domingo, abril 29, 2007

FERIADO OU DIA DE TRABALHO?


A bola rola no Morumbi e a primeira impressão que me vem é que o espírito do time do Santos é de feriado e que o time do São Caetano entrou em campo para mais um dia duro de trabalho, buscando a sobrevivência. Foram 15, 20 minutos disso. Mas no meio desse tempo, aos 8, o São Caetano tinha feito 1 a 0 com Luiz Henrique, justamente numa desatenção da zaga santista.
O time operário do São Caetano teve Luiz Alberto como um terceiro zagueiro em tarde de gala. Douglas foi um armador consciente da proposta tática do time e soube dosar o ritmo dos companheiros.
O Santos do primeiro tempo foi apático, aceitou marcação do São Caetano e seus dois atacantes (???) foram presa fácil dos três zagueiros adversários. No segundo tempo, com Jonas e Pedrinho, o Santos foi melhor, pressionou, mas não marcou. Teve um Zé Roberto apenas esforçado e, de novo, um Cléber Santana sumido.
Dá para o Santos vencer por 2 a 0 e ser campeão? Claro que dá. Mas será preciso que o time jogue mais, muito mais do que fez no segundo tempo de ontem, porque o primeiro é para se esquecer. Acontece que o São Caetano parece ter encontrado a fórmula perfeita para enfrentar equipes favoritas e badaladas. Um time que reconhece sua inferioridade técnica, mas sem perder sua personalidade.

DODÔ E FÁBIO

Dodô, enfim, fez um gol simples, não daqueles bonitos, mas pra lá de importante. Botafogo e Flamengo estão empatados em tudo e a final promete ser de arrepiar no Rio.
Em Minas, se o Cruzeiro reverter, será a maior virada da história do futebol, pela importância que tem o clássico com o Galo. E o gol sofrido pelo goleiro Fábio, que deu as costas para o jogo e nem viu a bola entrando? Não tem como explicar.
Paulo Autuori, digno como sempre, entregou as pontas. O caso do Cruzeiro me parece emblemático. Um time de jogadores que se fossem comprados pelo que valem e vendidos pelo que pensam que valem, seria o maior negócio do mundo.

sexta-feira, abril 27, 2007

NAU CORINTHIANA A PIQUE


Parece simbólico que o Náutico tenha colocado a pique a nau corintiana no Pacaembu. E foi exatamente isso. O Náutico ganhou o jogo. Por pior que seja o atual time alvinegro - e bota pior nisso -, o Timbu jogou uma das grandes partidas de sua história e passou cheio de garbo às quartas-de-final da Copa do Brasil.
Ainda que seja um time fraco, o Corinthians deveria fazer, no mínimo, um jogo equilibrado com o Náutico. Não se trata de esquadrões Mas o Corinthians levou um baile. E quem dançou mesmo foram os quase 30 mil torcedores que foram ao Pacaembu. Porque é esse patrimônio que o Corinthians está desrespeitando: o torcedor. Alguns corintianos e certamente muitos dirigentes do time acreditam na tese de que a torcida "joga", que empurra o time e o faz produzir milagres. Assim fosse e o Corinthians não passaria pelo drama que vive hoje, nem teria ficado 22 anos sem título. Torcedor torce, jogador joga e dirigente dirige. Parece óbvio, mas no Corinthians só o torcedor é que torce. As outras partes do triângulo nada fazem.
Nenhum jogador ou dirigente do Corinthians pode reclamar da - novamente - absurda tentativa de agressão aos jogadores por parte de algumas dezenas de vândalos. Pois se há jogadores e dirigentes que, por hipocrisia e bajulação, recebem esses torcedores como se fossem grandes amigos, então não têm o direito de reclamar quando são ameaçados e encurralados.
Abandonado por uma casta de dirigentes ultrapassados e comprometidos apenas com seus objetivos pessoais, o Corintians vive um momento delicado. Precisa decidir qual time levará a campo no Brasileirão. Um formado por garotos criados no clube e novas contratações, ou, de novo, aquela ladainha de parceria, times milionários etc. com duração curta e fim previsível.
Porque se for com esse time de ontem ao Brasileirão, o Náutico será apenas mais um a atropelar os corintianos.

