quinta-feira, setembro 27, 2007


A BOLA É DAS MULHERES


Não caio na piadinha de dizer que a Marta jogaria fácil em qualquer time masculino. Ou que a Cristiane é, hoje, a melhor atacante do Brasil. Impossível comparar futebol de homens com o jogo das mulheres. Cada um no seu cada qual. Assim fica mais fácil afirmar: como joga a Seleção feminina brasileira!
A evolução das mulheres no futebol é impressionante. O jogo que antes lembrava aquelas brincadeiras de criança, com uma aglomeração correndo atrás da bola, ficou no passado. Hoje há de tudo do bom e do melhor. Organização tática, preparação física e, claro, talento. Dá para assistir um jogo de futebol feminino sem medo de ser feliz. É possível, até, afirmar que taticamente o time feminino do Brasil é, sim, mais bem resolvido que o masculino. Por que varia de posicionamento e postura dentro da partida, sem, jamais, perder a consistência.
Acompanhei a semifinal entre Brasil e Estados Unidos com a transmissão competente e muito bem informada dos amigos Luiz Carlos Jr. e Lédio Carmona, no SporTV. Um dado deixa evidente que o Brasil conquistou ontem uma vitória para os anais. O time americano não perdia desde novembro de 2004. Uma invencibilidade de 49 jogos, sendo 46 vitórias.
E como não falar de Marta? Uma brasileira que tem tudo que os grandes brasileiros do futebol sempre tiveram. Arte, talento, cadência, sentido de definição. Marta joga o futebol completo do ponto de vista técnico e tático. Suas arrancadas e dribles somam-se ao passe milimétrico feito no início da jogada do terceiro gol, da implacável Cristiane. E o quarto gol? O drible implacável, o toque de calcanhar. Não o drible como fim, mas o drible como meio, a arte de fugir da marcação, não o malabarismo narcisista, mas técnica e habilidade a serviço do objetivo maior, o gol.
Contra a Alemanha, na final, o Brasil tem a chance de consolidar sua evolução, ante um adversário de perfil oposto. Metódico, tático, forte. Baseado no jogo muscular, meio desajeitado, mas pra lá de eficiente da centroavante Prinze, um autêntico Panzer. Que os deuses da bola saibam por quem optar. As mulheres brasileiras merecem esse golaço.

A MELHOR DEFESA DO MUNDO

Foi no sufoco, com se esperava. No segundo tempo o Boca encurralou o São Paulo, dominou, apertou, pressionou. Mas esbarrou numa muralha implacável. A barreira de proteção que a defesa tricolor faz é simplesmente espetacular. O gol de Rogério Ceni é protegido como uma leoa protege seus filhotes. Apesar de toda a pressão, o Boca praticamente não finalizou. A defesa do São Paulo de 2007 é a melhor hoomenagem que o time poderia prestar a seu ídolo histórico Roberto Dias, que morreu ontem.
O resultado traz duas consequências para o São Paulo. Desgastou o time fisicamente, mas o fortaleceu ainda mais mentalmente. A questão do desgaste físico e das contusões musculares pode causar problemas. Acontece que a valorização que São Paulo e Boca deram à Copa Sul-americana deve compensar tudo isso. E, mais uma vez, os jogos eliminatórios, dos quais sou fã declarado, mostraram toda sua carga de emoção, de imprevisto e a capacidade de prender o torcedor à TV ou à arquibancada. Talvez um único jogo do Brasileirão tenha capturado tantas emoções como o São Paulo x Boca de ontem: o gigantesco clássico Cruzeiro x Atlético.

VASCO, COM AUTORIDADE

Grande vitória do Vasco. Sempre acreditei nesse resultado e, semana passada, afirmei isso durante o Arena SporTV. O Vasco é muito melhor que o Lanús, um time pequeno da Argentina. Esse resultado dá fôlego aos cruzmaltinos para voltar com tudo à disputa do Brasileirão. E, de quebra, abre uma possibilidade de retorno aos holofotes sul-americanos. Fora isso, que bela notícia para o futebol do Brasil o retorno ao futebol de alto nível de Leandro Amaral.
Já o Goiás segue sua triste realidade. Um time frágil técnica e psicologicamente. Mais uma prova de que não basta ter infra-estrutura para acontecer no futebol. Falta ao Goiás algo básico nos grandes times: alma.

