quinta-feira, novembro 25, 2010

O Goiás ganhou. Não foi


o Palmeiras que perdeu


Antes que soem as cornetas do bairrismo xiita, deixo aqui o link de um post anterior, no qual já falava do valor e do caráter demonstrados pelo time do Goiás, mesmo naquele período à beira do rebaixamento posteriormente consumado.

Isso posto, vamos ao duelo que colocou o Esmeraldino na inédita decisão da Sul-americana. O eixo das análises quase sempre passa pelos times grandes, de mais camisa e torcida. Mas o jogo de ontem foi muito mais vencido pelo Goiás do que perdido pelo Palmeiras.

Estava tudo a favor do Verdão. Resultado no primeiro jogo, time descansado, estádio cheio, torcida em festa. A vantagem aumentou com o gol de Luan e o bom primeiro tempo que vinha jogando o time de Scolari. Não que o Goiás jogasse mal, mas o Palmeiras dominava. Até o gol de empate goiano, de Carlos Alberto, no segundo final da etapa primeira.

Foi o que bastou para que o Esmeraldino reacendesse seu fogo, e o Palmeiras reencontrasse os fantasmas de seu passado recente de fracasssos. No segundo tempo o Goiás foi de uma coragem merecedora de aplausos. Não tinha nada a perder e arriscou com as armas que tinha. Rafael Moura, sozinho, deu uma canseira nos reticentes zagueiros alviverdes.

Felpão tirou Lincoln, que era a única fonte de criatividade do time, para colocar Dinei.Talvez escorado no seu histórico de gols salvadores de cabeça. Mas Dinei não é Jardel, e o Palmeiras de hoje não tem Arce. Dinei não pegou na bola, e o Palmeiras se abriu para a única jogada aguda do Goiás, o contragolpe.

Aí, num lance de puro descontrole emocional, Márcio Araújo tomou um chapéu (lençol, balão) do gramado, numa bola que era limpa para ele, e na sequência, em grande jogada de Marcão (ex-palmeirense), Ernando fez o gol da virada.

GOL LEGAL. E puxo minha própria orelha pelo vacilo na transmissão do SporTV, pois errei feio ao dizer que havia posição de impedimento de Ernando. Lição a ser aprendida, pois, como estava na dúvida, era só ter aberto o livro de regras que levo sempre comigo. Fui confiar na memória e o cabeção me traiu. Felizmente, Arnaldo Cezar Coelho explicou a mudança ocorrida na regra após 2008, durante nossa transmissão. Isso porque o vacilão aqui cobriu a Euro 2008 (quando se precipitou a mudança) e até falou sobre isso. Devo minhas desculpas ao nosso telespectador e aprendi mais uma.

Há alguns dias disse num Arena SporTV que o Goiás tinha caído de pé e fui detonado. Mas é o que penso. O grupo de jogadores mostra profissionalismo e entrega ante um cenário de caos administrativo. E se classificou ganhando as vagas sempre fora de casa. Não vai virar um timaço, longe disso, mas seus jogadores precisam ser reconhecidos como atletas de caráter. Resta aos seus dirigentes honrar esses jogadores, a história e a torcida e reconstruir um clube que se admitiu destruído economicamente.

Ao Palmeiras resta juntar os cacos de mais um fracasso de sua enorme coleção (que nem de longe se compara ao histórico de glórias do clube, mas incomoda seu torcedor). Foi eliminado em casa, quando tinha uma enorme vantagem, fez chorar seus torcedores que haviam preparado uma festa linda, e tudo isso diante de um time que tinha sido rebaixado para a Série B do Brasileiro há dias.

Como admitiu o próprio Felipão, uma vergonha. Falta ao grupo de jogadores do Palmeiras, assim como faltou em 2009, um perfil vencedor. Os jogadores se abatem nas adversidades, muitos deles se escondem nos momentos decisivos, são traídos pelos nervos. Lutam, mas acabam derrotados por seu próprio medo de protagonizar. A maioria me parece ser assim.

