sexta-feira, janeiro 30, 2009

JOGAR NA ALTITUDE É UM DIREITO
DE QUEM NASCEU E VIVE LÁ NO ALTO


O Palmeiras atropelou o Potosí e praticamente garantiu sua passagem à fase de grupos da Libertadores. Terá que enfrentar os temíveis 4 mil metros de Potosí no jogo de volta. O que reanima a discussão sobre a realização de jogos em cidades que fiquem acima de 2,5 mil metros do nível do mar. Eu defendo o direito que os povos e times dessas cidades têm de jogar futebol. Pelo princípio da universalidade do jogo, que faz do futebol o esporte mais popular do mundo. Não se pode simplesmente impedir que se jogue futebol em Potosí, na Cidade do México, em Oruro ou La Paz ou Quito. Opinião pessoal, que busco avalizar com pesquisas e citando artigos científicos.
Como, por exemplo, uma pesquisa citada pelo jornal boliviano La Razón, em junho de 2007. O estudo, chamado "La Pelota No Dobla: Altitud y Resultados en el Fútbol Sudamericano, é de autoria de três economistas do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Fidel Jaramillo (equatoriano), Carlos Scartascini (argentino) e Gabriela Andrade (equatoriana). Entre 1996 e 2006 os economistas analisaram os resultados de 252 partidas realizadas pelas Eliminatórias Sul-americanas para a Copa do Mundo. De acordo com o que pesquisaram, obtiveram os seguintes números:
- 59 partidas foram realizadas em cidades situadas em grandes altitudes.
- destas, 33 foram vencidas pelas equipes locais, aproveitamento de 56%
- o percentual de aproveitamento das equipes que jogam em cidades situadas em locais em que a altitude não interfere no desempenho atlético foi de 57%.
A pesquisa também cita o caso do Equador. A seleção nacional equatoriana manda a maioria de seus jogos na altitude de Quito. Como mandante, o Equador tem aproveitamento de 73% e fica em quarto lugar na média de aproveitamento, à frente de países como Uruguai, Colômbia e Chile. Como visitante, sem o apoio da altitude, o Equador ocupa o quinto lugar em aproveitamento, apenas uma posição atrás. Ou seja: importa mais a qualidade do futebol do que a altitude.
Também há um estudo na Universidade de Oxford que aponta perda e ganho de desempenho na altitude em jogos de futebol. Segundo o estudo, feito com base em 1.460 jogos do arquivo da Fifa num período de 100 anos, um time baseado em grandes altitudes vê suas possibilidades de vitória subirem de 53% para 82% quando recebe uma equipe que costuma jogar ao nível do mar.
Outro artigo, que já citei anteriormente aqui no blog, foi publicado pelo jornal El Deber. O médico Jorge Flores Aguillera, que estuda o tema da altitude no futebol há décadas, cita argumentos para derrubar a tese da proibição de jogos no topo do mundo. A conclusão básica da pesquisa de Aguillera é de que a altitude não afeta a saúde e, sim, os resultados. Eu, que não sou cientista, acredito que jogar às 15 horas em Manaus ou numa tarde ensolarada de fevereiro no Rio de Janeiro também afeta os resultados e pode, sim, afetar a saúde.
O estudo de Aguillera aborda 2.748 partidas de futebol profissional na Bolívia, a partir de 1977. A conclusão médica foi de que não houve relatos de danos ao organismo nos aspectos respiratório, cardíaco, vascular cerebral e também no que se refere a desidratação. Sobre os prejuízos no desempenho físico, estão citados no estudo os seguintes:
- diminuição da capacidade aeróbica (resistência) e, principalmente, anaeróbica (reação, velocidade)
- aumento da frequência cardíaca
- acumulação de lactato, que provoca alcalose respiratória (A alcalose respiratória é uma situação em que o sangue é alcalino devido a que a respiração rápida ou profunda tem como resultado uma baixa concentração de anidrido carbónico no sangue. Uma respiração rápida e profunda, também chamada hiperventilação, provoca uma eliminação excessiva de anidrido carbónico do sangue. A causa mais frequente de hiperventilação, e portanto de alcalose respiratória, é a ansiedade. As outras causas de alcalose respiratória são a dor, a cirrose hepática, baixos valores de oxigénio no sangue, febre e sobredose de aspirina).
A conclusão final do estudo é que se pode jogar na altitude, desde que com uma adequada preparação física, sociológica e técnica.
Os debates seguirão. Eu acho que o correto seria dar mais tempo de preparação para equipes que precisam jogar em grandes altitudes, adaptando o calendário. Nada de outro mundo, mas que interfere em questões políticas e comerciais que são, em última análise, o que realmente faz girar o mundo da bola.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON

