ENQUANTO A COPA NÃO CHEGA
Não tem nada pior do que o vazio que antecede ao início de um grande evento. Talvez o silêncio que precede o esporro, que é o nome de um disco que é do Rappa, eu acho, porque nunca ouvi. Esses dias antes de a bola rolar na Copa do Mundo são muito chatos.
Some-se a isso uma Seleção Brasileira que tem grandes jogadores, mas em termos de personagens é muito pobre. São quase todos meninos ricos, bonzinhos, brincalhões, mas dos quais dificilmente se consegue uma boa declaração, um ponto de vista interessante, algo que acrescente, falando da Copa, do mundo. E tome transmissão de roda debobinho, aquecimento...
Não que seja o caso de cobrar posicionamentos e posturas dos jogadores de futebol. Mas sempre havia alguém que pensava em algo mais, que se incomodava com o Brasil, com o mundo. Pra um futebol que se consagrou na base da inventividade, essa Seleção me parece mecânica demais em tudo. Bom, em quase tudo. Quando a bola passa pelos pés do Kaká pra frente, tudo fica muito melhor, mais solto.
Por enquanto, me chama atenção apenas o período de preparação do Ronaldo, o Fenômeno. Tranquilo, na dele, metendo gol em todos os treinos, meio distante da badalação e do deslumbramento que cercam o xará Gaúcho. E, mesmo que o Ronaldinho cabeludo seja um jogador genial, lembremos que quem costuma decidir é o careca. Então, felizmente, olho nele.
Outra coisa que já encheu: as teorias do 13 do Zagallo. Tenho o maior respeito pelo cara. Acho que a Seleção dele em 1970 é modelo tático do futebol que se joga hoje, 36 anos depois. Mas o papinho, o conteúdo, o discurso, já envelheceram. E mal.
Agora, o pior de tudo desse período chato do pré-Copa é a trilha sonora. Haja saco pra aturar axé, rodinha de samba mal tocado, jingle de rádio, trilha de TV. A falta de criatividade é tamanha que uma rádio de São Paulo conseguiu a proeza de encaixar no verso a fantástica frase "olha nóis na fita". Quem seria o gênio?
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