quinta-feira, novembro 29, 2007


SERÁ QUE O BRASILEIRO ESTÁ

REAPRENDENDO A TORCER?

Era uma noite gelada de, se não me engano, agosto de 1998. Eu estava em Montevidéu, cobrindo para um jornal, a partida ente Nacional e Palmeiras, no Centenário, pela Copa Mercosul. O Palmeiras sapecava implacáveis 5 a 0 no time uruguaio e, mesmo assim, a torcida do Nacional não parava de cantar. Deixei a tribuna de imprensa e fui conferir o por quê de tudo aquilo, mesmo com 5 na cachola. Misturei-me aos torcedores uruguaios e ouvi a seguinte explicação de um deles: "Perder é ruim, mas eu amo o Nacional, sempre vou amar. Isso é o que importa", afirmou, dando sequência à cantoria.
O ano de 2008 tem dado amostras de que o torcedor brasileiro está, enfim, reaprendendo a torcer, como se fazia antigamente. Estariam se aproximando do fim os tempos de vandalismo, perseguição a jogadores, invasão de campo e vestiário, ameaças? Talvez eu esteja sendo precipitadamente otimista, mas há sinais de que a paixão está, digamos, cada vez mais apaixonada e menos intolerante. Temos alguns exemplos. A parceria imortal entre o Grêmio e sua torcida, selada com a impressionante demostração de apoio e carinho na Liberdadores, mesmo com derrota na final. O alucinante compromisso dos flamenguistas com sua religião, traduzido em recordes e recordes de público, um clima de paz e festa no Maracanã e uma cantoria sem fim. A até então inédita calma da Turma do Amendoim do Palmeiras, que tem tido sábia paciência com seu jovem e esforçado time e seu promissor técnico Caio Jr. O sincero agradecimento dos são-paulinos a cada um dos jogadores que conquistaram o título brasileiro.
Mas o detalhe final dessa, vá lá, suspeita de que há esperança em dias melhores, veio ontem, na derrota do Corinthians para o Vasco. Quem não esquece daquela cena asssutadora dos torcedores corintianos tentando invadir o gramado do Pacaembu após a derrota para o River, na Libertadores de 2006? Pois ontem vi torcedores chorando, rezando, gritando, esperneando, mas ao final de uma derrota que pode ser trágica (em termos de resultado), os torcedores do Corinthians cantaram o hino do clube. Tristes pelo momento atual, mas felizes pelo time, sua história, seu passado e - por que não? - seu futuro. Rebaixamento é triste, mas não decreta o fim de um clube, de uma torcida. Grêmio, Palmeiras, Botafogo, Galo, Fluminense, Coritiba, Portuguesa estão aí para provar. A vida segue. Talvez mais triste por um período, mas o rio tem que cumprir seu destino de chegar ao mar. E sempre chega.
Durante muito tempo, achei que brasileiro só queria saber do seu time quando ele ganha. Que era torcedor de boa fase, de time bom, de taça, de craque. Agora começo a achar que a paixão que, no passado, construiu a base para que nossos grandes times se transformassem nesses gigantes que movem milhões está de volta. A paixão genuína, de compromisso indissolúvel, na alegria e na tristeza.
Claro que ganhar é melhor do que perder, que é duro aguentar gozações e provocações. Mas melhor que tudo isso é saber que, independente do que aconteça, esses times históricos do futebol brasileiro, suas histórias, camisas, seu passado, tudo isso sempre estará presente. E que paixão não se explica, se curte. Se espalha, se tansfere de geração em geração.
Só espero que a rodada final do Brasileirão, que decretará os dois últimos rebaixados, não me faça queimar a língua. Haverá rebaixados, mas isso não representará o fim dos tempos para corintianos, goianos ou paranistas.
Que o espírito daqueles torcedores do Nacional, que me ensinaram uma linda lição naquela gelada noite de 1998, continue iluminando os estádios do Brasil.