Assisti a esse filme ontem. Tocante, intrigante, provocador. Tem alguma coisa de Forrest Gump, outra de o Show de Truman, alguma mais de Em Algum Lugar do Passado. O principal é que nos faz pensar no tempo. No que fazemos com ele, em como o aproveitamos e de que maneira interagimos com as pessoas que compartilham do mesmo tempo conosco.
Para mim, uma das grandes cenas do filme é o momento em que Benjamin Button, já regredindo em sua jornada pelo tempo, na qual seu relógio anda para trás, afirma para sua amada Daisy que ele tem a sensação de haver vivido uma vida da qual não se lembra. É uma criança de 80 e poucos anos que fala isso para uma senhora de 70 e poucos, o amor de sua vida, que se dedica a cuidar de uma criança cujo invólucro rejuvenesce enquanto o interior se deterioriza a cada segundo. Essa criança é o pai de sua filha.
Enfim, um filme que faz pensar, diverte e emociona. A fotografia é memorável e a trilha sonora, belíssima.
O CORINTHIANS E A BASE

Recebi uma simpática mensagem, que não consigo encontrar por aqui, de um leitor falando sobre um comentário que fiz no Bom Dia, São Paulo de segunda-feira. Era sobre o trabalho do Corinthians nas categorias de base, após a conquista do sétimo título na Copa São Paulo. Meu comentário foi basicamente esse: o Corinthians é, entre os grandes paulistas, o que trabalha melhor a base. Mesmo sem ter a melhor estrutura física para isso. Não apenas pelos sete títulos, mas pela quantidade de jogadores criados no clube, no extinto Terrão, que chegam ao time principal. Desde antes de Rivellino, passando por muitos outros, como Casagrande, Viola, Jô, Dentinho, Lulinha e dezenas, cujos nomes não me lembro.
Não tenho como avaliar quem trabalha melhor a base em termos nacionais. Acredito que, historica e numericamente, nenhum clube tenha revelado tantos jogadores como o Flamengo. Assim como Internacional, Cruzeiro e São Paulo também revelaram muitos jogadores. Sobre revelar, acho que há duas vertentes. A dos clubes que criam jogadores para que eles se tornem grandes jogadores do próprio clube, como o Flamengo fez com a maravilhosa geração de 1981, por exemplo. Ou até como fez o Santos lá nos anos 50, com Lula, que tinha olhos de lince para pinçar garotos como Coutinho e Pepe, por exemplo. Ou o São Paulo de Cilinho em 1985, e o Inter glorioso dos anos 70, com Falcão, Caçapava, Cláudio Duarte, todos criados na base do clube. E há equipes como o Cruzeiro que, atualmente, revela e vende muito rápido. E o Palmeiras, que sempre foi comprador, nunca revelou em quantidade suficiente e corre, agora, para tirar o atraso. Acho que me expliquei melhor.

terça-feira, janeiro 27, 2009

A IMPORTÂNCIA DA
VITÓRIA DE BELLUZZO
PARA NOSSO FUTEBOL


Há alguns meses participei do Arena Sportv, que teve como convidados o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, e o Luiz Paulo Rosemberg, vice-presidente de marketing do Corinthians. Ambos falavam de uma união entre os clubes grandes para reformular o futebol brasileiro e, juntos, criarem uma nova era de cooperação e prosperidade. Ambos citaram como colaboração fundamental, se possível, a de Luiz Gonzaga Belluzzo, que era, então, diretor de planejamento do Palmeiras.
Economista respeitado em escala mundial, dirigente que reúne, como os dois citados acima, em doses exatas conhecimento e paixão pelo clube que representa, Belluzzo teve sua eleição festejada até por alguns dos rivais. Por que representa uma mudança de mentalidade em um dos gigantes do futebol brasileiro. E isso é positivo para os outros gigantes. Por que provocará reações no sentido de colaborar onde é possível e de trabalhar para que o adversário não os supere. É a lógica da competição sadia.
Com Belluzzo o Palmeiras estará mais sintonizado com as idéias de Juvêncio, Rosemberg, de Fernando Carvalho, do Inter, da nova gestão do Grêmio. Talvez até com Roberto Dinamite no Vasco e com o Flamengo, apesar de alguns tropeços da gestão de Márcio Braga. Todos esses clubes reunidos em um pensamento comum (exceção feita à competição) têm uma força descomunal. Podem propor e executar ações de marketing e propor alterações políticas de maneira conjunta.
Ninguém tem a certeza de que Belluzzo será um grande presidente. Ele, como qualquer outro, depende de resultados. Mas suas ideias representam um avanço considerável para um clube que até outro dia vivia nas trevas e era administrado como um restaurante pequeno.
É hora, por exemplo, de Palmeiras, São Paulo e Corinthians deixarem de picuinhas idiotas e unirem suas forças no que isso é possível, para melhores condições de calendários e patrocínios, por exemplo. Valorizarem suas marcas. Porque R$ 15 milhões por ano, convenhamos, é uma ninharia para a importância desses clubes, e também dos grandes do Rio, do Sul e de Minas. Ouvir isso de um economista que é reconhecido como um dos mais brilhantes do mundo faz muita diferença em torno de uma mesa de reunião.