O clube vive um caos político há tempos e se apega aos chamados salvadores da pátria. Felipão foi contratado para isso. É ótimo treinador, mas não é milagreiro. Desde 1977 até 2008, apenas dois treinadores  foram campeões com o Palmeiras em torneios de primeira categoria: Felipão e Luxemburgo.

Isso prova que o problema palmeirense é de estrutura de futebol, de pensamento estratégico e de direção. Falta renovação e sobram intrigas e as chamadas vendettas. Só mesmo a torcida tem sido fiel ao seu amor pelo clube. Que derroas como a de ontem podem provocar rupturas nessa relação.

Enquanto não admitir que é um clube politicamente engolido pelo atraso e pela discórdia, o Palmeiras seguirá patinando. Não adianta inventar inimigos imaginários e jogar a culpa em terceiros.

10 comentários:

Anônimo disse...

Quem te acompanha, reconhece seu bom trabalho, sua opinião equilibrada. Errar, todo mundo erra. Repito: todo mundo. Quer um conselho? pare de sofrer e tentar mostrar a todos na TV, blog, twitter, que não conhecia aquela regra. A perfeição não é exclusividade de ninguém neste mundo. Nem do Arnaldo. Mantenha a alegria e o bom astral de seu trabalho.

Americo disse...

Nori, Noriega !!!
Você ainda continua um dos melhores comentaristas do Brasil, por isso trabalha ao lado do mestre Milton Leite!
Falando sobre o jogo, resultado justo, e agora o Scolari não está tão blindado assim, o maior salário da América Latina de um treinador e a falta de atletas com caracteristica de campeão, existe falhas anormais no Palmeiras, o Pescarmona disse uma verdade time com salário europeu e futebol de 2ªdivisão.

Edu Andrade disse...

Caso o Goiás vença a sulamericana, tendo sido ele rebaixado no brasileirão, poderá participar da LIbertadores 2011!?

alcides disse...

Reparando um erro!
Foram três os técnicos campeões pelo Palmeiras no tempo aludido pelo blogueiro: Luxa, Felipão é Murtosa, em vôo solo, quando ganhou a copa dos campeões.
PS - Felipão deixara o clube um mes antes do título.
EIS OS DADOS TÉCNICOS DA FINAL VENCIDA POR MURTOSA:

PALMEIRAS 2x1 SPORT
Local: Rei Pelé (Maceió-AL - 21h45);
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS); Público: 22.560;
Gols: Asprilla 32' do 1º; Alberto 9' e Nildo 46' do 2º;
Cartões Amarelos: Leomar, Russo, Sérgio, Taddei, Almir e Agnaldo.
PALMEIRAS: Sérgio, Neném, Paulo Turra, Agnaldo e Jorginho;
Fernando, Taddei, Juninho Paulista e Asprilla;
Alberto (Titi) e Basílio (Adriano). Técnico: Flávio Murtosa.
SPORT: Bosco, Erlon, Márcio, Evaldo e Marquinhos;
Leomar, Sidney, Nildo e Adriano;
Almir e Sandro Gaúcho. Técnico: Émerson Leão.

TEMPO TRABALHO E DINHEIRO DESPERDIÇADOS.
Com um time de jovens e trabalhadores, o Palmeiras levantou o título com propriedade.
Mas Cavalone, na TV Gazeta, não se conformou com a conquista de jogadores sem nome e fama, desmoralizou os campeões assim que chegaram e iniciou um lamentável movimento para que o Palmeiras contratasse jogadores de nome. Cavalone continua o mesmo. O Palmeiras, também (AD).

Raphael Carvalho - RJ disse...

Boa, Noriega! Estava acompanhando ao vivo a partida, e fiquei muito irritado com sua análise, no lance do segundo gol. Mas, já passou, e vc teve a hombridade de reconhecer em seu blog. Parabéns! E falando no jogo, o Palmeiras perdeu para ele mesmo. Abraço.

Robertson Luz disse...

