domingo, março 30, 2014

Memórias da Copa

segunda-feira, março 24, 2014

Estupidez tem preço tabelado para a Conmebol


O que dizer da decisão da Conmebol, a entidade responsável pelo futebol na América do Sul, sobre o comportamento racista de torcedores peruanos do Real Garcilaso contra o brasileiro Tinga, do Cruzeiro?

Melhor nem escrever adjetivos, para manter o nível elevado.

Pois se você ainda não sabe, a Conmebol tabelou o preço da estupidez. Agora todo mundo sabe que a abjeta atitude racista custará uma multa de 12 mil dólares, a moeda vigente para a Conmebol. Não dá nem R$ 30 mil se for feita a conversão para o real.

Se o ato for repetido, leiam bem, "se", o time peruano jogará com portões fechados.

Que nós, brasileiros, não nos apressemos em atacar a Conmebol, porque Tinga, um brasileiro, já havia sido vítima de racismo num jogo do Inter contra o Juventude, em Caxias do Sul, uma cidade brasileira. A tabela da CBF, no entanto, era mais salgada para punir os imbecis de plantão. O ato criminoso custou R$ 200 mil ao Juventude e a perda de dois mandos de campo no Campeonato Brasileiro.

É por posicionamentos como os da Conmebol e da CBF que a distância entre o futebol brasileiro e sul-americano e as grandes ligas da Europa é cada vez maior, em termos de seriedade, organização, lisura e medidas punitivas.

Depois, não adianta chorar sobre o terreno perdido economicamente.

terça-feira, março 18, 2014

O maior golpe de publicidade da história*


Todos têm suas teorias sobre o sumiço do Boeing 777. Eu me permiti criar a minha, uma peça de ficção, carregada de cinismo, mas otimista, num mundo que caminha para o pessimismo.

 

* Essa é uma peça de ficção. Uma brincadeira.

 
Uma semana após a ostensiva, embora disfarçada, campanha publicitária em redes sociais e em algumas redes de TV por assinatura de todo o mundo, enfim, veio a revelação: entrava no ar "Answer", o novo show de realidade transmitido pela web, em tempo real, por um dos gigantes da tecnologia.
 
Alguns meses após o sumiço do voo malaio que capturou as atenções do planeta, começam a pipocar seguidamente imagens, em alta definição, e muito bem editadas, de sobreviventes. A cada dia, um capítulo curto atiça a curiosidade do planeta, numa mistura de Show de Truman com Lost, carregada de pitadas de Big Brother em todas as suas versões. Servidores sobrecarregados entram em colapso.
 
Na segunda semana de exibição, começam as revelações bombásticas. Assim como os patrocínios. Detalhes de uma aeronave intacta são expostos. Segurança em voo, capacidade de planar sem motores, desviar de tempestades e artefatos etc.
 
Simultaneamente ao início da transmissão que já é mania mundial, desaparecem os parentes e amigos dos passageiros e tripulantes do voo. As autoridades malaias silenciam, encerram as investigações.
 
Pequenas histórias são reveladas. Estranhos convivendo, culturas diferentes entrando em choque, saudade, falta de notícias, conflitos.
 
Novos produtos começam a ser apresentados. Telefones via satélite ponto a ponto que não podem ser rastreados. Redes ultrasseguras de comunicação que transmitem em alta velocidade. Microcâmeras com definição 4K sem fio. Garrafas purificadoras de água, roupas recicláveis, malas que se transformam em botes, poltronas de avião que viram barracas impermeáveis. Remédios para quase tudo.
 
Como a atenção do público precisa ser renovada constantemente, ao final da segunda semana apresenta-se o desfecho, até que a próxima atração entre em cartas.
 
Todas as pessoas à bordo são apresentadas, uma a uma, sã e salvas. O mundo conhece as crianças que nasceram durante o período de vida do programa, casais que se formaram no isolamento são apresentados.
 
Os pilotos explicam as complicadas manobras aeronáuticas e tecnológicas para enganar os radares e a conivência, assinada em contrato, das autoridades do país que recebeu o programa e permitiu o pouso da aeronave, em uma pista secreta especialmente construída para o show, em troca da instalação de fábricas dos produtos anunciados.
 