quarta-feira, setembro 26, 2007




TÁ CHEGANDO A HORA




Já iniciei a contagem regressiva. Dia 2 embarco para Chicago para realizar um sonho antigo de fã e ver, pela primeira vez, ao vivo, um show de minha banda favorita, o Genesis. Será na louca, bate-volta, grana curta, mas pelos exemplos que tenho visto no You Tube, deve valer muito a pena. Os velhinhos Phil, Tony e Mike estão em plena forma. Na volta prometo uma reportagem sobre o show aqui no blog, com fotos.

segunda-feira, setembro 24, 2007


O FESTIVAL DE DESCULPAS

QUE ASSOLA O FUTEBOL


Leio no excelente blog do André Rizek uma excelente idéia para a postagem de hoje. O festival de desculpas que assola do futebol. A da vez é dizer que o time tal perdeu o jogo num lance de bola parada. Uai, não vale? Quem faz o gol não tem mérito de trabalhar essa jogada? Quem chuta e faz o gol de falta não mereceu? Perder com gol de bola parada é melhor do que perder com gol de jogada trabalhada, tabelinha, golaço, gol contra?
Outra moda, lançada pelo ótimo treinador Wanderley Luxemburgo, é usar a tabela como desculpa antecipada. Após a derrota para o Grêmio, Luxa lançou uma pérola. Disse que a tabela tinha sido madrasta com o Santos ao colocá-lo para enfrentar adversários diretos na briga pela Libertadores numa sequência. Ora, cara-pálida! Como é que o sujeito que fez a tabela poderia adivinhar que em setembro de 2007 Santos, Grêmio, Palmeiras, Vasco, Cruzeiro e Botafogo estariam disputando uma vaga na Libertadores? Faça-me o favor, Luxa! Você tem categoria e competência para não precisar dessas desculpas.
Mais uma das desculpas é a arbitragem. De maneira cabotina, todo mundo aproveita e péssima fase dos sopradores de apito para tirar uma casquinha. Dizem que inverteu faltas, que adotou critérios distintos, que enervou jogadores, que deixou o pau comer. Tudo isso retrata bem o momento atual do ftuebol e, até mesmo, do País. A transferência de responsabilidades. Ninguém assume sua parcela de erro ou de culpa e prefere culpar o juiz, o técnico anterior, o governo que veio antes, o prefeito a quem substituiu etc.
*O que não tem desculpa é o time do Corinthians. Ruim de doer. Como explicar para os corintianos que jogadores como Bruno Octávio e Carlão estejam num clube de tamanha tradição? Por que Betão, que não é mau jogador, tem tanta panca e moral no clube? Para quê contratar Fábio Braz se ele é, no mínimo, igual ao Marinho? Ou seja, a bagunça tomou conta do Corinthians, que agora precisa buscar forças para escapar do rebaixamento, porque o perigo é real e imediato.
**Já o Palmeiras colhe os frutos da aposta num trabalho planejado e organizado e, também, da paciência. Se tivesse mandado embora Caio Júnior, como chegou a ser cogitado, perderia todo o trabalho de um ano. Pode ser que o Verdão nem chegue à Libertadores, como pode ser que chegue, porque tem boas chances. Mas para 2008 o clube deve navegar em águas mais tranquilas, com uma base razoável e um treinador que aprendeu a comandar uma grande equipe. Fora isso, a lufada de renovação que passou pelo Parque Antártica deu uma sacudida no clube. Ainda há problemas a serem resolvidos, mas a imagem e o espírito foram renovados.
***Méritos, também, para o excelente Mano Menezes, do Grêmio. Fala mansa, nunca muda de tom, perca ou ganhe. Vê o futebol como poucos. Seu time mudou, mudou, teve problemas, variou, mas voltou com força à disputa da vaga na Libertadores. Belo trabalho.
****Outro belo trabalho de recuperação é o do Náutico. Roberto Fernandes acertou o time. Quatro vitórias consecutivas e boas possibilidades de permanência na Série A se mantiver o ritmo. Ótimo para Pernambuco, um Estado apaixonado pelo futebol. Fora isso, que bela descoberta esse uruguaio Acosta.
*****O São Paulo jogou descansando contra o Figueirense. Definiu o jogo do primeiro tempo e fez um treino de desintoxicação no segundo. Destaque para Leandro, o jogador são-paulino que mais evoluiu. De discreto passou a bom jogador, útil taticamente e imprescindível. Com nove pontos de margem sobre o Cruzeiro, o Tricolor terá pela frente uma importante sequência de jogos. Pega Inter e Flamengo fora de casa, o Corinthians no Morumbi e Fluminense fora. E depois o Cruzeiro, que, antes do grande duelo, joga em casa contra Figueirense e Santos, sai para pegar o Goiás, e recebe o Náutico. Essa sequência deve definir o campeonato.

