segunda-feira, fevereiro 28, 2011


O condutor do bonde

E daí que o adversário era o Boavista? E daí que não foi de goleada. O que importa, no caso do festivo bonde flamenguista que papou a Taça Guanabara, foi que o cara contratado para conduzir o veículo deu conta do recado.

Quem traz Ronaldinho Gaúcho espera que ele seja decisivo. E ontem ele foi. Fez um golaço de falta, correu, driblou, criou, vibrou, fez falta.

Os pessimistas dirão que é só um turno de estadual, que no Brasileiro é que o bicho vai pegar. E é mesmo. Mas os fatos estão aí e a vida é momento. No estadual do Rio, se deu bem quem teve em campo o Ronaldinho Gaúcho. Quando precisou decidir, ele decidiu.

Vai ser sempre cobrado a fazer isso, dia após dia. A primeira parcela ele já pagou.


sexta-feira, fevereiro 25, 2011



A cara de pau

da Conmebol


Mais um episódio de violência registrado na Libertadores. Dessa vez, a emboscada sofrida pela delegação do Grêmio em Barranquilla. Fato corriqueiro que, diga-se, acontece também em território nacional. Ônibus de times argentinos já foram apedrejados em jogos no Pacaembu e no Morumbi, recentemente.

Na partida do Once Caldas contra o San Martín atiraram um objeto na direção do árbitro assistente Alejo Castany, que saiu ferido. Sabe o que aconteceu? Multa de 20 mil dólares. Parece que é só nisso que a Conmebol pensa, em multar e fazer caixa. É uma confederação ou um banco?

Cartão amarelo dá multa e não suspende. Há jogos em que para cobrar escanteio o jogador precisa ser protegido por escudos pela polícia, só não atiram uma bomba em campo porque não levam bombas ao estádio.

Quanta diferença da Uefa, que aplicou um gancho de quatro jogos no nervosinho Gattuso por causa dos pitis que ele teve no jogo contra o Tottenham.

Fica difícil acreditar em melhoras de condições técnicas e de estrutura numa competição da importância da Libertadores enquanto a postura da organizadora for essa. Alguns estádios são aprovados sem ter qualquer condição de receber a competição mais importante do futebol sul-americano. Até que aconteça uma tragédia, o que importa na entidade com sede no Paraguai é aplicar multas e ver o saldo bancário crescer.

Vergonhoso!

terça-feira, fevereiro 22, 2011



Pobres meninos ricos


Texto de abertura da coluna desta terça no Diário de S.Paulo.

http://www.diariosp.com.br/_conteudo/2011/02/37180-pobres+meninos+ricos.html

Enciclopédia dos Craques


tem lançamento hoje em SP













Você que curte boa literatura esportiva e futebolística não pode perder um programaço hoje. O lançamento do livro Enciclopédia dos Craques, de Mário Mendes e Marcelo Duarte. Será das 19h330 às 21h40, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon, em São Paulo, bem perto do Palmeiras.

Mário e Marcelo são craques da nossa área e produziram um material com fichas completas de mais de 1.500 jogadores do Brasil e do mundo.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011





Pitacos da segunda


RJ - Pênalti não é loteria. É treino, frieza, controle emocional. O Fla tirou o Bota da final da Guanabara porque foi mais frio na hora de executar o fundamento básico do futebol: chutar a bola para dentro do gol. Porque pênalti nada mais é do que isso, apenas com um toque dramático a mais. O Boavista vem aí, faceiro, sem muita coisa a perder. Será que Ronaldinho Gaúcho finalmente fará a diferença em algum jogo para o Flamengo? Por enquanto, tem sido mais celebridade e maestro de torcida. Jogador como ele tem é que decidir jogos.

PR - Lá vai o Coxa para a final do Paranaense, depois de um superclássico contra o Atlético, com um início avassalador, três gols em poucos minutos . O perfil discreto de Marcelo Oliveira, que resolveu abandonar a vida de eterno interino, parece ter servido bem ao Coritiba. O Furacão preferiu trocar de técnico e não deu muito certo, pelo jeito.

SP - Mais vale um Liédson em plena forma do que um Fenômeno longe dela? Pode ser injusto responder, mas a verdade é que Liédson chegou em ritmo de plena temporada européia para jogar um torneio de pré-temporada brasileira, e está tirando muito proveito disso no Corinthians. Mais organizado, mais simples que o Santos, o Timão engoliu o Peixe. Adílson Batista ainda não achou o que procura, maratonas à parte. Diogo não funciona como centroavante, e Maikon Leite não pode ficar no banco para Róbson jogar.
O Palmeiras lidera sem empolgar, com Valdívia de volta mas ainda carente de um centroavante. O São Paulo acelera no ritmo de Lucas e Fernandinho e espera o Palmeiras para o clássico, enquanto o rival faz escala em Teresina pela Copa do Brasil. A boa surpresa é o Mirassol, vice-líder.