O grand finale, mostrado ao vivo para um planeta extasiado é a decolagem da aeronave, rumo a destino que só será revelado minutos antes do pouso, onde acontecerá o último capítulo. Há rumores de que um filme sobre o projeto já esteja sendo rodado, com Tom Hanks, Leonoardo Di Caprio, Angelina Jolie, e Kate Beckinsale, com direção de Peter Jackson e J.J Abrams.
 
Um livro digital que promete revelações bombásticas sobre os bastidores de "Answer" derruba a loja da Apple cinco minutos após seu lançamento.

A Boeing anuncia a produção de um 777 Ultra, com todas as inovações tecnológicas do modelo que serviu de base para o maior gole publicitário da história.
 
O mundo, esse Grande Otário formado por nós, caiu feito um patinho.
 
Mas o final foi feliz, e todos gostamos disso.
 
Às compras!

segunda-feira, março 17, 2014

Análise não é fofoca

Não gosto quando o Jornalismo individualiza assuntos e promove disputas como agora parece ser o caso de Mano x Muricy.

Meu trabalho é analisar o trabalho de ambos como treinadores de futebol e colocar opiniões, com as quais as pessoas concordam ou não.

Só é possível avaliar fatos.

Não dá para analisar ilações, suposições.

Em termos de trabalho, São Paulo e Corinthians começaram mal, com o tempo Muricy arrumou melhor o time dele, garantiu sua classificação.

Mano não melhorou o Corinthians pelo menos para se classificar em um torneio de nível técnico fraco, como o Paulistão de 2014.

Isso, para mim, são os fatos.

O resto é para conversinha de fanático ou coluna de fofoca.

Rivaldo


Em meio á pobreza técnica vigente, o anúncio oficial da aposentadoria de Rivaldo é uma tristeza. Mesmo que nos últimos tempos ele já não fosse nem sequer sombra do jogador fantástico dos tempos de Palmeiras, Barcelona e Seleção Brasileira.

Rivaldo foi mais um dos craques tipicamente brasileiros. Um jogador improvável. Alto, meio desengonçado, maltratado pela vida, sem carisma. Mas, santo Deus! Como jogou futebol!

Que ele tenha nessa nova fase da vida o mesmo sucesso que obteve jogando bola.

 

terça-feira, março 11, 2014

Calendário e bom senso


Acho louvável a iniciativa do Bom Senso Futebol Clube em se posicionar, como grupo representante de uma parcela importante dos atletas profissionais, no debate pelo futuro do futebol no Brasil.

Toda proposta merece ser debatida e discutida e, como ainda estou otimista com o mundo, sigo acreditando na boa vontade do ser humano e nos seres humanos de boa vontade.

Existem pessoas no movimento Bom Senso, como o Alex, do Coritiba, e o Prass, do Palmeiras, o recém-aposentado Juninho Pernambucano, entre outros, cuja seriedade e coerência ao longo da carreira emprestam credibilidade. Não quero dizer que não haja outros participantes sérios e coerentes, longe disso. Deixo apenas exemplos de momento.

Como qualquer movimentação, existe o ingrediente político, muitas vezes oculto, disfarçado, que também é saudável, desde que não extrapole e deixe para escanteio a verdadeira discussão.

Li as reportagens sobre a proposta de calendário que deve ser apresentada pelo Bom Senso. Existem coisas interessantes. A preservação da pré-temporada é uma delas. O Fair Play financeiro não é ideia nova, está em implantação na Europa, com acompanhamento da Uefa, há algum tempo, embora sem adesão total.

Lembremos que na Europa existem muitos times que são tocados à base do mecenato por milionários com fortunas cujas origens e destinações são para lá de suspeitas. Além das inúmeras denúncias de evasão fiscal. Fato que deixa absolutamente sem muita credibilidade momentânea o futebol de alguns países, como a Itália, por exemplo. Até o Bayern andou pisando na bola, pelo que leio.

Mas voltemos ao calendário sugerido pelo Bom Senso.

De cara, Brasileirão de fevereiro a dezembro. Dez meses de campeonato. Um mês para os estaduais, que seriam disputados no meio do ano e, pelo que entendi (posso estar errado ou as reportagens não foram claras quanto a isso) simultaneamente ao Brasileiro. Ou haveria uma parada? Misturar estaduais com Brasileiro já foi o caos lá pelos anos 70 e 80. Voltaríamos a isso? Espero ter entendido errado.