terça-feira, novembro 27, 2007


O POVO DA BAHIA NÃO

MERECIA A TRAGÉDIA


Foi a única coisa que me veio à mente escrever quando soube do ocorrido na Fonte Nova. Essa manchete aí em cima. Um povo que ama o futebol como poucos, que ainda consegue ver misturado nas arquibancadas o maior clássico estadual, que promove festas incríveis para o Bahia e o Vitória. Isso não poderia ter acontecido em parte alguma, mas muito menos na Bahia.
Há muito tempo não vou à Fonte Nova. A última vez acho que foi em 2004, por aí. Vendo as fotos, tenho certeza que não mudou nada. Um estádio carcomido pela inépcia de governantes e dirigentes do futebol, literalmente caindo aos pedaços. E lá acontecem algumas barbaridades que mostram como a burocracia da cartolagem se preocupa com idiotices e esquece do óbvio. Se um jornalista vai trabalhar de bermuda, numa terra calorenta como a Bahia, é barrado. Mas milhares de torcedores ficam amontoados feito bicho no corredor do sacrifício e podem morrer estupidamente. Lá na Fonte Nova Pelé já foi barrado por não estar com uma carteirinha, mas milhares entram sem pagar.
Exatamente como acontece em todos os cantos do País. E essa gente que afirma comandar o futebol ainda se preocupa com a imagem do País para a Copa de 2014. O presidente da CBF, num arroubo de sensibilidade, pede que falem de futebol com ele. E a tragédia aconteceu onde, num jogo de cricket?
Em São Paulo há estádios em que é possível ver o céu, olhando de baixo para uma arquibancada, tantos são os furos. Pedaços de ferragem, então, já fazem parte da decoração. Nacos de parede pintada já caíram muito perto de torcedores. Sem falar na imundície geral. Há lanças e espetos em forma de grades e divisórias que parecem à espera de um gladiador romano, não de torcedores.
A Copa veio para o Brasil e é preciso acabar com isso. Nossos estádios envelheceram mal e se transformaram em autênticos matadouros, armadilhas preparadas para os torcedores de bem. Dentro ou fora.
A Bahia merece nosso respeito e indignação e, quem sabe, essa tragédia não seja o marco de um 2 de Julho no futebol. Aliás, como pode um aeroporto deixar de se chamar 2 de Julho para homenagear político? A Bahia não merecia essas tragédias.

PS: A comemoração do dia 2 de Julho é uma celebração às tropas do Exército e da Marinha Brasileira que, através de muitas lutas, conseguiram a separação definitiva do Brasil do domínio de Portugal, em 1823. Neste dia as tropas brasileiras entraram na cidade de Salvador, que era ocupada pelo exército português, tomando a cidade de volta e consolidando a vitória e a Independência do Brasil. Maria Quitéria é a personagem máxima dessa data.

domingo, novembro 25, 2007

A ÚLTIMA VOLTA DO PONTEIRO

PARA SEIS TORCIDAS DO BRASIL

Uma quarta-feira e um final de semana. É isso que falta para que o ano de milhões de torcedores de seis times brasileiros possam saber de o Natal será de provocador ou provocado. Foi-se o Brasileirão 2007 e me permito fazer algumas reflexões sobre a penúltima rodada, que definiu duas vagas na Libertadores, e o que espera os fanáticos seguidores dessas seis importantes camisas para a próxima rodada.

SANTOS - Justa e merecida classificação para a Libertadores de um time bem montado e que tem alguns pontos muito bons. A dupla de volantes, Maldonado e Rodrigo Souto, é ótima. Kléber Pereira é um excelente centroavante, e Kléber joga muito, na lateral ou no meio. O problema do time foi a irregularidade em certos pontos do torneio e dentro dos próprios jogos. Por que o Santos geralmente vai mal no primeiro tempo e melhora muito no segundo?

FLAMENGO - Uma reação espetacular, que carimba com merecimento e justiça a volta à Libertadores. Claro que houve algumas decisões de bastidores que até os flamenguistas acharam favoráveis demais ao seu time, e a questão da mudança da ordem dos jogos possibilitou que a equipe fosse reforçada para jogos que deveriam ter ocorrido muito antes e emendasse uma sequência improvável de partidas no Maracanã. Apesar disso tudo, a reação foi arrebatadora.