RS - Grêmio na boa, fez o dever de casa, vai à semifinal contra o Cruzeiro. Na outra semi, Caxias e Zequinha. O Inter lado B se deu mal e ficou de fora. Com time A ou B, tinha que estar na semi, pagou mico. Estadual muita gente diz que não serve para muita coisa, mas para arrumar crise é um prato cheio. Não é nada, não é nada, para a Libertadores o clima anda muito mais leve pelos lados do Olímpico, e carrancudo na Beira-Rio.

MG - No Mineirão há um coelho se metendo entre o Galo e a Raposa. O América encaixou três vitórias seguidas depois de muito tempo, é vice-líder, e pode se beneficiar do fato de, agora, Galo e Raposa precisarem pensar mais em Copa do Brasil e Libertadores. O Cruzeiro pega o Guarani, quarto colocado, na próxima rodada, como mandante. Galo e Coelho serão visitantes contra Democrata e Tupi, respectivamente. Tudo sob o sol inclemente das Gerais.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011


O futebol é para


quem sabe jogar


Foi um desses raros papos descontraídos e construtivos sobre futebol. Carlos Alberto Parreira esteve no Arena SporTV de quinta-feira e deu um show. Parreira é de uma educação e de um conhecimento desconcertantes. Foi muito criticado em 94, inclusive por mim. Mas como ele mesmo disse, mudou seus conceitos, evoluiu. Coisa que sempre devemos buscar em nossas profissões, em nossas vidas.

Parreira disse algo que é simples e definitivo: "O futebol é para quem sabe jogar". Dá para conferir trechos da entrevista dele no site do SporTV.

Em resumo, Parreira é um apaixonado, como todos nós, pelo Barcelona de Messi, Xavi, Iniesta. Não se cansa, assim como nós, de ver o esquadrão da Catalunha jogando, ganhando ou perdendo.

Vemos isso no Brasil em doses ainda homeopáticas, infelizmente. O Santos com Ganso e Neymar em forma. O Cruzeiro com meias como Roger e Montillo. Os bons momentos de um Douglas armando o Grêmio, de Lucas arrancando na Sub-20 e no São Paulo. Conca no Flu, D´Alessandro no Inter. Valdívia em forma no PalmeirasEnfim, o que temos de bom no futebol brasileiro, e certamente tem mais coisas que eu posso ter esquecido. E reparem que muitos gringos entraram na parada. Sinal de alerta!

A questão, segundo Parreira, é que estamos nos afastando do nosso DNA, do toque de bola, da criatividade. Vem das categorias de base, do ranço ideológico da marcação sobre todas as coisas, da competição desvairada.

Parreira comandou uma Seleção criticada até hoje. Que se não foi extasiante, teve bons momentos e ganhou uma Copa que o Brasil não tinha desde 1970. O time de 94 tinha muitas coisas positivas, embora fosse conservador em seu propósito.

Hoje Parreira certamente seria mais ousado.

Do alto de seu prestígio de campeão do mundo, ele pode inspirar alguns treinadores a tornarem nosso futebol mais atraente e menos combativo.

Ainda temos grandes jogadores, toda hora aparece algum. Mas infelizmente, na base, impera a linha de produção de volantes e zagueiros. Precisamos voltar a fábricar meias, pontas-de-lança e grandes artilheiros.

terça-feira, fevereiro 15, 2011



 O último supercraque brasileiro


Reproduzo a coluna publicada nesta terça no Diário de S.Paulo 


Bons jogadores de futebol existem aos milhares. Craques, às centenas. Gênios? Talvez dezenas. Lendas? Um punhado. Pois o punhado ficará ainda mais restrito a partir desta segunda. Não tenho receio em afirmar que Ronaldo Fenômeno foi uma lenda do futebol que ainda está quente em nossa memória. Também cravo, sem receios, foi o último supercraque produzido pelo futebol brasileiro.

Ronaldinho Gaúcho teve tudo para chegar ao patamar fenomenal de seu xará, mas optou por um caminho exibicionista. Ronaldão preferiu ser decisivo, protagonista, enquanto o corpo e a cabeça suportaram. Não há excesso que apague as lições de seus inúmeros recomeços quando o senso comum dava sua carreira como encerrada.