sexta-feira, setembro 21, 2007

O FUTURO DO CORINTHIANS


Em meio à maior crise de sua história, o Corinthians deu um passo importante para, pelo menos, se livrar da nefasta administração recente, ao aceitar a renúncia do presidente Alberto Dualibi e de seu grupo de poder. Pelo menos o grupo oficial de poder. Duro é saber que lideranças se apresentam para dirigir esse gigante do futebol brasileiro. Porque na salada política de gosto indigesto que é o Corinthians, todo mundo já foi poder, ou é poder, ou sonha em ser poder. E há ainda aqueles que não aparecem, mas têm poder - e muito.
Pelo que se vê, entre os quadros atuais, ativos, da política corintiana, há o chamado deserto de idéias. Gente que apoiava a ferro e fogo a parceria, depois mudou de lado e pensa em reviravolta. Enfim, o Corinthians é um clube pra lá de esquisito. Tem por volta de 3 mil sócios e por volta de mil conselheiros, se não estou enganado. Ou seja, um terço do quadro associativo é formado por conselheiros. Haja politicagem.
A dívida que, falava-se, era de R$ 60 milhões quando apareceu a parceria, já estaria batendo na casa de R$ 100 milhões. E hoje li notícias de que a parceria continua, sim, na ativa.
Enfim, o torcedor do Corinthians parece ser o único profissional disso tudo. Como todos os outros torcedores, não os vândalos das arquibancadas, mas os torcedores de verdade. São tão mais profissionais que até uma dessas facções tem mais sócios que o próprio Corinthians. Talvez venha deles a resposta. Como veio dos grandes que foram rebaixados recentemten e voltaram nos braços de seus torcedores. Como veio na impressionante capacidade e aglutinação de Inter e Grêmio com seus projetos de sócios-torcedores. Como virá quando o torcedor do Flamengo tomar o time em suas mãos.
Mas a grande lição que fica desse rolo corintiano é uma lição para todos nós, brasileiros. Vivemos uma época em que o que importa é ter dinheiro, não interessa como ele foi conquistado, de onde veio. Foi assim com o Corinthians e a MSI. Enquanto o time ganhava, muita gente que hoje critiva, venerava o tal do Kia, tirava foto, pedia autógrafo, puxava cadeira. Alguns clubes de futebol do Brasil acham que parceria é aparecer alguém cheio de dinheiro para dar e deixar que os dirigentes façam o que bem entenderem. Não funciona assim. Os corintianos aprenderam isso da maneira mais difícil.

terça-feira, setembro 18, 2007


KERLON: ARTE OU PROVOCAÇÃO?

O debate esquentou o futebol brasileiro nos últimos dias. Afinal, o tal do drible da foquinha do Kerlon, do Cruzeiro, é arte ou provocação?
Vi trechos do Bem, Amigos de ontem e o lateral Kléber, do Santos, entende como provocação. Alguns colegas do programa acham que é recurso, é drible, é arte. São pontos de vista diferentes. Parece fácil dizer que não é provocação sem estar dentro de campo, sentindo na pele e na cabeça os efeitos do que aquilo provoca. Particularmente, o drible em si, a bola na cabeça, a invasão da área, tudo me parece normal. Só aquela primeira matada de bola, o projeto de embaixadinha soa como provocação. Nada que justifique, no entando, a burrice do Coelho. O ideal, agora, de cabeça fria, parece tentar tirar a bola do Kerlon e seguir o jogo.
Aliás, sobre o Kerlon, que é apontado como grande promessa, até agora pouco se viu dele a não ser o tal drible da foca. Seria um novo Denílson? Tomara que não.
E vocês, o que acham? É drible, provocação? Kerlon é craque?

