Uma enchente de incompetência
ameaça a Copa do Mundo de 2014
Paralisado pela expectativa da eleição presidencial, o Brasil a cada dia vai caminhando rumo ao sério risco de pagar um mico histórico na realização das duas maiores competições esportivas mundiais, a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Faltam três anos para a Copa das Confederações de 2013, o grande teste para a Copa de 2014, e não há um tijolo sendo colocado em uma obra que tenha como objetivo melhorar alguma coisa para o Mundial de futebol. Enquanto isso, os brasileiros se acotovelam em aeroportos que parecem rodoviárias dos anos 70, se perdem em rodovias inauguradas às pressas e mal sinalizadas e, tragédia nojenta e recorrente, morrem soterrados em deslizamentos pelas chuvas e enchentes de todo ano. Nada mudou.
A irritante mania dos políticos brasileiros de deixarem tudo para o próximo governante e acusarem os antecessores de nada terem feito segue viva, firme e forte. O governo federal atual não quer gastar com nada que possa ser inaugurado pela oposição, se este vencer o pleito presidencial. O mesmo vale para as esferas estaduais.
De novo, o Brasil perde uma chance de ouro para crescer de forma consistente. A economia dá uma arrancada e é obrigada a frear no sinal vermelho da falta de infra-estrutura. A Copa e a Olimpíada podem ser motores da realização de obras fundamentais para o País. Estradas, aeroportos e ferrovias melhores ajudariam no escoamento da produção e favoreceriam a circulação de turistas pelo Brasil.
Para se ter uma idéia de o quanto isso é serio, a África do Sul deixará de receber milhares de turistas na Copa por não ter um sistema hoteleiro eficiente e nem um sistema de transportes que se aproxime do padrão europeu. E os europeus são os grandes consumidores do futebol. Acostumados que estão com a facilidade de deslocamento proporcionada pelo espetacular sistema ferroviário e seu continente, estranham sempre que não contam com essa facilidade.
Mas no Brasil os dirigentes do futebol e os políticos preferem brigar por fatias generosas de dinheiro público que podem brotar dos orçamentos visando a Copa do Mundo.
4 comentários:
Soberbo e espetacular seu texto, Nori!!!
Infelizmente, vc traduziu meu pensamento: vamos sim, pagar um mico histórico, a menos que aconteça um milagre. Será???
abs
Eh a mais pura realidade...seu texto resumiu bem a ganancia desses que nao querem o desenvolvimento do pais...onde ja se viu um pais com um extensao territorial tao grande e nao ter uma malha ferroviaria adequada?! O Japao que eh uma ilha, de terreno todo acidentado, se eh possivel ir para todos os lugares de trem ou metro...jah aqui...
Abracos Leo
CAIU A MÁSCARA DOS DEFENSORES DO MORUMBI NA COPA.
A opção pelo Morumbi para abrigar os jogos da Copa-2014 em São Paulo é estapafúrdia.
Na tentativa de justificá-la, criou-se a tese dos "menores custos", ou seja: ao invés de se realizar a óbvia construção de uma arena para a Copa, dever-se-ia reformar o Morumbi, pois sairia mais barato. A "cereja no bolo" dessa tese era: o governo não colocaria nenhum tostão em estádios, e a adequação do Morumbi ficaria totalmente a cargo de seu proprietário, o SPFC.
Como se fosse possível adequar o obsoleto e estruturalmente defeituoso Morumbi a baixo custo... Como se fosse crível a não participação da administração pública na concretização de um evento do porte de uma Copa do Mundo...
Seguindo o roteiro idealizado, apresentou-se um projeto de reforma do Morumbi (com direito a risível animação computadorizada), e um orçamento de irrisórios R$ 130 milhões.
A FIFA recebeu o projeto de reforma do Morumbi com constrangido espanto. Não era possível que a maior, mais importante e mais rica cidade brasileira, São Paulo, almejasse participar da Copa-2014 com um estádio flagrantemente fora dos padrões mínimos esperados, o qual contava com melhoramentos projetados que mais se aproximavam de uma maquiagem do que de uma imprescindível reforma radical.
Se São Paulo apresentava um plano de realização desses, o que se esperar, e se exigir, das demais cidades-sedes? A FIFA manifestou o seu desagrado. A partir daí, começou o o processo que os partidários da candidatura do Morumbi qualificaram como "perseguição" e "implicância"; chegaram a dizer que existiriam interesses escusos por trás do desagrado da FIFA...
A verdade é que a adequação do obsoleto e estruturalmente defeituoso Morumbi para a Copa do Mundo de 2014 é difícil, cara e de custeamento complicado, tendo em vista o fato de o estádio ser particular, propriedade do SPFC.
A vergonha começou logo quando soube que minha cidade do Natal seria sede dum evento de grande porte como a Copa. Nori, amo minha cidade, defendo-a com unhas e dentes, mas não sou hipócrita: Natal não tem UM museu digno; o único teatro que existe fica numa área portuária, de difícil acesso; vivemos do turismo e de politicagem; o comércio é fraco e deficitário. COMO uma cidade como Natal (nem julgo outras com mesmo porte) ganhou o direito de ser sede duma COPA!? Quanto às obras... NENHUM tijolo foi colocado no local que deverá (?) ser o novo estádio da capital. Esperar pra ver o mico.
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