Uma divisão extra, a E, com 430 clubes!

A proposta básica seria poupar os grandes clubes de excesso de jogos e dar aos pequenos mais datas nos calendários.

A verdade não é propriedade de ninguém. Todos os pontos de vista são válidos e merecem respeito. É do debate saudável entre propostas que surgem as melhores ideias.

Dirigentes não sabem tudo. Jornalistas também não. Assim como marqueteiros, empresários, jogadores e os torcedores.

Claro que tenho minha visão sobre o tema, que é complexo.

Não sou contra os estaduais. Mas acho que como estão sendo feitos, atiram no próprio pé. Vejo os estaduais como uma extensão da pré-temporada, uma maneira de recolocar a máquina do futebol em movimento após as férias.

Não adiante debater o futebol brasileiro tendo como base a realidade da Europa. A solução não está em copiar modelos, nem em adaptá-los. Penso que está em criar uma situação adequada à realidade de um País com dimensões territoriais e cultura regionalista enraizada. Há diversos Brasis espalhados pelo Brasil.

Se fácil fosse, era só mudar a mão de direção para o lado direito que teríamos índices de segurança no trânsito compatíveis com os da Inglaterra.

A realidade dos grandes clubes europeus e, também, dos médios, não tem paralelo com a dos times brasileiros.

Honestamente, não sei até que ponto é interessante e atrativo um campeonato de dez meses. Não discuto a fórmula de disputa, porque tenho minhas preferências, já expostas aqui há muito tempo. Discuto o tempo que se demora para resolver um torneio e a capacidade de atrair a atenção do torcedor, que tem ainda a oferta da Libertadores, da Copa do Brasil e de uma muito mal resolvida Copa Sul-americana.

Criar mais uma divisão nacional teria respaldo financeiro? Obviamente que deverá ser regionalizada, porque uma coisa é fazer torneios em países onde a viagem mais longa é de uma hora de avião e se pode ir de trem a qualquer parte. Outra é organizar competições num País em que uma viagem pode levar dias.

Parece-me claro que é preciso criar uma cadeia de sustentabilidade. Os times mais ricos deveriam ajudar os mais pobres a sobreviver, até porque desses médios e pequenos podem vir os jogadores que abastecerão o mercado (como sempre foi, aliás, até os empresários lerem direito a Lei Pelé, o que os clubes não fizeram). Mas estariam os clubes grandes dispostos a dividir uma parcela de seu precioso quinhão com os menos favorecidos? Porque o poder das grandes marcas junto ao mercado é indiscutível. E o mercado quer resultados rápidos. Raras são as empresas que fazem projetos de longo prazo, abrangendo categorias de base. Raríssimas, eu diria. Até nessa parte ainda impera um desejo por exposição, vitrine e nada mais.

Vou mais longe: estariam os jogadores bem sucedidos financeiramente dispostos a subsidiar a criação de uma associação de classe que visasse amparar seus colegas menos favorecidos?

Onde entram as categorias de base e a regulamentação da atuação de agentes e empresários?

Tenho, como todos, minha ideia de calendário, um esboço. A grande mudança seria nos estaduais, claro. Passa pela redução drástica de participantes das primeiras divisões, com a consequente redução de datas e a preservação das férias e da pré-temporada.

Alguns estaduais poderiam ser etapas classificatórias para torneios regionais que podem ser mais atraentes em termos financeiros. Mas entendo que não faz sentido para os clubes pequenos jogarem apenas entre eles, sem a perspectiva de enfrentar os grandes, ou alguns deles.

No máximo, dois meses para os estaduais. Solução rápida, formatos que estimulem o entretenimento e a promoção, uma largada para a temporada. Os torneios de verão na Argentina funcionam assim faz tempo.

A melhor divisão por parte das federações das cotas de TV é outro aspecto. A diferença é abissal. Em São Paulo, a cota da Série A-1 para os pequenos é de R$ 1,4 milhão. Para a Série A-2 cai para 80 mil. Se as federações realmente querem preservar seus produtos, deveriam pensar mais em fortalecer os clubes do que em reformar e construir sedes luxuosas e fazer grandes festas.