Olá Noriega, admiro muito seu trabalho bem como de alguns comentaristas da TV brasileira. Porém, fico um pouco chateado pelo fato de muitas vezes vocês, do eixo Rio-SP, assistirem outro jogo do que nós no restante do Brasil. Por exemplo sobre o erro de ontem no 2º gol do Goiás, fiquei extremamente irritado com a falha daquele momento e a irritação passou quando li esse post do blog. Porém, aponto a culpa do erro não pelo desconhecimento da regra, mas sim pelo fato de que o futebol brasileira não é mais apenas RIO-SP. Os outros times também estão ganhando de uns tempos para cá. E vocês, comentaristas do eixo, não estão acostumados a isso e puxam sempre a sardinha para esses times. Vou citar um exemplo, para a maioria de SP foi o Palmeiras que perdeu do Goiás e não o Goiás que venceu o Palmeiras.

Muitas vezes as emissoras do eixo esquecem que o programa é veiculado em todo o Brasil e não apenas em RIO-SP.

Se houvesse imparcialidade (quesito básico para o jornalismo sério), teríamos uma ganho imenso de qualidade. Pois vejo o jogo pelo PFC no mudo, devido aos comentários infelizes pró "times grandes".


Obrigado pelo espaço, este comentário foi mais um desabafo em geral. Nada especificamente ao Nori.

Ass: Robertson Luz (Jornalista e Fotógrafo)

robertson_luz@hotmail.com

Robert Alvarez Fernández disse...

Nori, relaxa, quem é um juiz muito severo de si acaba sofrendo mais que precisa.

Nada muda a qualidade percebida do trabalho.

Análise no texto muito equilibrada e precisa, o clube precisa se reinventar, e não é só o Palmeiras, embora claramente seja este o objeto de análise pelo jogo de ontém.

Abraços,

Robert

Anônimo disse...

Ola Noriega.

Achei o Rafael Moura ontem um gigante em campo. Jogou muito. Não é nem sombra do garoto assustado que chegou no corinthians uns anos atras. Sera q o Goias não quer o Iarley e manda o Rafael Moura de volta para o Corinthians.

[]'s
Danilo

Anônimo disse...

Ola, Nori...
Acho uma bobagem dizer que comentarista não pode torcer para um time, por quê? Todo brasileiro tem um time do coração, o direito de torcer (eu diria que "quase" o dever de torcer para algum time), não vejo problema algum nisso...
Como torcedor do São Paulo gostaria que nos jogos do meu time, pelo menos alguém da transmissão torcesse para meu time... Contra o Inter na Libertadores, o comentarista de arbitragem era um gaúcho!? Fiquei "p..." da vida...
Abraço.
Alex.

Alcides disse...

Volto ao seu blog apenas para dizer que errar todo mundo erra. Não sei qual foi o seu erro porque ontem vi o jogo pela Band. Estava em casa de um amigo que não tem o SPORTV. Sou supersticioso e acho até que foi por isso que perdemos. Brincadeira à parte, não fique chateado por haver se penitenciado de tal erro, publicamente, através de seu blog.
Eu também procedia assim quando exercia a profissão. Reconhecer um erro ou confessar ignorância em assuntos ou fatos que não dominamos, não apenas engrandece o profissional que assim procede como evidencia a sua transparência e elevado senso profissional, trazendo-lhe ainda mais credibilidade. Mais do que tudo é mostrar respeito para com os telespectadores.
Em tempo: não tome a palavra de Arnaldo como jurisprudencial em matéria de arbitragem. Não foi, não é e nem nuca será. Árbitro político e politiqueiro, chegou ao cúmulo de dizer no ar a um árbitro que aplicava, com seriedade, os acréscimos: "ele deu os acréscimos e por isso se complicou". Como acreditar em Arnaldo? Você já falou em arbitragem com o Osmar Camilo (o pai, não o bandeira)?
Não perca essa oportunidade (AD).
Se o que escrevo de alguma possa prejudica-lo, não precisa publicar, só receba o meu recado)