PALMEIRAS - A falta de apetite do time contra o Inter foi de assustar os torcedores. O Palmeiras entrou tranquilo demais para uma decisão e quem mordeu o jogo inteiro foi o Inter. Caio Jr. esteve num dia péssimo, insistiu com Martinez e quando mexeu no time estava tudo bagunçado. O Sport acabou quebrando o galho do Palmeiras, mas a verdade é que a equipe, quando precisou do seu futebol, andou decepcionando. Tem a chance de acabar com isso contra o Atlético Mineiro, em casa. Continua dependendo apenas de suas forças, mas é aí que mora o perigo para os palmeirenses.

CRUZEIRO - Disputa palmo a palmo com o Palmeiras a alcunha de amarelão nos momentos decisivos. Foi dado como barbada na Libertadores e agora chega à última rodada tendo que torcer pelo rival Atlético. Falta alma a esse time do competente Dorival Júnior. Falta espírito de competição. Ainda existe uma chance, mas o Cruzeiro já desperdiçou tantas que se complicou sozinho.

GRÊMIO - Mano Menezes acha que o que complicou o Grêmio foi aquela derrota para o Figueirense no Olímpico. Eu já acho que foi a campanha fraquinha como visitante. Dizem que o Mano está saindo e isso é ruim pro Grêmio, que foi um time autoral, como nos tempos de Felipão. Superou suas limitações graças a um arrumador de equipes competente. Fica como zebra, mas sabem como é, não se duvida do Grêmio.

CORINTHIANS - O drama da nação alvinegra pode acabar ou piorar na quarta-feira. O time precisa vencer o Vasco para, dependendo do resultado do Goiás, chegar tranquilo à batalha final, no Olímpico. O problema é que vencer é um verbo de difícil conjugação para esse time do Corinthians, ainda mais sem o Finazzi. Se deixar para resolver no Olímpico pode ser fatal.

GOIÁS - O time vinha bem, aí resolveu trocar o técnico e entrou em parafuso. Escolheu Márcio Araújo, gente boa, estudioso, mas que vinha de dois rebaixamentos consecutivos. É chamar muita energia negativa. Precisa ganhar do Atlético no Mineirão para chegar vivo à última rodada. Falta time, falta personalidade mas sobra esperança.

PARANÁ - A derrota para o Santos foi catastrófica pela maneira como ocorreu. O time vencia até os 34 do segundo tempo e tomou uma virada de acabar com qualquer esperança. Não basta ter o artilheiro do campeonato para compensar a ruindade da zaga e do resto do time.

