quarta-feira, junho 24, 2009

A regra do futebol
é tudo, menos clara


Arnaldo Cezar Coelho e outros amigos comentaristas de arbitragem que me perdoem, mas a regra do futebol pode ser tudo, menos clara.

A palavrinha mágica é interpretação. Pegue um lance polêmico, algo banal até: foi falta ou não? É penalti? Ouça três comentaristas de arbitragem. De acordo com o lance, é capaz de os três mostrarem opiniões diferentes.

Pênalti, por sinal, é o que mais gera polêmica. Há diversas opiniões circulando a cada jogo. Sempre que falo em algum comentário que foi pênalti ou não, encontro opiniões divergentes. Tem gente que concorda, gente que discorda.

Há os mais prepotentes, arrogantes, que acham que a opinião deles é a única, inatacável. Dizem assim: "se isso é pênalti, eu não entendo nada de futebol". Ou então afirmam que tudo é bobagem.

Desses quero distância na hora do debate. Gosto da discussão saudável no futebol. Mas infelizmente há certo tipo de debatedor, comentarista profissional ou não, que pensa ter ido ao shopping e comprado a verdade à vista, com exclusividade.

Cada vez mais acho que o sujeito que escolhe ser árbitro de futebol ou é maluco ou então é um estóico. E farei um exercício de humildade antes de criticar fulano ou cicrano. Vide o caso de Djalma Beltrami. Todo mundo achando que ele errou, mas a imagem mostra que Beltrami viu uma falta que pouca gente viu, mas parece falta mesmo. Coisas da vida. Mais respeito com eles.

3 comentários:

Rodrigo Azeredo disse...

Perfeito, Noriega. E justamente por essa razão é que não me convenço sobre o tal apito eletrônico. Tirando os lances de impedimento e aqueles em que a dúvida é se a bola ultrapassou ou não a linha, os demais lances exigem um elemeto subjetivo que a tecnologia não é capaz de alcançar. É a interpretação. Nestes casos acho que a discussão sobre a idoneidade das decisões seria muito maior se fosse permitido que outras pessoas julgassem o lance após uma paralização, pois nunca há unanimidade sobre o que de fato ocorre em campo. Acredito que o árbitro hoje tem a seu favor o fato de ter que decidir em milésimos, sendo que natural que erre. No caso dó "apito eletrônico" as discussões extrapolariam o ser bom ou não e surgiriam diversas teorias conspiratórias a respeito das decisões baseadas em análise de videotape. É muita ingenuidade, ou falta de visão do real problema em relação aos erros de arbitragem, acreditar que mais pessoas interpretando uma imagem vai deixar o futebol mais justo.

Crisão disse...

Noriega, estou de acordo. Tudo que é passivo de interpretação, torna-se pessoal do ponto de vista -- olhar -- de cada um. Por isso temos leis e jurisprudência em Direito. Se fosse tão simples e tão claro, não seria humano.

Mas ele (Arnaldo) precisa dizer isso para planificar um pouco as coisas, faz parte. A gente -- com paciência -- entende.

bjs

Marcelo Rayel disse...

A questão não está na anulação em si, do gol do Santos. Foi bem anulado e isso por si só já basta. Águas passadas não movem moinhos. De resto, o Barueri disse para que serve...

O problema é que tudo o que há de bizarro no futebol tem precedente no Beltrami. Vide Batalha dos Aflitos... Acho que ele era o árbitro naquela partida, não?!

A regra pode até ser clara. A mente que coordena o olho é que são elas. Os comentaristas podem até dizer se foi penalti ou não. Tem uma penca de lances que são falta, e daquelas bem brabas mesmo.

Marcá-las ou não é uma questão de coragem ou loucura. Em caso se encaixa o Beltrami?