Embora a torcida seja grande, será difícil que algum outro jogador brasileiro alcance os feitos do Fenômeno. Brasileiro e de qualquer nacionalidade. Na mesma geração, o francês Zidane foi tão genial quanto, guardadas as diferenças de suas posições. O elegante meia de origem argelina está inserido no panteão dos craques de todas as eras.

foto: Arquivo
Ronaldo Fenômeno comemora o segundo gol da seleção brasileira contra a Bélgica na Copa do Mundo de 2002, vencida pelo Brasil


No mundo, o candidato natural à sucessão do Fenômeno é o argentino Messi. Tem idade e talento para tanto. Falta a ele ser protagonista de duas Copas, como Ronaldo fez em 98 e 2002.

No Brasil, Ganso e Neymar aparecem como herdeiros, mas ainda estão em período de gestação.

Ronaldo Fenômeno levou quase 20 anos para escrever seu capítulo na história do futebol. O menino magrelo de 1993 para brigando com a balança em 2011. Mas seu peso não pode ser medido em quilos. Poucos foram tão perfeitos na arte de fazer gols. Seu carisma o blindou de repercussões negativas dos vacilos que a vida reserva a todos nós.

Um dado resume seu quilate: só uma pessoa fez mais gols que ele pela seleção: Pelé. Mas aí é covardia, porque, como diz o Pepe, Pelé é de outro planeta.

Vida eterna ao mito Ronaldo. Boa e longa vida ao cidadão Ronaldo Nazário.


Organizadas de novo
Aumentam a cada dia os relatos de pressões sofridas por torcedores comuns que partem dos chamados grupos organizados. Algumas manifestações de torcedores reclamando de dificuldades para comprar ingressos, falta de conforto, etc. são boicotadas por alguns grupos apadrinhados pelas direções de grandes clubes.


Mais um time-estado
A média de público do São Bernardo na Série A-1 do Paulista impressiona. Foram 11 mil pessoas contra a Ponte Preta. A prefeitura atua diretamente no time. Empresas instaladas no município também participam. Em que pese a sincera paixão dos torcedores, o envolvimento do estado com o futebol profissional precisa ser debatido.

Sem explicação
Chegam a ser constrangedoras as tentativas de dirigentes do São Paulo de justificar a escandalosa manobra política que possibilita a segunda reeleição de Juvenal Juvêncio. A oposição tricolor esperneia, mas Juvenal tomou o Conselho Deliberativo de assalto nos últimos anos. O São Paulo era mesmo diferente ou só disfarçava?

Nó tático

foto: Nelson Coelho/Diário SP/07-08-2010
Felipão ajeitou a defesa do Palmeiras

Felipão
Converse com um técnico de futebol um dia e, certamente, você ouvirá dele que um time começa a ser montado pela defesa. Felipão está fazendo isso no Palmeiras. Ele sabe que tem um elenco de opções e talento limitados. Até tentou montar um time mais solto, ofensivo, mas acabou esbarrando nessas limitações.

Então tomou o caminho que parece ser o de nove entre dez técnicos. Primeiro passou o cadeado no time. Tratou de perder pouco primeiro, para ganhar mais depois. Em todo o Paulistão de 2010, o Palmeiras somou 25 pontos e teve seis vitórias. Até agora, no de 2011, já tem 19 pontos e seis vitórias.

Claro que os confrontos contra equipes do mesmo peso, como o clássico diante do Corinthians, evidenciam as limitações. Mas é de se tirar o chapéu a evolução de posicionamento e postura tática do Verdão na temporada. O artilheiro Kleber, que foi mal em 2010, voltou a jogar bem e garante o bicho lá na frente.

Como o Paulistão não é o Brasileirão, o palmeirense pode acreditar numa real possibilidade de disputa de título. E na projeção, com reforços, de um campeonato nacional que, pelo menos, honre as tradições do clube.

sábado, fevereiro 12, 2011


O (estranho) discurso

de Roberto Carlos

Antes de mais nada, sigo acreditando que Roberto Carlos foi, sim, ameaçado por alguns vândalos que se dizem torcedores. Ele e outros jogadores do Corinthians. Só isso já bastaria para que ele tivesse um grande motivo para pedir a conta.

Mas o discurso vago do jogador, a variação de sua postura em poucas horas, as declarações com pesos diferentes para determinados interlocutores levam a crer que, em vez de ser a gota d´água, acabou sendo uma mão na roda para ele.

