quinta-feira, julho 19, 2007

É PRECISO SABER PERDER
E APRENDER A GANHAR

Histórico não é nada menos do que mereça ser chamado o jogo que decidiu a medalha de ouro do vôlei feminino nos Jogos Pan-americanos do Rio. Brasil e Cuba fizeram uma partida de técnica, entrega, superação e reviravoltas. Tudo e mais um pouco do que se pode esperar de um espetáculo esportivo de alto nível. E, sem nenhum resquício de frustração, cravo que o Brasil, como time, é muito melhor que Cuba. Por que perdeu, então? Claro que há dezenas de teorias e explicações, mas nenhuma delas será mais completa do que a que reconhece a superioridade e a superação de Cuba. Ao ótimo time do Brasil acho que, fundamentalmente, faltou saber vencer. Resta a essa equipe muito bem montada e comandada por José Roberto Guimarães ser aprovada na lição final do esporte de alto rendimento: aprender a ganhar.
O Brasil teve o jogo nas mãos várias vezes, seja em pontos do jogo ou em situações psicológicas favoráveis. Mas se deixou levar, em especial a ótima ponteira Paula Pequeno, pelas eternas e batidas provocações cubanas. Paula fazia um jogo espetacular, de antologia, até que, ao ser pega num bloqueio no quarto set, respondeu às provocações cubanas e saiu um pouco do jogo. O Brasil ainda se equilibrou com Sheila, mas faltava Paula em alto nível, o que demorou a voltar a acontecer. No set decisivo, num lance fundamental, o time brasileiro parecia já partir para a comemoração de um ponto, com Fofão e Fabi se trombando na quadra e muitas jogadoras dando as costas para o jogo. Cuba, em vez disso, disputava todas as bolas, com defesas e coberturas praticamente impossíveis.
O craque Tande disse, na transmissão da Globo, que para ganhar um jogo é preciso, na medida do possível, não pensar que se está ganhando. Não sair da concentração, não pensar no que vem depois. É naquele momento único que um ponto, um torneio se decide. Há pesquisas sérias que apontam o seguinte: 70% dos resultados em esporte de alto nível são decididos no aspecto psicológico. Assim foi ontem com o vôlei feminino. Cuba fez o que sempre soube fazer. Um jogo algo quadrado, taticamente antigo, mas consistente, recheado de provocações. Só joga provocando o tempo todo quem tem o hábito de fazê-lo. As brasileiras não o têm.
Fora isso, valeu pelo espetáculo e pela certeza de que o futuro do vôlei feminino do Brasil é muito mais brilhante que o de Cuba.

Ronaldo, sim senhor.

Recebo uma pergunda sobre a presença ou não de Ronaldo, o Fenômeno, na Seleção Brasileira. Fecho questão com Luiz Felipe Scolari. Enquanto não aparecer ninguém melhor que ele - e não apareceu - a camisa 9 da Seleção tem dono, independente de peso.

Um comentário:

Pedro disse...

Que jogão! Foi mesmo um grande espetáculo para quem gosta de esporte. Depois do que aconteceu em Atenas, estava torcendo muito. As meninas mereciam levar essa em casa. Fica contudo a certeza do trabalho bem feito, ainda teremos muitos títulos com essa seleção.

Passam os anos e Cuba continua papando medalhas e medalhas. São um exemplo para o Brasil, temos muito a aprender com essa ilhazinha.