50 ANOS DA GLÓRIA DE 1959

Sábado, às 17 horas, o SporTV fará uma homenagem aos heróis da conquista do Mundial de Basquete de 1959. Terei a honra e o prazer de conduzir uma mesa redonda com alguns desses monstros sagrados, como Amaury Passos, Wlamir Marques, Jatyr Schall, Édson Bispo. Nunca vi nenhum deles jogar, mas aprendi a admirá-los ouvindo os relatos de meu querido pai e mestre, Luiz Noriega, que narrou muitas exibições deles e é grande amigo de vários. Será uma jornada emocionante, para lembrar os tempos de glória do nosso basquete. Uma geração que foi vice-campeã mundial em 1954, campeã em 59 e 63 e ainda, já com mudanças, vice em 1971. Geniais.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

PARA CERTOS CARAS
O GOL FICA ENORME

Eles têm a chave, a senha, a palavra mágica que faz do futebol o que é. Para certos caras fazer um gol é tão simples como acordar e ir ao banheiro lavar o rosto, tocar uma campainha, fritar um ovo. Para outros é um dilema, requer manuais, fórmulas e teorias complicadas. Mas é para os artilheiros de verdade, aqueles que têm um pacto diabólico com a bola e as redes, que o gol parece ser sempre enorme, o espaço entre as duas traves é um latifúndio.
Assim é com Keirrison, com Washington, com Kléber Pereira e, porque não, com Pedrão, do Barueri. Esperemos um pouco mais para saber se Tiago Silvi, do Botafogo de Ribeirão Preto, é dessa rara estirpe. Porque em breve Ronaldo Fenômeno deve fazer lembrar a todos que esse negócio de gol sempre será com ele.
Embora já não tenha o brilho de outrora e seja um campeonato pretensioso para sua real importância, políticamente anabolizado com 20 clubes onde não cabem tanto, o Paulistão tem goleadores às pencas para renovar o gosto do povo pela arte de estufar as redes. Keirrison é veloz, esperto, sempre ligado, faz da leveza dos seus 21 anos sua grande arma. Washington é um carrasco que gosta do jogo pelo alto e não se sente descolado quando a bola desce para o gramado. Une força e técnica para finalizar e sabe ser o garçom quando faz a parede. Kléber Pereira é daqueles que quando dá um tapa e põe a bola à frente do marcador o estádio já sabe que vem gol por aí. Alguns argumentam que ele perde muitos gols, mas quem não perde?
Borges é o ator coadjuvante que, muitas vezes, acaba salvando o filme. Falta charme, mas gol também é com ele. Pedrão não tem o nome, nem a fama dos outros quatro. Está mais para um trabalhador do gol, daqueles que não pode se dar ao luxo de recusar serviço, seja em Barueri ou na Coréia do Sul. Mas o resultado é quase sempre satisfatório.
Essa turma é garantia de muito trabalho para meus colegas narradores.

TÉCNICO DE JUIZ? FAÇA-ME O FAVOR.

Grande entrevista do brilhante repórter Victorino Chermont no Tá Na Área de ontem mostrou a novidade da arbitragem no Campeonato Carioca. Criaram a figura do técnico do juiz. O Vitu entrevistou um cara que parecia saído da caserna, cheio de termos militarescos para definir sua função: ser bedel do trio de arbitragem. Ora, se esse cara vai ficar orientando durante o jogo, corrigindo posicionamento, alertando para erros, ele torna-se, de fato, um quarto ou quinto árbitro e terá interferência no andamento do jogo. Suas opiniões influenciarão o trio de arbitragem. Fico me perguntando o que disse o técnico de arbitragem ao bandeirinha Luiz Antônio Muniz de Oliveira que, grosseiramente, anulou um gol pra lá de legítimo de Victor Hugo, do Friburguense, contra o Flamengo. Esse professor já está com o cargo a perigo. Tem cada uma.