GALLO NO INTER

A contratação de Gallo pelo Inter é uma aposta. Um jovem treinador, que se preparou adequadamente mas ainda é apenas isso, uma aposta. Gallo já hvia deixado a Portuguesa para abraçar o Santos, justamente aproveitando uma oportunidade de carreira. Fez o mesmo com o Sport agora. Tem todo o direito. Mas no futuro, jamais poderá reclamar se, por exemplo, o Inter decidir demiti-lo após 45 dias de trabalho e contratar um treinador mais experiente. Pois não é extamente o mesmo que ele fez com a Portuguesa e com o Sport? A César o que é de César. Se o técnico pode aceitar um convite para um clube teoricamente melhor, porque o clube não pode fazer o mesmo e buscar um treinador, na teoria, mais capacitado?

quinta-feira, abril 26, 2007

UM JOGAÇO! PENA QUE CEDO DEMAIS


A Libertadores merecia esse duelo de tricolores que se avizinha. Se não me engano, será o primeiro duelo de Grêmio e São Paulo na competição da qual ambos posuem 5 títulos. Um jogo maiúsculo, mas o diabo é que vem na hora errada para o futebol brasileiro, porque um campeão continental ficará pelo caminho. Seria melhor que São Paulo e Grêmio só se enfrentassem mais adiante, porque as chances de uma nova final brasileira ainda são grandes (se chegarem 3 brasileiros nas semifinais, a virada de mesa da Conmebol perderá o efeito). E não fosse o duelo antecipado, seriam ainda maiores.
Antes de qualquer análise, não tem favorito um jogo dessa magnitude. Nunca terá. Porque estarão se enfrentando dois times que, como poucos, fazem bom uso da palavra mandante. O Grêmio no Olímpico é inimigo duro de ser batido, e o mesmo acontece com o São Paulo no Morumbi. E para delírio dos profetas do equilíbrio, quando saem de suas tocas, os tricolores também costumam ser letais.
As classificações foram sofridas, dramáticas. Os times passam por momentos distintos. O tricolor paulista vive um baixo-astral sem sentido. Foram 3 - isso mesmo - apenas 3 derrotas na temporada e parece que um vendaval se abateu sobre o Morumbi. Insisto: Muricy não tem nada de burro. Tem suas opões e convicções. O problema é que todos nós que amamos o futebol esquecemos que qualquer tática ou estratégia nunca é combinada com o adversário. Então, um planejamento perfeito de x pode ser superado se y devolver na mesma moeda.
E o exigente trocedor são-paulino precisa atentar para o fato de que o time continua bom, forte e competitivo. Mas não é imbatível e fica vulnerável quando algumas peças não rendem o esperado. E há alguns jogadores do São Paulo que não vivem um bom momento. Casos de Ilsinho, Jadílson, até mesmo o Souza. Como há outros que mostram regularidade invejável, como Josué, por exemplo. E alguns que oscilam tremendamente, caso do Rycharlison, ótimo em alguns dias e avoado em outros.
Enfim, vaias e xingamentos dos torcedores devem sempre ser aceitos porque o time é deles mesmos, a paixão é propriedade das arquibancadas, como bem me lembra o amigo Cássio Godoy. Mas torcida e nós, jornalistas, muitas vezes passamos a mão na cabeça dos jogadores porque criticar o técnico parece mais confortável. O que não deixa de ser uma espécie de preguiça intelectual.
E o Grêmio? Está embalado pela heróica virada sobre o Caxias. Outro dia, falamos no Arena SporTV sobre a tal fama de time copeiro. Fama essa que um time constrói e a torcida assina embaixo, penso eu. E o gremista adora essa fama, adora um jogo de Copa, peleado (no bom sentido), suado, decidido com sofrimento e entrega. O time é bom, sem dúvida. Tem alguns jogadores acima da média, em especial o Lucas. E se o Sandro Goiano for mantido ao lado dele, uma respeitável dupla de volantes. A chegada de Amoroso pode ser muito produtiva, depende apenas dele mesmo, de seu preparo físico. Tuta é um centroavante de respeito. Enfim, um jogo espetacular. Quem passar chega vitaminado às quartas-de-final.

LÁ COMO CÁ

Vi os jogos semifinais da Champions League. O que apenas reforça minha convicção de que joga-se da mesma maneira lá como cá. Quando não têm a bola, até as potências européias marcam com 9 jogadores e atrás da linha da bola, atuando com apenas um atacante. Com a bola, o time avança em bloco mas (aí sim uma boa diferença) raramente se perde na recomposição. A diferença, de novo lá como cá, está em alguns jogadores. Kaká, Drogba, Rooney, os extra-classe. Mas sem medo de parecer ufanista, não troco um Grêmio e São Paulo, por exemplo, por nada que venha da Europa.

terça-feira, abril 24, 2007


GIRO RÁPIDO (O TEMPO NÃO PÁRA)


Tarde de terça-feira das mais agitadas no mundo do Esporte e da notícia. Vamos a um giro rápido de comentários, dando uma passada também pelo domingo.