Jogar na conta do treinador agora, duas semanas após a eliminação na Libertadores? Porque não falou no dia seguinte?

Sigo pensando, também, que Roberto Carlos não é jogador para atuar e levar nota 6, ser apenas regular. Quem custa o que ele custa e tem a fama que ele tem, é contratado para ganhar jogos, para decidir.

Isso ele não fez no Corinthians.

Violência? Sou e serei sempre contra.

Mas também sou e serie sempre contra a incoerência.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011


O medo de Roberto Carlos

A entrevista de Roberto Carlos no Diário de S.Paulo retrata uma praga que assola o futebol brasileiro. O jogador do Corinthians relata ameaças que ele e sua família estão sofrendo e praticamente dá adeus ao clube, sinalizando uma negociação com clube do exterior.

Sitiados por um pequeno grupo de torcedores que denigrem o sentido dessa palavra, alguns clubes permitem que seus jogadores e dirigentes sejam alvo de ameaças terroristas como essas.

Há alguns anos, Edílson deixou o Corinthians por causa disso. E, diga-se, acontece em todos os clubes. Pasmem, até em clubes pequenos de cidades pequenas há relatos parecidos.

Pode-se justamente questionar a qualidade do futebol apresentado por Roberto Carlos no Corinthians. Quem contrata um jogador como ele, pelo salário que recebe, não espera um atleta regular, nota 6. Quer um jogador para decidir partidas e campeonatos, o que ele não fez. Mas daí a ameaçá-lo na rua é uma outra história.

Qual o resultado imediato disso? Afugenta o torcedor verdadeiro, da paz, e espanta jogadores que eventualmente tenham sido procurados pelo clube.

Fica a lição para alguns dirigentes de clubes que acham que é a coisa mais normal do mundo o relacionamento com alguns marginais que tomaram de assalto as torcidas outrora uniformizadas.

E Roberto Carlos tem o dever cívico de acionar a polícia e tentar identificar os terroristas que o ameaçam antes de seguir para lugares em que o futebol não representa perigo de vida.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011



Mano tem muito crédito


Não posso levar a sério que alguém já esteja querendo esquentar a chapa de Mano Menezes na Seleção Brasileira.

O treinador tem muito crédito e competência para levar adiante o processo de renovação. Seu desempenho não é nem fantástico, nem horroroso. Amistosos servem para observações, para analisar desempenho.

O Dunga tinha um aproveitamento fantástico em amistosos, ganhava jogos em cima da hora, na bacia das almas, e a Seleção não fez o que dela se esperava, que era, pelo menos, jogar bem na Copa do Mundo. O que interessa agora é montar um time que possa jogar uma boa Copa do Mundo no Brasil, sendo mais fiel ao   estilo de jogo brasileiro e menos antipático. Pelo menos é o que espero como torcedor.

Perder da Argentina é normal, o jogo é sempre muito equilibrado. Da França já somos fregueses preferenciais, estamos estourando no cartão de milhagem, de tanto bônus que recebemos. E ganhar de seleções fracas também está no roteiro.

Mas eu tenho cá minhas perguntas, como qualquer torcedor brasileiro. Lá vão elas:

1) Por que Robinho tem tanta moral na Seleção?

2) Com Ganso e Neymar o time terá a fluência que não teve ontem?

3) O Lúcio não tem bola para ser, ainda, titular absoluto de qualquer time que se forme?

4) Quem da sub-20, tirando o Neymar, entraria direto no time principal?

5) Já se vislumbra uma base?  


quarta-feira, fevereiro 09, 2011



Ódio não será


a sua herança


Reproduzo aqui no blog o texto que abriu minha coluna de terça-feira no Diário de S.Paulo.

São tempos estranhos esses. Tempos em que torcedores um dia choram de alegria com a vitória do seu time, fazem juras de amor eterno, tatuam o distintivo na pele para toda a vida. Dias depois, esses torcedores pulam cedo da cama para destilar ódio contra os mesmos jogadores que eles juravam amar incondicionalmente.

Há um rastro de ódio contaminando o futebol brasileiro. O que era esporte, diversão, gozação sadia, está sendo transformado em sangue, ameaças, violência e radicalismo por um grupo de pessoas que acredita poder mudar o sentido da palavra torcedor.

Corintianos fizeram uma ação de guerrilha contra o ônibus do clube. O time ganhou o clássico contra o Palmeiras e esse grupo, que nem de longe representa o torcedor como um todo, declarou trégua, certamente achando que se impôs pelo terror.

