sexta-feira, fevereiro 29, 2008


É possível gostar de músicas de
bandas de que você não gosta?

Adoro música e, admito, sou um não-músico frustrado. Ainda vou tentar aprender a tocar um instrumento na vida. Também gosto de falar sobre música, além de esporte e outros temas. Até fiz uma texto para a edição de abril da Rolling Stone brasileira, sobre um DVD Áudio do Rush.
Todo mundo tem um artista preferido, um estilo, uma cantora, um intérprete. Quem passa por aqui sabe que sou fã do Genesis, do Phil Collins, da Elis Regina e de muitas outras coisas.
Mas também gosto de algumas músicas de bandas e artistas dos quais não sou fã.
Deixo aqui alguns exemplos e convido os amigos a participarem com suas opiniões.

Don´t Go Away, do Oasis - Não sou fã do Oasis, não tenho um disco. Aliás, jamais ouvi um disco inteiro. Acho a banda uma pretensa imitação dos Beatles e, como qualquer imitação da maior de todas as bandas, não chega lá. Os Gallagher, irmãos que mandam na banda, são duas malas sem alça, metidos a briguentos, polemistas. Mas essa música é bem legal. Gosto da maneira descarada como o vocal tenta emular o John Lennon, com a voz "quebrando" nas notas mais altas. A levada de bateria evidentemente "chupada" de Ringo Starr não tem a mesma leveza do beatle menos famoso, mas leva bem a canção até o fim, com um duelo entre o solo de guitarra e os vocais. Bem bacana a música, sempre que ouço gosto. Ouvi hoje e mantive a opinião.

Subdivisions, do Rush - O trio canadense de progressivo temperado com metal é formado por grandes músicos, esbanja técnica, mas sempre passou uma certa imagem de frieza para mim. Tipo assim o próprio Canadá. Que, dizem os próprios canadenses, é bonito, bacana, organizado, mas meio sem charme, sem personalidade. Os fãs do Rush tratam a banda como a última cereja do bolo, mas isso é papel de fã mesmo, estão na deles. Não sou fã, mas acho essa música muito legal. Nela o Rush combina inspiração com técnica. A condução da música pelo teclado, a bateria muito bem tocada de Neil Peart e as linhas de baixo espertas de Geddy Lee cativam desde o início. Se o Rush fizesse mais canções como esta e como Red Sector A, Big Money, eu também seria um fã.

Borderline, da Madonna - Eu era fã da Madonna e deixei de ser quando ela passou a se levar muito a sério. Quando tudo tinha aquele ar de brincadeira eu achava muito mais legal. Borderline é a Madonna sem se levar a sério. Desde o tecladinho quase de brinquedo da abertura, a bateria progamada e os vocais no limite da ruindade, claramente disfarçados em estúdio. Mas era música pop para ser consumida como música pop, rápida, gostosa, despretensiosa tipo um saquinho de pipocas no cinema. A Madonna de hoje, com pose de artista engajada, querendo forçar a barra para ditar moda, não me desce. Gostava quando ela ditava moda pensar em fazê-lo.

Ana Júlia, do Los Hermanos - A mesma lógica da Madonna vale para essa banda, no meu caso de ouvinte. Quando apareceu essa canção eu curti, achei bem pop, legal, curtição, refrão pegajoso Até hoje ela agita. Tocou no casamento do meu cunhado e levantou a galera. Mas a banda parece que acredita em algo de messiânica, intelectual, fãs engajados e investe numa fusão com a MPB. Preciso ouvir mais. O que ouvi depois de Ana Júlia não me seduziu.

Bandolins, do Oswaldo Montenegro - Esse cara eu acho chato, muito chato. Esse negócio de bardo, de menestrel, me parece meio forçado, teatralizado. Mas essa música, que ele cantou com um cara chamado Carlos Alexandre, é belíssima. As vozes se combinam à perfeição em cada verso e quando cantam em dueto é de arrepiar. Lindo arranjo com destaque para o instrumento que dá nome ao tema. Também acho Agonia bem interessante. Talvez seja o caso de ver o som do cara mais no contexto do teatro.