* Botafogo e Flamengo farão uma grande final. O Flamengo está em compasso de espera, mas fez uma primeira fase de Libertadores exemplar. O Botafogo vem voando baixo, no ritmo de Dodô, o artilheiro que não faz gol feio. Jogaço, pra lotar o Maracanã. Aliás, o Campeonato Carioca é muito mais interessante que o Paulista em termos de disputa, fórmula de competição e valorização dos clássicos.

* O Santos levou mais sufoco do que deveria, mas passou pelo Bragantino e agora vai encarar o São Caetano. Na fase de classificação, deu Santos, 3 a 0, na Vila, mas o Azulão fez um bom primeiro tempo. Agora tem muito equilíbrio. Imagino um São Caetano mais contido, na defesa, porque não terá Canindé e deverá contar com Luiz Maranhão no lugar de Glaydson. Com essas alterações, o time perde qualidade.

* Sobre o Santos, um passarinho me contou que Somália já acertou tudo com o Peixe, falta apenas anunciar.

* Ouço na Rádio Guaíba, na voz histórica de Milton Ferreti Jung, a notícia da saída de Abel Braga do Inter. Abelão, ótimo técnico e grande figura humana, acabou escravo da glória que conseguiu em 2006. Vi ao vivo a conquista da Libertadores e do Mundial pelo Inter e garanto que quem levar o Abel terá um grande treinador.

* Joel Santana será substituído por Renato Gaúcho no Flu. Será, eu acho, o maior desafio de Renato como treinador, recuperar a credibilidade do Fluminense.

* Muricy trocou Jadílson por Júnior, é o que leio. Investirá no 4-4-2, um sonho antigo. A pergunta que fica para mim é a seguinte: por que, então, não trocar Ilsinho por Reasco? Afinal, se vai jogar no 4-4-2, precisa de dois laterais. E Ilsinho não é lateral, é ala-atacante.

* Meu amigo Lédio Carmona, na transmissão de Al Ahly x Barça, informa que o time catalão cobrou 2 milhões de euros pelo amistoso no Egito. É praticamente a cota de patrocínio de um ano de um time brasileiro.

* Kaká está jogando o fino da bola no Milan. Já o Dida....

domingo, abril 22, 2007


O GRÊMIO MERECE SEU HINO


Para mim o hino do Grêmio Futebol Portoalegrense é o mais bonito dos times brasileiros. Até a pé nós iremos, para o que der e vier...Coisa linda, diria o amigo Ricardo Caprioti.
E o Grêmio, por alguns feitos de sua história, merece com todas as letras e notas musicais esse presente dado por Lupicínio Rodrigues. Aquela fantástica vitória sobre o Náutico em 2005 e agora essa sobre o Caxias, que parecia improvável.
Duvido que exista hoje um torcedor no Brasil mais orgulhoso que o do Grêmio. E cada vez mais os tricolores gaúchos podem dizer que estarão com seu time onde ele estiver. Por que esse grupo comandado por Mano Menezes merece.


SÃO CAETANO FEZ HISTÓRIA

Foi uma grande zebra. Mas não ocorrida por acaso. O São Caetano construiu a zebra. Jogou muito, se desdobrou, se superou. O São Paulo até foi melhor no primeiro tempo, mas taticamente esteve mal o tempo todo. Técnico e jogadores. Josué é um fenômeno, mas não consegue marcar sozinho no meio-campo. Ilsinho é atacante, isso mesmo e só isso: atacante. Jogando como ala ou lateral, se tiver que marcar, é um desastre. Não sabe. André Dias joga muito e teve um péssimo dia. O São Paulo continua forte, mas aprendeu uma dura lição. Júnior, Jadílson e Jorge Wagner? Acho até que os três podem jogar juntos, mas Júnior e Jorge Wagner parece a dupla ideal pela esquerda.
Muricy não tem nada de burro. Tem como característica mexer pouco nos times que treina, acredita em repetição, em entrosamento. Também acho cabotino falar que ele errou ontem. André Dias jogou muito contra o Alianza. Melhor seria colocar que a aposta dele deu errado. E qualquer estratégia que um técnico escolha, ele não combina com o outro treinador, com o outro time. E a execução do bom São Paulo coletivo ontem foi um desastre no segundo tempo.
O São Caetano tem um grande meia-esquerda chamado Douglas. Não que seja craque, mas sabe jogar e é um articulador, peça rara hoje em dia. Paulo Sérgio é um belo lateral. Fora isso, o time tem disciplina tática, outra coisa rara em nosso futebol. Fez história, porque meter 4 no São Paulo no Morumbi é mais uma raridade. E fez história porque sabe e saiu de campo assumindo que foi uma grande zebra. Mas uma zebra contundente.

SHOW NOS CÉUS

Sensacional a Corrida Aérea que agitou o Rio. Para mim é, de longe, a melhor invenção no mundo do esporte de entretenimento. De arrepiar.