AS HORDAS SEGUEM IMPUNES

Jogo de Copa São Paulo sempre traz lembranças de como os estádios de futebol eram lugares mais calmos e seguros. No interior o ritmo ainda é outro, é possível que os torcedores assistam aos jogos misturados, num mar de camisas que são apenas adversárias, jamais inimigas. Mas ao final de um desses jogos, uma facção dessas que apavoram os estádios reuniu uma pequena turba de delinquentes para tentar agredir um único funcionário do clube em cujo estádio o jogo foi disputado. Eram uns 20, 30. O mais velho deles talvez não tivesse 20 anos. 20, 30 para bater em um. Destes, um delinquente conseguiu se infiltrar covardemente e por trás agrediu o tal funcionário, que só pode se defender atrás de uma bancada de cimento. Quando a polícia chegou, os 20, 30 que pareciam um pelotão, se transformaram em adolescentes medrosos, gritando "tio, eu não fiz nada". Fizeram, sim. E continuarão fazendo enquanto não houver medidas duras para devolver aos estádios os verdadeiros torcedores.
Numa estrada federal torcedores desceram de seus ônibus para, em vez de comemorar a vitória de seu time, apavorar motoristas e suas famílias que voltavam para casa promovendo um quebra-quebra.
Nada tenho contra quem decide formar uma torcida organizada. Tudo tenho contra quem é bandido e se esconde atrás dessas torcidas. Enquanto isso, os clubes permitem que eles agridam, até matem, ostentando os distintivos das agremiações em suas camisas.
O passado nostálgico virou presente trágico até num simples jogo de Copa São Paulo no outrora pacato interior.

A COTAÇÃO DO CRUZEIRO

Recebo uma pergunta sobre o Cruzeiro. Taí um belo time. Gosto do estilo de jogo, da proposta do Adílson, que o Felipão já tinha dito, lá atrás, que seria um bom treinador. Guilherme e Ramires são duas feras. Talvez a defesa ainda seja um pouco reticente e falte ao time, como um todo, aquela faísca que propague o incêndio em jogos decisivos. Mas tem tudo para fazer uma ótima Libertadores.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

BOLA ROLANDO
NO PAULISTÃO


Comentei dois jogos do Paulista até agora. A vitória do Palmeiras sobre o Santo André e o empate entre Corinthians e Barueri. Vi os melhores momentos do empate do São Paulo e trechos da derrota da Lusa para o Guarani. Não vi Santos x Guará.
Nada pode ser dito em termos mais abrangentes por apenas um jogo. Palmeiras e Santo André foi muito eequilibrado e qualquer resultado poderia ter acontecido. O Palmeiras criou boas oportunidades, o Santo André mandou duas bolas na trave. Para os palmeirenses a boa notícia foi a desenvoltura de Cleiton Xavier.
O São Paulo empatou mas poderia ter vencido fácil. Nada que abale o time, cujo planejamento visa a Libertadores. Lusa e Guarani poderia ter acabado em empate. A Portuguesa já começou o ano trocando de técnico, repetindo os erros que redundaram no rebaixamento para a Série B. Parecem não aprender as lições. Trocar Estevam Soares por Mário Sérgio não quer dizer, atualmente, absolutamente coisa alguma.
Corinthians e Barueri foi um grande jogo. O time do Barueri é bem montado, tem jogadores experientes e boas revelações. Não está para brincadeira e sua história mostra isso. O Corinthians perdeu a criação com Douglas bem marcado e aceitando a marcação. Sobrou vontade e faltou inspiração. Os dois times tiveram chances para matar o jogo e pararam em grandes defesas dos goleiros.
Eu achei que os dois pênaltis marcados existiram. O do Chicão foi claríssimo para mim, ele foi precipitado na jogada. Assim como o Ralph levantou o pé e acertou o ombro do William, que levava vantagem na jogada. Tem gente que achou que nenhum pênalti foi, alguns acham que o do Chicão não houve e o do Ralph foi marcado corretamente, outros mais pensam que as duas penalidades aconteceram. Questão de opinião e todas merecem respeito. O que valeu foi o jogo, vibrante, emocionante, bem jogado.