Palmeirenses viram uma bandeira do Corinthians no alto de um prédio residencial e tentaram tomar de assalto o local para capturar o pavilhão inimigo.

Parece difícil de acreditar, mas houve um tempo, há uns 20 e poucos anos, em que palmeirenses e corintianos assistiam a um dérbi misturados em pleno tobogã do Pacaembu e tudo acabava bem, independentemente do resultado.
Vi isso com meus próprios olhos.

Essa gente que se fantasia de torcedor fanático não ama clube algum. Aliás, não amam, não têm essa capacidade. Devotam seu ódio ao que conseguiram desfigurar: organizações que nasceram para celebrar a alegria de torcer juntos por um time de futebol.   

Fazem dirigentes e autoridades como reféns. Expulsam os verdadeiros apaixonados pelo jogo de bola dos estádios.
Nada acontece.

Que as futuras gerações possam recuperar a paixão pelo futebol, pelos clubes, e não façam do ódio sua herança, como vimos nos últimos dias.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011



A Geração do Penta

e o futuro da sub-20


No Arena SporTV desta sexta falamos da geração do penta, do fato de muitos jogadores campeões mundiais em 2002 ainda estarem aí, como ídolos, atrações e em alguns casos como os principais nomes de seus clubes, não apenas no marketing, mas também tecnicamente.

Por uma dessas felizes coincidências da vida, pensamos no programa antes da estreia de Rivaldo pelo São Paulo, e a estreia nos ajudou a esquentar a pauta.

Rivaldo merece respeito e calma nas avaliações. Um jogo é muito pouco para se vaticinar o que ele poderá fazer na temporada. Sua qualidade técnica é inquestionável.

Essa é a marca dos "sobreviventes" da geração de 2002. Só jogam ainda porque tecnicamente são acima da média, por isso conseguem driblar o tempo.

Também jogam no Brasil pela diferença de estilo em relação à Europa. Como disse no programa o Roque Jr., no Brasil o jogo ainda permite muito o mano a mano, e quem tem técnica, nessa situação, sobressai. O espaço para o mano a mano na Europa praticamente não existe, e aí a limitação física imposta pela idade começa a pesar.

Enfim, a geração do penta rendeu frutos, trouxe um pavimento para a melhora do calendário brasileiro e inspirou uma outra geração, a da molecada sub-20 que pode ser parte do que teremos em campo em 2014.

Não que o time que joga o Sul-americano no Peru esteja entusiasmando, mas é uma boa geração, com Neymar já sendo uma realidade, e uma série de boas promessas.

O time de 2002, como explicou bem o Roque Jr., tinha um perfil definido, com a maioria dos jogadores tendo atuado por um tempo no Brasil e depois partido para o sucesso na Europa.

Essa turma de 2010, a molecadinha do sub-20, tem um novo perfil. Alguns já muito bem remunerados, mesmo sem ainda terem alcançado o sucesso técnico que podem alcançar. Certamente, até 2014, quem vingar na Seleção estará jogando na Europa, na Ásia, onde estiverem pagando mais.

Que pelo menos tecnicamente essa geração seja uma geração marcada por talento, por um estilo brasileiro, como Neymar e Ganso fazem. Que as gerações de 2006, aquela que ficou na promessa, e a de 2010, aquela que se deixou contaminar pelo rancor, não sejam exemplos.

Que 2002 inspire a turma de 2014.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011


O Gaúcho rubro-negro

Um jogo é pouco para qualquer coisa. Vi apenas os melhores momentos, adianto. Mas confio nas fontes que consultei. O melhor da estreia de Ronaldinho Gaúcho no Flamengo foi a torcida rubro-negra, como já era de se esperar. Uma linda festa.

Ronaldinho não foi contratado para abrilhantar festa de torcida, mas para dar motivo para a torcida fazer festa. É preciso dar um tempo a ele para que esteja realmente em forma e readaptado. Quem contrata Ronaldinho Gaúcho não quer malabarismos, quer que ele ganhe jogos ou ajude a ganhar jogos.

Com o tempo saberemos se ele ainda pode fazer isso. A massa rubro-negra faz festa mas também cobra. Como Ronaldo Fenômeno está sentindo agora no Corinthians.