Acho um exagero campeonatos de dez meses. Até mesmo o Brasileirão atual, de abril/maio a dezembro, soa interminável em alguns momentos da temporada. Basta estudar com atenção as médias de público para ver que há períodos em que o torneio não desperta muita atenção. Começa atraente, esfria, e volta a esquentar no final.

Falar em tempo para excursões ao exterior me parece um devaneio. Nossos times não são atraentes junto ao mercado internacional, é preciso ter humildade para reconhecer isso. O cenário pode mudar com o tempo, mas número por número, na letra fria das cédulas, duvido que excursões ofereçam mais recursos aos grandes clubes do que as cotas pagas pelos estaduais. Esse é um quadro atual, que pode ser alterado com o tempo.

Sou adepto dos jogos decisivos, gosto de campeonato com final, de jogo eliminatório. Sempre assumi isso e não ligo para a patrulha de quem pensa diferente mas não admite posição contrária.

Enfim, há espaço para muito debate e existem propostas honestas e decentes por toda parte.

Não existe verdade absoluta, nem o time do bem contra o time do mal, os que se julgam honestos e acima de qualquer suspeita. É preciso ouvir todo mundo, inclusive os torcedores, e buscar uma solução que vise o futebol como um todo.

A título de sugestão, buscaria um especialista norte-americano. Os gringos são imbatíveis em termos de entretenimento e gestão esportiva. Até mesmo no futebol. Basta ver a evolução consistente da Major League Soccer, cuja média de público é superior à do Brasileirão. Certamente surgiriam boas ideias para engrossar o caldo da discussão saudável e democrática.

sexta-feira, março 07, 2014

Taí o livro do Brandão!

 
 
Há mais ou menos seis anos, durante uma conversa informal com meu saudoso pai, ele me deu uma sugestão de escrever um livro sobre um dos mais fascinantes personagens do futebol brasileiro. Encarei a sugestão como uma missão, já que sabia da amizade que unia meu pai a este personagem.
 
Foi uma batalha de muitas entrevistas, de tentativa de convencer a editora a publicar. Mas tive muita ajuda da minha família, da minha mulher Isabel Urrutia, e de dois amigos que ganhei nessa empreita...da. Paulo Guaratti, ou o Homem da Montanha, sobrinho do personagem, e de sua filha, Regina.
 
O resultado estará em breve nas livrarias. Trarei novidades sobre a data e o local exatos, mas o lançamento será no início de abril, em São Paulo.

 Espero que o perfil biográfico faça justiça à maravilhosa história do personagem.
Deixo uma prévia da capa. E agradeço, mais uma vez , a confiança da Editora Contexto, do professor Jaime Pinsky e de Luciana Pinsky e Daniel Pinsky.

quinta-feira, março 06, 2014

Seria Neymar a sombra de Fred?

Eles não concorrem diretamente por uma vaga na seleção brasileiro. Longe disso. São titulares. Neymar é absoluto em qualquer formação. Fred é o centroavante, a referência de que Felipão tanto gosta e tão bem sabe utilizar.

Durante o Seleção SporTV de quarta-feira debatíamos quem seria a sombra de quem na seleção brasileira, se isso realmente acontece, se é preciso que um jogador tenha alguém a competir com ele por uma vaga para estar sempre ligado.

Emiti meu conceito. Repito aqui. Acho que a sombra maior de Fred é o Neymar.

Explico.

Se Fred não chegar 100% até a Copa, o que impediria Felipão de optar por um esquema sem o centroavante fixo? Situação que já foi testada por ele próprio, notadamente no amistoso contra o Chile, em Toronto.

Neymar é artilheiro, define com maestria. Não é centroavantão, aquele 9 clássico, jogador de área. Até porque aquele espaço é pequeno para seu enorme repertório.

Mas numa emergência, na eventualidade de Fred não estar rendendo ou não poder render, não parece absurdo que Neymar tenha outra companhia no ataque e o time atue sem centroavante de função. Até mesmo Robinho poderia encaixar uma dupla. Se o atacante do Milan for convocado no dia 7 de maio passarei a acreditar nessa hipótese.

Nada contra Jô, que tem atuado bem na seleção. Mas o 9 é o Fred. Sem ele não sei se Felipão bancaria o Jô.

Enfim, é esperar para ver.

Apenas mais uma tese nesse mundo povoado delas.