domingo, setembro 16, 2007

DEIXEM O RICHARLYSON EM PAZ


Não tem nada mais chato no mundo do que fanático. Daqueles xiitas mesmo, que acham que você está sempre contra o time dele, procuram movimentos conspiratórios em cada palavra, enfim, gente que não gosta de esporte, que não pode conviver em sociedade. Aliás, tem algo mais chato no mundo, a perseguição gratuita e a intolerância.
O que estão fazendo com o Richarlyson do São Paulo é de uma estupidez sem tamanho. O rapaz é jogador de futebol (e bom), portanto, analisem o que ele faz apenas como jogador de futebol. Do campo pra fora, a vida é só dele, faz o que quiser. As acusações feitas por ele ontem, após o jogo, são graves, sérias. Deve haver investigação e punição pesada. O que interessa numa pessoa é saber se ela é séria, correta e profissional no que faz e se tem bons valores como ser humano. Fora isso, suas preferências em qualquer aspecto são assunto pessoal, íntimo e privado.
Pena que o futebol ainda viva no tempo das cavernas. Principalmente quando é frequentado por xiitas, como alguns que vez ou outra passam por esse espaço com sua estupidez e intolerância.
UM SHOW DO VIRTUAL CAMPEÃO


Impressionante. Não encontro outra palavra para definir o que foi o desempenho do São Paulo contra o Santos no clássico de sábado. O primeiro tempo beirou a perfeição. O São Paulo anulou o Santos com uma intensidade de jogo, movimentação e disposição tática raramente vista. O Santos, conhecido pelo toque de bola, pela saída fácil de jogo, se viu acuado, preso em seu próprio campo, apenas observando o São Paulo, senhor absoluto da partida, trocar passes, literalmente, desfilando pelo gramado.
No segundo tempo, em dez minutos de uma blitz, o São Paulo resolveu o jogo. Num lindo gol do zagueiro Breno, que tem tudo para ser um dos grandes dessa posição no País, e depois num lance de time ligado e oportunismo de Borges.
O jogo marcou, também, uma passagem de bastão no futebol brasileiro. Atualmente, no corrente ano de 2007, Muricy Ramalho é o melhor treinador do Brasil. Seu time é, de longe, o time mais bem treinado. Muda o estilo de jogo, o posicionamento, a maneira de marcar, sem perder nunca a intensidade. O nível de participação do time do São Paulo é exemplar. Os dez jogadores de linha estão sempre participando das ações, nunca ficam apenas assistindo ao jogo.
Pra quem gosta de futebol e presta atenção no trabalho dos treinadores, sem ser corneteiro de plantão, xiita ou fanático, o São Paulo deu um show no clássico. O Santos ainda tem boas condições de chegar à Libertadores, mas a diferença de nível de jogo demonstrada ontem evidencia que o quinto titulo do São Paulo é uma questão de tempo.

quinta-feira, setembro 13, 2007

BLOG NOVO -E BOM- NA PRAÇA

Vale a visita. Blog do Laguna, grande jornalista e amigo. Sempre com bons temas.
Passem por lá.
http://www.bloglaguna.blogspot.com/
O BRASIL, O CORINTHIANS,

A MCLAREN, O FELIPÃO......