RECADO AO RAFAEL MACHADO

Sua mensagem foi publicada, como todas as bem escritas e sem maldades ou xingamentos são. O que eu acho cômico é quem não consegue respeitar a opinião dos outros e sempre acha que uma coisa não fica bem porque vive suspeitando de tudo e de todos. Muda alguma coisa na cotação do dólar se eu achei uma coisa e você outra? Só nossas opiniões valem? Eu estou sempre errado e você sempre certo? Velho, assim não vale a pena debater, não tem graça. Volte sempre, mas de espírito desarmado. Abração.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

FRED E O (ATÉ QUANDO?)
ELDORADO DA EUROPA


Em meio ao zumzum das fofocas e informações desencontradas, o Arena SporTV desta quarta-feira, com a apresentação sempre precisa e elegante de Milton Leite, trouxe uma esclarecedora entrevista do atacante Fred. Citado como sonho de clubes brasileiros, entre eles Palmeiras e Fluminense, Fred foi de uma sinceridade rara. Não fez média e deixou claro que seu projeto de vida é continuar na Europa enquanto ainda tem mercado por lá. Assim que se esclarecem dúvidas e se estouram balões de ensaio: com bom jornalismo e boas entrevistas.
Fred faz gols às pencas e sabe que isso o valoriza no mercado europeu. Resta saber até quando o Velho Continente se sustentará como o Eldorado do futebol. A insolvência financeira vai bater às portas dos clubes europeus e aqueles que não tiverem mecenas do tipo bilionário russo ou magnata italiano das comunicações terão sérios problemas.

GANÂNCIA PODE ATRAPALHAR O CORINTHIANS

Por aqui, onde o dinheiro nunca jorrou de fontes assim tão abastadas e o crédito anda apertado, eu me pergunto como os clubes vão se virar. Os dirigentes reconhecem que pagam mais do que podem para não perder um jogador. Vejamos o caso do Corinthians. Excelente estratégia de marketing, ousadia para contratar Ronaldo e o desejo, legítimo, de lucrar com isso. Agora, me parece absurdo cobrar R$ 150,00 por um ingresso de numerada para jogos do Campeonato Paulista. E sem Ronaldo. Uma família de quatro pessoas pagaria, portanto, R$ 600,00 só para entrar no estádio. A realidade tromba com o sonho pelo simples fato de o Corinthians, mesmo tendo sido preciso e ágil no marketing, não ter conseguido ainda um patrocinador para sua valorizada camisa. Não adianta, na era do aperto, sonhar com cifras milionárias. Muito menos tentar encaixar valores e propostas de Primeiro Mundo em bolsos do Terceiro.

BOLA ROLANDO

Estive em Ribeirão Preto para comentar Santo André e Palmeiras pelo PFC. Jogo divertido. Longe ainda do ideal, o Verdão teve Cleiton Xavier como destaque. Williams será muito útil, assim como Marquinhos. Com Keirrison e Armero o time ganhará corpo e mais velocidade. Resta saber a condição física de Edmílson e o momento de Diego Souza. Mas certamente será um Palmeiras muito competitivo.
No Morumbi, o São Paulo foi muito superior e perdeu grandes chances de vencer o Ituano. O empate não muda nada. O Tricolor segue forte e vai crescer muito até a estréia na Libertadores.
A Lusa não jogou mal contra o Guarani, mas segue pecando demais nas finalizações. Hoje estreiam Corinthians e Santos.

CRAQUES E LEMBRANÇAS DO PASSADO

Tive a alegria de encontrar dois craques do passado no estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto. Juninho Fonseca, ex-zagueiro de Corinthians, Ponte e Seleção Brasileira, e Mauricinho, arisco ponta que brilhou no Comercial, no Vasco. Duas figuras simpáticas, humildes e alegres. Juninho assumiu o futebol da Francana, do interior paulista, e Mauricinho cuida do Votoraty. Boa sorte a ambos. Também vi no aeroporto e no vôo até Ribeirão o craque do basquete Dodi, Washington Joseph, ex-Sírio e Seleção Brasileira. Boas lembranças do tempo de garoto, quando aprendia a admirar o esporte e os grandes atletas.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