Amor Nas Estrelas, de Nara Leão - Não sou um grande fã de bossa nova. Embora tenha Elis e Tom como um dos maiores discos de todos os tempos. Acho overdose ouvir um disco inteiro de bossa nova, tudo muito igual. Veja bem, não é ruim, longe disso, é questão de gosto. Nara Leão também nunca me agradou como cantora, achava a voz pequenina, nada que se compare à magistral Elis Regina, por exemplo. Mas nessa música, que foi seu último sucesso antes da morte prematura, ela me fisgou. Acho uma linda canção, ingênua, cativante, bem cantanda. Pena que sej tão difícil escutá-la hoje em dia.

Ships, do Barry Manillow - Manillow é um ícone brega. Aquela coisa horrorosa chamada "Copacabana" deveria ser vetada pelos cariocas. É um crime, nunca uma homenagem. Mas o cara, no estilão da Broadway, com muitos exageros, canta bem e é um bom melodista. Essa música é muito bonita, chega a ser tocante, fala da relação de pai e filho, e lembranças, de coisas que não foram ditas. Tem um bonito arranjo, bem exagerado como deve ser um arranjo de uma canção nessa linha. O piano conduz a canção de maneira lenta e segura. Manillow é um excelente pianista. Sempre que ouço essa música agradeço a Deus por ainda poder conviver com meu pai e curtir sua companhia, sua presença.

Independência, do Capital Inicial - Eu acho que o Capital ficou bem melhor depois de velho, depois do Acústico MTV. Das bandas brasileiras que surgiram nos Anos 80 eu achava a mais fraquinha. O Dinho cantava mal pacas naquele tempo. Não que seja um grande cantor, mas hoje tá mais firme, mais adequado ao tamanho da voz. Independência eu acho uma grande música, está entre as melhores do Capital na minha opinião. Adoro a abertura, com o teclado e o baixo prometendo muito e a canção depois cumprindo tudo. O solo de sax é inusitado e caiu muito bem.

9 comentários:

Fernando Cesarotti disse...

Curioso, eu gosto de Oasis e acho essa uma das músicas mais sem graça. Mas eu já cheguei à conclusão que tentam empurrar um gosto musical não adianta nada.
Quanto ao Dinho do Capital, vi um pedaço daquele pocket show deles no BBB e ele continua cantando pessimamente, com aqueles vibratos insuportáveis a cada verso: "Procura-a-a-a-a-a-a-mos independ-e-e-e-e-e-e-ncia, acreditamos na distância entre n-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-ó-s"... Deus me livre.

Anônimo disse...

Pô Nori, vai dizer que você não gosta de "Time Stand Still", do Rush? Aliás, essa foi a única música que faltou nas 3 horas de show que os caras fizeram no Morumbi. E que show!
Sobre o Los Hermanos, assino embaixo. Pintaram bem, mas resolveram virar intelectuais e se tornaram chatíssimos! E o pior: ouvi dizer que renegam o sucesso "Ana Júlia", a ponto de se recusarem a tocar nas apresentações. Não é um absurdo?
Abs, Marcos Silveira

Anônimo disse...

Nori,Viu a bola redondinha que o
Roger está jogando no Grêmio?

Se vir mesmo o Rochemback o meio campo fica, Eduardo Costa, Rochemback, Julio Dos Santos( Paraguaio),e Roger, Soares e Perea.Ainda tem o Rodrigo Mendes.Nada mal ne?

Sei que o time do Inter é melhor, mas acho que da para equilibrar.

Abraços

Cone Boy disse...

Nori,

Talvez não seja o seu gosto, mas vai a dica, como grande Fã de Los Hermanos, escute um pouco mais, o que acho interessante na banda é que cada vez que você escuta novamente, percebe algo de diferente, algo que não tinha percebido antes, por isso é tão bom.

Vai a dica!
abs,

Anônimo disse...

Fala Nori!!
Muito bom o seu blog! Venho aqui sempre (nem sempre comento, mas vou vencer a preguiça..hehe) e gosto muito dos seus comentários, tanto sobre futebol quanto sobre música (minhas duas paixões, também).

