A PRÓXIMA GRANDE
BATALHA DO FUTEBOL
Há algum tempo defendo a tese de que o futebol está prestes a assistir à grande batalha de sua história. E ela não acontecerá dentro de campo, mas nos bastidores. De um lado estarão os clubes, principalmente os mais ricos e poderosos do mundo. Do outro, as confederações e federações nacionais.
Algumas pequenas rusgas do que, imagino, está por vir, já estamos testemunhando. A mais recente delas é a convocação do volante Mineiro, do São Paulo, para dois amistosos da Seleção Brasileira. Todo mundo tem razão nesse caso. Dunga quer uma Seleção forte porque sabe que só terá vida longa no cargo se vencer jogos, sejam eles amistosos ou oficiais. E Muricy Ramalho sabe que o São Paulo precisa - e muito - de Mineiro para confirmar o favoritismo rumo ao título brasileiro.
É apenas um aspecto de uma disputa cada vez mais intensa. Os clubes mais ricos do mundo, as grandes potências européias, investem rios de dinheiro nos principais jogadores. Já derrubaram as barreiras da nacionalidade e montaram autênticas multinacionais da bola. Real Madrid, Manchester, Arsenal, Barcelona, Milan. Para essas indústrias do futebol como negócio e entretenimento, o que interessa é ganhar mais, vender mais produtos e consolidar suas imagens de clubes ricos, organizados e vencedores. Valorizando-se, valorizam seus jogadores e os vendem pro milhões de euros a mais do que pagaram, em muitos casos.
Será que os donos, diretores, dirigentes do Real Madrid e do Barcelona estão preocupados com o último fiasco da seleção espanhola na Copa do Mundo? Ou mais um fracasso da Inglaterra abalou de alguma maneira o Manchester ou o Arsenal? O que pesou mais para os negócios dos clubes italianos, o escândalo de venda de resultados ou o tetracampeonato mundial na Alemanha?
Por aqui, claro que com muitos zeros a menos no final dos cheques e dos contratos, a disputa se reproduz. O São Paulo teve uma temporada fantástica em 2005, tanto esportiva como financeiramente. Mineiro foi um dos destaques do time. Agora, com 5 pontos de vantagem sobre o adversário mais próximo, o time perde por dois jogos (ou seis pontos) uma peça importante de sua engrenagem para uma Seleção que fará dois amistosos sem grande importância - a não ser para Dunga e os cofres da CBF.
Mais alguns exemplos: o Santos luta ainda com chances de conquistar o título nacional e pode ficar sem Maldonado, um de seus melhores jogadores, que é requisitado pela seleção chilena para um amistoso contra o Peru. O mesmo vale para o Palmeiras e seu chileno Valdívia. Some-se a tudo isso o fato de a ridícula campanha da Seleção Brasileira na Copa de 2006 ter desvalorizado os atletas nacionais no mercado europeu - aí, sim, há uma grande diferença entre ricos e pobres no mundo do futebol.
As reclamações dos clubes são cada vez mais constantes. O caso do inglês Owen, contundido durante a Copa, mexeu até com o mercado de seguros da Inglaterra. As agremiações protestam nem tanto contra a Copa do Mundo, mas reclamam da conveniência - ou falta - de competições como Copa das Confederações, e datas de amistosos internacionais. Aí é que fica evidente o confronto. A Fifa não manda no mundo dos clubes. Tanto que só agora conseguiu organizar um Mundial de Clubes, que ainda busca melhor formato. Do que precisa a Fifa para fazer girar sua máquina registradora? De jogos entre seleções e, principalmente, de competições que ela batiza como oficiais. Tudo que os clubes não querem. Quem viver, verá!
6 comentários:
Legal, Noriega, esse tema é muito bom, mas o pessoal não gosta de discutir. Predomina a discussão "entra fulano, sai cicrano", predomina o jogo de hoje, o de ontem, o de amanhã. Nada mais.
A própria Timemania, um jeito achado pelo governo (principalmente) e dirigentes para tentar viabilizar grandes clubes, não é discutida. Em meu blog já escrevi um monte de posts a respeito, tentando acompanhar o desenrolar desse "trem", mas a repercussão é baixa. Pena, porque o futuro é sempre construído pelas ações e omissões do presente.
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Noriega, futebol, para mim, é clube. Não tenho mais paciência para ver seleção brasileira. É um produto chato, repetitivo, monótono. Na Copa do Mundo só agradou antes. Durante, foi uma lástima.
O mesmo com as outras.
E as confederações apropriam-se dos jogadores, como se fossem senhores feudais, usam-nos e fica por isso mesmo.
O São Paulo cobra a toda hora os 4 milhões de reais que a CBF deve por conta de salários de jogadores convocados. Jacaré paga? Nem ela. Bem Macunaíma, mesmo.
Aqui na Terra de Vera Cruz, Ricardo Havelange, née Teixeira, é reeleito por quase unanimidade. O quase fica por conta do solitário voto em branco do São Paulo. Pior que na Europa, aqui os clubes pedem dinheiro emprestado à confederação e às federações. O parasitado pedindo socorro ao parasita. Só no Brasil.
Nesse embate que já está em evolução, lenta, mas permanente, minha esperança reside no G 14 dobrar a UEFA. Se alguma mudança vier, será por esse caminho. E nós, aqui no doce trópico ao sul do Equador, assistiremos com "binóculo de alcance", como dizia meu avô. meros observadores sem direito a voz e voto, condenados a fornecer pé-de-obra para a Metrópole.
Legal... E o Grêmio? Esqueceram q o principal jogador do time tb foi convocado? Se o SP, q tem 5 pontos a mais está prejudicado, imagina o Tricolo Gaúcho... Sendo q, reconhecidamente, a folha salarial do Grêmio é muito inferior e o time só está em segundo na força de vontade... Parem de se preocupar com Rio-SP, pô...
A convocação do Lucas e do Marcelo foi tão errada quanto a do Mineiro, pelo simples motivo que o campeonato não pára pro bando da CBF arrebanhar mais níqueis.
Todavia, a convocação desses dois jogadores foi feita com antecedência, dando tempo aos técnicos para prepararem e treinarem esquemas alternativos. Já a convocação do Mineiro foi feita a 30 horas de um jogo decisivo para o São Paulo.
Th.B concordo com vc, tanto que se vc descer um pouco mais no blog vai ver que aponto o Lucas como a grande revelação do campeonato. Se tem uma coisa que não sou é bairrista. Abs e bom jogo no domingo!
Emerson, também acho que o futebol é o que é por causa dos clubes.
Sem dúvida, o que move o futebol são os clubes, assim como o que move o país são os municípios.
Inclusive, muitos (eu entre eles) só torcem para a seleção durante a Copa do Mundo. No resto do tempo, não troco um jogo do Juventus ou do Palmeiras por qquer jogo da seleção brasileira.
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