sábado, junho 23, 2012



Europa x América do Sul



Sempre me questiono sobre as diferenças que existem entre os principais torneios continentais de seleções no planeta bola. Tive a sorte de, profissionalmente, acompanhar muito de perto o último ciclo da Copa América e da Eurocopa. Já cobri outras edições destes torneios, mas a partir de 2007 estive em duas etapas seguidas, in loco, vendo o desenrolar dos jogos.

Há uma diferença gritante: organização. A Eurocopa é muito maior que a Copa América economicamente. Chega a ser covardia comparar um torneio de um continente com dez nações e alguns convidados eventuais, com uma competição que reúne dezenas de países. A Uefa é uma entidade muito mais comprometida com seu negócio do que a Conmebol. O que resulta em um torneio europeu que sempre é realizado nos padrões da Copa do Mundo, enquanto a competição sul-americana ainda reúne defeitos que soariam inacreditáveis para a Uefa.

Na Venezuela, em 2007, no dia da final, alguns integrantes da empresa que comercializa a competição estavam desesperados porque um general qualquer decidiu que os 600 lugares reservados para os patrocinadores seriam ocupados pelos seus convidados.

Na Euro a organização, embora cometa seus deslizes, é muito mais cuidadosa. Os espaços dedicados a torcedores e mídia são mais amploes e confortáveis.

Existe a questão dos deslocamentos e distâncias. Na Europa há o costume de viajar de trem, principalmente na região central, mais rica e desenvolvida. As distâncias são menores, a cultura de viajar entre os países está enraizada e a facilidade de alfândega contribui. Sem contar o poder aquisitivo.

Na América do Sul algumas distâncias são absurdas para os padrões europeus. Para um Venezuelano de Maracaibo ir até  um jogo no Sul do Chile é uma autêntica maratona. Não existe transporte ferroviário decente, onde existe transporte ferroviário. Os voos são longos e complicados, além de caríssimos.

Na Euro realizada por Ucrânia e Polônio o padrão tem algumas situações que remetem à Copa América. Distâncias de milhares de quilômetros, oferta precária de voos entre algumas sedes. Na Ucrânia mais que na Polônia. Se for comparar com Áustria e Suíça em 2008, países em que as linhas férreas são espetaculares, houve uma queda de qualidade.

Os estádios são modernos, eficientes, na maioria. Mas cá como lá há exageros e desperdício por questões políticas, com estádios muito maiores que as necessidades dos times locais.

Mas há diferenças que chamam a atenção e passam longe dos escritórios dos dirigentes. Elas estão dentro de campo, onde a bola rola, que é o que interessa.

A maior delas é a postura dos atletas. A maioria quer jogar bola, não quer enrolação, cavar falta, provocar, xingar juiz. Estão ali para jogar, para fazer o melhor. Em todos os jogos que vi nos estádios nas udas competições isso ficou evidente.

O atleta europeu, ou que joga na Europa, não tem o costume de abandonar a jogada para tentar cavar um pênalti, ou de ficar minutos protestando contra uma marcação.

Na América do Sul ainda estamos muito presos à catimba, à milonga, à tentativa de enganar juiz, adversário, torcida e telespectador. Na Europa, o atleta que tenta cavar falta é vaiado pelo estádio inteiro.

A arbitragem erra muito, na Euro e na Copa América. O jogo europeu é mais ríspido, com menos espaços, e há consciência disso por parte das equipes. Na América do Sul, na última Copa América, vi uma mudança nisso, com as equipes jogando mais compactas, um jogo mais físico, de contato e diminuição de espaço. Isso complicou sobremaneira as vidas de Argentina e Brasil, e foi fundamental para a conquista merecida do Uruguai.

Enfim, sutis diferenças.

sexta-feira, junho 22, 2012


A nova Alemanha

Escrevo essas linhas no intervalo de, por enquanto, Alemanha 1 x 0 Grécia. Não gosto de palpites, mas a tendência é de que os teutônicos, como se dizia, vençam com tranquilidade a alcançem mais uma semifinal de grande competição.

Depois do Brasil, é a Alemanha, historicamente, não tem jeito.

Mas há uma grande diferença no padrão atual do futebol alemão. Arrisco-me a dizer que esse time de 2012 é muito mais do estilo da equipe de 1974 do que das equipes recentes da Alemanha. Há técnica, talento, estilo, como nos tempos de Beckenbauer, Overath, Gerd Muller.

Atualmente, é o time que mais me agrada no ambiente de seleções. Forte, entrosado, talentoso.

O único ponto fraco, penso eu, é a defesa. Ou melhor, a dupla de zagueiros. Hummels e Badstuber não parecem ser zagueiros capazes de dar suporte a um time com um lateral-esquerdo como Lahm e uma dupla de volantes como Khedira e Schweinsteiger. Que jogam muita bola mas assumem o risco de de deixar algo desprotegida a defesa.

Fui privilegiada testemunha do processo de mudança do futebol alemão. Vi ao vivo a Euro de 2008, a Copa do Mundo de 2010 e agora estou vendo a euro de 2012. O time de 2008 era competitivo, mas muito mais fraco que o atual. Tinha Ballack como grande nome. Mas Schweinsteiger ainda como meia-atacante, e muito menos talento, já que a geração de Khedira, Muller e Ozil ainda não havia chegado ao time de cima.