TELÊ

Em 1993 fui a Rosário, na Argentina, trabalhar em um jogo Newell´s Old Boys e São Paulo. Cobria o São Paulo para o jornal Diário Popular. Já era - e felizmente ainda sou - muito amigo do mestre Valdir Joaquim de Morais, o maior descobridor de goleiros do mundo. Vou ao bar do hotel, vejo Telê e Valdir bebericando e conversando. Valdir me chama, Telê fica meio arredio, mas Valdir faz o meio-campo, fala do meu pai (Luiz Noriega), que é amigo dele há décadas e Telê se abre. Conversamos por umas duas horas. Telê falou de futebol, uma aula de conhecimento. Falou de craques que viu jogar de pelo menos umas quatro nacionalidades. Sempre com sorriso no rosto. Como gostava de futebol o Telê, que nos deixou há um ano.

quinta-feira, abril 19, 2007

COMO UM GOL PODE MUDAR O MUNDO?


Pode parecer utopia, mas eu acho que pode. Talvez apenas como simbologia, mas pode acabar fazendo com que alguns percebam a inutilidade de algumas coisas e a beleza de outras. O fato é que o gol do argentino Messi pelo Barcelona fez com que uma boa parcela do mundo - e do Brasil - deixasse de falar dos pavorosos acontecimentos da Virginia, nos EUA, e do Rio de Janeiro.
Como aquele gol de Maradona em 86 e a famosa frase da "Mano de Dios" fizeram com que o mundo percebesse o absurdo da Guerra das Malvinas.
O esporte ainda tem esse poder. Oferece um instante de poesia, 11 segundos de pura mágica, que inundam o ambiente de lirismo.
Quanto mais falarmos de gols, mais perceberemos que uma bela jogada, uma linda canção, um ótimo livro, um grande filme são muito mais interessantes que subir o morro atrás de uma carreira sem brilho e que vale muito mais a pena comprar uma bola e oferecê-la a uma criança do que um revólver, mesmo os de brinquedo.
Obrigado, Messi e Maradona. Seus gols salvaram uma semana de horror e tristeza.

terça-feira, abril 17, 2007

ELE VIU O ZICO!


Vale a pena dar uma olhada nesse vídeo. Mostra pra muito jogadorzinho mascarado por aí que vira as costas para uma criança que pede autógrafo o que é um ídolo de verdade e como se comporta um grande atleta e um grande ser humano. É de arrepiar!

segunda-feira, abril 16, 2007

TROCA DE PASSES

No espírito do nosso bate-papo de fim de semana no SporTV, tentarei deixar aqui meu olhar sobre os acontecimentos do futebol.
Antes de mais nada, um mais do que justo elogio ao amigo e colega Carlos Cereto, que antecipou a informação de que Paulo César Carpegiani seria o novo técnico do Corinthians. Isso ainda na semana passada, durante o Tá Na Área. Parabéns por mais um golaço, Cereto!!!


# - O Santos decepcionou no sábado. Foi uma pálida lembrança do time técnico e insinuante da primeira fase do Paulistão. Mesmo com um a mais a partir dos 18 do segundo tempo, não conseguiu furar a retranca do Bragantino. Mas ainda acho que, por ser muito melhor, o Peixe confirmará o favoritismo no próximo domingo. Mas precisa jogar melhor. Nâo basta ser melhor.

# - Luxemburgo reclamou do - horroroso - gramado do Pacaembu. Acontece que o Santos já fez jogos melhores em gramados muito piores. E ele não falou nada.

# - Dois pênaltis não foram marcados no jogo. Um a favor do Braga, de Adaílton em Alex Afonso, e um a favor do Peixe, de Zelão em Tiuí.

# - Domingo, o São Paulo também ficou devendo, embora tenha jogado mais do que fez o Santos um dia antes. Josué está cada vez melhor, marca como poucos e sai pro jogo com categoria. Pra mim, sofreu um pênalti de Triguinho no final do primeiro tempo. Assim como no início da primeira etapa Miranda fez pênalti em Somália. Quando conseguiu pressionar o São Caetano, o São Paulo dominou. Quando afrouxou, caiu muito de produção.

# - Souza foi mal ontem, joga muito mais. E nas bolas paradas quase sempre é decisivo. Ontem errou todas.

# - O que pode levar um pequeno grupo de torcedores do São Paulo a chamar o Muricy de burro? Sempre nas numeradas, sempre os mesmos. Só pode ser coisa política, encomendada. Muricy é ótimo. Ontem eu até discordei dele, achei que poderia ter colocado o Júnior ou o Jorge Wagner, mas e daí? Isso não é erro, é opção. Fora isso, ele tem que pensar no jogo de quarta na Libertadores, ver quem pode jogar contra o Alianza, conduzir o elenco.