KAKÁ E UM MUNDO
QUE ESTÁ MALUCO

Antes de mais nada, que fique claro: nada tenho contra o Kaká e tomara que ele possa ser sempre cada vez mais bem remunerado pelo seu trabalho e tenha muito sucesso. O que vou escrever é uma análise particular, uma visão de mundo tendo como pano de fundo essa absurda proposta do Manchester City pelo craque brasileiro.
Vivemos em um mundo absurdamente desigual e com uma economia, um sistema de vida, que ruiu. Baseado em riquezas inexistentes, fortunas virtuais e um desejo sem precedentes pelo fausto, pelo luxo, pelo inútil, em última análise. Mas há também o que eu chamo de boa economia, do mundo decente dos negócios, de gente que investe querendo ter lucro - o que é um direito sagrado - mas que produz algo, acrescenta, movimenta o mundo.
Fico pensando no que motiva alguém a oferecer R$ 360 milhões por um jogador de futebol. R$ 3,5 milhões por mês, leio no Globo Esporte. A conta não fecha nunca. Ou é prejuízo na certa ou é lavagem de dinheiro.
Eu penso o seguinte: nenhum ser humano merece ganhar R$ 3,5 milhões por mês de salário. É um acinte. Ninguém é assim tão importante que justifique uma brutal diferença em relação aos outros. Seja em qualquer ramo de atividade. Assim cria-se monstros. Como disse o grande amigo Léo Júnior, no Gama, quando trabalhando juntos em Goiás x São Paulo: maior do que a instituição, só houve um: Pelé.
Esporte é legal, bacana, mas é apenas esporte. Num mundo em que a estupidez suprema da guerra ainda acontece e no qual populações são dizimadas pela fome e pelo ódio étnico na África, um sujeito que tem dinheiro aos borbotões deveria fazer melhor uso do mesmo. Esse sheik que aposta essa fortuna no Kaká poderia, sim, apostar algo no craque, mas dentro de um valor que, mesmo sendo alto, fosse normal.
Posso estar ultrapassado, fora da ordem mundial, mas esse lance todo do Kaká só prova que o futebol é uma ilha de loucuras num mundo sem rumo. Um esporte fantástico, apaixonante, mas que opera no vermelho, troca barulho por dívidas e transforma gente com currículo pra lá de suspeito em donos de instituições esportivas centenárias.
Prefiro o futebol do jogo Brasil x Haiti, dos amigos do Zidane contra os amigos do Ronaldo, do craque que levantou a camisa em favor da Palestina. O esporte mais popular do mundo tem todo o direito de enriquecer e levar riqueza a seus maiores astros. Só não pode ofender ao ponto em que está chegando. A bolha pode estourar e levar junto o próprio jogo.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

QUAL É A MELHOR CONTRATAÇÃO?


Como consumidor de notícia não gosto do período de entressafra do futebol. Tem muito chute, dirigente querendo aparecer e pouca notícia de fato. Além disso, tem uma praga que grassa entre os blogs jornalísticos e de torcedores que tratam do tema: bater o bumbo em cima do furo. Ninguém leva bola nas costas. Fulano fala em novembro que jogador x será contratado pelo clube y. Em janeiro se confirma e o cara toca corneta dizendo assim: "conforme eu havia antecipado" etc. Chato isso.
Outra coisa que não me agrada muito como consumidor de informação e que evito fazer como comentarista é ficar avaliando contratações. O sucesso, dizem, tem muitos pais, e o fracasso sempre é filho bastardo. Essa linha de comentários que abomino, de convocar os louros de qualquer acerto sem recordar os fracassos. É tudo teoria. Quem pode afirmar que Ronaldo dará ou não resultados ao Corinthians? Ou que Washington fará muitos gols pelo São Paulo e Keirrison pelo Palmeiras? E, se concretizada a negociação, Fred será um sucesso no Fluminense?
Prefiro pensar nos porquês das contratações, nos motivos que levam um clube a buscar esse ou aquele atleta para determinada posição.
O caso do São Paulo com o Washington é muito claro. Sem Adriano e sem Aloísio o time não tinha no elenco um jogador de referência, um centroavante que chamasse a marcação. Melhor que isso, Washington é técnico, sabe jogar de costas para a defesa adversária. Um ataque com ele e Borges pode ser bastante eficiente. Será? Quem pode saber?
No caso palmeirense, Marquinhos e Williams são jogadores de velocidade, penetração, leveza, coisa que a equipe perdeu com a saída de Valdívia e nunca teve com Lenny, por exemplo.
Idem para o Corinthians, com Souza e Jorge Henrique, uma composição de ataque diferente, com jogadores de características distintas àquelas com as quais Mano Menezes contava.
Quem sabe o Santos, com menos badalação que os rivais, também não pode "encaixar" um time eficiente e competitivo?
Falo mais dos clubes paulistas porque é o estadual mais importante e o que começa primeiro entre os mais importantes.
Existem inúmeros fatores que contribuem para o sucesso ou o fracasso de um time. No Brasil, sucesso é apenas o título, o que muitas vezes não confere o valor devido a trabalhos muito bem feitos. No papel existem times fantásticos, mas uma equipe que funcione não depende apenas de capacidade técnica e conhecimento tático. É preciso haver uma certa química, comprometimento, caráter para enfrentar situações adversas. Muitas vezes o processo acaba sendo acelerado se existem jogadores inteligentes taticamente, que saibam ler o jogo e percebam rapidamente como está se desenhando uma equipe, quais os atalhos etc.
Quando o Brasileirão estiver para começar virão muitas respostas e os cabotinos de plantão estarão dizendo que eles acertaram tudo em janeiro.