Mais experiente e, talvez, como campeã européia, essa seleção da Alemanha desembarcará fortíssima no Brasil em 2014.

quinta-feira, junho 14, 2012


Uefa joga duro

contra violência







As terríveis imagens da pancadaria entre russos e poloneses, antes do jogo entras as seleções pela Euro, já provocam reações duras da Uefa.

Antes de entrar no tema, registro de muitas dessas imagens foram captadas com exclusividade pelo SporTV, em mais um golaço marcado pela nossa equipe nessa cobertura nunca antes feita para a TV brasileira da Copa européia de seleções.

Não tenho conhecimento histórico suficiente para deitar teorias sobre as origens e motivos do ódio entre polacos e russos. Deixo isso para quem realmente entende dessa história e de História. É um assunto grave, importante, que merece ser analisado por quem é do ramo de fato, não por teorias de ocasião de pseudo-historiadores. O que posso dizer é que eles não se bicam. E ponto.

A Uefa já havia multado em 120 mil euros a Federação Russa de Futebol por causa de incidentes envolvendo torcedores. Agora, ameaça retirar seis pontos da equipe na próxima edição da Euro, o que vale para a etapa inicial. Punição que dificultaria sobremaneira a classificação russa para a fase final em 2016. Isso dois anos antes da Copa do Mundo que os russos organizarão.

Cabe registar aqui que os russos protestam. Argumentam que quem começou a pancadaria em Varsóvia foram os poloneses, que agrediram russos que participavam de uma marcha, até então pacífica, celebrando o Dia da Rússia. Há imagens que corroboram essa tese circulando pelas TVs do mundo. Cabe recurso dos russos. Não duvido que, caso fique provada a iniciativa de poloneses, a federação local será multada.

O que fica claro é a diferença de postura ante problemas desse tipo por parte de dirigentes europeus e sul-americanos. A Uefa joga duro, a Conmebol amolece. A Copa Libertadores tem um histórico terrível de violações dos conceitos básicos de civilidade, com invasões, agressões, brigas. Mas a única punição que parece interessar à entidade são os dólares que arrecada com cada cartão amarelo.

Não existe uma rivalidade na América do Sul que seja tão intensa como essa de russos e polacos. Sem querer ser historiador de plantão, acho que apenas entre chilenos, bolivianos e peruanos, envolvidos em diversas guerras e invasões, exista algo que remeta a isso. Mas nada tão intenso.

Também não existe entre os dirigentes de futebol sul-americanos uma preocupação com a preservação de seu negócio como se vê por parte da Uefa. Eles sabem que quanto mais longe mantiverem os radicais que se aproveitam do futebol para espalhar seu ódio, mais forte será o retorno esportivo e econômico.

A questão da bebida também é importante. Bebe-se muito no mundo todo, e o álcool está associado ao futebol como propaganda e diversão. A cerveja é consumida em quantidade industrial nos dias de Euro, e certamente potencializa situações de confusão. Embora na maioria das vezes nada aconteça, além de uma horas de sono na calçada.

Há uma diferença cultural importante, também, no uso de transporte público, ou na ida à pé para os jogos, diminuindo o número de acidentes de trânsito.


terça-feira, junho 12, 2012



Tensão em Varsóvia




Escrevo estas linhas poucas horas antes da transmissão do SporTV de Polônia x Rússia, pela Euro 2012. Enquanto batuco ao teclado, o som de sirenes ecoa pela capital polonesa.

Há um frenético deslocamento de carros de polícia pela cidade, além da presença ostensiva de forças de segurança. Calcula-se que 20 mil russos estarão na cidade para o jogo. Vi vários pela cidade hoje cedo, muitos deles com algumas doses de vodca a mais na cabeça. Assim como alguns poloneses.

Durante uma caminhada, eu e Milton Leite cruzamos com um grupo de carecas poloneses tipicamente representantes dos movimentos skinheads ultra direitistas que pululam pela Europa. Boa coisa certamente não queriam.

A história - e não sou historiador - mostra que russos e polacos provavelmente jamais serão amigos. Há um passado de traição e ocupação por parte dos russos que os polacos têm dificuldade em perdoar.

Infelizmente, muita gente ainda ocupa o sagrado espaço do esporte para propagar ideias vazias e ultrapassadas. Deveria ser apenas mais um jogo de futebol, dentro de sua restrita importância. Tomara que termine apenas dessa maneiras.

Mas Varsóvia está tensa.

Itália e Tática


Em resposta ao comentário do leitor José Carlos, escrevo minha opinião. Não sei qual sua ideia de bobagem, mas o jogo foi claro como água da fonte. De Rossi jogou como terceiro zagueiro, fazendo a sobra, e livre para sair para o jogo quando a Itália tinha a posse de bola. Como pontuou o treinador Cesare Prandelli, e o mundo viu. 

segunda-feira, junho 04, 2012


Nos vemos na

Uefa Euro 2012


Cobertura completa do canal campeão, com uma grande equipe, à qual me junto a partir do dia 6, em Varsóvia.