segunda-feira, novembro 06, 2006

ELE, O TORCEDOR

Ainda está para ser publicado o estudo psicológico, científico ou social que possa explicar a figura mais importante do futebol: o torcedor. Por que alguém vira torcedor de um time? O que faz o sujeito amar uma camisa, uma cor, uma história, a ponto de chorar, sofrer, brigar e, em alguns casos, até ficar doente pelo seu time?
Já ouvi dezenas de versões, mas nenhuma é definitiva. Dizem que alguém troca de marido ou esposa, mas não de time. O que tenho certeza é de que o grade barato do futebol é o torcedor. Falo daquele que gosta do seu time, ganhe ou perca, não do tipo que vai ao estádio para brigar ou marca quebra-pau pela internet.
Para quem trabalha com opinião de futebol, como eu, fica claro que a paixão pelo time faz do torcedor alguém que trafega no limite das emoções e das análises.
Se comento que um lance foi pênalti contra o time de fulado, pronto: sou contra o time dele e simpatizo com o rival. Se digo que tal jogador do time do amigo que vê o jogo pelo SporTV é craque, taí: virei gênio. Nem uma coisa, nem outra.
O bom profissional, o jornalista imparcial e que busca a correção - o que tento fazer no meu dia a dia, com a maior honestidade e humildade - não torce pra ninguém quando começa uma transmissão. Torce apenas pelo seu trabalho, por sua equipe, e por fazer um trabalho correto, isento e imparcial. Ele erra e acerta como erram e acertam jogadores, técnicos e torcedores. O problema é que todo mundo acha que você torce contra o time de todo mundo.
Mas esse é o lado mais folclórico e divertido do futebol. O do torcedor que, no fundo, acha que todo mundo é contra o time dele, mas basta um elogio para você ser o narrador, comentarista ou repórter que ele mais admira.
Há de chegar o dia em que alguma mente inspirada conseguirá dissecar o que passa pelo cérebro de um torcedor de futebol. E deve ser algo lindo, apesar de alguns exageros. Por que ainda não inventaram e dificilmente vão inventar um jogo tão apaixonante como esse. Poucas são as alegrias mais espontâneas e reveladoras que a de um grito de gol.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma vez acompanhei uma discussão entre botafoguenses sobre uma opinião do jornalista Paulo Cesar Vasconcelos que dizia "que a torcida do Botafogo tem um ar de melancolia"

Então, um desses fanáticos decretou: "esse cara é flamenguista, humilhou a nossa torcida".

Coitado do PC, botafoguense confesso