Assuntos não faltam para um novo post. Quase todos desalentadores, infelizmente. Uma semana das mais tristes para a história desse País. Comecemos por ele, então. Que esperar de uma Nação, uma pretensa democracia, na qual o Senado se acovarda numa sessão secreta e uma liderança do governo federal articula para que, através de uma vergonhosa abstenção, o líder da bancada governista saia imaculado de um mar de lama? Pior ainda quando se recorda que o senador em questão é o terceiro na linha sucessória e que, na eventual falta do presidente e do vice, será ele o presidente em exercício do Brasil. Meu Deus!, diria Milton Leite.
Mais do que nunca, aquele conjunto de edifícios projetado pelo Niemeyer ao final da Esplanada dos Ministérios virou peça decorativa. O Brasil do Congresso é um Brasil de fantasia, um siamês separado do resto do País. Como escreveu o Herbert Vianna, "Brasília é uma ilha eu falo porque eu sei/uma cidade que fabrica sua própria lei". E vive de acordo com essa lei que, nada mais é que viver sem lei. Pena que a inspiração da letra, à época o Luís Inácio, hoje seja o Lula cujo partido trabalhou pela absolvição de Renan Calheiros. Até quando o povo brasileiro aceitará passivamente tudo isso?
O Brasil de Brasília vai apodrecendo tal qual o Corinthians, de tantos brasileiros. Quanto mais mexem no baú corintiano, pior fica o cheiro. Mas o Corinthians e os escândalos do futebol são apenas mais um sintoma do vírus que infectou o Brasil. Vivemos numa sociedade em que, infelizmente, para uma boa parte da mesma, o que vale é ter dinheiro e poder. Não importa como foram conquistados e que uso se faz deles. O caso corintiano é emblemático. Quando a tal da MSI chegou e montou um grande time, tudo era festa. O iraniano Kia era celebridade, todos queriam fotos com ele. Estar ao seu lado era sinal de status, de poder. Sua palavra tinha credibilidade junto a certos setores da imprensa. Não importava como ele tinha adquirido, mas apenas o fato de que tinha dinheiro e poder. Até para desfilar na escola de samba de uma torcida foi citado. Ouvi de mais de um torcedor corintiano que não importava de onde vinha o dinheiro, mas o que valia era que o time estava ganhando. É a lógica que impera hoje no futebol. Quando seu time é prejudicado por um erro de arbitragem, o jogador/diretor/dirigente esbraveja, esperneia. Quando é favorecido, finge que não vê. É a lei do roubado é mais gostoso. Como consertar um futebol em que ainda se pensa dessa maneira. E como arrumar um País em que muita gente também pensa desse jeito? E ainda hoje tem gente no Corinthians que acha que não fez nada de errado. E será que é só no Corinthians?
Se pode servir de consolo, não é apenas aqui. A "glamourosa" Fórmula 1 vive uma crise sem precedentes. Graves casos de espionagem envolvendo dois grandes times estouraram na suspensão da McLaren pela temporada atual e também da próxima. A diferença está no tratamento dado à infecção. No Brasil tudo se posterga. Doping, chute na cara, simulações e bravatas são esquecidos nos tribunais de holofotes. A F-1 pelo menos soube se preservar e agiu rápido, aplicou o remédio em doses cavalares. Os efeitos colaterais podem ser pesados, mas a chance de recuperação, nesse caso, também é grande.
E pra terminar, o que dizer do Felipão? Que imagem feia, pesada, desconcertante. Felipão é um ídolo de tanta gente e repete pisadas na bola que pareciam superadas. Não é a primeira vez que agride alguém. Fica até ridículo ver um senhor, um bom pai de família, um sujeito vencedor, correto e admirado mundo afora, dando um soco em um atleta muito mais jovem que ele.
Pior que esse soco do Felipão, só mesmo o que nós levamos do Senado da República Federativa do Brasil.

segunda-feira, setembro 10, 2007

CENI, EDMUNDO
E DAGOBERTO


Vira e mexe a palavra craque é colocada em discussão. Quem é, quem não é? Quem foi, quem pode ser? Há teorias para todos os gostos. No cenário atual do Campeonato Brasileiro, dentro do que eu penso sobre craques, acho que só temos dois: Edmundo e Rogério Ceni.
O palmeirense Edmundo está já na parte final da carreira, mas dá ainda algumas amostras do que é capaz de fazer. Na vitória contra o Goiás foi decisivo e provou ser diferenciado, mesmo aos 36 anos. Edmundo tem técnica, habilidade e a capacidade de surpreender, de fugir do óbvio, características que considero essenciais para chamar alguém de craque.
Rogério Ceni é, além de um grande goleiro, um atleta que faz algo que quase nenhum outro de sua posição consegue; gols, muitos gols. Além de lançamentos. Apenas como goleiro já merece grande destaque e, além disso, bate na bola como poucos. Óbvio que é craque.
E também é óbvio que temos muitos bons jogadores no Brasileirão. Uma das melhores notícias para quem gosta de futebol é ver a recuperação de Dagoberto, agora no São Paulo. Esse tem potencial para ser craque. O gol marcado contra o Vasco é um exemplo disso. Tá tudo ali: velocidade, explosão, talento, habilidade. Tomara que ele esteja livre de contusões e possa seguir seu caminho de sucesso. Dagoberto é um dos últimos exemplos do que eu vejo como o meia-atacante, o que antigamente se chamava de ponta-de-lança. Um pouco do que foi o Leivinha nos anos 70, do que foi o genial Zico, do que é hoje o Kaká.
Há, também, uma série de jogadores promissores em ação. Muitos goleiros. Diego Cavalieri, do Palmeiras, Felipe, do Corinthians, Bruno, do Flamengo, Michel Alves, do Juventude, Renan, do Inter. Zagueiros como o elegante e preciso Breno, do São Paulo, e também o agora na reserva David, do Palmeiras. Meias-atacantes como Thiago Neves, do Fluminense, Renato Augusto, do Flamengo. Enfim, sempre aparecem bons jogadores.
Curioso é que falta na lista de quase todo mundo a figura do meia-armador, do pensador, do cara que organiza um time e o conduz ao ataque. O maestro. O São Caetano tem um jogador que em alguns momentos chega perto disso: Douglas. Fez um excelente Paulistão. É canhoto, hábil, técnico, mas oscila muito, falta regularidade. Uma pena que o futebol brasileiro tenha esquecido dos meias criativos. Mas ainda dá tempo de voltar a lapidá-los nas categorias de base.