# - Paulo Sérgio, do São Caetano, jogou muito. Bom lateral, melhor do que muitos que jogam em times grandes. Educado, discreto e bem formado, Dorival Júnior vai trilhando seu caminho em busca do sucesso no futebol.

# - Muricy anda uma pilha de nervos após os jogos. Não me interessa se ele está de bom ou de mau humor, mas seu trabalho. Não acho que a imprensa deva analisar comportamento, mas sim o trabalho. Cada um tem seu jeito de ser. Agora, ninguém tem o direito de ser mal educado. Repórter ou entrevistado.

# - O Botafogo massacrou o Cabofriense. É, de longe, o melhor time do Rio no momento. Faltou o detalhe da conclusão. E Waldemar Lemos vai provando, a cada temporada, que não é um Zoca (pra quem não lembre ou não sabe, Zoca é o irmão do Pelé e virou sinônimo de irmão de famoso que só tinha sobrenome e não jogava nada).

# - Grande jogo e estupenda narração de Milton Leite, no SporTV, de Osasco x Rio de Janeiro. Vôlei feminino é uma das melhores pedidas na TV atualmente. Thaisa, do Rio, com 1m96, é covardia no bloqueio. Joga muito. Assim como Waleskinha, de "apenas" 1m80. Um show de fundamentos. Chega a lembrar a Ida em algums momentos, tamanha a perfeição técnica.

# - Felipe Massa venceu, ótimo. Mas como ignorar o fenômeno Lewis Hamilton na Fórmula 1?

quinta-feira, abril 12, 2007


COISAS QUE SÓ
ACONTECEM COM
O BOTAFOGO


Não existe relação mais particular que a do torcedor do Botafogo com seu time. Quem conhece um botafoguense sabe disso. Uma torcida fiel, apaixonada como todas, mas supersticiosa, crítica, analítca e cheia de manias como nenhuma outra. Entrou para a história a frase "há coisas que só acontecem com o Botafogo". Remete mais a tragédias, a derrotas e imprevistos, que são curtidas com algum gosto mórbido pelos alvinegros cariocas.
Pois o gol mil de Romário, que ainda não veio, bateu na trave do Botafogo por duas vezes em um curto período de tempo. Ouvi de alguns botafoguenses que não tinha jeito, era contra o Botafogo, só poderia ser contra o Botafogo, era sina de alvinegro etc. Pois não foi.
O que houve foi um jogo épico no Maracanã, digno das maiores glórias de Vasco e Botafogo, um jogo que pareceu ter sido teletransportado dos anos 60 para 2007 tamanha a intensidade e a magia com que foi disputado. Um 4 a 4 é sempre um grande jogo. Mas o desta quarta no Maracanã será lembrado por muito tempo. E não há honra maior para um jogo de futebol e para quem participa dele que o mesmo seja lembrado. A pitada final de drama veio com os pênaltis, a contusão de Romário e o êxtase do botafoguense, esse ser especial dentro do já especialíssimo universo dos torcedores de futebol.
Tenho certeza que muitos alvinegros despertaram nessa quinta-feira amarrando cortinas, soprando as nuvens do Cristo Redentor. Porque é quando dão sorte que as superstições precisam ser confirmadas.
Quanto a Romário, talvez seja mais fácil marcar um amistoso, um jogo de festa, proporcionar ao Baixinho uma despedida de gala e o milésimo gol. Porque o que era apenas expectativa já está virando drama. Tomara que não vire chacota, já que brasileiro tem a péssima mania de avacalhar com tudo. Romário merecia logo essa milésima benção para poder curtir sua justa aposentadoria.