Conheço boa parte das músicas que você citou. Dentre elas, estão presentes músicas de duas das minhas bandas favoritas - Oasis e Los Hermanos.

Quanto ao Oasis, concordo com algumas coisas que você falou. Mas o meu sentimento pela banda é algo semelhante à paixão por um time de futebol. Minha "explosão" musical começou na adolescência impulsionado pelo "fenômeno" Oasis nos meados da década de 90. O "What´s the Story (Morning Glory)", segundo disco da banda, foi um dos primeiros que comprei pra minha coleção. Daí passei a acompanhar a banda e, até hoje, compro os discos e torço pro seu sucesso.

Quanto ao LH, foi um caso interessante. Ao ouvir Anna Julia pela primeira vez, gostei de cara. Impossível não simpatizar instantaneamente com aquela melodia. Mas, depois de um tempo, as execuções em demasia e as aparições excessivas da banda me fizeram desgostar desta, influenciado do espírito rock´n roll "contrário ao que é popular" dos meus 14/15 anos. No entanto, 2 anos depois, ouvi no rádio e em programas de TV algumas músicas do "Bloco do Eu Sozinho" (segundo disco da banda) e as achei extremamente interessantes. Comprei o disco, e considero o mesmo um dos melhores do rock nacional. De lá pra cá, também passei a acompanhar bastante a banda, comprar os discos, e ir a todos os shows que rolavam no meu estado. Porém, acho um tanto exagerado o "endeusamento" dado à banda pelos fãs, que atribuem aos integrantes o status de "gênios" e de "salvadores da música atual". Creio que esse fanatismo exacerbado de determinado público(que eles próprios contribuíram pra que ocorresse, no momento em que se trajaram de intelectuais e se afastaram da mídia) acabou deixando a banda presa à necessidade de agradar esse tipo de fã e gerou uma certa antipatia de "outros públicos". Acho que isso, inclusive, foi determinante pra que a banda resolvesse tirar férias e, acredito eu, volte daqui um tempo com a poeira mais baixa. Deixo aqui a minha recomendação do excelente "Bloco do Eu Sozinho".

Acho que já escrevi bastante...hehehe

Um abraço e parabéns pelo blog e pelo excelente profissional que é!

Unknown disse...

Olá Noriega, tudo bem ?
Antes de tudo é um grande prazer tê-lo como novo sócio no meu clube ! Seja bem vindo !!
Depois, só gostaria de comentar que a Copacabana no Barry Manillow, não é a praia carioca e sim um local ao norte de Havana.

Abraço
Luiz Bevilacqua

Anônimo disse...

Que ótimo post, Nori. E que ótima pergunta. Fui buscar na memória recente e distante, e descobri várias músicas de banda que eu não gosto. Lembrei de coisas de Charlie Brown Jr, CPM 22, Legião Urbana, The Doors e Rush.

Anônimo disse...

Bom dia Noriega, gostaria de sua opinão sobre o Cruzeiro, Leio o PVC e o Lédio, mas gosto muito dos seus comentários, Acho que vc, PVC, Lédio, Calçade, Arnaldo, são grandes jornalistas e entendem muito de futebol, por isto gostaria de saber dos seus comentários sobre o Cruzeiro. ´Musica é uma coisa muito pessoal né, eu por exemplo gosto muito de Genesis, mas principalmente até o Peter Gabriel, depois ainda rolaram alguns discos, mas na minha opinião depois que o phil collins assumiu virou pop bem ruinzinho, sei que vc gosta não tive intenção de ofender, só estou expondo a minha opinião, gosto muito de led, a melhor banda para mim. Bom é isto, se puder comentar sobre o cruzeiro ficaria muito feliz. o meu email é xina70@hotmail.com

Anônimo disse...

Noriega, só um comentário:

Copacabana não é uma homenagem ao bairro do Rio de Janeiro, mas sim um bar em Cuba.

E não acho a música ruim não.

Mas, como você mesmo coloca, há muita questão de gosto.