sexta-feira, fevereiro 18, 2011


O futebol é para


quem sabe jogar


Foi um desses raros papos descontraídos e construtivos sobre futebol. Carlos Alberto Parreira esteve no Arena SporTV de quinta-feira e deu um show. Parreira é de uma educação e de um conhecimento desconcertantes. Foi muito criticado em 94, inclusive por mim. Mas como ele mesmo disse, mudou seus conceitos, evoluiu. Coisa que sempre devemos buscar em nossas profissões, em nossas vidas.

Parreira disse algo que é simples e definitivo: "O futebol é para quem sabe jogar". Dá para conferir trechos da entrevista dele no site do SporTV.

Em resumo, Parreira é um apaixonado, como todos nós, pelo Barcelona de Messi, Xavi, Iniesta. Não se cansa, assim como nós, de ver o esquadrão da Catalunha jogando, ganhando ou perdendo.

Vemos isso no Brasil em doses ainda homeopáticas, infelizmente. O Santos com Ganso e Neymar em forma. O Cruzeiro com meias como Roger e Montillo. Os bons momentos de um Douglas armando o Grêmio, de Lucas arrancando na Sub-20 e no São Paulo. Conca no Flu, D´Alessandro no Inter. Valdívia em forma no PalmeirasEnfim, o que temos de bom no futebol brasileiro, e certamente tem mais coisas que eu posso ter esquecido. E reparem que muitos gringos entraram na parada. Sinal de alerta!

A questão, segundo Parreira, é que estamos nos afastando do nosso DNA, do toque de bola, da criatividade. Vem das categorias de base, do ranço ideológico da marcação sobre todas as coisas, da competição desvairada.

Parreira comandou uma Seleção criticada até hoje. Que se não foi extasiante, teve bons momentos e ganhou uma Copa que o Brasil não tinha desde 1970. O time de 94 tinha muitas coisas positivas, embora fosse conservador em seu propósito.

Hoje Parreira certamente seria mais ousado.

Do alto de seu prestígio de campeão do mundo, ele pode inspirar alguns treinadores a tornarem nosso futebol mais atraente e menos combativo.

Ainda temos grandes jogadores, toda hora aparece algum. Mas infelizmente, na base, impera a linha de produção de volantes e zagueiros. Precisamos voltar a fábricar meias, pontas-de-lança e grandes artilheiros.

3 comentários:

Odabeb disse...

Noriega, o Parreira poderia ser mais ousado na Copa de 2006. O medo de mudanças era gritante. Engraçado que no Corinthians ele era bem mais ousado. Sinceramente, acho que o Zagallo tinha muita, mas muita influência sobre ele.

Unknown disse...

Noriega, primeiramente gostaria de dizer que admiro seu trabalho. Um jornalista sério e imparcial,com base em suas afirmações,como a muito tempo não vejo na Rede Globo.
Considero que este problema esteja localizado na base, tanto nos grandes clubes brasileiros quanto nos pequenos clubes. Hoje sempre ouvimos a mesma história de dirigentes e treinadores de que os meninos da base precisam ganhar força e com isso, massa muscular, porém isso não está prejudicando o nosso '' futebol arte '' ? O futebol está se tornando mais físico que técnico o que contribui para a queda dos campeonatos nacionais. Um grande exemplo pra mim é o Robinho, que por mais que esteja bem hoje no Milan, não joga o futebol de quando começou no time profissional e campeão do Santos.
Temos futebol para jogar muito mais que um Barcelona, porém caímos em ideais pragmáticos de técnicos brasileiros. Coloca três atacantes, vamos jogar ofensivamente desde a nossa categoria de base e assim não fugiremos da característica do futebol brasileiro, o futebol moleque, futebol moleque que por culpa da crítica da imprensa conservadora e de jogadores medianos, está sumindo. Neymar e esse time do Santos é nossa esperança, aliás, o futebol é nossa maior identificação cultural.

Um grande abraço Noriega e espero ter contribuído a sua coluna, assim como sempre sua coluna contribui para meu conhecimento sobre futebol, aliás, sempre aprendendo com os mestres.

Anônimo disse...

não sei não se ele mudaria, em 2006 poderia ter levado o Alex, mas limu o jogador bem antes da Copa, ele é mais um dos que falam o tempo todo em compactação, jogador polivalente, e deixa um jogador como o Alex de fora.