REFLEXÕES PAULISTAS

Que fique claro: o Bragantino mereceu muito mais que Palmeiras e Paulista a última vaga nas semifinais do Paulistão. Mereceu porque foi o time que menos se acovardou quando precisou decidir. E mereceu porque, dos três, era o que enfrentava as piores condições para chegar. Não tem a fama e o prestígio do Palmeiras e nem a organização e o sucesso recentes do Paulista. Foi um time formado meio que ao acaso e que deu certo com base em trabalho e superação.
O que não me impede de afirmar algo. Bragantino e São Caetano merecem todo o respeito e o crédito pelas classificações, mas só chegaram porque Corinthians e, principalmente, Palmeiras, foram pra lá de incompetentes. O Corinthians por demonstrar uma capacidade inigualável de autodestruição, por estar implodindo a cada semana. O Palmeiras por dar as costas ao seu passado e tremer diante da possibilidade de com dois jogadores a mais vencer o modesto Guaratinguetá, mesmo jogando no Palestra Itália. A diferença entre os rivais é que o Palmeiras parece estar buscando um Norte, enquanto o Corinthians nem isso.
Nas semifinais teremos, na teoria, um confronto desigual. No papel, São Paulo e Santos sobram. São melhores, muito melhores que seus adversários. Mas precisam comprovar a teoria na prática. Lembremos, apenas, que o São Caetano está na Série B do Brasileiro e o Bragantino, na Série C. O que reforça sobremaneira a incapacidade de Corinthians e Palmeiras. O São Caetano não lembra em quase nada o time forte e consistente de 2000 e 2001. Tem dedicação de sobra e apenas um talento que parece ser acima da média: o meia-esquerda Douglas. Não deve ser suficiente para acabar com a consistência e a competitividade são-paulinas. O Bragantino tem a preparação física como grande destaque, além da visão ofensiva do técnico Marcelo Veiga, que joga quase o tempo todo com três homens na frente. O camisa 7 Everton é rápido, esperto e driblador. Mesmo asim, parece pouco para segurar o inspirado Santos de Zé Roberto e cia.

GOD SAVE THE QUEEN

A Inglaterra, que nos anos 80, após a Tragédia de Heysel, era a ovelha negra do futebol europeu, completou esta semana o ciclo virtuoso da recuperação. Dos quatro semifinalistas da Liga dos Campeões, três são ingleses: Liverpool, Manchester e Chelsea. O Campeonato Inglês é o mais agradável de ser ver da Europa, foge da chatice italiana e da fragilidade espanhola (excetuando-se aqui Real e Barça). Eles inventaram o futebol e agora são os legítimos donos da bola na Europa.

terça-feira, abril 10, 2007

VIVA A TERRA! AO SOM DE ROCK


Eu sou da geração anos 80. Para mim, o Live Aid foi um evento inesquecível. Em 13 de julho de 1985, as maiores estrelas da música pop se reuniram em dois shows, no estádio de Wembley, na Inglaterra, e na Filadélfia, nos EUA. Teve de tudo um pouco, até a reunião do Led Zeppelin com Phil Collins na bateria. Lembro-me até hoje que fiquei o dia grudado na tela da Globo, que mostrou a maior parte dos shows.
Em 1985 o mote era ajudar a acabar com a fome na África. Tudo começara com o cantor inglês Bob Geldof, da banda The Boomtown Rats, que organizou a gravação da música Do They Know Its Christmas, reunindo a nata do pop/rock inglês. Na esteira do sucesso dessa música, Lionel Richie e Quincy Jones reuniram os astros da música pop dos EUA e fizeram We Are The World (particularmente, acho a música da Inglaterra muito melhor, embora abrace o propósito de ambas).
Agora, em 7 de julho de 2007, será realizado o Live Earth, também nos EUA e na Inglaterra, no Novo Wembley. A luta agora é contra o aquecimento global. A escalação dos dois shows está confirmada. Mas para mim a melhor notícia é que quem abrirá o show da Inglaterra: o GENESIS, que logo depois, no mesmo dia, ainda tocará em Manchester como parte de sua turnê européia. Também já confirmaram presença no show inglês BEASTIE BOYS, BLACK EYED PEAS, BLOC PARTY, CORINNE BAILEY RAE, DAMIEN RICE, DAVID GRAY, DURAN DURAN, FOO FIGHTERS, JAMES BLUNT, JOHN LEGEND, KEANE, MADONNA, PAOLO NUTINI, RAZORLIGHT, RED HOT CHILI PEPPERS e SNOW PATRO.
Nos EUA tocarão AFI, AKON, ALICIA KEYS, BON JOVI, DAVE MATTHEWS BAND, FALL OUT BOY, JOHN MAYER, KANYE WEST, KELLY CLARKSON, KT TUNSTALL, LUDA CRIS, MELISSA ETHERIDGE, RIHANNA, ROGER WATERS, SHERYL CROW, SMASHING PUMPKINS e THE POLICE.

domingo, abril 08, 2007

UMA IDÉIA SOBRE OS PÊNALTIS


Meu amigo e parceiro de transmissões Milton Leite tem uma idéia que me parece muito inteligente sobre as cobranças de pênaltis. Imagina o grande narrador do "a batiiiiiiiida" que boa parte da polêmica que envolve as penalidades máximas arrefeceria se fosse tomada uma simples medida: pintar uma marca à frente da linha do gol, coisa de uns 30 centímetros, e permitir que os goleiros avancem até aquela marca para tentar pegar os pênaltis.
Parece uma ótima idéia porque goleiro mexe mesmo e aí fica a critério de cada árbitro ou auxiliar mandar repetir ou não a cobrança. A regra diz que os goleiros só podem se mexer com ambos os pés sobre a linha de gol. Mas entra aí uma regra que não aparece nos livros, chamada bom senso, que é aplicada de maneira diferente por cada árbitro. Uns permitem um impulso apenas, outros deixam passar avançadas homéricas.
Enfim, talvez se aceitassem a sugestão do Milton muita coisa ficasse mais fácil de julgar.