SUPERCLÁSSICO

São Paulo e Santos promete. Luxemburgo deve estar sonhando com esse duelo. Assim como o São Paulo vê o título cada vez mais próximo, e como Muricy, que já está em grande fase, cresce muito nos clássicos, trabalha o time com perfeição. Difícil pros dois lados. O Tricolor, ainda intransponível, tem se defendido com a habitual competência, mas anda muito defensivo, chamando demais os adversários. O Santos tem um bom meio-campo, mas precisa ser um time mais ligado. Fora isso, a defesa é vulnerável. Ótimos ingredientes para um jogo que pode ser O JOGO do campeonato.

VERGONHA!!!!!

Voto secreto deveria ser banido de qualquer situação no Congresso. Por que, eu, tu, eles, nós, vós, eles, todos sabemos como a coisa funciona por lá. Na hora de acertar os esquemas safados ninguém tem pudor de falar ao telefone, na rua, no gabinete. Quando é pra passar a limpo fazem sessão secreta. A gente deveria é ir lá para a porta e cobrar transparência. Mais uma vergonha!!!!!!!!

quinta-feira, setembro 06, 2007


UM BLOG QUE DÁ

ÁGUA NA BOCA

São Paulo é a capital gastronômica mundial, não tenho dúvidas. Existem vários guias sobre o tema na cidade, mas quase todos com aquele ranço do crítico. Indico aqui o blog de uma grande amiga, Silvana Monteiro. Traz ótimas dicas, numa linguagem direta e legal. O que é melhor é que o Guia da Sil é escrito por quem frequenta o restaurante, boteco ou padaria como qualquer um de nós, pensando apenas em comer bem, ser bem atendido e passar momentos agradáveis. Vale conferir.

quarta-feira, setembro 05, 2007


INVASÃO FANTASMA

AMEAÇA O SÃO PAULO


Leio com estranheza as notícias de que o São Paulo pode perder mandos de jogo por causa de uma suposta invasão de campo na partida em que empatou com o Goiás, em Goiânia. Estive lá com os amigos Milton Leite e Carlos Cereto e, pelo que vimos no Serra Dourada, o jogo correu em clima de normalidade. Não vi até agora um vídeo que comprovasse a invasão e da cabine do estádio e pelas imagens da transmissão do SporTV nada constou de anormal. Houve algumas discussões entre torcedores e entre torcedores e policiais, nada mais que isso.
Curioso é que em alguns estádios parece haver mais gente dentro de campo do que nas arquibancadas. Gente que não tem nada que ver com o espetáculo e com isso o STJD não se preocupa. Tem gente que, descaradamente, comemora gol do time da casa, invade campo e abraça jogador. Campo de jogo é só para quem participa do espetáculo e para quem paga direito de trasnsmissão enquanto a bola rola.

segunda-feira, setembro 03, 2007

ERRO MEU


Como bem me corrige o amigo Orlando, Vasco e São Paulo jogam na rodada de 8/9 de setembro. Correção feita.