quarta-feira, novembro 21, 2007


JOGAR BEM É O DESAFIO

DA SELEÇÃO BRASILEIRA

Seleção Brasileira é assunto polêmico. Divertido, amado, mas polêmico. Nunca haverá unanimidade. Nem quando a Seleção, de fato, jogou bem e encantou houve. Não é agora, quando o time ainda está longe disso, que haverá.
Sou fascinado pelo tema formação de equipes, jogo coletivo, entrosamento. Em cima desse argumento, acho que o que importa quando se trata de esporte coletivo é jogar bem. Mas que diabos seria jogar bem? Existem mil definições e cada um, provavelmente, tem a sua. Para mim trata-se de observar uma equipe em ação, um conjunto de atletas bem treinados técnica e fisicamente e que, reunidos, conseguem fazer, taticamente, com que suas qualidades individuais sejam todas exploradas. Pode parecer complicado, mas na verdade não é.
Para muitos jogar bem é uma questão de discurso ensaiado, de comentários feitos sob encomenda, disfarçados sob um manto de clichês como dar espetáculo, o verdadeiro futebol brasileiro etc. Na hora de explicar o que entendem por isso, quase ninguém consegue.
Jogar bonito, então, é quase programa eleitoral. E, afinal, o que é jogar bonito?
É possível jogar bem e não jogar bonito. Mas acho que é impossível jogar bonito sem jogar bem. A não ser aqueles que acham que firulas inúteis sejam jogar bem. A Seleção do Dunga tem bons exemplos. Juan e Lúcio jogam bem. Juan joga bem e bonito. É técnico, clássico e habilidoso. Zagueiro com múltiplos recursos. Lúcio joga bem e nem tão bonito. É mais força, precisão nos desarmes, nas coberturas. Kaká joga bem e bonito. Une eficiência a uma técnica apurada. Seu gol contra o Peru é a prova disso. Desde a matada de bola até a finalização precisa.
A Seleção, como time, até que não joga feio. Mas está longe de jogar bem. Falta sincronia de movimentos, falta entrosamento e, principalmente, um posicionamento mais adequado ao modelo tático proposto pelo Dunga. Vejo o esquema tático do Brasil dessa maneira: são quatro zagueiros (dois beques e dois laterais). Dois volantes à frente dos zagueiros, três meias-atacantes e um atacante apenas (Vágner Love), jogando mais adiantado, como se fosse a ponta de um tridente. Para que funcione bem o que temos em teoria, seria preciso muito mais entrosamento e jogadas trabalhadas para que, por exemplo:
a) os laterais pudessem subir com mais frequência em jogadas de ultrapassagem com os meias-atacantes.
b) Vágner Love pudesse revezar com Robinho e Ronaldinho Gaúcho na função de homem de frente e isso confundisse a marcação.
c) Se Mineiro é, teoricamente, o volante que sai mais para o jogo, ele não pode ser uma opção de jogada de ultrapassagem pela direita com Maicon, porque fatalmente não haverá cobertura para ambos pelo setor direito. Tem de ser um ou outro, nunca os dois.
d) Ronaldinho Gaúcho gosta de jogar mais perto do gol e Kaká não gosta de ficar de costas para os zagueiros. Se a Seleção vai jogar sempre assim, com apenas um atacante isolado e três homens chegando para abastecê-lo, Vágner Love será eternamente criticado, porque não consegue jogar dessa maneira. Talvez com Robinho fazendo, de fato, uma dupla de ataque, e com Ronaldinho executando a ligação pelo lado esquerdo, as coisas funcionem melhor.
Tudo é teoria, tudo é opinião e, tomara, a prática se traduza numa vitória sobre o Uruguai e numa classificação tranquila para 2010.

DÁ-LHE, VINOTINTO!!!!

Confesso que peguei simpatia pela seleção da Venezuela, a famosa Vinotinto, durante minha estada na terra de Simón Bolívar. Pela amabilidade das pessoas e a nascente paixão dos venezuelanos pelo futebol. A vitória de 5 a 3 sobre a Bolívia foi épica. Jogo ruim tecnicamente, mas gostoso de assisitir. A Vinotinto virou graças a muita raça e ao futebol literalmente desastrado da Bolívia. Se os craques do time das alturas são Arce e Moreno, reservas no Corinthians e no Cruzeiro, tem muita coisa errada. A Venezuela tem mais ginga, tem o esperto Maldonado, o bom zagueiro Rey e até o sumidão Arango. Subiu um degrau.

VEXAME DE TEVEZ

Tevez enterrou a Argentina ontem na Colômbia. Foi flagrado dando um chute sem bola no advesário e corretamente expulso de campo. O jogo já estava complicado para os argentinos com 11 contra 11 e piorou de vez com um a menos. Acho que o Tevez é excelente, mas não se compara a Messi e Riquelme, que são CRAQUES com letras maiúsculas. Ontem, Tevez não estava conseguindo jogar e, parece, encontrou uma maneira de acabar com esse problema. Mas criou um maior para o time.

ALGO MUITO ESTRANHO
ACONTECE NA SÉRIE B

Uma avalanche de denúncias de irregularidade caiu sobre a Série B do Campeonato Brasileiro. Tudo muito esquisito. Por quê quem afirma saber de algo errado só grita depois que foram definidos os acessos e, quase definidos, os rebaixamentos? Qual o motivo por trás de tudo isso? Haveria conexão com o que acontece na Série A? Muito, mas muito esquisito.

sábado, novembro 17, 2007


ROBINHO, KAKÁ E RONALDINHO
OU MESSI, RIQUELME E TEVEZ?

