terça-feira, maio 30, 2006

ENQUANTO A COPA NÃO CHEGA


Não tem nada pior do que o vazio que antecede ao início de um grande evento. Talvez o silêncio que precede o esporro, que é o nome de um disco que é do Rappa, eu acho, porque nunca ouvi. Esses dias antes de a bola rolar na Copa do Mundo são muito chatos.
Some-se a isso uma Seleção Brasileira que tem grandes jogadores, mas em termos de personagens é muito pobre. São quase todos meninos ricos, bonzinhos, brincalhões, mas dos quais dificilmente se consegue uma boa declaração, um ponto de vista interessante, algo que acrescente, falando da Copa, do mundo. E tome transmissão de roda debobinho, aquecimento...
Não que seja o caso de cobrar posicionamentos e posturas dos jogadores de futebol. Mas sempre havia alguém que pensava em algo mais, que se incomodava com o Brasil, com o mundo. Pra um futebol que se consagrou na base da inventividade, essa Seleção me parece mecânica demais em tudo. Bom, em quase tudo. Quando a bola passa pelos pés do Kaká pra frente, tudo fica muito melhor, mais solto.
Por enquanto, me chama atenção apenas o período de preparação do Ronaldo, o Fenômeno. Tranquilo, na dele, metendo gol em todos os treinos, meio distante da badalação e do deslumbramento que cercam o xará Gaúcho. E, mesmo que o Ronaldinho cabeludo seja um jogador genial, lembremos que quem costuma decidir é o careca. Então, felizmente, olho nele.
Outra coisa que já encheu: as teorias do 13 do Zagallo. Tenho o maior respeito pelo cara. Acho que a Seleção dele em 1970 é modelo tático do futebol que se joga hoje, 36 anos depois. Mas o papinho, o conteúdo, o discurso, já envelheceram. E mal.
Agora, o pior de tudo desse período chato do pré-Copa é a trilha sonora. Haja saco pra aturar axé, rodinha de samba mal tocado, jingle de rádio, trilha de TV. A falta de criatividade é tamanha que uma rádio de São Paulo conseguiu a proeza de encaixar no verso a fantástica frase "olha nóis na fita". Quem seria o gênio?

sexta-feira, maio 12, 2006

O ESTADISTA


Eis que a cobra morde o próprio rabo aqui nos cafundós da esquerda populista e retrógrada sul-americana. Bajulador de ditadores populistas, o presidente do Brasil crava em sua já manchada biografia recente o rótulo de estadista desastrado.
Veio Evo Morales e pisou no Brasil com grande categoria. O Brasil que bajulou e sempre ajudou a Bolívia, falando em termos recentes, não me venham com histórias da anexação do Acre. Ou será que não fazemos vista grossa aos milhares de bolivianos que vivem aqui clandestinamente, irmãos latino-americanos que fogem da miséria de lá pra lutar contra a miséria de cá? Ou a Petrobrás não gastou os tubos para construir o gasoduto e dar à Bolívia um caminho para exportar a sua única riqueza natural e, praticamente, existir economicamente.
Eis que o projeto de estadista em que se transformou o presidente que nada vê, nada sabe, assiste a uma sova política internacional e não se manifesta. O País é chamado de contrabandista e caloteiro, e o estadista cala. Por quê? Já que agora ficou claro que o apoio ao líder cocalero nas eleições foi retribuído com essa punhalada pelas costas.
E agora de que vale apoiar outro tirano retrógrado como Hugo Chávez, que tem ligações políticas mais que evidentes com o partido situacionista brasileiro e fechou questão com a Bolívia contra o Brasil. Justo o Brasil que segurou a barra da Venezuela quando os ianques ameaçaram sair no braço?
Em resumo: o presidente que nada sabe, nada vê, é o estadista que sonhava com a liderança do Terceiro Mundo e acaba tomando uma sova do quinto. E pra gente sobra aturar esse inferno.

quarta-feira, maio 03, 2006

ELE PODE SER MELHOR QUE PELÉ


Nada de polêmica gratuita. É opinião sincera, de quem ama o futebol e vive o futebol. Ronaldinho Gaúcho pode alcançar o que parecia impossível: ser melhor que Pelé, o Rei do futebol.
Como também pode ficar pelo caminho. Mas não me lembro de ter visto, depois que o Rei parou, nenhum jogador que reunisse tantas qualidades e se mostrasse um candidato tão forte ao trono do futebol.
Ronaldinho ainda é jovem, tem muito que evoluir. Parece ter uma personalidade como a de Pelé: o tipo do sujeito que tem tudo para ser mascarado mas não é, que preserva alguns valores de simplicidade que sua condição de estrela teria tudo para evaporar e que tem uma constituição física privilegiada.
Mas o que mais impressiona é a capacidade que Ronaldinho Gaúcho tem de se divertir no trabalho, mesmo levando tudo muito a sério. O cara joga sorrindo. E não tem nada que ver com a arcada dentária, é sorriso mesmo.
O irmão do Assis é forte, tem boa estatura, corre muito com e sem a bola, dribla melhor e é mais habilidoso que o Rei. Pelé tinha força, estatura, corria muito com e sem a bola, driblava com incomparável habilidade, chutava bem tanto de esquerda como de direita, era mortal no cabeceio e, acreditem, sabia marcar, ainda que não precisasse. Fora isso, o Rei do futebol fazia a leitura do jogo como ninguém. Seu cérebro processava as informações do adversário, do campo, da bola, do clima, de maneira até hoje incomparável.
Eu não acho que Ronaldinho será melhor que Pelé. Mas que ele pode ser, não tenho dúvidas. Talvez o que o ajude nesse caminho é o fato de jamais ter reivindicado a coroa e, no íntimo, talvez nem dar bola pra isso. Ele está mais preocupado em brincar de ser o melhor jogador de futbol do mundo.