Ronaldomania:
carência de
ídolos explica
O amigo Lédio Carmona deu a senha: a última partida de Ronaldo no Pacaembu tinha sido em 1993, pelo Cruzeiro. Ronaldo era mais um na batalha pelo sucesso no futebol.
Dezesseis anos depois ele está de volta para suprir uma enorme carência do torcedor brasileiro: a de ídolos.
Ronaldo se fez popstar longe do Brasil. Todos vimos sua transformação de menino magrelo e dentuço em fenômeno de bola e de mídia, mas via satélite. De vez em quando ele passava por aqui com a Seleção Brasileira, mas já era visita.
Tal qual o personagem de Jim Carrey no excelente O Show de Truman, o mundo viu a transformação de Ronaldo em uma espécie de Madonna da bola e também sofreu com seus dramas físicos e pessoais, se chateou com suas mancadas.
Até as décadas de 70 e 80 do século passado os ídolos ainda jogavam por aqui. O torcedor ia ao campo para ver seu time e, também, para ver Zico, Sócrates, Falcão, Ademir, Muller, Renato, Leandro. Recuando um pouco mais no tempo, nos anos 60 e 70, cada time tinha um camisa 10 que chamava gente para o campo.
Ultimamente, no Brasil, os ídolos chegam via satélite, cabo, internet. Os poucos que dão pinta de estourar por aqui vão embora muito rápido. Robinho foi quem mais chegou perto de conseguir a proeza de chamar gente ao estádio independentemente do time do coração.
Ronaldo ainda tem esse toque de midas das arquibancadas. Alivia essa carência do torcedor e da mídia por algum lance genial, uma reportagem de peso, uma grande foto.
É um pouco uma onda de nostalgia essa Ronaldomania, principalmente para quem viveu a era dos grandes craques jogando por aqui. Para a garotaa que está chegando agora ao futebol, é uma oportunidade rara.
Um comentário:
Há um filme chamado o "último grande herói", estrelado pelo Arnold Schwarzenegger. O filme não é lá grande coisa, mas o título em português é bacana. Nas decadas passadas, o futebol brasileiro era repleto de heróis. Hoje, até a volta do Ronaldo, classificaria como grandes heróis e, apenas para suas respectivas equipes,Rogério Ceni e Marcão, pela história que ambos têm no São Paulo e Palmeiras. Com a volta de Ronaldo e a atual Ronaldomania, fica claro que ele é o último grande herói para aqueles que gostam de futebol. Corinthianos, São Paulinos, Palmeirenese, Santistas, Flamenguistas, Botafoguenses, Gremistas, enfim, todos torcem pela recuperação do ídolo, e vibram e vibrarão a cada gol marcado. Como São Paulino já combinei com um amigo corinthiano. No próximo jogo de Ronaldo estarei presente no estádio.
André Antunes
São Paulo
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