A pergunta aí de cima certamente povoaria os sonhos de qualquer técnico ou torcedor de futebol. Que trio de craques você escolheria para seu time se pudesse?
Acho que eu chutaria o balde e ficaria com os seis. Os outros cinco que completariam o time que me desculpem, mas com esse sexteto tem que existir um esquema tático que funcione. Talvez eu durasse pouco como técnico (jamais tive ou terei essa pretensão e nem me considero preparado para tal). Mas eu ia me divertir à beça.
Agora falando sério, os dois trios são fantásticos. Comentei, ao lado do amigo Eduardo Moreno, Argentina e Bolívia pelo SporTV. Riquelme e Messi são espetaculares. E Tevez joga muito, embora não tenha brilhado. Messi caminha a passos largos e objetivos e uma canhota mágica para ser um dos melhores do mundo. Atualmente está jogando amis que Ronaldinho Gaúcho e só perde, na minha modesta opinião, para Kaká. A bola gruda naquela canhota e ninguém tira. Impressionante!
Riquelme é um estilista. Parece saído de um filme dos anos 50 ou 60. Na bola parada é fulminante. Craque em qualquer análise que se faça. É o mais técnico dos seis. Tevez é um lutador, um atacante daqueles que não deixa a defesa adversária respirar. E quando não joga bem compensa com uma disposição fora do comum.
Do lado de cá da fronteira temos Kaká, a definição do craque moderno. Forte, tático, objetivo e técnico. Dos seis envolvidos, ele e Riquelme, parecem, para mim, os que melhor compreendem o sentido tático de um jogo de futebol, fazem a leitura perfeita do que acontece dentro de campo. Ronaldinho Gaúcho é um artista que anda oscilando, mas um cara que, certamente, é titular de qulquer time que se forme no planeta bola, não pode ser desprezado nunca. Entre os seis, é o mais habilidoso e, também, o que apronta as mais belas surpresas.
Robinho está no limiar da explosão favorável. Tenho certeza que é o que mais se diverte jogando futebol. Quando tiver a confiança que hoje esbanja o Kaká, será um dos maiores do mundo.
Agora, pra ficar bonito mesmo eu escalaria um sétimo craque nessa lista. Ronaldo Fenômeno, o definidor por excelência, mais artilheiro que os outros seis juntos. Seria o maior desafio de todos os tempos para um treinador de futebol. E, repito, pode ser que não funcionasse, mas que seria divertido, isso seria.

quarta-feira, novembro 14, 2007


PARABÉNS, COXA, LUSA,

VITÓRIA E IPATINGA!