HAJA FALSIDADE

Poucas coisas soam mais falsas e irritantes no futebol de hoje do que jogador beijando a camisa, o escudo do time. Minha memória pode estar falhando, até porque não sou lá um historiador, mas não me lembro de grandes craques, de ídolos que representaram como poucos seus clubes, beijando escudos. Zico fazia isso? Ademir da Guia? Falcão? Roberto Dinamite? Reinaldo? Raí? Rivellino?
Alguns jogadores dos tempos ditos modernos o fazem para pagar pedágio com torcedores ditos organizados. Muitos chegam a beijar dezenas de camisas durante a carreira. Nada contra jogar em 15 times. Mas para quê apelar e banalizar um gesto nobre apenas para bajular meia dúzia?

CRIME E CASTIGO

A entrada de Marcos Paulo, do América, em Roger, do Corinthians, foi animalesca, grotesca, criminosa. E o que acontecerá com Marcos Paulo? Dorme tranqüilo um jogador que faz aquilo com um colega de profissão?

EM BUSCA DA CHAMA

Mais do que erros de arbitragem, o Palmeiras deveria buscar outras respostas para a eliminação precoce na Copa do Brasil, diante de um adversário fraco como o Ipatinga. O time de Caio Jr. fez 2 a 0 sem grande esforço e depois, com um homem a mais, foi pior e quase tomou um gol que seria eliminatório. Houve progressos evidentes no Palmeiras, mas o time ainda não recuperou a chama gloriosa de outrora. A chama de grande que se apaga em algumas fases. Esse é o maior desafio palmeirense, reacender a chama.

RESPOSTAS AOS AMIGOS

Ao Hugo Noronha - Sou filho do Luiz Noriega. Com muito orgulho, amor e responsabilidade de carregar esse sobrenome. Tento honrá-lo a cada dia como profissional e ser humano.

Ao Alexsa - Você tem razão.

Ao Leonardo - Cada um pensa o que tem que pensar. O importante é que eu e o Milton, assim como todos nos SporTV, temos a consciência tranquila e um compromisso: imparcialidade.

terça-feira, abril 03, 2007

UMA VERDADE PREOCUPANTE









Talvez eu esteja me transformando no que os ditos descolados chamam de ecochato. Assisti ao filme Uma Verdade Inconveniente, na verdade um documentário produzido e apresentado pelo ex-vice-presidente dos EUA Al Gore.
Além de muito bem feito, é um soco no estômago dos próprios americanos. Através de gráficos e animações de computador, além de belíssimas fotos de satélite, Al Gore mostra aos americanos que são eles os principais responsáveis pela sinuca de bico em que a humanidade meteu o planeta. Em alguns gráficos ele demonstra que toda a emissão de carbono somada de grandes potências industriais não se iguala ao que faz, sozinho, o gigante americano.
Também mostra que os carros produzidos nos Estados Unidos não respeitam nem as regras de controle ambiental da China, acusada de ser uma enorme poluidora!
A revista Época desta semana traz uma interessante projeção do que pode acontecer no Brasil se as projeções de aquecimento do planeta se confirmarem.
Parece relativamente simples amenizar o problema. Mas talvez a humanidade tenha que decidir dar um passo atrás ou desacelerar sua gana de progresso desenfreado e lucros sem fim. Sendo simples e direto, plantar árvores, muitas árvores já pode ajudar bastante. Isso se pararmos de derrubá-las.
Terminei de assistir o documentário e perguntei a mim mesmo que mundo nós vamos deixar para os nossos filhos? E se haverá mundo para os netos.

segunda-feira, abril 02, 2007

ECOS DO FIM DE SEMANA ESPORTIVO


- Santos e São Paulo continuam sobrando no Paulistão. O segredo: sequência de trabalho e competência de técnicos e jogadores. Sejam os times titulares ou mistos, Peixe e Tricolor não mudam. Jogam sério, são competitivos e objetivos. Em Campinas, a Ponte jogou muito bem e não conseguiu parar o Santos, do iluminado Fábio Costa e do inspirado Tabata. No clássico do Morumbi, muito equilíbrio, mas na hora de definir o Tricolor foi melhor. Dois pênaltis que não existiram, na minha opinião, não mudariam nada no jogo, pois o placar seria 2 a 0 e refletiria o melhor aproveitamento são-paulino. O Palmeiras até que tirou alguma distância, mas ainda está atrás de Santos e Peixe em termos de qualidade e competitividade.