DEVOLVAM O FUTEBOL

AOS LEGÍTIMOS DONOS


Já faz tempo que venho ensaiando essa reflexão. Desde muito cedo aprendi a gostar do futebol, esse jogo tão simples e tão enigmático, que une analfabetos e intelectuais pelas mesmas paixões. O futebol é o que é porque um brasileiro da Amazônia e um monge no Nepal entendem e amam o jogo da mesma forma. Deixe de lado especialistas em tática, explicações técnicas, noções de arbitragem. O que vale é bola na rede. Por isso é tão fácil que uma dona de casa na Argentina e um estilista italiano saibam, só de bater o olho, que um time está jogando bem e outro nem tanto. É disso que ainda sobrevive o futebol, dessa assimilação imediata.
Quando percebi como era pegajoso esse tal de futebol, lá por meados dos anos 70, havia uma relação muito diferente das pessoas com o jogo. Os jogadores estavam longe de ser as celebridades milionárias de hoje, mas, embora não fizessem esforço para isso, pareciam ídolos inatingíveis. Os uniformes eram mais simples, sem tantos detalhes, mas pareciam mantos sagrados, vestidos por super-heróis. Um jogo da Seleção Brasileira no Maracanã era um evento, rendia conversas na escola durante dias. Isso sem falar na segunda-feira, na discussão calorosa sobre a rodada entre a molecada, que dividia o recreio com o obrigatório bate-bola (que às vezes, em vez da bola, tinha tampinha, copinho de lancheira etc.). Os grandes times eram cercados por uma aura de história, glórias, e feitos heróicos. Todos sonhavam um dia jogar num time de ponta do Brasil, tentar a sorte e viver as aventuras dos nossos ídolos para quem sabe, um dia, chegar ao topo, vestir a camisa da Seleção Brasileira.
De lá para cá, muita coisa mudou. Hoje essa Seleção virou escala no caminho de negociações milionárias. O jogador é convocado uma vez, sequer joga, é vendido e depois some. Quem começa a trabalhar diretamente com isso, a viver o dia a dia do futebol, percebe que há uma enorme distância entre o que imagina um torcedor apaixonado pelo jogo (sem cair para a óbvia e batida discussão clubística) e o que é a realidade do futebol. Na verdade, acho que roubaram o futebol dos seus verdadeiros donos, os jogadores e os torcedores mais simples, não esses que se juntam em bandos para brigar e matar sob o pretexto de amar um clube. Hoje o futebol pertence a essa guerrilha urbana e aos mercadores de plantão. Se antes havia - e continua havendo - cartolas amadores e despreparados, hoje entra em campo um afiado time de empresários que tomou de assalto a paixão, assumiu o controle dos negócios e fez dos clubes um entreposto comercial para a venda de mercadoria valiosa: os jogadores e a ilusão dos torcedores.
Lá pelos anos 70 existia a certeza que para jogar num grande time o sujeito precisava ser bom de bola, além de muito esforçado. Antes disso, literalmente gramava por times pequenos ou médios e por ótimos times de aspirantes. Hoje tenho a enorme desconfiança de que um empresário bem relacionado resolve essa questão em dois tempos. Entre a infância e adolescência, por força do trabalho do meu querido pai, Luiz Noriega, vi tudo quanto é tipo de jogo de futebol (e de várias outras modalidades). Muitas vezes deixava a cabine de transmissão da TV Cultura para ver o jogo na arquibancada, sentir a emoção verdadeira. E presenciei situações hoje inimagináveis. Vi grandes clássicos entre os times de São Paulo com os torcedores misturados no Tobogã do Pacaembu. Os times do Nordeste atraíam grande número de torcedores ao mesmo Pacaembu quando jogavam em São Paulo, em jogos nos quais o "Próprio da Municipalidade" chegava a receber até 50 mil pessoas. E sem briga. A chegada ao Morumbi num clássico dos anos 70 era civilizada, exceção feita ao trânsito, já complicado. Lembro de uma rodada tripla de um Campeonato Paulista, que envolveu simplesmente Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Portuguesa e América de Rio Preto. As torcidas se acomodaram sem transtornos e não houve notícia de confrontos.
Esta semana assisti, aterrorizado, a uma reportagem da TV Gazeta sobre a caminhada de torcedores de um ponto a outro da cidade de São Paulo para acompanhar um clássico. Pareciam cenas de um pelotão indo para a guerra. Palavras de confronto, cânticos de morte, promessas de briga. Tudo sendo vomitado da boca de jovens, quase adolescentes. E havia crianças entre eles. Pois essa turma se apoderou do futebol. Hoje o torcedor que é apenas isso, um torcedor, não vai ao estádio porque tem medo de ficar na linha de tiro. O jogador tem medo de sair na rua e topar com uma tropa do time adversário. Isso quando a tropa não vai até ele em seu ambiente de trabalho.
No dia a dia do futebol as coisas também andam complicadas. Árbitros sem preparo erram marcações óbvias, treinadores e jogadores pulam de clube para clube como se mudassem de hotel nas férias e um tribunal desastrado aplica penas que incentivam a impunidade, a violência em campo e praticamente proíbem quem é, de fato, dono do espetáculo de abrir a boca.
Mas em meio a tudo isso, é fácil perceber que a chama não se apaga, que o futebol ainda atrai crianças, mulheres, novos torcedores e segue arrebatador como esporte de massa. Mesmo judiado ele resiste bravamente. Resta saber quando vão devolver o futebol a quem de fato ele pertence. Ao torcedor legítimo, aos jogadores. Chega de time montado por influência de empresário e de arquibancada lotada de bandido.