Antes de mais nada, parabéns aos torcedores de Coritiba, Portuguesa, Vitória e Ipatinga. Desde 2002 trabalho cobrindo, também, a Série B do Brasileirão e sei como é dura essa batalha pelo retorno ou, então, pela primeira vez na Série A. E será ainda mais complicada a luta pela permanência em 2008. Mas antes disso a festa será muito grande para essas torcidas.
O Coritiba é uma potência que voltou a seu devido lugar. Tem um lindo estádio, um título nacional, já revelou grandes jogadores. Tenho grande respeito pelo trabalho do Renê Simões, com quem já tive oportunidade de conversar muitas vezes e considero um excelente profissional e um bom amigo. Ele costuma fazer bons times e, mais que isso, equipes comprometidas com o trabalho, a torcida e a instituição. O Coxa ainda tem boas revelações para montar a base de 2008. Pedro Ken e Keyrisson são boas promessas, assim como o zagueiro Henrique.
A Lusa, para mim, é um caso à parte. Existe uma tradição na imprensa esportiva de São Paulo, carregada até de algum preconceito, de que os repórteres que começam a trabalhar nos veículos da Capital iniciem cobrindo a Portuguesa. Passei por esse processo e aprendi a admirar o clube, sua história e sua gente. Tive a sorte de acompanhar de perto a campanha do vice-campeonato brasileiro de 1996, ao lado do grande amigo Luís Augusto Simon, o Menon, pela Gazeta Esportiva. Lembro de uma matéria que fizemos com o Candinho, treinador da Lusa, no Canindé, na qual ele afirmava que o Barcelona, se jogasse o Paulistão, ficaria em quarto lugar. Demos boas risadas, e o Candinho, gaiato, tentou negar tudo. Tenho bons amigos que torcem para a Lusa. Gente que fez parte de um período muito importante da minha formação, no Colégio Arquidiocesano. Seu Zé e o filho Mário. Normandão, o Maçã. Quando a Lusa confirmou seu retorno à Série A pensei na alegria deles. Na festa no bar da Sueca, dos bolinhos de bacalhau. Quem não conhece o clube talvez não entenda isso, esses traços da herança portuguesa, a fusão de culturas e o amor pelo futebol que une dois povos.
Imagino, também, a festa da galera do Vitória em Salvador e pelo Brasil. Um clube particularíssimo, que viveu entre a modernidade de alguns projetos e o atraso de alguns dirigentes. A maneira como o baiano curte o futebol é única. Já assisti a um Ba-Vi na Fonte Nova e vi torcedores dos rivais acompanhando o jogo juntos, lado a lado. Chega a ser comovente nos dias em que vivemos. A Bahia não poderia ficar sem representante na Série A. E tomara que o Bahia em breve se junte ao rival.
A novidade fica por conta do Ipatinga. Confesso que, no início da temporada, não acreditava no potencial do time, achava fraco. Mas ali foi plantada uma boa base pelo Ney Franco e há muito dinheiro por trás do projeto. A equipe é forte fisicamente e foi das mais competitivas. Tem um quê de São Caetano, só que com mais torcida e uma cidade que parece comprar a idéia do time.
2008 já começou para as quatro caras novas - algumas nem tanto - do Brasileirão.

AH, OS TRIBUNAIS!

É, no mínimo, polêmica a decisão do STJD de permitir que o Flamengo, através de efeito suspensivo, recebe sua fantástica torcida contra o Atlético Paranaense. Vai haver chiadeira e pode criar um efeito cascata. Não creio em favorecimentos, mas que causa estranheza, isso causa. Se um torcedor atira uma garrafa ou uma lata ou qualquer outro objeto em campo, o responsável deve ser o clube mandante? Talvez. Houve casos em que o vândalo foi identificado e retirado de campo e nada ocorreu com os clubes. E houve casos de punições pesadas. Confesso que ainda não tenho opinião formada sobre o tema.

AH, A TABELA!

Seria de bom tom que todos os clubes envolvidos em classificação para a Libertadores ou na luta contra o rebaixamento jogassem no mesmo dia e no mesmo horário. E não venham culpara a TV por isso. Ela paga muito e tem o direito de mostrar seus jogos de meio de semana. Basta que os outros jogos dos envolvidos também sejam disputados no mesmo dia.

terça-feira, novembro 13, 2007




VAMOS AO QUE INTERESSA
Dia 19 chega às lojas na Europa e dia 20, nos EUA. Por aqui ainda não sei, mas deve ser em breve. Registro ao vivo da perna europeía da grande turnê Turn It On Again 2007.
Segue abaixo a lista das músicas:
Disco 1.
Duke's Intro / Behind The Lines / Duke's End (Live In Manchester)
2. Turn It On Again (Live In Amsterdam)
3. No Son Of Mine (Live In Amsterdam)
4. Land Of Confusion (Live In Helsinki)
5. In The Cage / The Cinema Show / In The Cage / Duke's Travels (Live In Manchester)
6. Afterglow (Live In Manchester)
7. Hold On My Heart (Live In Hannover)
8. Home By The Sea (Live In Dusseldorf & Rome)
9. Follow You Follow Me (Live In Paris)
10. Firth Of Fifth (Excerpt) (Live In Manchester)
11. I Know What I Like (In Your Wardrobe) (Live In Manchester)
Disco 2
1. Mama (Live In Frankfurt)
2. Ripples (Live In Prague)
3. Throwing It All Away (Live In Paris)
4. Domino (Live In Rome)
5. Conversations With 2 Stools (Live In Munich)
6. Los Endos (Live At Twickenham)
7. Tonight, Tonight, Tonight (Excerpt) (Live In Rome)
8. Invisible Touch (Live In Rome)9. I Can't Dance (Live In Munich)
10. Carpet Crawlers (Live In Manchester)