- Por falar em Santos, final de jogo em Campinas e Serginho Chulapa, auxiliar de Luxemburgo, combinou uma conversa com Finazzi, da Ponte. O Santos está crescendo o olho pra cima do bom atacante da Macaca.

- Douglas, do São Caetano, é muito bom jogador. Meia à moda antiga, canhoto, habilidoso. Contra o Barueri fez o gol mais bonito do Paulistão até agora. Olho nele!

- Carlos Cereto, que sabe tudo e mais um puco, em especial do Corinthians, me disse que Leão não emplaca o Brasileiro no Corinthians. Segundo ele, talvez nem dirija o time no próximo jogo pela Copa do Brasil.

- A festa era pra Romário, mas quem brilhou foi o Botafogo do bom Cuca. Competitivo e sem o oba-oba que costuma estragar boas idéias do futebol carioca. O Fogão é o melhor do Rio.

- O que é Michael Phelps? Humano? Se alguém souber responder, agradeço.

- Tem fundo o poço em que caiu o basquete brasileiro?

- Pobre rouba uma galinha, é chamado de ladrão e vai preso. Rico ou artista afana algo em loja de grife e tem distúrbio. Mulher pobre namora muito e é vagabunda. Mulher rica faz o mesmo e é livre, moderna. Não tem jeito. Quem tem dinheiro e prestígio nesse País pode tudo.

- De uma coisa estou certo: se fosse brasileiro, Ícaro teria desistido de seu sonho.

domingo, abril 01, 2007

A POLÊMICA DOS MUNDIAIS


Foi o grande assunto da semana. A oficialização pela Fifa da conquista Copa Rio (ou Torneio Internacional de Clubes) de 1951 pelo Palmeiras como título mundial.
Mais do que ter a chancela ou não da Fifa, um título tem seu valor medido pelo que pensam dele os torcedores do seu time. É o que sempre achei. Desde que me conheço por gente e me interesso por futebol ouço histórias que envolvem a Copa Rio, e palmeirenses das antigas que consideram aquele título como um Mundial. Esse é o maior patrimônio dessa conquista: o apreço que os torcedores nutrem por ela.
O que veio agora foi uma espécie de reconhecimento de paternidade. Tive acesso a algumas partes do dossiê produzido pelo Palmeiras e, por ele, fica evidente que houve o envolvimento da Fifa na organização do torneio, através de seu secretário-geral à época, o italiano Ottorino Barassi, nomeado para tal pelo histórico presidente Jules Rimet. Mal comparando, imaginemos o seguinte: um filho não é reconhecido pelo verdadeiro pai, embora toda a sociedade saiba de tal fato. Após a morte do pai, ele consegue, na Justiça, o reconhecimento de paternidade. Não terá mais o amor do pai, os momentos em família, mas poderá ser olhado com respeito pela sociedade que sabia do fato e agora tem que aceitá-lo como tal.
A diferença, no caso do Palmeiras, é que o filho (a Taça Rio) sempre foi amado pelo pai (os palmeirenses). Agora está documentado em cartório.
A questão técnica é uma outra história. A Fifa fez uma lambança quanto aos Mundiais de Clubes recentemente. Como nunca teve capacidade para organizar um, não oficializava a Copa Intercontinental, que era, de fato, o verdadeiro Mundial de Clubes, já que não existia outro. A entidade criou o seu em 2000, mas o fez com uma série de decisões equivocadas técnica e politicamente. Depois, desistiu do mesmo e o retomou em 2005. Vejo da seguinte forma: todos os campeões da Copa Intercontinental são, sim, campeões mundiais. Assim como o Corinthians é campeão mundial de 2000. E o Palmeiras de 1951. Mas tecnicamente, os títulos de maior peso e critério são os do São Paulo em 2005 e do Inter em 2006. Porque era um torneio que teve seqüência, critério técnico definido e participaram todos os campeões continentais da época.
A Fifa inicialmente reconhecia apenas o Corinthians como campeão mundial legítimo. Depois, numa lambança incrível, reconheceu todos os campeões intercontinentais e tirou a legitimidade da conquista corintiana. Para, enfim, reconhecer o título de 2000 mais adiante. Mas há coisas pra lá de esquisitas, como o fato de o programa oficial do Mundial de 2006 apontar o Boca Juniors como campeão de 2000, um tremendo desrespeito com os corintianos.
Resta saber agora o que pensará a Fifa da requisição do Fluminense em reconhecer a Copa Rio de 1952. Leio na coluna do amigo e historiador competente Roberto Assaf que a Fifa não teve participação na Copa Rio de 1952 como teve na de 1951.
Por isso eu acho que quem decide a importância de um título é a torcida, e não a dona Fifa.