Grêmio confirma, e o

Corinthians dá vexame


Para o Grêmio era só mais um jogo de Libertadores (atenção, coleguinhas, não existe pré-Libertadores, essa fase já faz parte da competição continental). Acostumado que está a jogar o torneio, ambientado, mesmo ainda sem se refazer da perda de Jonas, tomou um susto mas passou sem atropelos pelo Liverpool.

Na teoria, o grupo do time gaúcho é bem tranquilo, com Oriente Petrolero, Júnior Barranquilla e León de Huánuco. Com a contratação de Escudero, a função que era exercida por Jonas pode ser pelo menos ocupada por alguém, sem comparar desempenhos individuais.

O Grêmio confirmou seu espírito copeiro e a competitividade, seguindo adiante, sem grandes surpresas, tratando o jogo como apenas mais uma etapa a ser cumprida.

Bem diferente do Corinthians, que transformou num drama de proporções bíblicas seu confronto diante do modesto Tolima colombiano.

O vexame alvinegro tem uma série de motivos. Tal qual uma enchente, uma inundação, que começa com pequenas incompetências e termina numa tragédia.

A primeira é a postura. Digam o que quiserem, mas o Corinthians não se sente confortável na Libertadores, sempre joga como se as chuteiras estivessem apertadas ou dormindo na casa de parentes. Isso passa pela direção, pela comissão técnica e pelos jogadores. O clima de incerteza contamina todo mundo e estoura no desespero do torcedor.

Os erros somaram-se e estão sendo apontados há tempos. Primeiro, o time caiu na fase preliminar por pura incapacidade de derrotar o time reserva do Goiás, na última rodada do Brasileirão. Soube nesse mesmo dia que perderia seu melhor zagueiro e capitão, William, e seu principal jogador, Elias. Não contratou ninguém com as mesmas características para substituí-los.

Ciente disso, Tite insistiu em tentar montar um time como se William  e Elias ainda pairassem pelo Parque São Jorge.

E para ornar esse bolo de equívocos estão cerejas das mais caras do mundo: Roberto Carlos e Ronaldo. Quem contrata jogadores desse quilate e desse preço, espera que eles sejam decisivos. Ronaldo foi em 2009, e Roberto Carlos não conseguiu ser até agora. Fora isso, um jogador da experiência dele vir a público e dizer que está com medo antes de um jogo contra o Tolima é qualquer coisa.

Ronaldo foi um dos maiores atacantes de todos os tempos, mas é uma peça inútil atualmente. Mais atrapalha do que ajuda. Roberto Carlos tem sido um jogador nota 6, 6,5. Isso Fábio Santos também é e custa um terço, se custa. São problemas que o Corinthians terá de administrar agora. Como bem frisou o Caio Ribeiro, não adianta o Ronaldo dizer que está atordoado e continuar se arrastando em campo.

Assim como Tite. Sem tomar gols fora de casa, o Corinthians sabia que qualquer empate com rede balançando era dele. Mas só foi ser ousado no segundo tempo. Por que? Tite é bom treinador, mas preso demais a pranchetas voadoreas e teorias táticas. O futebol não vive apenas disso, tem observações mais práticas e menos teóricas e muitas vezes o individual quebra o galho do coletivo.



Verdão e Peixe (ou Elano?) na boa

E lá vai Felipão, quietinho, quietinho, pacificando o Palmeiras e levando o time à ponta do Paulista. O time jogou mais que o Mirassol, mostrando algo que não tinha em 2010: finalizações sem a bola parada de Assunção. E o próprio técnico deu uma pista: pernas. Com muitos jovens em campo, o time corre mais e melhor. Os resultados desanuviam o clima. O time chega encorpado para o clássico contra o destroçado Corinthians. Mas clássico é clássico e vice-versa, dizem os filósofos.

O Santos ganhou um ponto no divertido empate com a Ponte, em Campinas. Jogo bom de se ver, animado, movimentado. A Ponte jogou melhor, mas no meio do caminho tinha uma pedra chamada Elano. Dá gosto de ver esse rapaz jogando bola. Fez um de falta, e deu uma arrancada épica para finalizar com um toque genial de calcanhar para Maikon Leite empatar. Elano é simples, direto e objetivo.

Ponte e Santos mostraram que mesmo bastante desfalcadas são capazes de oferecer um bom jogo de futebol. Foi o que fizeram.

E hoje tem Rivaldo em campo, aos 38 anos, estreando pelo São Paulo contra o Linense.

Aproveito e convido os frequentadores do blog para acompanhara nesta sexta-feira, a partir das 14 horas, um Arena SporTV especial sobre a geração do penta de 2002. Espero vocês. Abraços.