segunda-feira, novembro 12, 2007

OS 3 CRAQUES DO BRASILEIRÃO


Essa discussão de quem é craque ou não é uma das mais saborosas do universo do futebol. Gera alguns bate-bocas históricos, dura horas e quase nunca há consenso. Fala-se que o Campeonato Brasileiro, embora esteja sendo divertido e bastante disputado, não é de alto nível técnico e que os craques rareiam. Acho até que tecnicamente não está tão ruim, mas concordo com aqueles que acham que os craques sumiram.
Para mim, o Brasileirão 2007 tem apenas três craques, mas CRAQUES mesmo em atividade: Rogério Ceni, Edmundo e Romário. Claro que muitos podem discordar e até achar que existem outros craques. E tomara que existam mesmo. Eu acho que há muitos bons jogadores e alguns jogadores muito bons. Os goleiros Felipe e Diego Cavalieri, Léo Moura, Ibson, Valdívia, Leandro Amaral, Dagoberto, Kléber, Maldonado, Kléber Pereira, Miranda, Alex Silva, Júnior, Fernandão, todos esses e alguns outros eu considero muito bons jogadores, acima da média e prováveis titulares em muitos times do mundo afora. Há ainda um grande número de jogadores bons e jovens promessas como Thiago Neves, Alex do Inter, Guilherme, Diego Souza, Pierre, Hernanes, Leandro, Richarlyson, enfim, muita gente boa.
Agora, craques mesmo eu diria que só aquele trio lá de cima. Tentarei explicar o por quê. Rogério Ceni, além de ótimo goleiro, é literalmente um fora-de-série. Cobra faltas, pênaltis, sai jogando, faz lançamentos, lidera dentro e fora de campo. Há dez anos é titular do São Paulo e é daqueles raros exemplos de atleta que chama público aos estádios. Um dos grandes baratos do futebol brasileiro atual é ver a reação nos estádios quando pinta uma falta para o São Paulo perto da área adversária. Se o jogo é no Morumbi, o estádio vem abaixo. Se o São Paulo é visitante, a torcida da casa faz aquele silêncio de quem espera uma catástrofe.
Edmundo é o craque em fase terminal, o que é uma pena. Ele mesmo afirma que nunca mais estará 100%, mas o que ainda pode render costuma valer a visita. Meu parceiro Milton Leite costuma dizer o seguinte, com aquela categoria toda dele, quando o Edmundo faz alguma bela jogada: "Como é bom ver jogar quem sabe!". Edmundo trata a bola por você mas nunca perde o respeito. Ainda é capaz de encontrar espaços onde outros só vêm confusão e de resolver jogadas que parecem insolúveis com um simples toque.
Romário eu acho que é um gênio do futebol. Atualmente, um craque esporádico, joga uma vez ou outra, tem ainda alguns lampejos e resiste bravamente à aposentadoria. Naquele Vasco x Palmeiras tirou da cartola uma cabeçada que lembrou aquela da semifinal contra a Suécia em 94 e originou uma defesa monstruosa de Diego Cavalieri. Pouco importa que Romário seja visto muito mais como aquela estátua em São Januário, mas enquanto ele ainda assinar como jogador e não colocar o ex antes, será sempre craque.

