Heróis anônimos de
um time de futebol
Nos tempos de repórter setorista a gente conhece as entranhas de um time de futebol. O dia-a-dia dos clubes, os caras que estão ali apenas para agitar, os fofoqueiros, os apaixonados de fato, os dirigentes marqueteiros e os realmente bem intencionados.
Também conhecemos as pessoas que pouca gente conhece mas que fazem funcionar o time, que possibilitam aos jogadores chegarem ao clube e aos estádios com tudo pronto para treinar e jogar, e que também os socorrem nos momentos difíceis.
Principalmente os massagistas, os roupeiros, alguns seguranças e funcionários.
Lembro-me de um dia que fui às laranjeiras e conheci o famoso Ximbica, roupeiro do Flu e da seleção por muito tempo. Diziam que em alguns momentos ele mandava mais no time do que o próprio presidente, tamanha a autoridade moral adquirida.
Não conheci o Mário Américo, mas ouvi boas histórias do neto, dos tempos de ouro da seleção. Assim como aprendi a respeitar o Luizão, outro importante personagem dos bastidores da seleção e que certa vez, em Fortaleza, me arrumou uma carona providencial, já que o motorista do táxi que estava comigo simplesmente tinha sumido do mapa.
No São Paulo tinha o seu Hélio, massagista, uma figura sensacional, que andava de Mercedes e mesmo todo complicado com problemas de coluna carregava jogadores para fora do campo com um braço apenas. E tinha uma biblioteca de belas histórias. Era respeitadíssimo pelo Telê.
O Atlético Paranaense tem o Bola, um massagista que é quase que um símbolo do clube.
No Corinthians houve um trio de seguranças que era espetacular. Tim Maia, Pedrão e Kojak. Resolviam tudo na conversa, no bom humor, raramente apelavam para a violência e quando faziam era para conter alguém que tinha apelado primeiro.
Não ameaçavam ninguém, não se metiam onde não eram chamados, ajudavam e até passavam boas notícias de bastidores. Tim Maia, parecido mesmo com o Síndico, até arranhava um violão.
Li hoje a notícia da morte do seu Panza, um dos roupeiros do Palmeiras, já há muito tempo. Era daqueles mal-humorados engraçados, divertidos. Os jogadores o adoravam e levavam numa boa até as "cornetadas" explícitas de torcedor após as derrotas.
Deixo aqui minha homenagem a essas figuras emblemáticas do mundo do futebol. Trabalham muito, ganham pouco, servem como dirigentes e pais postiços de jogadores em diversas ocasiões. Infelizmente estão sumindo aos poucos, engolidas por um processo que tira todo o romantismo do esporte.
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