É PRECISO SABER PERDER
E APRENDER A GANHAR
Histórico não é nada menos do que mereça ser chamado o jogo que decidiu a medalha de ouro do vôlei feminino nos Jogos Pan-americanos do Rio. Brasil e Cuba fizeram uma partida de técnica, entrega, superação e reviravoltas. Tudo e mais um pouco do que se pode esperar de um espetáculo esportivo de alto nível. E, sem nenhum resquício de frustração, cravo que o Brasil, como time, é muito melhor que Cuba. Por que perdeu, então? Claro que há dezenas de teorias e explicações, mas nenhuma delas será mais completa do que a que reconhece a superioridade e a superação de Cuba. Ao ótimo time do Brasil acho que, fundamentalmente, faltou saber vencer. Resta a essa equipe muito bem montada e comandada por José Roberto Guimarães ser aprovada na lição final do esporte de alto rendimento: aprender a ganhar.
O Brasil teve o jogo nas mãos várias vezes, seja em pontos do jogo ou em situações psicológicas favoráveis. Mas se deixou levar, em especial a ótima ponteira Paula Pequeno, pelas eternas e batidas provocações cubanas. Paula fazia um jogo espetacular, de antologia, até que, ao ser pega num bloqueio no quarto set, respondeu às provocações cubanas e saiu um pouco do jogo. O Brasil ainda se equilibrou com Sheila, mas faltava Paula em alto nível, o que demorou a voltar a acontecer. No set decisivo, num lance fundamental, o time brasileiro parecia já partir para a comemoração de um ponto, com Fofão e Fabi se trombando na quadra e muitas jogadoras dando as costas para o jogo. Cuba, em vez disso, disputava todas as bolas, com defesas e coberturas praticamente impossíveis.
O craque Tande disse, na transmissão da Globo, que para ganhar um jogo é preciso, na medida do possível, não pensar que se está ganhando. Não sair da concentração, não pensar no que vem depois. É naquele momento único que um ponto, um torneio se decide. Há pesquisas sérias que apontam o seguinte: 70% dos resultados em esporte de alto nível são decididos no aspecto psicológico. Assim foi ontem com o vôlei feminino. Cuba fez o que sempre soube fazer. Um jogo algo quadrado, taticamente antigo, mas consistente, recheado de provocações. Só joga provocando o tempo todo quem tem o hábito de fazê-lo. As brasileiras não o têm.
Fora isso, valeu pelo espetáculo e pela certeza de que o futuro do vôlei feminino do Brasil é muito mais brilhante que o de Cuba.
Ronaldo, sim senhor.
Recebo uma pergunda sobre a presença ou não de Ronaldo, o Fenômeno, na Seleção Brasileira. Fecho questão com Luiz Felipe Scolari. Enquanto não aparecer ninguém melhor que ele - e não apareceu - a camisa 9 da Seleção tem dono, independente de peso.
Um comentário:
Que jogão! Foi mesmo um grande espetáculo para quem gosta de esporte. Depois do que aconteceu em Atenas, estava torcendo muito. As meninas mereciam levar essa em casa. Fica contudo a certeza do trabalho bem feito, ainda teremos muitos títulos com essa seleção.
Passam os anos e Cuba continua papando medalhas e medalhas. São um exemplo para o Brasil, temos muito a aprender com essa ilhazinha.
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