TRAGÉDIA XAVANTE

Triste notícia chega do Sul, a tragédia com o ônibus do Brasil de Pelotas, com o falecimento de três pessoas, entre elas o atacante uruguaio Claudio Milar, ídolo da torcida. Meus sinceros pêsames às famílias dos falecidos e força à brava gente de Pelotas para recuperar o ânimo e a motivação e reverenciar a memória dos que se foram dando sequência à história de glórias do Brasil.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

INVASÃO DE EMPRESÁRIOS
MARCA A COPA SÃO PAULO

Confesso que fiquei assustado. Sabia que era assim, até postei algo sobre isso, mas o nível a que a coisa chegou é alarmante. Estávamos em Hortolândia, interior de São Paulo, toda a equipe do SporTV, Linhares Jr., Alê Oliveira, Edison Souza e Estevão Nunes, e antes de a bola rolar para o sensacional Fortaleza 5 x 4 Flamengo, nossa cabine recebeu a vistia de três pessoas falando espanhol e procurando as escalações dos dois times. No intervalo apareceram mais três. Vejam bem: seis estrangeiros para um jogo sub-18 do futebol brasileiro numa cidade há cerca de 100km de São Paulo. Todos empresários ou representantes de empresários, de olho no talento nascente do nosso futebol.
Havia também olheiros de vários times brasileiros, gente do Atlético Paranaense, claro que interessada no adversário da próxima fase.
O que me deixa curioso é saber se existe alguma maneira de proteger esse talento, de evitar que empresários invadam o País em busca de pé-de-obra, citando Mauro Beting, ainda em gestação. Haveria algo a ser feito? Ou é a roda da vida e temos que assistir impassíveis as suas revoluções?

NOVA ORTOGRAFIA

Acho que ainda vai levar um tempo até que eu me acostume. Como disse o amigo Marcelo Barreto no Redação SporTV de hoje, ler estreia e não estréia ainda bem estranho.

COPINHA ELITISTA

Recebi mensagem gentil e muito bem escrita do Bruno, dizendo que alguns críticos, como eu, têm uma visão elitista da Copa São Paulo. O Bruno acha legal que sejam muitos clubes para que a garotada do Norte e do Nordeste tenha uma chance de aparecer. É um ponot de vista. Mas será válido cruzar o País para levar de 10 a 0? É para se pensar.

RÁDIO GENESIS

Humberto sugere que eu crie uma rádio Genesis no site, com as músicas da banda. Não domino ainda a tecnologia para fazê-lo, Humberto, mas vou me informar e prometo adotar a ótima sugestão.

terça-feira, janeiro 13, 2009

COPINHA COM HORMÔNIOS
PERDE MUITO DO CHARME


Volto ao trabalho como comentarista do SporTV nesta quarta, na transmissão de Flamengo x Fortaleza, pela Copa São Paulo de Juniores, com os companheiros Linhares Jr, Alê Oliveira, Rodrigo Garavini e Estevão Nunes. A Copinha, com carinhosamente ficou conhecida, hoje é muito diferente do torneio proposto pelo Fábio Lazzari na virada dos anos 60 para os 70. Foi inchada por interesses políticos e perdeu um pouco do charme. Parece aqueles bombados de academia, que ficam parecendo o Schwarzzeneger da barriga para cima e têm pernas de corredor queniano.
Ainda assim, é uma vitrine interessante, uma amostra do que se produz ainda nas categorias de base do futebol brasileiro. Mostra também que muitos clubes ainda não sabem trabalhar na revelação de jogadores e que os empresários são muito mais rápidos e espertos para localizar e contratar jovens talentos. Pululam times e camisas de aluguel. Ano passado, a cada jogo que comentava eu recebia muitos cartões de gente que apresentava como agente Fifa, agente, empresário, olheiro. Resta saber o que virá desta edição. Vi alguns lances do Camacho, camisa dez do Flamengo, e esse garoto parece que é do ramo. Conferimos amanhã, 20h30, pelo Canal Campeão.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

O SER HUMANO TERIA FRACASSADO?


