Imprensa x treinadores
x jogadores x torcedores
Virou moda o embate quase diário entre jornalistas e treinadores, jogadores e torcedores no que se refere à cobertura do dia a dia do futebol no Brasil.
Longe de mim querer fazer um manifesto em defesa da categoria. Não tenho procuração para isso e acho que a categoria erra tanto quanto erram jogadores, treinadores e torcedores. Tem gente boa e ruim de todos os lados.
Ultimamente atribui-se a imprensa alguma parcela dos problemas dos clubes. Jogadores reclamam, muitas vezes com razão, de que declarações foram deturpadas. Mas em outros casos os mesmos falam e depois dizem que não falaram, têm medo da repercussão e para alguns falta caráter para sustentar o que falaram.
Há, também, muita fofoca e notícia mal apurada. Ouve-se apenas uma fonte, não se checa e quem se interessa apenas pela polêmica e não pelo bom Jornalismo, cai nessa.
Hoje a cobertura esportiva mudou muito. Tenho mais de 20 anos de carreira e a situação é muito diferente de quando comecei. Hoje pululam mídias. Rádios, sites, tv aberta, tv fechada. Antigamente havia cinco repórteres num treino, hoje há dezenas.
Os jogadores e treinadores também mudaram. Técnico fala demais, virou estrela de primeira grandeza, dá longas e professorais coletivas. O jogador, a estrela do espetáculo, ou não quer falar ou é protegido por alguns assessores de imprensa que mais atrapalham que assessoram.
A cobertura é massiva, sufocante, irritante até. E os estouros são mais frequentes.
Sobre notícia, uma coisa que aprendi em duas décadas de cobertura: ninguém inventa notícia. Existe notícia boa ou ruim no sentido de ser checada, crível ou não. Notícia de crise, por exemplo, de briguinha interna, vem de dentro do próprio clube. Muitas vezes é mentirosa, mas sai de alguém que quer ver o circo pegar fogo.
O mau jornalista não checa, acredita em apenas uma fonte e publica. Logo em o desmentido. Ainda que seja verdade, começa o pingue-pongue. Falou ou não falou?
O torcedor muitas vezes ouve coisas que ninguém falou. Enxerga inimigos, complôs, desrespeito. Acha que você não gosta do time dele, que persegue o estado dele, que é bairrista.
Um flamenguista e um são-paulino, por exemplo, acharam chacota a proposta que fiz no post anterior sobre a frase "se deixar chegar..." Tanto não queria chacota que coloquei no post isso, amigo rubro-negro. Não procure fantasmas onde eles não existem. Aí, sim, você estará desrespeitando a história do clube que nasceu nas ruas e foi adotado pelo povo.
O que está faltando é bom senso. Há muita tensão no ar. E é preciso autocrítica de todos os lados envolvidos. Menos piadinha, como as que fizeram com Obina, que é um profissional do futebol e não merece ser ironizado. Mais Jornalismo e menos fofoca. E mais respostas e menos bravatas.
3 comentários:
Valeu Mauricio Noriega. Acho importantíssimos espaços como este blog assim como o blog do Juca Kfouri, onde é possível a nós, simples torcedores, manifestarmos nossa opinião a jornalistas sérios. O problema, é que Jornalistas (com J maiúsculo) como você e o Juca Kfouri são raridades neste meio. As bobagens que nós freqüentemente postamos é reflexo das bobagens que a gente lê nos jornais, ouve no rádio, assiste pela TV e acessa na Internet. As patadas do Muricy, Luxemburgo, Dunga, Felipão e até do Maradona, são reflexo da banalização por que passa não só o jornalismo esportivo, mas o jornalismo geral. Os telejornais de todas as emissoras são todos iguais e destacam mais as intrigas e as fofocas. Quando um jornalista vai questionar o motivo da queda do Palmeiras não seria mais fácil ele se perguntar: Se o São Paulo perdesse seus principais jogadores (não comparando a qualidade técnica) como por exemplo Miranda, Hernanes e Dagoberto ao mesmo tempo ou seguidamente e por várias rodadas, ele teria o mesmo rendimento??? Alguém além de um Mauricio Noriega ou de um Juca Kfuri seria capaz de concluir (sem o Muricy precisar explicar) que o rendimento do time em seu comando caiu não por simples falta de competência mas porque, pelas características dos jogadores, ele teve que jogar de forma diferente do que gostaria??? E que improvisar é arriscar??? Ou queriam que Muricy viesse a público e dissesse: - Nós perdemos o nosso melhor zagueiro e o nosso melhor volante. Vamos rezar lá na defesa e seja o que Deus e São Marcos quiser... É muito mais fácil falar em números e espalhar factóides...
O problema maior disso tudo são as generalizações. Os jornalistas "ruins", aqueles que falam o que ouvem, não checam, acabam tumultuando, pois com noticias não verdadeiras consgeuem chamar atenção. Isso é de desagrado de treinadores/jogadores, que criticam uma minoria. O entrave gerado, porém, é que essa generalização das críticas recai sobre os "bons jornalistas", os que tem qualidade.
O jornalista X cria intriga, a imprensa como um todo é criticada. A culpa recai nos bons jornalistas. O camarada não vai pensar que o jornalista X é quem planta notícia ruim, vai pensar que é o Noriega, o Lédio Carmona etc.
Claro, a imprensa erra, mas o maior erro está na generalização.
abs
Esse é definitivamente o texto com a opinião mais sensata sobre o assunto. Quando puder apresenta esse seu ponto de vista para seus colegas de Sportv Marcelo Barreto e Renato Maurício Prado, que andam meio raivosos e corporativistas com as críticas.
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