medalha.

PITACOS MUSICAIS

Sou um fã inveterado de música e de quando em vez posto algo sobre esse tema que me fascina.

Vi o show de Peter Gabriel no SWU. Quem frequenta esse espaço sabe que sou fã de Genesis. Fãzaço. Gosto muito mais do Genesis do que do Peter Gabriel solo, e mais do Genesis sem o Peter Gabriel do que com ele.

Isso posto, o show do cara é bem legal. Mas foi apresentado no local errado e para o público errado. A orquestra é excelente, ele ainda canta muito bem, embora com algumas limitações inevitáveis impostas pelo tempo. Nem todas suas músicas funcionam no formato orquestrado. Como seu trabalho sempre foi muito percursivo (ele também era baterista), em algumas canções a falta de uma percursão nervosa é evidente.

O problema é que Gabriel não fez nada de novo ao verter sua obra e a de outros para esse formato com orquestra. Ou então de pegar canções pop e rock e dar uma nova roupagem. Não há nada de aventureiro e ousado nisso.

Mas por ser um artista queridinho da crítica, Gabriel é tratado com reverência e rotulado de moderno e ousado em tudo que faz, mesmo que não seja nada disso.

Phil Collins, que herdou os vocais do Genesis de Gabriel, não conta com o beneplácito da crítica. Pelo contrário. Há alguns anos, gravou um discaço de versões para big band de canções dele e do Genesis, além de alguns clássicos do jazz nesse formato. Com Quincy Jones e Tony Bennett. Foi atacado de tudo quanto é jeito, embora tenha sido mais convincente que Gabriel nesse tipo de aventura.

Sting regravou clássicos dele e do Police em formato "clássico" e tomou porrada. Além disso, gravou um disco belíssimo de músicas sacras e folclóricas, em formato camerístico, e também tomou cacetada.

Infelizmente, a crítica musical é assim mesmo. Elege alguns e execra outros. Falta isenção à maioria. Porque analista tem que ser isento, não imparcial.  Tem que ter a capacidade de reconhecer qualidade em algo que não gosta.

Aí do Gabriel eu pulo pra Marisa Monte, cujo disco novo comprei e tenho ouvido bastante. E gostado muito. Leio aqui e ali alguns textos da crítica musical chamando o disco de cafona e brega. Se fosse não haveria problema. Para mim não é. Vejo a obra como mais popular, romântica, direta. Tem uns bolerões ali daqueles bem mexicanos. E qual o problema de ter bolero?

Gosto da produção, com a participação de Dadi, ex-Cor do Som. Marisa tem uma voz agradável, e sempre flertou com o cancioneiro popular e romântico e com o pop descarado do tempo dos Tribalistas.

Mas qualquer artista que ouse sair um pouco da linha ativista intelectualóide ou MPB cabeça defendida por uma parcela da crítica toma porrada. O que no caso de Marisa Monte não deve fazer diferença, já que ela tem uma carreira estabelecida, acima de julgamentos preconceituosos. 

2 comentários:

Loccy disse...

Norasca, sensacional o seu post sobre música. Você descreveu com perfeição o comportamento de críticos que vivem bajulando artistas X (geniais, cabeça etc) e ignorando artistas Y (bregas, populares etc). Ainda bem (ainda bem!) que pensamos com nossas próprias cabeças e temos esse mundo gigantesco (incluindo a internet) para correr atrás de música de qualidade -- e, assim, não precisamos ficar reféns da opinião desses "entendidos". Muito legal "conversar" sobre música com você, Norasca, um abraço do Loccy e fique com essa: http://www.youtube.com/watch?v=x5Ye8fBEkcc

Clóe disse...

Adorei!!! Realmente, Phill Collins é um músico completo e que herdou com maestria o lugar de Gabriel, não acompanho a crítica, desconhecia essa preferência por Peter Gabriel, mas eu particularmente, ouvi muito mais com o Phill e amo demais, já Marisa sou suspeita, tenho todos os cds e me encanto e canto todas, que me fazem muito bem aos ouvidos, vou comprar o novo cd e explano minha opinião depois.