Sempre me pego perguntando isso a mim mesmo. Seria a nossa raça uma experiência que não deu certo? Alguém por aí, muito mais capacitado do que eu certamente, já fez essa afirmação. Sou um otimista por vocação e humanista por natureza e formação. Mas tem horas em que eu acho que nós, humanos, temos defeitos de projeto que são difíceis de corrigir.
Como entender que israelenses e palestinos, cuja origem é fundamentalmente a mesma, se metam nessa briga tribal há milênios? Ou aceitar que tanta gente morra por nada, por uma simples discussão de trânsito, por exemplo?
Fui a um observatório chamado Mamalluca, em Vicuña, Norte do Chile, durante as férias. Noite maravilhosa de lua cheia, lugar mágico, ar limíssimo, nebulosas se exibindo, galantes. São centenas de milhões de estrelas e, consequentemente, centenas mais de milhões de planetas espalhados pelo Universo. Com certeza há de existir uma raça melhor por aí. Por mais virtudes que tenha a humana, ela esgota suas possibilidades a cada dia num festival de horrores, desrespeito, poluição, futilidades. Acho que só nos resta mesmo vasculhar o céu.
Tell Me Why é uma canção pouco conhecida do Genesis, do álbum We Can´t Dance, de 1991. Mas, além de ser legal, tem perguntas que certamente cada um de nós faz quando se depara com a debilidade moral e intelectual do que somos. Abaixo:



Mothers crying in the street
Children dying at their feet, tell me why
People starving everywhere
There's too much food but none to spare, tell me why

Can you see that shaft of sunlight
Can you see it in my eyes
I can feel the fire that's burning
Anger and hope so deep
So deep within my heart
Before my eyes
For some it's too late
It seems there's no-one listening

People sleeping in the streets
No roof above, no food to eat, tell me why
See the questions in their eyes
Listen to their children's cries, tell me why

If there's a God
Is he watching
Can he give a ray of hope
So much pain and so much sorrow
Tell me what does he see
When he looks at you
When he looks at me
What would he say
It seems there's no-one listening

Who would think it still could happen
Even in this time and place
Politicians, they may save themselves
But they won't save their face
Just hope against hope
It's not too late

You say there's nothing you can do
Is there one rule for them and one for you
Tell me why

Listen can you see that shaft of sunlight
Can you see it in my eyes
I can feel the fire that's burning
Anger and hope so deep
So deep within my heart
Before my eyes
For some it's too late
It seems there's no-one listening

Hurry for me, hurry for me, they cry

segunda-feira, janeiro 05, 2009

SI VAS PARA CHILE


Passo as férias com a família no Chile, mais precisamente em La Serena, IV Región. Sou casado com dona Isabel, presente maravilhoso que o Chile me deu, e vim conhecer uma parte da família. Gente muito boa, especial, cheia de bom-humor.
Tem uma música famosa do cancioneiro popular chileno que se chama Si Vas Para Chile. Aproveito a mesma para deixar algumas dicas.
La Serena é uma cidade colada a Coquimbo, as duas se unem em frente a uma bonita baía banhada pelo Pacífico. Lugar calmo, bonito, simpático, onde chilenos e argentinos veraneiam. As cadeias montanhosas chilenas chegam perto do mar e formam belas paisagens.
Perto de La Serena, quando se dirige para o interior, rumo à fronteira com a Argentina, existe um lugar sensacional chamado Vale do Elqui. O rio que nome ao vale traz abundância a uma pequena faixa de terra em meio a uma paisagem seca, quase lunar, que anuncia o deserto próximo, mais ao Norte. vinhedos espetaculares e vistas maravilhosas, além de observatórios que vasculham o Universo aproveitando o ar limpíssimo da área, sempre com os céus estrelados.
O vinho é sempre bom, a gente é hospitaleira, as paisagens, muito diferentes das nossas. Enfim, uma linda viagem.