SÓ CRUZEIRO E VASCO

AMEAÇAM O SÃO PAULO


A rodada de número 23 (para quase todos os times) do Brasileirão foi a de maior impacto até agora em termos de classificação. Isso porque tirou da briga (ainda que teórica) pelo título dois grandes times: Palmeiras e Santos. E praticamente reduziu a três os times que ainda sonham com a conquista: o favorito disparado São Paulo, o ascendente Cruzeiro e o surpreendente Vasco. Ai algum gaiato vai perguntar do Botafogo. Mesmo tendo uma equipe interessante, não vejo força no Botafogo para chegar lá, em virtude da queda de rendimento nos últimos jogos.
Não sou grande fã de estatística no futebol, porque esse jogo não é basquete, não é vôlei, não é exato. E muitas vezes quem se prende muito aos números acaba não vendo o que realmente acontece em um jogo. Mas alguns números desse Brasileiro servem para embasar a tese de que há apenas um trio na disputa do título. O São Paulo é o time de melhor desempenho como visitante e o segundo como mandante. E sustenta o impressionante saldo de 29 gols em 23 jogos. O Cruzeiro é o quarto como mandante e terceiro como visitante e tem o melhor ataque, com 54 gols. O Vasco é o melhor mandante do campeonato, mas despenca para décimo-quinto quando sai de casa. Mas tem apenas um gol a menos de saldo que o Cruzeiro, o que prova ser mais equilibrado entre ataque e defesa, mesmo sem ter feito mais de 50 gols. E o Botafogo? É o sexto em casa e o quarto fora, mas seu saldo é bem mais baixo que o dos três primeiros, de apenas nove gols. E a partir da déxima-sexta rodada seu gráfico de desempenho caiu abruptamente.
Depois desses quatro, Santos, Palmeiras e Grêmio alternaram bons e maus momentos, mas não conseguiram superar suas limitações. O Santos teve um péssimo começo, faltou elenco para equilibrar a disputa simultânea com a Libertadores. Fora isso, o time peca por alguma soberba em certos momentos, parece crer que se ganha por inércia, sem correr. E hoje não tem mais isso. O Palmeiras se sustenta na ótima campanha como visitante, ainda a segunda do campeonato, mas se dependesse do desempenho em casa estaria na zona de rebaixamento. O time até que se supera, mas esbarra na limitação técnica, em especial, de seus atacantes e laterais. Quando perde um ou dois jogadores, como Pierre (injustamente expulso) ou Valdívia, fica fragilizado. O Grêmio esbarra, também, na limitação de seu ataque, que depende demais do Tuta, que nem sempre está disposto a colaborar.
Duas datas vão ficando fundamentais para a definição do quadro. Em 16 de setmbro o São Paulo, o melhor como visitante, vai a São Januário enfrentar o Vasco, o melhor mandante. E em 31 de outubro, o Cruzeiro visita o São Paulo no Morumbi. Mas como eu sempre digo, esse tipo de torneio não se define no confronto entre os principais candidatos, mas quando esses tropeçam diante de equipes menores ou sem grandes pretensões. É aí que o São Paulo sobressai. Praticamente não vacila e, baseado numa preparação física sensacional, resolve os jogos quando o adversário está de língua de fora.