****Agradeço o incentivo dos amigos e tentarei corresponder para postar com mais frequência no blog.

segunda-feira, novembro 05, 2007


ALTOS E BAIXOS

DO BRASILEIRÃO

A citação musical é de uma das muitas canções eternizadas pela maior de todas as cantoras, Elis Regina Carvalho Costa. O campeonato que eu chamei de Gangorrão 2007 justifica o jocoso apelido em suas últimas rodadas. Exceto o São Paulo, que se diverte vendo tudo lá do alto, o sobe-e-desce vai agitar o País até a última rodada.
Na ponta de cima, o Santos, mesmo exibindo uma injustificada soberba de tempos em tempos, só deixa de se classificar para a Libertadores se houver uma tragédia. O número de vitórias sustenta o Peixe nessa briga.
Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras não inspiram confiança alguma em seus torcedores. Quando o mundo acha que vão decolar, abortam a manobra. Com esses tudo pode acontecer. O Cruzeiro na última rodada deu sinais de que pode reagir. Já Grêmio e Palmeiras deixaram seus torcedores apavorados com o que mostraram diante de Figueirense e Sport. Nisso o Flamengo se aproveitou e, mesmo perdendo para o Cruzeiro, deixou o Verdão para trás, graças ao saldo de gols. O jogo contra o Santos é uma decisão que pode terminar em festa para os dois lados se houver empate e, claro, dependendo dos outros resultados.
Agora, há perguntas que não tiveram resposta por enquanto.
Por que, contra o Flamengo, o Cruzeiro correu o que não estava correndo?
Por que o Flamengo não jogou nada no primeiro tempo?
Como o Grêmio, o melhor mandante do campeonato, deixou o Figueirense tomar conta do Olímpico assim como se estivesse em Floripa?
Por que o Palmeiras, que ficou sete jogos sem perder jogando de um jeito (com uma dupla de volantes, uma dupla de meias e uma de atacantes) foi mudar (Makelelê de meia-atacante não pode dar certo como deu de segundo volante) justo na hora da decisão?
Por que o Santos quase sempre joga tão mal no primeiro tempo e melhora tanto no segundo?
Lá na ponta de baixo da tabela, sofrimento de sobra. Goiás e Corinthians lutam para saber quem consegue ser pior. E o Paraná, à espreita, prepara o bote da sobrevivência. O Corinthians deve a Felipe e a Finazzi, com uma boa dose de auxílio de Betão, o fato de estar vivo no campeonato. Por que o resto do time, em especial Gustavo Nery, Zelão e Iran, não ajudam, apenas atrapalham. Assim como Nelsinho, que insiste em abrir um time que já é uma lata aberta. No Corinthians atual, torcida, Felipe, Finazzi e Betão estão jogando pelo resto.
O Goiás investiu em alguns jogadores que nunca deram muito certo, como Elson, Leonardo, Fábio Bahia. O time é fraquinho, fraquinho. Depende muito de Paulo Baier e de Vítor e precisará jogar o que não fez até agora contra o Corinthians. Ao que tudo indica, essa definição ficará para a última rodada.

E A ESTRUTURA?

Uma das muitas muletas do jornalismo esportivo atual é colocar na conta da estrutura o sucesso dos times de futebol. Claro que ajuda, mas não significa dizer que é tudo. O campeão São Paulo, por exemplo, ficou à míngua de 94 a 2005 e já tinha uma estrutura espetacular. O Cruzeiro tem uma estrutura sensacional já há algum tempo e só foi campeão brasileiro uma vez. O Atlético Paranaense idem. E que dizer do Goiás, muito mais organizado que a maioria dos gigantes do Brasil. Tanto quanto a estrutura física, ainda contam no futebol fatores como conhecimento prático, informação, talento e, por que não, sorte. Além de um outro fator que costuma beneficiar quem o cultiva: paciência. Querem um exemplo? Hernanes, destaque do São Paulo, já tinha sido colocado em descrédito no clube. Tentou a sorte como meia, não foi bem. Parou no Santo André, onde esquentou o banco. Muricy viu nele a possibilidade de ser um bom segundo volante, esperou, aprimorou, trabalhou e deu no que deu.